Retrato 3X4 da Assistência à saúde.

Ontem fui testemunha de uma das cenas mais tristes e deprimentes que lembro-me  ter assistido durante meu trabalho na saúde. Tratava-se do desespero de um pai que na angustia de que seu filho de três meses fosse atendido na emergência de um hospital e que por causa das complexidades burocráticas, levou mais de vinte minutos para que o atendessem. 
A criança estava sendo transferida  por mim na ambulância, vinda de um posto de saúde e recebendo oxigênio. Logo que chegamos na emergência que estava como a maioria delas, habitualmente com a porta fechada, me dirigi ao funcionário da recepção que solicitou o nome do paciente e depois de alguns minutos retornou para pedir o nome do medico do qual havia sido feito o contato e então levou mais de quinze minutos para retornar e explicar-nos que o nome da criança não se encontrava na lista de pacientes que aguardavam para internação. Na verdade ele somente reapareceu para dar esta informação, por que o pai angustiado com a demora do atendimento, começou a bater violentamente na porta da emergência do hospital. Não tendo resposta ou alguém que viesse dar-nos qualquer explicações objetiva, sentou-se no chão e começou a chorar e a implorar que atendessem seu filho. Sua atitude gerou uma comoção entre as outras pessoas que também aguardavam atendimento e assistiam aquela cena penalizados. Seu comportamento embora agressivo, era um apelo desesperado para que seu filho fosse atendido com dignidade e não com o descaso que estava recebendo. Depois da cena lamentável, a porta então se abriu com a presença de um médico, que veio até a ambulância prestimosamente e de voz macia, pedir informações sobre a situação clinica da criança, enquanto o resto da equipe nos observava a distancia e com olhar de reprovação encostados num balcão. Existe um negativo corporativismo assistencial que negligencia a saúde, desrespeitando os direitos do cidadão através de  atitudes impiedosas e de extrema desumanidade.

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