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A SENZALA ESQUECIDA, EM PORTO ALEGRE. URBEX


Conheci ontem junto com meu colega, o que sobrou de uma antiga construção na Lomba do Pinheiro e que segundo alguns moradores das redondezas, possuía em seu porão uma senzala com instrumentos onde eram aprisionados os escravos nos séculos passados e que por esta razão o lugar é conhecido como a "Senzala da Lomba do Pinheiro". Na verdade constatamos que nada mais existe no local, alem de ruínas e um cofre destruído, que supostamente continha documentos de compra de escravos e que foram queimados, quando vândalos e ladrões invadiram esperando encontrar ouro e outros objetos de valor.


As ruínas na verdade, são vestígios de duas construções afastadas uma da outra e encrustadas no meio do mato: Uma com paredes feitas de pedra medindo mais de 50 centímetros de espessura, fazendo-me lembrar das antigas construções que conheci em Alcântara no Maranhão e a outra, que acredito ser menos antiga, com paredes de pedra e tijolos grandes e um tipo de reboro cujo os componentes são de difícil identificação pela ação do tempo e a minha falta de conhecimento técnico no assunto, mas visivelmente muito antiga.


Segundo o que nos contou dona Maria, uma das moradoras locais e cuidadora da senzala, o aumento do numero de pessoas e invasores, que iniciaram a construir suas casas naquela área antes quase deserta, a antiga casa e sua senzala, foi sendo destruída pelos novos moradores que ali foram se estabelecendo e saqueavam telhas, pedras, ferro e tudo que achavam reutilizável na construção de suas próprias casas, assim como outras pessoas que simplesmente depredavam por se tratar de uma casa velha e sem interesse. Mesmo com o seu pedido de conservação entre os moradores vizinhos, era sumariamente ignorada.

cofre pertencente a casa
Algumas vezes foi solicitado por ela a ajuda da policia, da prefeitura e de alguns meios de comunicação para que fossem criados algumas medidas no que se refere a proteção da casa e sua senzala, mas nada foi feito, até a sua completa transformação numa ruína sem qualquer registro histórico que se tenha conhecimento.
Conforme Claudio Garcia Teixeira, ex presidente da Associação de Moradores da Quinta do Portal, que me acompanhou nesta visita, de 1998 à 2002 a antiga construção ainda se mantinha preservada, com cobertura de telhas de barro, azulejos europeus em algumas paredes e uma enorme banheira de mármore que posteriormente foi roubada. No porão da casa haviam correntes com tornozeleiras de ferro onde possivelmente eram amarrados os escravos. Nos fundos do pátio uma espécie de tronco e também uma imensa gaiola de ferro sem cobertura onde acreditavam que os escravos eram mantidos encarcerados. Foi também neste período que ele como presidente comunitário, tentou buscar apoio junto a Secretaria Municipal da Cultura, RBS, Correio do Povo e Rede Bandeirantes que lá estiveram, fotografaram e nada mais foi feito.


Dona Maria acredita que talvez não tenha buscado o apoio necessário para a salvação do lugar, por não ter conhecimento sobre os meios adequados para isto, já que possui pouca instrução.
Claudio Garcia disse que depois de informar a Secretária da Cultura, a mesma informou que a área se tratava de uma propriedade particular e passava por especulações imobiliárias cujo o dono de sobrenome Chaves Barcelos, morava nos Estados Unidos.
Ao questionarmos se o abandono e a falta de interesse na proteção deste patrimônio por parte dos órgãos públicos, seria pelo fato de estar localizado, num área distante e pobre da cidade, afastando o interesse em sua conservação e divulgação, dona Maria se posicionou positivamente:
_Quem viria do centro da cidade até aqui para ver um senzala?.. Só o senhor mesmo!.. disse-me sorrindo e meio sem graça. Quanto ao fato da área pertencer a alguma família de posses, ela negou conhecimento.



Como chegar onde foi a senzala:
A senzala, ou melhor dizendo o que sobrou dela, fica localizada no Bairro Lomba do Pinheiro-parada 6, seguindo pela Estrada Afonso Lourenço Mariante, na segunda entrada à esquerda, no Beco das Oliveiras que é sem saída. No final do beco, cruza-se por uma clareira sombreada à direita, seguindo por uma pequena trilha, (caminho de motociclistas adeptos do rally), uns 200 metros à frente, escondida no matagal. Esta área coberta pelo mato, faz divisa com um pequeno loteamento chamado Quinta do Portal e Estrada do Rincão no Bairro Belém Velho.
Dona Maria também nos contou que uma forma de ver e apreciar como era antes este casarão e sua senzala é assistindo o antigo filme de Teixeirinha, "Coração de Luto", onde muitas tomadas foram feitas no local. Eu dei uma olhada no filme e nada identifiquei do local.

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