Hoje de manhã, quando fui ao supermercado, vi um senhor gordo e careca sentado num banquinho de madeira, na calçada, que me fez lembrar do Tubuna. Tubuna era o apelido de um vizinho chamado Julio e que também vivia sentado num banco de madeira na calçada, conversando com a gurizada da rua onde eu morava. Ele tinha uma personalidade sarcástica e também um péssimo humor. Criava competitividade entre os guris e parecia ter um certo prazer particular de vê-los brigar entre si, por motivos aparentemente absurdos e sem razão. Um dia confessou, que a provocação que produzia era um exercício de masculinidade do qual queria nos ensinar. Eu não acreditava nele e pensava que sua maldade ia além do que podíamos entender na nossa idade, também não entendia que poder ele exercia sobre aquela gurizada que se mantinha a sua volta, ouvindo as barbáries que falava sobre a vida e as pessoas em geral, com tanta amargura. Sua imensa barriga arfava nas poucas vezes que ria e seus olhos era de um azul claro e de uma expressão subjetiva. A pele era muita branca e sardenta e os cabelos grisalhos e ralos. Quando ele morreu de infarto, eu fui a o dicionario para saber o que significava o seu apelido, que antes eu não sentia nenhuma curiosidade de saber. Eu pensava que tinha alguma coisa haver com sua gordura e isso me bastava, mas era o nome de uma especie de abelha muita agressiva que constrói seu ninho nos ocos das arvores que encontra.
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