Foi num dia destes, que não consigo lembrar ao certo, que me olhando no espelho, a cara cheia de espuma para fazer a barba, que me deparei com aquelas duas bolcinhas escuras e volumosas embaixo dos olhos. Fiz caretas e mais caretas e lá estavam elas, visivelmente palpáveis se eu quisesse toca-las e ter certeza de que estavam ali para serem entregues aos cuidados de Pitanguí. Alba já havia me alertado quanto a sua existência, mas não tinha dado a devida atenção. Mas agora eu mesmo as percebia com meus próprios olhos registrando a transformação que para mim surgiu de repente, de um dia para o outro e me tomando de surpresa na frente do espelho mentiroso. Fiquei pensando sobre uma conversa que já havia tido, não lembro com quem, sobre as transformações que sofremos no decorrer do tempo e que para nós parece imperceptível, até que num dia a ficha cai e completa a ligação. Não acompanhamos nossas próprias transformações ou se percebemos são a passos de tartaruga, numa linha de tempo muito, muito maior do que quem está de fora, nos assistindo envelhecer. Ontem o Gemele, cardiologista do hospital, já de cabelos completamente brancos, vindo em minha direção, estendeu-me a mão num cumprimento caloroso e disse-me sorrindo:
_Puxa meu velho ainda não te aposentaste?
Mais tarde quando levei um acidentado para a sala de emergência, observei que uma senhora empurrando uma cadeira de rodas me observava atentamente e depois quando retornei a o corredor ela me interpelou:
_Então não está lembrado de mim,.. a Maria Helena que foi vizinha da...!
_ah, claro!...
Sorri e fiquei envergonhado de não a tê-la reconhecido com um rosto agora enrugado e bem mais escuro do que eu lembrava de seu semblante. Putz, que coisa!...esta sucessão de fatos parecia-me um aviso insistente. Respirei fundo, bem fundo!
Lembrei daquelas pessoas que nunca nos viram antes mais jovens e que exclamam, (talvés mentirosamente), dizendo que estamos muito bem e nem aparentamos a idade que realmente temos. Felizmente ainda ainda encontro muito desses mentirosos por ai!
_Puxa meu velho ainda não te aposentaste?
Mais tarde quando levei um acidentado para a sala de emergência, observei que uma senhora empurrando uma cadeira de rodas me observava atentamente e depois quando retornei a o corredor ela me interpelou:
_Então não está lembrado de mim,.. a Maria Helena que foi vizinha da...!
_ah, claro!...
Sorri e fiquei envergonhado de não a tê-la reconhecido com um rosto agora enrugado e bem mais escuro do que eu lembrava de seu semblante. Putz, que coisa!...esta sucessão de fatos parecia-me um aviso insistente. Respirei fundo, bem fundo!
Lembrei daquelas pessoas que nunca nos viram antes mais jovens e que exclamam, (talvés mentirosamente), dizendo que estamos muito bem e nem aparentamos a idade que realmente temos. Felizmente ainda ainda encontro muito desses mentirosos por ai!