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CANTIGA DE NINAR.


Solidão era uma poeira leve, que lhe cobria a cara. E quando o mundo girava, jogava em seu colo pedaços irregulares de sofrimentos, que adormeciam em seus braços, feito crianças frágeis e abandonadas.
Às vezes seu olhar se distanciava para as mais profundas incertezas. Mas o mundo lhe confidenciava segredos, com a mesma brutalidade que lhe arrancava pedaços. 


FÚCSIA.

Abriu a porta e saiu sem dar explicações de onde ia, caminhava na ponta dos pés, pelo corredor do edifício, como se não quisesse chamar a atenção. 
Cruzou a rua parecendo em fuga e foi de encontro a ele, que não tinha rosto dentro do carro de janelas escuras.
Da sacada, alguns curiosos a observavam silenciosos, o que parecia ser o seu mais recente segredo.

O ANOITECER NA ILHA.


Ele apoiou os braços na janela, para observar o Pôr do Sol, que lhe perecia particularmente com uma luminosidade diferente dos outros fins de tarde que costumava ver e por alguns instantes, desconfiou que ela, em sua casa, também pudesse estar debruçada na janela, assistindo este mesmo espetáculo, que ele contemplava com surpresa.
Pensou que talvez necessitassem naquele momento, estarem juntos, lado a lado, assistindo toda aquela beleza, contradizendo este mundo da pressa e dos compromissos inadiáveis, para assistirem aquele Sol e  comentarem tudo à respeito.
Por outro lado, sua timidez impedia-o de pegar o telefone, de mandar uma mensagem, pois o motivo lhe parecia tão bobo e sem sentido.
Percebeu que estavam quase sempre indisponíveis e que talvez algumas ausências provocadas por alguns compromissos, fossem responsáveis pela falta de coragem de fazer um convite daqueles.
Então ele ficou no mesmo lugar, com os cotovelos já doloridos, apoiados na janela, observando o sol se ir, a cidade aos poucos escurecer, com a sensação de estarem juntos, mas também separados, cada um na sua janela, mudos, sensibilizados, incomunicáveis, na mesma ilha que anoitecia.

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