O ESCALER DO TONINHO

Nestes dias de grandes tristezas e insegurança no amanhã, é sempre bom lembrar de sonhos, por que sonhos acabam, mas não envelhecem!

Guaraci Rodrigues, um amigo de muitos anos, foi quem convidou a mim e um grupo de amigos, todos de relações em comum, para conhecer o bar do Toninho, um colega dele da Marinha Mercante, com jeitão de boa-praça, que passou 12 anos de sua vida juntando uma parcela de seu salario, para construir o sonho de sua vida. Um bar/ lancheira na farta flora do Parque da Redenção, que nesta época já era considerado um local de relativa periculosidade à noite, pela precariedade de iluminação pública. E quem foi que disse que sonhos envelhecem e não se realizam?.. O bar/lancheria, não sé deu certo, como entrou pra história na vida dos portoalegrenses



O Escaler, inaugurado no dia 24 de Outubro de 1982, às margens do histórico parque, na antiga peixaria Guaíba, no pequeno Mercado do Bom Fim, foi batizado de com este nome, por significar bote salva-vidas (palavra bem familiar na vida do Toninho que por anos fez uma rota marítima mar à fora, mas que pra nós, nosso grupo de amigos, continuava sendo: "O Bar do Toninho".


O ambiente era sempre uma festa, onde os amigos chegavam e descarregavam suas neuras e sonhos por vezes vanguardistas e ousados, para uma época de paz e amor e grandes transformações. Alguns até apelidaram o lugar com mesas espalhadas na rua, de woodstock porto-alegrense. 
Aconteceu até um show do Bebeto Alves, um dos assíduos frequentadores do bar que engarrafou quadras adjacentes impedindo o trafego dos fiéis frequentadores da Igreja Santa Teresinha. 
Poucos lugares em Porto Alegre simbolizaram tão bem a efervescência de uma geração sedenta de sonhos, mudanças e liberdade de expressão, quanto as noites  vividas no Escaler e sua fauna por vezes exótica, composta por boêmios, intelectuais, jornalistas e uma infinidade de artistas de diversos segmentos, que fermentavam ideias, loucuras, sonhos e elucubrações politicas e sociais. 
Passaram por ali, bandas como Bandaliera, Engenheiros do Hawaii, Cidadão Quem, Rabo de Galo, Câmbio Negro, Bebeto Alves, Nei Lisboa, Nega Lu, figura notória da noite porto-alegrense e tantos outros, que fizeram história e até viraram livro...
O estabelecimento fechou suas portas em 2006, mas viveu seu apogeu nos anos dourados da cidade, como um reduto cultural, numa época em que se acreditava que tudo era pra sempre, sem saber que pra sempre sempre acaba.

O DIA EM QUE A TARDE VIROU NOITE.


Eu estava de plantão no Hospital de Pronto Socorro, quando em algum momento daquela tarde, de💬 20 de Dezembro de 2019, tudo começou a escurecer e a virar noite, em particular no Bom Fim, em Porto Alegre, deixando-nos extasiados com o raro fenômeno. já anunciado nos jornais e TV. Ao se aproximar da hora, corri para o pátio com um pedaço de RX para proteger meus olhos e lembro-me de algum colega dizer, que aquilo que estávamos presenciando, não era o fim do mundo, mas um fato cientificamente histórico, o que me deixava ainda mais orgulhoso de fazer parte daquilo tudo.


Inicialmente o dia estava normal, claro, com sol, como qualquer dia de verão e de repente, na hora prevista, tudo começou a ficar cinza, como se uma grande tempestade se aproximasse e fosse cair sobre nossas cabeças. O dia foi gradualmente escurecendo e virando noite, sem estrelas no céu, como naqueles filmes de historias macabras de 💀bruxas e duendes, que assistimos no cinema ou TV e que são acidentalmente soltos por algum desavisado😒 e todo o planeta vira em algo cinza e obscuro. Porto Alegre ficou assim, absurdamente envolvida por uma noite cinza às 16:45, onde o sol teve 75% de sua área sombreada pela lua. Foi fantástico!


Não sei quanto a vocês, mas pra mim, é de extrema importância emocional quando a vida me põe de testemunha de acontecimento ou fenômeno como este, que raramente acontecem no dia a dia, quebrando as engrenagens repetitivas do cotidiano. O fenômeno que tive o privilégio de assistir, chama-se Eclipse Solar e ocorre quando a Lua fica entre a Terra e o Sol, ocultando total ou parcialmente a luz solar em uma faixa terrestre.

ASFIXIA

Acordei na madrugada, com a sensação de que não estava respirando direito, fazia um grande esforço para o ar entrar pelas minhas narinas e boca. Logo depois, percebi que realmente não conseguia respirar por completo, era como se meus pulmões não expandissem. Uma grande angustia bateu em mim, quase me levando ao desespero. Então me lembro que no extremo sofrimento de não ter folego, gritei por mãe.


Tenho a sensação de ter ouvido a minha própria voz emitindo o som, que pareceu invadir o quarto e se espalhar por todo o edifício. Será que meus vizinhos ouviram?.. Será que mãe é quem a gente chama, num momento de grande urgência na nossa vida?.. Lembrei também dos sintomas de maior gravidade do COVID -19

ROTINAS COM UM GATO NUM DIA CHUVOSO


Acordei nesta Terça-feira 12/06 relativamente cedo. O Chico já estava em alerta, me olhando, com toda a sua energia felina, correndo em alta velocidade pelo quarto, pulando na minha cadeira de home-office e dela, saltando (feito um malabarista) na minha cama, já semidestruída por suas unhas e dentes afiados. Depois correu em círculos, com dorso arrepiado e em forma de U sobre a cama indo esconder-se entre os travesseiros, olhando-me sempre de olhos arregalados e orelhas baixas, numa posição de ataque. Entendo que esta atitude parecendo agressiva, é no fundo um convite para brincadeiras entre amigos, o que já me rendeu dezenas de arranhões e mordidas nos meus braços e mãos.

Depois de servir meu café preto, sem acompanhamentos e debruçar-me na fresta da janela do quarto, é que percebi que a chuva que chegou meio despercebida, caia fina e gelada, conforme previsão das autoridades do tempo. Deixei correr meus pensamentos soltos e de um jeito leve, enquanto sorvia meu café ouvindo "Inútil Paisagem" do Tom e do Aluísio! 

Chico ainda corre aos saltos pelo quarto de olhos arregalados, esparramando acidentalmente sua areia e ração que troquei, minutos antes de servir meu café. Me olha com ar de desconfiança felina, talvez se perguntando, se eu quero continuar brincando,  ou se  deve parar por ter feito alguma coisa errada. É, pelo jeito, o dia vai permanecer assim até chegar a noite!


PARA UM AMIGO

Achei este post do dia 14/05/2008 que tanto procurava, e que simplesmente o perdi no meio de outras postagens. Ele foi escrito para um amigo de infância, que sempre encontrava-o nas minhas idas e vindas pelas ruas de Porto Alegre. Depois de um tempo, deixei de encontra-lo e desconfiei que pudesse ter partido. Foi o que realmente aconteceu!



E se eu cair assim como folha amarela e morta da arvore mais alta deste meu mundo, serei arrastado pelo vento forte dos meus outonos. Dos meus muitos saudosos e amados outonos.

Serei lambido deliciosamente pelo vento, para rumos incertos, eu de olhos fechados sobre nuvens brancas, meus braços e pernas estendidas e meu corpo em movimentos circulares, perpendiculares, transversais, atravessará as estações desta vida, ignorando o tempo, rumo ao que acredito ser a liberdade. Então liberto, poderei oferecer minha mão de encontro a tua, firme e densa para onde me quiseres carregar.
De lá faremos poesias, ouviremos ópera, aquela Ópera do Malandro. Beberemos vinho até cair, dançaremos Edith Piaf , até nos esquecerem.:

DOMINGO NÃO PRECISAVA EXISTIR

Três coisas que eu me recusaria terminantemente de fazer hoje por ser Domingo e por força do meu temperamento destemperado ou temperado mas fora das medidas padrões. Hoje o dia está úmido, cinza, chuvoso, sem luminosidade, e Porto Alegre com cara dessas cidades europeias, que ninguém quer visitar, nem que seja de graça.

Eu por conta deste clima feio e desfavorável, acharia empecilhos até pra comer uma rapadura do tipo pé de moleque da serra. Me recusaria também a ler qualquer artigo, romance, poesia, reportagens em geral, cujo o texto começasse com a frase "Como fazer" que me faz lembrar de (receitas do tipo de faça você mesmo). 

Também pularia do Décimo andar de um prédio, se me aparecesse alguma mulher evangélica, de cara lavada, com coquezinho preso na nuca, vestida com saia Maria mijona, com a bíblia na mão, tentando me pregar o evangelho. Ahf!... Gente hoje é Domingo, um dia que pra mim, nem precisava existir!



ALONGAMENTO NOTURNO

São exatamente cinco horas e cinquenta e um minutos, hora que resolvi escrever este post. Devo ter acordado por volta das quatro horas e qualquer coisa, com o Chico me olhando de olhos arregalados e eu com fortes dores nas costas. Depois de me mexer com cuidado, sentar e posicionar-me de barriga sobre o colchão, esticando os braços para baixo ao longo do corpo, me proporcionou uma rápida e considerável melhora da dor que venho sentindo desde as dezoito horas e trinta minutos de ontem, quando terminou meu ensaio com os músicos. 



Esta posição corporal que tomei, talvez seja uma forma de alongar as hérnias da região lombar, descomprimindo-as e diminuindo consideravelmente a dor que começa a irradiar para os trocânteres, aqueles ossos redondos que ficam na base superior do fêmur.

Durante o dia faço minhas curtas e modestas caminhadas como posso, para não me entrevar de vez, e passar para a lastimável categoria dos dependentes. Na minha idade, facas e bisturis, nem pensar! Agora é quase seis e meia e o dia ainda não clareou, posso retornar pra cama, aproveitando o que restou da noite.

OLHOS TRISTES

Não sei se é simples impressão minha, mas quando saio de casa, vejo as pessoas na rua, com o olhar tristonho, parecendo cansadas, sem brilho, sem vida. Será que estou imaginando coisas?.. Você também vê isto?

Desde o motorista do aplicativo, que utilizo diariamente, do atendente da quitanda, do vigilante da rua, de alguns itinerantes, percebo um tipo de nuvem cinza que se espalha do olhar, um desanimo que transborda e por vezes um sorriso evasivo que é deixado escapar pelas dobras da máscara.

 

Tristeza que parece ser motivada por problemas não somente de ordem pessoal, mas de quem não aguenta mais tantos socos, tantas questões globais e gerais, de quem está por um fio da desistência, de quem não está aguentando mais as dificuldades geradas pelo homem. É. o dito cujo homem!

O advento da pandemia mundial, trouxe consigo  o isolamento social necessário pela sobrevivência e o desuso do anti- stress usados nas reuniões familiares, de amigos, nas viagens, no barzinho dos finais de semana, nas academias de ginasticas. Também trouxe o uso compulsório de mascaras, nos transformando em outras pessoas; pessoas com meio rosto, com meia expressão, que teremos que nos acostumarmos.

A ROTA DOS AVIÕES

Da janela do meu quarto vejo tantas coisas, que me roubam a atenção, mas a noite deslumbro a rota dos aviões com suas luzes brilhantes, saindo do infinito para o infinito. È uma visão poética e solitária. Se parecem com naves espaciais brilhando no céu as vezes  escuro e de poucas estrelas. Vão fazendo uma grande curva, na linha invisível até desaparecerem de vez. Não sei se estão saindo ou chegando na cidade. Passam por aqui, na minha janela, distantes e pequenos, como se eu simplesmente pudesse pega-los com a mão e ficar brincando...



A CARREATA BURGUESA

Dia desses, quando retornava pra minha casa, vi uma conhecida em seu carro, cheio de  familiares, participando de uma carreata em favor do governo atual. Não me surpreendi, pois era óbvio que ela e sua família são de direita!.. Pensei.

Este governo que está no poder e que morre de medo de perder seus privilégios e se denomina defensor de uma sociedade cristã, composta de gente do bem, de família e que faz a economia girar com trabalho árduo e dos outros, é o que a republica quer como apoiadores de suas ideias. Uma nova burguesia que raramente estudou, leu um bom livro, que não expandiu seu intelecto e portanto não flexionou seu olhar as diferentes verdades. Uma nova burguesia folhada de valores absurdamente rasos e sem conteúdo.

Havia muito buzinaços e bandeiras do Brasil esticadas pra fora das janelas dos carros, flamulando ao vento, chamando a atenção dos transeuntes desatentos, dos que se deixam levar a o vento sem um rumo certo, dos invisíveis.

Lembrei que esta vizinha e seus familiares, só podiam ser de direita, afinal são brancos, empresários bem sucedidos cuja a luta é se manter no poder, assim como o governo, monopolizando as grossas fatias da torta para o seu consumo próprio, sem dividir com quem não reza na mesma cartilha. 

Seus privilégios de hoje, que consideram um mérito, por terem vindo de baixo e conquistado uma boa fatia econômica no mercado onde atuam, não pode ser perdido ou dividido com a escória, com o lixo da sociedade. Quanto a os estudiosos e intelectuais que pensam diferente, são comunistas, de esquerda, também não merecem nem o merengue que cobre a torta  mas é bom deixa-los afastados, pois eles comem criancinhas!


MUNDOS PARALELOS

Tem momentos em que o nosso universo fecha as suas portas para o universo paralelo existente ao lado do nosso, (aquele que não acreditamos e não seguimos, por ser contra nossas verdades morais, sociais e politicas, mas a gente sabe que ele esta ali, na espreita, esperando oportunidades). Mesmo trancando janelas, desligando lâmpadas, abajures, celulares, televisão, ele continuara existindo e atuando com suas forças negativas sobre nossas vidas, causando-nos insatisfações, revoltas internas, injustiças, nos deixando doentes e a beira de um colapso.


É como se tudo aquilo em que não acreditamos, não parasse nunca com suas truculências, continuasse trabalhando incessantemente para cumprir seus objetivos próprios e que são o inverso do nosso, transformando-nos em seres neuróticos e altamente nocivos a nós mesmos e a sociedade. Os golpes vem de todos os lados impedindo-nos de respirar, de acreditar numa melhora, nos roubando toda a credibilidade. E olha que as vezes consegue!

Ontem entrei acidentalmente numa pagina da Internet, cujo o autor fazia elogiosa propaganda aberta para o presidente Jair Bolsonaro, avultando seu caráter de liderança como chefe de estado, sua nobreza como ser humano, seus feitos pelo país, seu inerente patriotismo. 

Como assim?, pensei de imediato, não acreditando no que estava lendo. Me perguntava como podia existir  uma pessoa descrevendo aquilo tudo de positivo sobre o Jair e outras o apoiando sem conseguirem enxergar o quão nefasto é o seu governo. Não perceberem suas verdadeiras intenções, seus excessos cometidos, seu radicalismos, sua falta de educação, assim como seu evidente descomprometimento com as pessoas e seu país, Como é possível?.. Como é possível algumas pessoas desejarem o retorno da Ditadura?

A bem da verdade, é que vivemos de escolhas por vezes não tão simples e cada um escolhe o melhor caminho para si. Também é certo dizer que não existe certo e errado, somente aquilo que ressoa como verdadeiro em cada um de nós e o  futuro, é o resultado dessas escolhas

QUANDO JOÃO GILBERTO MOROU EM PORTO ALEGRE



Vocês sabiam que João Gilberto morou em Porto Alegre? Bom eu também não sabia e só soube disto lendo um trabalho de mestrado, cujo o tema tratava-se da influencia da Bossa Nova no Rio Grande do Sul.
Apesar de ter sido por pouco tempo, ele morou sim, aqui na capital gaúcha, antes de se tornar o grande Ícone que por décadas revolucionou a musica popular brasileira.
Foi em 1955 que João Gilberto ainda um jovem de vinte e três anos e poucos meses, desembarcou por aqui na capital, depois de tentar a vida artística no Rio de Janeiro sem muito retorno. 
Foi através do porto-alegrense Luiz Telles (1915-1984), radicado no Rio de Janeiro e líder do quarteto vocal Quitandinha Serenaders, que preocupado com o declínio emocional e financeiro de João, o convenceu, a passar uns tempos com ele na capital gaúcha.


Em Porto Alegre, hospedado no Hotel Magestic, hoje Casa de Cultura Mario Quintana, João foi apresentado como “cantor de rádio do Rio de Janeiro” cantou e tocou em emissoras gaúchas, e em restaurantes como o (Treviso, Farolito), boate Cote D’Azur e clubes sociais (Comércio, Leopoldina Juvenil).
Luiz Telles também apresentara João a o advogado gaúcho Alberto Fernandes, no Rio de Janeiro, que a o reencontrar João em Porto Alegre, o levou a casa de sua mãe, Dona Boneca Regina no bairro Cidade Baixa. Dona Boneca Regina, era casada com um crítico de arte e fazia de sua casa um entra e sai de gente ligada à cultura, o que não foi difícil receber João e rapidamente transforma-lo num membro da família.
Apesar de discrepâncias, João morou por aqui, em Porto Alegre, cerca de oito meses, ate seguir viagem para Diamantina, Salvador e Rio de Janeiro em 1957.



FELIZ DAQUELE QUE SABE SOFRER:

Nelson do Cavaquinho compositor carioca (29/10/1911#18/02/1986) tinha toda razão a o escrever estes versos: "Se eu for pensar muito na vida, morro cedo amor, meu peito é forte nele tenho acumulado tanta dor. As rugas fizeram residência no meu rosto, não choro pra ninguém me ver sofrer de desgosto. Eu que sempre soube esconder as minhas magoas, nunca ninguém me viu com os olhos rasos d'água. Finjo-me alegre pro meu pranto ninguém ver. Feliz daquele que sabe sofrer".


SOBRE A SEDUÇÃO:




Na minha infância, uma tia muito querida, que já mencionei aqui no blog, disse-me certa vez no meu ouvido, que eu seria, uma pessoa sedutora. Lembro-me deste momento como se fosse hoje, eu deitado do lado dela, com a cabeça apoiada em seu peito, aproveitando o calor do seu corpo numa noite fria, como a de hoje.

Aquela revelação me deixou assustado e pensativo, por que inicialmente não compreendia do que ela estava falando exatamente. 
A sedução que eu entendia era a de induzir a o mal ou a um erro por meio de artifícios, de desencaminhar ou desonrar valendo-se de encantos e promessas mentirosas. Ela, no entanto, referia-se a conceitos empíricos, mais amplos e no sentido da minha personalidade apresentar certas características que levariam algumas pessoas a minha volta, estabelecerem  algum tipo de encanto,  fascínio, atração por minhas ideias e atitudes, quem sabe diferentes, da maioria. Talvez, uma falsa ideia! ..
Demorou um bocado, pra mim entender do que ela estava falando e não me tornar quem sabe, um vaidoso. Quando percebo isto acontecendo, puxo o freio de mão, na esperança de diminuir as expectativas alheias num ser, que em parte, não sou eu.

EM QUALQUER LUGAR:


Onde tudo vai dar? me perguntou o menino de apenas seis anos de idade, me deixando absolutamente temeroso do que lhe responder. 

Fiquei temeroso sim! Primeiro porque é incomum uma pergunta dessas vir de alguém tão jovem e eu tomado de surpresa, não tinha nenhuma resposta pronta para lhe dar. Eu também até hoje nem faço ideia onde tudo irá dar. 

Mas eu não poderia deixa-lo sem uma resposta e pensava  na responsabilidade de falar a verdade não lhe dizendo mentiras. Mas quando se vive num mundo de incertezas, qualquer informação pode ser falsa. Eu deveria ter lhe mostrado esta foto quando me fez a pergunta.


NA VELOCIDADE DO TEMPO:

Me submeto a ter algumas atividades para não cair em rotinas que  me leve a seguinte equação: (ansiedade + tédio = depressão). Então, rabisco em folhas de papel, digito frases sem sentido, fotografo imagens, pessoas, canto algumas composições que me emocionam, para ocupar o tempo que é de ouro, que é frágil e veloz. 

Eu acredito não ser deste tempo em que vivo, então me sinto dividido entre o ontem e o hoje, num tempo intermediário há apenas um passo, uma piscada de olhos, no marco zero da porta gigante que separam o passado do presente. 

Vivo disfarçando estar num tempo seguro em que nos roubam tudo, inclusive a alma já negociada por algumas garantias prometidas e não cumpridas. 

Finjo sorrisos, simulo gestos de aceitação pra que as dores sejam menores. Me debato convulsivo sobre paredes finas de gesso, se eu chorar, a lágrima a desmancha, se eu bater, a raiva a quebra em mil pedacinhos. Um grande risco!

CHICO FURDUNÇO E SEUS ATAQUES OUSADOS



Chico Furdunço, tem crescido a olhos vistos, Inacreditávelmente o seu tamanho em apenas poucos dias dividindo o mesmo ambiente comigo, duplicou de tamanho. Será que é a ração? Além de já reconhecer a casa e lugares onde não pode entrar e aprontar, suas patifarias também cresceram proporcionalmente. Corre pela casa inteira, pula sobre a cama e quase sobe as paredes acima, em busca de insetos que nem eu consigo enxergar.

Sua melhor diversão e criar guerrinhas de ataque contra mim, onde num único pulo se lança sobre uma das minha mãos e começa a arranhar e morder com cara de selvagem. No inicio suas lançadas na minha mão, eram leves, mas agora tem deixado marcas visiveis.
Acho bom que seja assim, afinal trata-se de um felino e felinos permissíveis, bonzinhos e fofinhos, a o meu ver, não se parecem com felinos.
As brincadeiras de corre-corre, esconde-esconde sob as cobertas, são cheias de estratégias de ataques, olhares curiosos e ousados e movimentos habilidosos que somente os gatos são capazes de fazer.

AS CORRELAÇÕES:

Ontem enquanto conversávamos, eu e um amigo, chegamos num momento em que percebemos o quanto a vida é cheia de fatos que se correlacionam, sem que se possa explica-los de fato.
Por exemplo: Contei que o primeiro marido da minha avó materna, do qual ela teve um filho e mais tarde, se tornou viúva, foi funcionário da Prefeitura de Porto Alegre durante anos. Após a morte do primeiro marido, ela voltou a se casar com outro que também era funcionário da Prefeitura de Porto Alegre, os dois, mesmo sendo colegas, funcionários da mesma estatal, não se conheciam. Com este segundo marido ela teve dois filhos, um menino e uma menina. Esta menina mais tarde veio a ser minha mãe. Viuvando mais uma vez, minha avó, não bem vista por alguns de seus parentes, casou-se pela terceira vez, com um homem que já era viúvo e tinha uma filha adulta que era funcionaria da prefeitura. Com este homem minha avó, ja uma mulher bastante madura, não teve filhos e que conheci como avô.
A correlação de que falo é que, os dois maridos da minha avó, foram funcionários da mesma empresa publica e seus filhos, do primeiro e do segundo casamento, também, com exceção da minha mãe, que tomou outros rumos. 
A filha do terceiro marido de minha avó, coincidentemente também era funcionaria do mesmo estabelecimento.
Naquela época se entrava no serviço publico por indicação, não havia concurso publico. Mais tarde foi minha vez de entrar e fazer parte desta coincidente lista, assim como minha prima, filha do primeiro filho de minha avó, que adivinhem, trabalha na Prefeitura de Porto Alegre.
Mas eu não acredito nas coincidências, essas correlações me parecem apresentarem uma certa lógica que nós simples mortais, temos pouco conhecimento e compreensão.
Outras correlações acontecem em nosso dia a dia e que por vezes, nem percebemos a sua presença. Vamos percebe-las dias, meses, anos depois!

FÉRIAS PARA A PANDEMIA:

Depois de 425 dias, eu já não sinto mais falta de muita gente a minha volta, por que me cerco das melhores que posso ter, mesmo on-line, assim, meio que artificial. Sinto falta de outras coisas e da minha cidade que sempre achei bucólica, mas infinitamente acolhedora.
De caminhar por suas ruas, algumas estreitas, de portas altas, janelas amplas e trameladas que traziam mistérios. Ruas sombreadas e de um passado não tão longe. Dos pés de plátanos nas calçadas e suas folhas coloridas que marcavam páginas.
Páginas de alguns livros de histórias contadas por alguém. Páginas que envelheceram como eu e sumiram as letras no amarelado do tempo...
Cidade de um porto aberto ao nosso sorriso e que poucos ainda se lembram. De um tempo que tudo era mais simples, menos burocrático, menos perigoso.
Sinto falta de algum sentimento que senti, de algumas conversas que ficaram perdidas lá pra traz, num tempo em que pandemias estavam de férias.

UM SUJEITO DE SORTE



Eu sou um cara de sorte! Eu sou um cara feliz e satisfeito!.. _ Repito isto pra mim mesmo todas as manhãs quando me acordo e levanto da cama. Um rápido ritual antes de escovar os dentes e tomar meu café escorado na janela do quarto. É somente, quando começa a movimentação de pessoas nas calçadas, indo para o trabalho, é que volto a me questionar sobre esta minha felicidade e prazer, que nem sempre funciona
Lembro-me daquela canção do Belchior que diz: 
"Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte, porque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte. E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do meu lado, E assim já não posso sofrer no ano passado. Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro. Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro...Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro!" Esta letra é de uma grande profundidade, profundidade Belchioriana.

DEPOIS DA ADOÇÃO

Cinco horas da manhã, doze horas após sua adoção, o gato começou a miar alto dentro do quarto. Saiu do seu esconderijo, (meu guarda roupas com portas de correr) e começou a caminhar pelo quarto com ar de insatisfeito, miando cada vez mais alto e olhando na minha direção.
Andava de rabo em pé, o corpo por vezes em forma de U, procurando por onde entrava a luz da manhã que já dava sinais, na janela. Subiu na minha cama, deu uma bela mijada e continuou reclamando da vida por longos minutos. Percebi que seu objetivo era dar no pé, como dizem. Depois que subiu algumas vezes na cama, começou a brincar com as cobertas e os movimentos que eu fazia com os pés. Percebi então que sua aparente revolta não era comigo, mas com o ambiente onde se sentia preso.
A adoção foi muito rápida, não dando tempo pra eu providenciar algumas necessidades como areia, ração e cama pro bichano.
Ao que parece, aos poucos vamos nos conhecendo e nos entendendo, eu espero!

CHICO FURDUNÇO



A pandemia me fez adotar um gato. Na verdade não foi bem assim, o saco de ficar sozinho e eu já vivia sozinho antes dela se espalhar pelo mundo, me fez tomar uma medida preventiva contra uma possível depressão.

Desde o dia que ele chegou na minha casa, trazido de carro numa gaiola, por seu doador, tenho postado no Face book sua façanhas de gato que não é bebezinho, mas ainda é infantil por suas atitudes serelepes.

No primeiro dia alojei-o em meu quarto pois não estava preparo para espera-lo. A adoção aconteceu num único dia. Alguém me falou, liguei para seu ex dono que fez contato rapidamente e me entregou-o no portão do edifício.

Sem caixa de areia e ração para felinos, só pude disponibilizar de imediato um pratinho com agua e uns farelos de pães, pra ele ir se virando.

Ficou pelo menos dois dias no meu quarto escondido, no guarda- roupas, dentro de um tênis vermelho e de olhos arregalados quando eu o localizava.

Enquanto tentava firmar amizade com ele, pedi para amigos que me sugerissem um nome. Veio muitas sugestões, mas acabei me decidindo por Chico Furdunço, nome que mais se parece com sua personalidade agitada e cara de doido.

Passou por vários estágios de adaptação como greve de fome, miar alto as 4 horas da madrugada com ar de insatisfeito, até ir se acalmando e fazer amizade comigo.

INSPIRAÇÃO

A inspiração é como uma visita surpresa, que bate inesperadamente na tua porta e quando vai embora, não faz promessa de quando vai voltar. Tudo pode acontecer nestes momentos de pura sensibilidade, de encontro marcado ou de puro acaso.

CONDENAÇÃO COM RETOMADA DE VALORES


Parece que o joelho de um policial  americano branco, sobre o pescoço de um homem americano negro, com o objetivo de somente imobiliza-lo, acabou numa morte trágica por asfixia, sensibilizando e mobilizando não só americanos, mas boa parte do mundo e provando que este tipo de atitude (protocolo de imobilização dito pela policia como normal), já não é mais aceitável. 
Este não foi o primeiro caso nos Estados Unidos, mas foi o primeiro de grande repercussão internacional, em meio a uma pandemia, que ilustra um mundo inseguro, frágil e violento na retomada  de novos parâmetros econômicos e sociais.

Sim, é inegável que o mundo precisa de mais justiça, mais fraternidade e isto só se dará através de mudanças profundas nas relações sociais e politicas, com regras e leis igualitárias, justas e não abusivas e discriminatórias. A condenação unanime do policial americano, foi um passo decisivo nos valores que por décadas deixaram de ser discutidas.


NOS TEMPOS EM QUE EU VOAVA

Nos meus sonhos de criança e também na adolescência eu sempre sonhava que voava mesmo não tendo asas, para escapar de alguns perigos e de qualquer coisa que me causasse muito medo. Era como se uma força desconhecida me impulsionasse pra cima e eu saia como Icaro, voando solenemente  ileso sobre o mundo.

Com o tempo, eu fui me perguntando, se esta facilidade magica e inexplicável que me acontecia, não era algum tipo de facilitação emocional somatizada pelos meus conflitos internos, para não enfrenta-los de frente. Voando, eu nunca era pego por supostos inimigos e me tornava inatingível. Também não me esforçava em demasia para ter enfrentamentos. Era somente fechar os olhos e fugir num voo espetacular e sem esforços.

QUANDO EU VIREI UM BRUXO,

Eu acreditava que a vida vivia sempre me empurrando para becos escuros, buracos, valas, sarjetas. Eu não tinha escolha, era um, dois e lá estava eu, num deles, ansioso, com medo, num desses becos escuros, frios e sem saída, que na minha ânsia de escapulir, fazia-me caminhar em círculos, voltando sempre pro mesmo lugar, perdido, sem encontrar uma saída, uma perfeita saída como numa cena de ação do James Bond. 

Mas o tempo me fez descobrir que existem algumas magicas, que fazem o cotidiano se transformar, sem receitas, sem caldeirões mágicos com perninhas de sapo, e esta magica só acontece depois de algum tempo de vida, de penúria, de sofrimento, de procura por si mesmo. É quando a gente sem perceber, se transforma em outro, num bruxo, sem perceber que adquirimos poderes transformadores que modificam os nossos pensamentos, reações e atitudes, também a nossa rota, o nosso destino, onde os becos e buracos, não são tão assustadores e obscuros. Mas como toda a bruxaria que se preze, é necessário que se adquira com o tempo, alguma quantidade de vivencias, de lágrimas, de cabelos brancos e rugas na cara. A varinha mágica é coisa opcional.

A VISITA INESPERADA.

Enquanto eu a olhava pela janela, percebia sua figura espreitando-se entre o jardim e as arvores que cobriam o pátio. Ela colhia margaridas, sua flor predileta, enquanto olhava pra mim, por vezes desconfiada, tentando reconhecer-me de algum lugar, talvez de uma vida que já não lhe pertencia mais. Era isto que traduzia em seu olhar

Seu corpo vestido de névoa, miúdo e perfeito, quase não fazia sombra nos movimentos de zig zag entre as arvores, que por vezes a revelava e a escondia no tempo de um lampejo.

Será que amanhã retornará ao meu jardim de frondosas arvores, que meus pais plantaram e que hoje eu cuido? Voltará com seu olhar de desconfiança?

A CRISE DO PÃO E A GREVE DAS GALINHAS.

Postei ontem esta historia, na pagina do meu Face book, o que deu pano pra manga. Uma historia que nem é real, por que foi um sonho que tive durante a noite, mas como eu acredito que sonhos por vezes são meio que premonitórios e dai se materializam, poste!...
Noite passada tive um pesadelo, será que era um sonho de verdade, porque logo que acordei, tudo parecia tão real, dando a impressão de ter estado todo o tempo acordado nunca espécie de delírio.
Enfim, sonhei que estava numa cidade do interior brasileira a passeio e quando decidi entrar num armazém, para levar um pão desses que chamamos de Sovado para acompanhar o café, o vendedor por traz do balcão, um senhor dos seus setenta e poucos anos me disse:
Aproveita que é o último!
Em seguida espontaneamente me passou o valor do pão, sem que eu perguntasse: 80,00.
Olhei nas prateleiras, pra ver se tinha uma outra opção, mas estava tudo vazio.
Como ele havia me dito, era o último pão que possivelmente não saiu, por causa do preço.
Disse então pra ele que em toda a minha vida, nunca tinha pago tão caro por um pão sovado a mão.
Ele riu e com algum sarcasmo na voz, me disse:
Estamos com muita dificuldade na colheita do trigo e portanto fabricar farinha. Além disto, as galinhas resolveram fazer a greve dos ovos e começaram a pôr, apenas um ovo por semana , isto, quando não decidem destruí-los de modo a não sobrar nenhum.
Eu então lhe pergunto: Pra onde este mundo está indo?..
Vírus dizimando cidades inteiras, farinha a preço de ouro em pó e galinhas fazendo greve de ovos... Onde vamos parar?


BEM FEITO

Nesta manhã de quarta-feira, 10/06/2020, o presidente da República Jair Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada,  em meio ao seus apoiadores, foi cobrado por uma mulher, que afirmou ser sua eleitora. Ela segurava um cartaz com o número de mortes por coronavírus no Brasil.
“Eu estou aqui fazendo cartazinhos só com números para o senhor ver. Porque não são 38 mil de estatística, são 38 mil famílias que estão morrendo nesse momento. São 38 mil pessoas que estão chorando!”, disse a mulher.
“Eu vim aqui de todo coração. Eu sinto que o senhor traiu a população!”.
A mulher ainda reclamou que o presidente estava entregando cargos para o Centrão, o que havia prometido que não o  faria, se eleito. 
O presidente Bolsonaro, ao ouvir as cobranças, perdeu a compostura e respondeu repetidamente e irritado: "Sai daqui, você já foi ouvida. Cobre seu governador!". .. Depois ignora a eleitora e desaparece entre seus apoiadores.
Fiquei angustiado a o ver aquela mulher sendo desrespeitada publicamente e diante das câmeras de TV, dizendo que sentia-se traída por alguém, que lhe pareceu  ser a solução dos problemas do país. Pensei, enquanto assistia a reportagem, no quanto é frustrante quando somos enganados com falsas promessas, principalmente no período pré-eleitoral. Por outro lado, o presidente da republica,  nunca fez questão de esconder suas intenções antidemocráticas, como também sua personalidade explosiva.
Pra terminar, esta é uma daquelas situações que sempre me divide: Um que se compadece com a ingenuidade de alguns eleitores e o outro que internamente grita um "Bem feito"

O CAVALEIRO DO APOCALIPSE


Quando vive-se num mundo onde os valores humanos, de justiça e verdade, são desrespeitados por falta de carácter, ganancia por poder e corrupção a toda prova por governantes em todos os âmbitos políticos, que detêm o poder, tenho a impressão de que não há muito a ser feito. Como reverter este quadro dramático, que nos deixa absolutamente inseguros, afetando nossa segurança, o nosso modo de viver, pensar, reagir?
O Brasil virou uma grande piada internacional, as grandes discussões nos setores políticos, são irrelevantes e parecem briguinhas de adolescentes em busca de popularidade e poder. O presidente é desinformado, mal educado, preconceituoso e sem condições de ser um chefe de estado
Provou incompetência ao lidar com uma das mais avassaladoras  pandemias do século XXI, falhou no supervisionamento do desmatamento criminoso que destrói a maior floresta do mundo, não apresenta programas sociais como por exemplo,a (erradicação da pobreza, da criminalidade, da violência contra a mulher, do abuso infantil e etc...) 
Sua intolerância e desrespeito atinge não só os negros, mas também os índios que foram os primeiros donos dessa terra. Ignora protocolos institucionais como um ditador e não vivesse num país cujas as regras democracias devem ser respeitadas. Namora claramente com idéias fascistas, com a volta da ditadura militar e a restituição do AI-5, uma das fases mais violentas e obscuras que o pais já viveu. 
👀Golpe? Ou não golpe?..👀 O povo brasileiro já se desgastou a o mencionar ou ouvir esta palavra "golpe", que dividiu o país em dois, em 2016 e transformando-a num sentido jocoso.
 💬Ora, ora minha gente, não sejamos ingênuos. O risco de golpe de estado, não é delírio de alarmistas: ele é real e imediato. Desde que entrou pra politica, Bolsonaro não escondeu pra que veio e depois de conquistar seu lugar como chefe maior de estado, vem causando o caos por onde passa e retirando todas as conquistas sociais implementadas pelos governos anteriores. A pandemia e um prato exótico que veio a calhar num momento oportuno, aprofundando a recessão e eventuais escândalos de corrupção. Negar a pandemia é oportuno para o seu governo, que descarta desumanamente um significado numero de pessoas que oneram os cofres públicos por serem na maioria pobres, negros e velhos!..
Houve uma grande divisão de opiniões no país, quando a presidenta Dilma Russef, sob grande pressão, foi destituída do cargo, pelas "pedaladas fiscais" em seu governo e não aceitar fazer acordos, (se blindar politicamente) com o apoio do Centrão. Sua saída gerou varias discussões entre os cientistas políticos que analisavam: Foi golpe ou não foi golpe, lembram?
Para quem desconhece o Centrão, refere-se a um conjunto de partidos políticos no governo, que não possuem uma orientação ideológica específica e tem como objetivo assegurar uma proximidade ao poder executivo, de modo que este lhes garanta vantagens e lhes permita distribuir privilégios por meio de redes clientelistas.
👀E agora José?...👀
Agora o presidente Bolsonaro para não ser destituído do cargo, (impeachmado), por suas atitudes claras de um ditador, tenta com manobras anticonstitucionais, inviabilizar o poder do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal e suprimir-se de outros crimes de responsabilidade cometidos. Se alia ao Centrão, que é detentor de um vantajoso numero de votos, para adquirir blindagem, como um dos cavalheiros do apocalipse desfilando a cavalo nas proximidades da rampa dos três poderes. 
No livro bíblico de Revelação ou Apocalipse, os quatro cavaleiros são respectivamente: A peste, a guerra, a fome e a morte. Qual dos quatro o presidente representa?

SENTINDO FALTA DE UM ABRAÇO!


A pandemia do corona vírus, tem obrigado as pessoas ficarem confinadas em suas casas, sem qualquer tipo de contato social ou físico com quem vem da rua, ou de outro ambiente, para evitar o contagio da doença que se prolifera assustadoramente pelos quatro cantos do planeta. Enquanto isto não passa, eu como qualquer mortal, no grupo de risco e que mora sozinho, tenho que manter meu isolamento na companhia da TV com filmes e programas repetitivos, das musicas selecionadas no celular e alguns livros que antecipadamente haviam me emprestado.
As circunstancias, criaram algumas rotinas necessárias, como limpar a casa, preparar as refeições, recolher o lixo, algumas coisas que já fazia, outras que era auxiliado, mas que agora parecem ter um novo peso e medida. 

Olhar o mundo pela janela ou por aquele retângulo de 52 polegadas, pendurado na parede, é como não estar no mundo real, me põe atrás de uma película transparente, numa posição estática de um expectador engessado que não interage integralmente com oque acontece, não me relaciona diretamente com meu interlocutor. O contato físico que antes era possível na demonstração dos sentimentos e afetos, foi vetado como medida de segurança. Meus sentimentos se introjetam e se perdem em algum lugar. Já estou sentindo falta de um abraço verdadeiro e não de um virtual!

A GUERRA CONTRA O RACISMO

Será que é só eu, que me sinto cansado, desestimulado, desamparado, pensando que o mundo não tem mais saída e que as pessoas não vão melhorar e que qualquer promessa positiva de mudança é somente um engodo pra continuarem egoístas, preconceituosas, intolerantes, violentas e infelizes?.. Eu como cidadão brasileiro e negro, não aguento mais viver com tantas injustiças cometidas com seres humanos da minha cor.

Acontece que desde do dia 25 de maio de 2020, começou um protesto em varias cidades americanas, que já dura quase uma semana e promete não parar tão cedo, a menos que os governantes tomem medidas legais que não discriminem os cidadãos pela cor da pele no país, dando-lhes direitos igualitários na sociedade americana branca. A passeata iniciou-se em repudio a abordagem feita por um policial branco a um homem negro, George Floyd , em Minneapolis, que foi asfixiado, até a morte, mesmo depois de ser imobilizado. A passeata que tem adesão também de cidadães brancos, se espalha por outras cidades americanas e pelo mundo, de forma pacifica, tentando sensibilizar os governantes, quanto ao tratamento agressivo dado as camadas menos favorecidas nos EUA, como negros, latinos, gays, judeus e outros, o que não se diferencia daqui do Brasil.


As manifestações que tomam as ruas dos EUA pelo oitavo dia seguido, em protesto a morte de George Floyd, não somente é legitima quanto justa, num país de primeiro mundo e visibilidade global. 
A imagem do policial com o joelho sobre o pescoço da vítima, que, deitada na rua e imobilizada, dizia "não consigo respirar", foi o gatilho da onda de indignação que tomou o país após divulgação da imagem gravado por algum transeunte, nos meios de comunicação.
O manifesto virou num caldeirão que protesta não só contra o racismo, mas as agressões da policia americana, e a segregação do estado contra negros, gays, imigrantes, judeus e católicos, que sofrem humilhações da supremacia americana branca por anos. 
E quando se fala em supremacia branca, devemos pensar em uma forma de racismo centrada na crença (e na promoção desta crença) de que os brancos são superiores a pessoas de outras origens raciais e que, portanto, os brancos devem governar politicamente, economicamente e socialmente, os não-brancos são considerados uma sub-raça sem nenhuma garantia de direitos.
Manifestações semelhantes ocorreram  em 2014 no Estado do Missouri, onde o jovem negro Michael Brown, de 18 anos, havia sido morto por um policial branco. O presidente do país era Barack Obama e em 1968, após o assassinato do líder de direitos civis Martin Luther King Jr.
No Brasil, em Maio de 2020, João Pedro Matos Pinto, um menino negro, de 14 anos, foi baleado e morto dentro da casa de seu tio, em São Gonçalo-RJ, pela policia federal em ação com a policia civil, é a prova de que o alvo da policia, são na grande maioria jovens/adolescentes e crianças negras/inocentes, que sofrem violência por sua condição e cor de pele.

O INIMIGO INVISÍVEL



É Inacreditável  constatar que muitas pessoas, nestes últimos meses, não acreditam que estamos vivendo dias de caos, atingidos por uma epidemia onde milhares de pessoas perdem suas vidas por falta de recursos no sistema de saúde, em franco colapso. Faltam, hospitais, respiradores, medicações eficientes para combater o covid-19, protagonista desta guerra que faz vitimas fatais no mundo inteiro.
São noticiados diariamente, dezenas e centenas de pessoas morrendo e outras sendo contaminadas a todo momento, num assustador painel de números com baixas, que não param de crescer. Já passamos das mil mortes por dia, é como se oito aviões caíssem a cada 24 horas no Brasil e mesmo assim, com esta triste realidade e a orientação de confinamento em suas casas, como medidas protetivas, as pessoas ignoram, saem para as ruas desprotegidas, sem mascaras, com o intuito de se divertirem em praias, passearem nos shoppings, levarem seus cãezinhos para tomar sol nas praças publicas, alimentando visivelmente aquele sentimento de negação ao que está acontecendo. Passamos a usar novas palavras, no nosso dia a dia, que até então desconhecíamos do nosso dicionario: Covid-19, Lockdown, hidroxicloroquina.


Na contramão desta luta contra a pandemia, que já dura três meses, vivemos dias de instabilidade politica, com discussões absurdas, desmandos e quedas de braço, onde o presidente da Republica desrespeita as medidas de prevenção estabelecidas pelas comunidades cientificas mundiais e trata a pandemia como se fosse uma gripe comum. Politicamente articula medidas e decisões antidemocráticas para mobilizar o país e assim conduzi-lo de acordo com os seus próprios interesses duvidosos.
Estamos vivendo um período critico, que nos faz questionar o modo como vivemos e as regras politicas sociais e econômicas que nos são impostas. A cada dia evidencia-se a necessidade de um nova plataforma de viver e de nos relacionarmos com o mundo a nossa volta, respeitando o meio ambiente e a cada individuo, sem discrimina-lo pela cor, crença, gênero, status quo. 
Que tenhamos força para vencer o inimigo invisível e que ele sirva de lição para que nos tornemos seres humanos melhores!


MOVIMENTO


Devo ter algum parentesco com aqueles crustáceos que vivem no mangue fétido e lamacento do Sergipe, escondido entre as raízes submersas, na lama negra e gorda que sustenta outros seres invisíveis. Tenho esta camada externa dura, que parece uma armadura, mas por dentro, sou molinho, molinho, qualquer coisa me arrebata, qualquer coisa me arrebenta!.. Por fim, não sou nada, apenas movimento de fragmento na lama!

MULHERES NEGRAS QUE FIZERAM HISTÓRIA - CAROLINA DE JESUS.

"A COR DA FOME É AMARELA." Disse certa vez, Carolina Maria de Jesus, uma mulher de origem pobre, negra, favelada, que com suas lutas e sensibilidade, foi capaz de criar seus filhos e ainda perpetuar seu nome, na historia literária do país.
Seu cotidiano de dificuldades na favela, a fez escrever um diário, que virou um livro "QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA", que ganhou o mundo, com um milhão de exemplares e foi traduzida em quatorze línguas, tornando-se um dos livros brasileiros mais conhecidos no exterior.
Uma pergunta que eu me faço, é:
Como um livro desta grandeza e que rodou o mundo, se tornou desconhecido pela maioria dos brasileiros?



Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914, na cidade de Sacramento, em Minas Gerais, numa comunidade rural, de pais negros analfabetos. Era filha ilegítima de um homem casado e foi maltratada durante toda sua infância. Aos sete anos, sua mãe a obrigou a frequentar a escola, depois que a esposa de um rico fazendeiro decidiu pagar seus estudos, mas ela interrompeu o curso no segundo ano, tendo já conseguido aprender a ler e a escrever e desenvolvido o gosto pela leitura.
Em 1937, sua mãe morreu e ela se viu impelida a migrar para a metrópole de São Paulo. Carolina construiu sua própria casa, usando madeira, lata, papelão e qualquer material que pudesse encontrar. Saía todas as noites para coletar papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar a família.
Em 1947, aos 33 anos, desempregada e grávida, Carolina instalou-se na extinta favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, num momento em que surgiam na cidade as primeiras favelas. Ao chegar à cidade, conseguiu emprego na casa do notório cardiologista Euryclides de Jesus Zerbini, médico precursor da cirurgia de coração no Brasil, o que permitia a Carolina ler os livros de sua biblioteca nos dias de folga. 
Em 1948, deu à luz seu primeiro filho, João José. Teve ainda mais dois filhos: José Carlos e Vera Eunice, nascidos em 1949 e 1953 respectivamente.
Ao mesmo tempo em que trabalhava como catadora, registrava o cotidiano da comunidade onde morava, nos cadernos que encontrava no material que recolhia, que somavam mais de vinte. Um destes cadernos, um diário que havia começado em 1955, deu origem ao seu livro mais famoso, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960.
O livro veio a publico, quando o jornalista Audalio Dantas, visitando a favela, conhece Carolina e fica encantado com seu diário, promovendo e auxiliando na publicação da obra.
Quarto de Desejo foi um sucesso de vendas no Brasil e no exterior, levantando até suspeitas acerca de sua composição, ou seja que o próprio jornalista teria forjado a obra para alcançar sucesso comercial
Publicado em 1960, a tiragem inicial de Quarto de Despejo foi de dez mil exemplares e esgotou-se em uma semana. Desde sua publicação, a obra vendeu mais de um milhão de exemplares e foi traduzida em quatorze línguas, tornando-se um dos livros brasileiros mais conhecidos no exterior. Depois da publicação, Carolina teve de lidar com a raiva e inveja de seus vizinhos, que a acusaram de ter colocado suas vidas no livro sem autorização.
Em março de 1961, uma reportagem afirmou que a publicação de Quarto de Despejo havia rendido a Carolina seis milhões de cruzeiros em direitos autorais, contudo a quantia exata variava, de acordo com a reportagem.
Depois da publicação de Quarto de Despejo, Carolina mudou-se para Santana, bairro de classe média, na zona norte de São Paulo. 
Em 1963, publicou, por conta própria, o romance Pedaços de Fome e o livro Provérbios. Posteriormente, em 1969, Carolina acumulou dinheiro suficiente para se mudar de Santana para Parelheiros, uma região árida da Zona Sul de São Paulo, no pé de uma colina. Próxima de casas ricas, local de algumas das mais pobres habitações do subúrbio da cidade, com impostos e preços menores, era lá que Carolina esperava encontrar solitude. 

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...