Lembro-me que gostava mais da tia Maria, do que da minha própria mãe e de todo o resto da família que a vida me apresentou e hoje por alguma razão, voltei a sentir sua falta, do calor de seus braços que me aninhavam nas noites solitárias de inverno, quando cobertores eram poucos e cães uivavam nas esquinas da minha rua.
Tia Maria era vista por alguns parentes e conhecidos, como uma andarilha. Depois do trabalho, saia a visitar parentes que a acolhiam em suas casas, em função de algumas privações pela qual passava. Caminhava grandes distancias, arrastando sacolas que mal conseguia carregar.
Embora tivesse um marido, preferia muitas vezes pousar fora de casa. Talvez quisesse fugir de sua dura realidade.
Lembro-me de vê-la chegando na minha casa, carregando suas sacolas, do seu silencio, do seu sorriso, da paciência para me ouvir e de me contar histórias, da sua sensibilidade que às vezes a fazia chorar e a lamentar as dificuldades e pobreza em que vivia, do seu visível carinho por mim e de me ter como a um filho.
Curioso lembrar dela, neste momento, nesta noite chuvosa em que o vento dobra as arvores, sentir sua falta, do seu café com leite e pão torrado, do seu lenço preso na cabeça, do seu vestido presenteado por alguma patroa, do seu cheiro de mãe emprestada e que agora, me causa esta saudade apertada.
Se eu pudesse, eu a traria de volta, lhe serviria o mesmo café, com pão torrado e falaríamos dos velhos tempos. Ouviríamos o vento soprar lá fora, dormiríamos juntos e abraçados.
Se eu pudesse, eu a traria de volta, lhe serviria o mesmo café, com pão torrado e falaríamos dos velhos tempos. Ouviríamos o vento soprar lá fora, dormiríamos juntos e abraçados.
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