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ARRISCANDO O PESCOÇO

Às vezes saia a caminhar nas margens daquele rio, em pleno outono. Ia sozinha para ouvir a água se arrastar por entre os cascalhos pontiagudos e algum lixo que encalhava nas margens e no pilar da ponte que cruzava a cidade. 
Não percebia as horas passarem. Depois, sentava, onde possivelmente outras pessoas, em algum momento, deviam ter sentado, um banco solitário, abaixo do trafego pesado de veículos, para ver a água do rio se encostar  na linha do horizonte que mudava de um alaranjado, para o breu.

Aquele devia ser obviamente, um local perigoso de encontros? A água, a ponte, o banco, o horizonte e ela, que por não ter mais nada o que fazer, arriscava-se, diante de tamanha beleza inexplicável. 
*sob a ponte do rio Hudson- NY 

TEORICOS DA VERDADE

Tem pessoas que falam de amor, carinho, cuidado e atenção com a propriedade de quem os tivesse inventado e por isto, dando-nos a impressão de que dominam de tal forma o assunto que poderiam lecionar a respeito. Que através de suas palavras magicas poderiam modificar este mundo cão, tira-lo da obscuridade, conduzindo-o à luz da salvação. Ditam fórmulas, declamam frases feitas e estrofes poéticos com habilidade em resposta à tudo, porém não absorvem nada para suas vidas. Não conseguem transformar suas teorias em praticas verdadeiras; Sofrem com os percalços sentimentais como qualquer pessoa sofre. Erram, desconfiam, frustram-se sem perceberem que grande parte de sua dor surge por acreditarem em verdades falhas, em conceitos comprovadamente mancos. 
Possuem boa intenção porem são traídos por suas próprias certezas, criam estruturas conceituais frágeis que são destruídas por suas próprias condutas diante de si mesmos e dos outros. Não conseguem perceberem a necessidade de se renovarem e portanto culpam tudo que os cercam, menos o seu sonho de realidade ou sua realidade de sonho reticente e falha.

Relações com verdades

As vezes torna-se dificil sermos verdadeiros sem que nossas atitudes não sejam confundidas, sem que nossas intenções não sejam mal interpretadas e não corram o risco de ficarem a margem das instabilidades emocionais que minam por completo a relação de pequenos desafetos e frustrações. Dificil amar sem sermos nós mesmos, sem disponibilizar espaços pessoais necessários ao nosso crescimento individual. Vivemos diariamente no reconhecimento de nós mesmos e de nossos sentimentos ora bons, ora ruins, equilibrando-nos na corda bamba de emoções adolescentes que só amadurecem com as contradições, erros e também acertos. Relação madura deve ser portanto, a que zele pela liberdade, que se compromete á respeitar as oscilações de nossas verdades, das diferenças, sabendo que é difícil, mas necessario para a sobrevivencia de uma relação com a intensão de ser saudável.

Trancas

Moema decidiu afastar-se, optou por manter-se superficial, criou a distância que talvez achasse necessária, vital à si mesma. Tem dialogos reticentes, desassociados da ternura anterior. Transferiu parte das dores físicas para alma que também sofre. Joga sedas para cima na insistencia de caçar fantasmas que não existem. Fechou todas as suas portas de comunicação e reforçou-as com trancas de rancor invioláveis. Mantem-se no silêncio, no obscuro vão do silêncio, armada, desconfiada e triste. Talvez eu também devesse fechar as minhas e buscar "o nada" como resposta!

Dona Noêmia

Atendi ontem dona Noêmia que estava trancafiada em seu barraco pobre, numa vila da cidade. Sua família apavorada disse-me que ela sempre agia assim, por que não tomava seus remédios com freqüência conforme a indicação da receita médica. Passava as noites em claro fazendo barulho, arrastando os poucos móveis no barraco pobre, batendo portas, falando sozinha, chorando, brigando com os vizinhos e algumas vezes tentando agredir quem a olhasse com estranheza.
Depois de muita negociação, dona Noêmia abriu a porta e veio conversar comigo dentro da ambulância. Antes, trocou de roupa, maquiou-se, perfumou-se e se sentou na maca como uma dama convidada a tomar um chá da tarde. Contou-me sua história de vida de um jeito que parecia estar muito lucida e coerente naquele momento. Falou-me que casou-se uma vez só e deste enlace teve uma única filha, que lhe deu um neto. Criou este neto como se fosse seu filho pois a mãe fora assassinada quando o menino tinha apenas dois anos de idade. Morreu esfaqueada com mais de dez golpes, enquanto dormia em sua casa. Nunca descobriram quem a assassinou e por quais motivos. Sustentou, educou e deu amor ao menino até ficar homem, criar independência e casar-se. Disse-me ainda, que desconfiava das pessoas, e de seus parentes e que tinha saudades do neto-filho que não mais a visitava. Falou-me que era louca, por que nunca aceitou a morte violenta da filha, o esquecimento do neto e a falta de justiça... Que era louca por que não se calava, não aceitava, não compreendia o silencio cúmplice das pessoas em favor da injustiça e que jamais aceitaria enquanto vivesse aquela tamanha violência em sua vida. Despediu-se de mim na porta da emergência psiquiátrica com um aperto de mão e um pequeno sorriso nobre, discreto, talvez ciente de sua loucura e desconfiada de minha normalidade oportuna. Pensei em dona Noêmia com tristeza e um pouco de culpa. Culpa dos que podem fazer tão pouco por pessoas como ela. Pensei também que tínhamos algumas coisas em comum, talvez a insatisfação, a revolta, por situações ocorridas na vida que não se consegue entender. Dores acumuladas, disfarçadas mas que em certos momentos querem se exorcizar, se soltar com cara de loucura.

Eu conheço de perto a loucura

Eu conheço de perto a loucura. Ela mora no meu sangue e me fala com voz mansa que precisa se soltar, se desvencilhar das amarras, das malhas, do convencional, das regras elaboradas, dos intuitos perversos da moral, das violências pessoais e eu com medo reprimo-a, trancafio-a, afogo-a para que não grite, não arrebente, não transborde, não mostre sua cara para os outros. Fico repetindo frases feitas, reelaborando idéias medíocres, vigiando meus gestos e intenções para me sentir normal. Aceitavelmente normal. Mas eu conheço de perto esta loucura e sei do que seria capaz de me tirar completamente o sono, fazer-me arrastar moveis pela madrugada à fora, a vagar e a gritar feito louco, falar sozinho, de mim para mim, até cansar!

Cansaço estresse raiva.

Hoje foi mais um dia de trabalho e então cheguei muito cansado ao ponto de não ir direto para o banho como sempre faço. Deitei -me na cama com as pernas e os braços esticados, olhando para o teto branco e lembrando de todos os momentos estressantes que foi o meu dia. Penso que as vezes pode ser possível contornar estas situações de explosão, de raiva e insatisfação geral com o trabalho, mas em outros momentos a pressão gerada é tão intensa que acabamos cedendo a indignação que hora frustra, hora desacredita em dias melhores tornando-se quase impossível impedir que se acenda o pavio da desordem, e do descontrole pessoal. Acredito que todo o clima de dor, sofrimento, angustia vinda dos clientes e vitimas que atendo nas ruas muitas vezes em péssimas condições, quase mortos, não me causam tanto cansaço quanto os trâmites burocráticos, os desvios de responsabilidades, os desrespeitos, as omissões de uma fatia minima de profissionais da sociedade que acreditam piamente que tratam de saúde com decência e salvam vidas por trás de mesas, gabinetes, telefones e rádios de comunicação. Estes heróis deveriam aprender que vidas se salvam quando colocamos as mãos no sangue, ouvindo gemidos, gritos, queixas, arregaçando as mangas, respeitando limitações, desfazendo os laços das diferenças de cor, das diferenças sociais , objetivando unicamente a manutenção da vida, sem sentirem-se deuses ou juizes. Quem sabe um dia aprendam que para a realização de um trabalho serio deve haver respeito mutuo entre todas as partes envolvidas e sem divisão de castas. Quem sabe assim eu deitaria em minha cama tranqüilo e com a sensação absoluta de ter feito a minha parte com satisfação!

Perguntas e respostas

Pensei de repente, que talves não seja melhor que tudo fique absolutamente transparente, absolutamente visível, claro, entendível; um pouco de sombra pode ajudar a estabelecer certas duvidas naturais da vida, tão necessária ao nosso imaginario, a nossa fantasia, a nossa inocência. Fértil á sobrevivencia. Afinal por que saber dos reais motivos, das necessaria atitudes, dos verdadeiros conceitos e motivações? Faz-me bem algumas vezes ser embalado por minha própria ignorância e acreditar que algumas coisas não possuem respostas, por que surgem sem uma razão específica. Surgem desmioladas, sem origem, sem causa. Nasce por nascer...e quando se pensa nelas tentando esmiuça-las, surgem infinitas elocubrações indefinidas, volateis, complexas e perturbadoras. Hoje quero dormir sem respostas das perguntas que me fiz, sem o peso das buscas. Quero dormir solto, despreocupado no leito grandiosos da preguiça, irresponsável, talvez amanhã acorde cheio de perguntas numa ansia desesperada por respostas que hoje não estava afim de desvendar por que optei pela divina ignorância.

LUZ E SOMBRA do Livro Morangos Mofados de Caio Fernando de Abreu

LUZ E SOMBRA:
[Deve haver alguma especie de sentido ou o que virá depois?- São coisas assim as que penso pelas tardes, parado aqui nesta janela, em frente aos intermináveis telhados de zinco onde às vezes pousam pombas, e dito desse jeito você logo imagina poéticas pombinhas esvoaçantes, arrulhantes. São cinza as pombas, e o ruido que fazem é sinistro como o de asas de morcegos. Conheço bem os morcegos, seus gritinhos agudos, estridentes. Mas não quero me apressar. Penso que se conseguir dar algum tipo de ordem nisto que vou dizendo haverá em conseqüência também algum tipo de sentido. E penso junto, ou logo depois, não sei ao certo, que após essa ordem e esse sentido deve vir alguma coisa. O que depois?- pergunto então para a tarde suja atrás dos vidros, e sinto reconfortado como se houvesse qualquer coisa feito um futuro à minha espera. Assim como se depois do chá fumasse lentamente um cigarro mentolado, olhando para longe, aquecido pelo chá, tranqüilizado pelo cigarro, enlevado pelo longe e principalmente atento ao que virá depois deste momento. Faz tempo não tomo chá, e controlo tanto os cigarros que, cada vez que acendo um, a sensação é de culpa, não de prazer, você me entende? Não, você não me entende. Sei que você não me entende porque não estou conseguindo ser suficientemente claro, e por não ser suficientemente claro, além de você não me entender, não conseguirei dar ordem a nada disto. Portanto não haverá sentido, portanto não haverá depois. Antes que me faça entender, se é que conseguirei, queria pelo menos que você compreendesse antes, antes de qualquer palavra, apague tudo, faz de conta que começamos agora, neste segundo, e nesta próxima frase que direi. Assim: é um terrível esforço para mim. Se permanecer aqui, parado nesta janela, estou certo que acontecerá alguma cosa grave- e quando digo grave quero dizer morte, loucura, que parecem leves assim ditas. Preciso de algo que me tire desta janela e logo após, ainda, do depois. Querer um sentido me leva a querer um depois, os dois vêm juntos, se é que você me entende...] 

Por que postei este pedaço do texto de Caio Fernando de Abreu as seis horas da manhã? Não sei a o certo!...talvez por identificação e porque perdi o sono. Por causa da janela como pano de fundo descrito no texto e coincidentemente algumas vezes tento ver o meu mundo através de uma delas? Obter minhas respostas? Pelas pombas cinzas sobre os telhados que também arrulham sobre as casas vizinhas daqui?... Infinitos telhados, a duvida sobre o sentido das coisas, e a compreensão do fluxo quem sabe monótono ou apressado da vida, do nosso interior, a ânsia de se compreender e ter respostas a tudo isto? Algo neste texto descreve pontos que me são pessoais, particularmente especial em minha vida, em minha loucura particular, batendo em minhas duvidas, cutucando reticencias que há em mim e acredito também, em ti e que se falarmos ninguém compreende.

Práticas de amar

Existem pessoas que modificam o conceito de amar por que cometem praticas destorcidas contra quem ama. Tentam ditar regras, sufocar liberdade, impor suas verdades. Puxam ganchos de problemas vazios ou que não existem para te pendurar neles. Esticam cordas para se equilibrarem com sentimentos ora de alegria, ora de frustração tentando te arrastar com elas nesta dança absurda. Sempre querem mais do que se tem para dar, ficam insaciáveis, insatisfeitas, perigosamente letais. Eu estou fora desta.

A despedida

Moema partiu sábado à tarde com a finalidade de vivenciar a alegria da qual chama de vida. Retomar contatos de seu convívio do passado. Despediu-se com olhar profundo, mesclado de doce e azedo, dominada talvez pelo cansaço de suas antigas intensões. Percebi que fará uma desintoxicação de mim. Limpará sua alma, suas feridas ainda abertas para que seja breve a cicatrização, a cura. Fiquei sentado com o olhar fixo no laminado do chão, procurando oque pensar, ouvindo o ruido da chuva imaginaria que não caiu sobre o telhado . Senti seus batimentos do coração junto dos meus numa sinfonia desgovernada, seu cheiro de priprioca, sua coragem de gigante. Em breve retornará outra à procura urgente de sua nova vida.

Profissão de risco

Transferi ontem à noite, do posto de saúde da Restinga para o Pronto Socorro, um soldado aposentado da brigada militar que foi baleado no abdome e braço, em defesa sua e da comunidade, contra uma ação criminosa em um supermercado nas redondezas da Estrada do Barro Vermelho. Lembrei deste fato, por que enquanto deslocávamos na ambulância, ele me comentava sobre a sua necessidade de ainda ter que trabalhar depois da aposentadoria, para puder manter a família. Havia momentos em que ele chorava e depois rezava agradecendo à Deus por sua vida e também pedia que livrasse seu filho do caminho desta profissão tão pouco remunerada e arriscada.

Sexo à três

Uma amiga que não vou dizer o nome nem que a vaca tussa, me contou que seu namorado perguntou-lhe certa vez oque ela gostaria de experimentar de "novo" com ele, quando iam ao seu apartamento transar. Depois de alguns dias, fazendo charminho, boquinhas e vencer a timidez, ela disse-lhe que tinha vontade de transar a três.
-Ha três? Como à três? Perguntou ele dividido entre mesclas de curiosidade, surpresa e desconfiança.
-Eu, tu e outra mulher! Confessou-lhe revelando seu segredo de muito tempo. Ele então excitado, comprometeu-se de providenciar outra parceira, e quando conseguiu, a o contrario do que minha amiga pensava, tudo transcorreu a mil maravilhas, em perfeita harmonia e sem comprometer a satisfação dos três.
Algumas semanas depois, envergonhada, ela terminou tudo com ele, que a ligava insistentemente insinuando que as duas teriam iniciado um caso. Ela disse-lhe então, que nunca mais vira a moça de novo e que só com ele não achava mais graça.
Bem, postei este texto sobre minha amiga, não com o objetivo de contar uma história de sacanagem ou uma piada vulgar para aborrecer os preconceituosos e puritanos, mas com o intuito de alertar as pessoas sobre nossos desejos muitas vezes sufocados e reprimidos por falta de coragem e vergonha. Medo de assumi-los diante de nós mesmos, de descobrir interesse por coisas ditas fora do normal.
Acho que vale a pena o experimento de nossa libido desde que não prejudique a nos nem a ninguem, desde que todos fiquem felizes e satisfeitos com seus fetiches e desejos "proibidos".

Será que estou ficando louco?

Tenho deixado de cortar os meus cabelos, que são crespos, pra mais de três meses. Resolvi mudar de cara ou estou ficando completamente louco. Como trabalho nas ruas, pescando gente atropelada, acidentada e outras coisitas mais, as vezes não dá tempo para ajeita-lo. Hoje quando levei um paciente para a emergência clinica do Pronto Socorro, a doutora Carmem me perguntou assustada enquanto eu entrava na sala:
-Oque é isto?
-É um paciente!
-Não, o teu cabelo?..
Todos riram, menos ela com a expressão de preocupada.

A Morte

A morte não tem conceito exato, nem raso. Não é apenas um corpo sem vida sob uma cova, mas ausência total de trocas elementares, boas ou ruins!

Dia dos Pais


Hoje, Dia dos Pais, acordei com um frio na barriga, lembrando do meu pai. Correram flaches na minha memória , do tempo em que eu ainda era garoto e esperava reações de carinho, amizade e atenção por parte dele e que nunca vieram. Com o tempo, passei a entender que as pessoas dão aquilo que recebem e que acumulam no decorrer de suas vidas, oque talvez tenha sido seu caso. Quando fui presenteado com o nascimento do meu filho, prometi que tudo seria diferente, pois lhe daria tudo oque não recebi. Em nossos encontros, quando nos abraçamos e nos beijamos, nossas trocas de olhares tem luz azul, cumplicidade e emoção, sinto que circula entre nós muito mais do que um simples cumprimento afetivo entre pai e filho, muito mais que uma relação de amizade, pois transcende a tudo isto, fazendo minha alma inebriar-se de felicidade e eu ficar assim bobo, imensamente agradecido por sua existência.

888- Abertura do Portal de Orion

Recebi da amiga Cleusa, um email dizendo que hoje 28 de Agosto de 2008, traduzido por 888, é o dia que marca a entrada da humanidade no mundo novo, de ascensão espiritual através da abertura do Portal de Orion. Este dia é marcado pelo encontro espiritual entre homens e deuses. A constelação de Orion é um ponto de referencia cósmico que opera energia, formando a teia da vida na galáxia. Os poderes do universo emitem novos níveis vibratórios, como parte do processo evolutivo da humanidade. Segundo entendedores profundos no assunto, o efeito desta abertura é a multiplicação da intensidade de nossas emoções e aspirações sejam elas quais forem. Isto significa que cada emoção, intenção, desejo se positivo ou negativo emanado por nós será ampliado mais de um milhão de vezes em nossa intenção. Nossos pensamentos criam nossa realidade a partir do que focarmos em pensamentos e desejos, por tanto neste dia devemos mentalizar somente pensamentos bons, positivos, desejando coisas boas para si e o proximo.

OUTROS OUTUBRO VIRÃO

Ontem de manhã, antes de sair para o trabalho, beijei meu filho que ainda estava deitado na cama com seu breve sorriso de sonhos. Será que sonhava, e com oque? 
Coincidentemente, quando peguei meu carro na garagem e liguei o rádio, tocava uma musica de Milton Nascimento, na voz de Elis cantando o seguinte refrão conhecido: "Oque foi feito amigo de tudo que a gente sonhou, o que foi feito da vida, o que foi feito do amor?"... Já na rua, levantei o volume do rádio e fui cantarolando a canção e a o mesmo tempo me perguntando sobre a veracidade daquela letra e fazendo histórias paralelas que falavam de sonhos que montamos em nossa singular juventude e vão se desfazendo no transcorrer da vida, ou que são substituídos por outros que exigem menos esforços, menos paixão, trocados por responsabilidades ditas maiores ou pela seriedade que impomos à vida. 
Pensei também, que afinal, viver com responsabilidade e seriedade não nos coíbe de sonhar, de acreditar em dias melhores. Lembrei-me de amores e conquistas que idealizei e que até vivi provisoriamente acreditando na sua permanência em minha vida e que se foram com o passar dos dias, dos meses, dos anos, sendo trocados gradativamente por sonhos novos, as vezes maiores ou menores, pelo infortúnio das impossibilidades, das surpresas que obrigam-nos a mudar de rumo, a repensar, a abrir mão de. 
Vivemos assim, acreditando que "outros outubro virão, outras manhãs plenas de sol e de luz", como diz um dos estrofe da musica, guardando nossos sonhos na palma da mão sem abri-la, deixando para viver amanhã o que se poderia ter vivido hoje, com paixão e a tesão dos amantes, com o pássaro preso, sem deixa-lo voar. Tomara que os sonhos de meu filho sejam tão coerentemente loucos ao ponto de serem realizáveis e faze-lo voar sem medo, sobre Outubros, Novembros, o que vier.

Ação criminosa

Hoje pela manhã quando cheguei para trabalhar a surpresa já aguardada e muito comentada entre os colegas: A base do SAMU na Restinga, tinha sido arrombada durante a noite enquanto os colegas faziam uma remoção de uma paciente gravida ao hospital. O ladrão ou seriam dois, entraram retirando o aparelho de ar condicionado da parede pelo lado de fora do prédio e então ja dentro da base tentaram arrombar a porta principal com um pé de cabra no intuito de levarem objetos maiores como televisão, microondas, fogão, geladeira. Durante esta ação criminosa, só conseguiram carregar o aparelho de ar condicionado que deixaram a alguns metros para mais tarde buscarem e a bolsa da colega que estava de plantão, contendo documentos, dinheiro, cartões de crédito e um carregador de telefone celular. A policia, acionada por algum vizinho atento nas redondezas e que ouviu barulhos na base, chegou rápido e logo saiu a procura de vestígios dos ladrões. As ligações da gerencia do SAMU, da sala de regulação médica e responsáveis técnicos começaram a chegar cedo, preocupados com o fato da ambulância estar fora de atendimento e assim deixando descoberta uma das regiões mais populosas da cidade, cerca de 130.000 habitantes, representando mais de 10% da população total de Porto Alegre. Recebemos também a visita do Diário Gaúcho e da RBS com o objetivo de documentar jornalisticamente o fato ocorrido. Este fato lastimável, não foi de maneira alguma um fato isolado pois no mesmo local ja ocorreram anteriormente roubos de refletores, de telas de isolamento do terreno e arrombamentos de veículos dos funcionários que pra lá se deslocam para noites de plantão. Revoltados com a violência e a criminalidade que se estabelece cada vez mais e incompreensivelmente vitimando um serviço que serve como instrumento de socorro e ao salvamento de vidas, os funcionários demonstraram preocupação e insegurança lembrando mais uma vez a trágica história da colega que foi assaltada e depois violentamente morta com um tiro na cabeça quando chegava para trabalhar na base do SAMU no bairro Belém Novo.
-Vocês salvam vidas todos os dias, mas quem protege a de vocês? Comentou alguem que passou hoje por lá.

Fim de tarde

Por aqui a tarde cai seus olhos numa expressão de tristeza e cansaço desolador. As arvores abanam seus galhos despedindo-se do dia que correu apreçado, ora de vento, ora de sol, ora de chuva que abençoou a terra, que umedeceu as ruas e fertilizou as praças com cheiro de húmus, e tudo vai se fechando numa escuridão serena, lenta para encontrar o novo dia.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...