CÓDIGOS INTRÍNSECOS


Patrícia era uma "patricinha", tinha um lindo tucano chamado Ary Mario, alimentado com mamão papaia, também um Corcel II prata que, em 1977, era o carro do ano, e namorava um artista, que seus pais preferiam o dentista estabelecido. Patrícia casou-se com um terceiro e foi morar no mato, no sitio, rodeada por numerosos cachorros, cavalos e árvores. 

Dizem que as rugas chegaram ao seu rosto sem pedir licença e, da noite para o dia, já era outra mulher, mais simples, da terra, do açude, dos animais e da vida que a própria vida lhe ofereceu. Será que havia percebido que alguns códigos estavam intrínsecos, desde que nasceu e começou a ler seus próprios instintos?

Não deve mais lembrar-se das baladas em lugares caros, do Corcel II prata, do Ary Mário que afiou suas asas e voou da Bela Vista para o mundo, dos perfumes caros, da vida de preguiça e superficialidades. Patrícia é outra. Mais velha, mais enrugada, mais perto de suas verdades.

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