QUANDO EU VIREI UM BRUXO,

Eu acreditava que a vida vivia sempre me empurrando para becos escuros, buracos, valas, sarjetas. Eu não tinha escolha, era um, dois e lá estava eu, num deles, ansioso, com medo, num desses becos escuros, frios e sem saída, que na minha ânsia de escapulir, fazia-me caminhar em círculos, voltando sempre pro mesmo lugar, perdido, sem encontrar uma saída, uma perfeita saída como numa cena de ação do James Bond. 

Mas o tempo me fez descobrir que existem algumas magicas, que fazem o cotidiano se transformar, sem receitas, sem caldeirões mágicos com perninhas de sapo, e esta magica só acontece depois de algum tempo de vida, de penúria, de sofrimento, de procura por si mesmo. É quando a gente sem perceber, se transforma em outro, num bruxo, sem perceber que adquirimos poderes transformadores que modificam os nossos pensamentos, reações e atitudes, também a nossa rota, o nosso destino, onde os becos e buracos, não são tão assustadores e obscuros. Mas como toda a bruxaria que se preze, é necessário que se adquira com o tempo, alguma quantidade de vivencias, de lágrimas, de cabelos brancos e rugas na cara. A varinha mágica é coisa opcional.

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