Despedida de viagem


Ontem fiquei por mais de uma hora no telefone, depois na Internet,  conversando com uma amiga. O que era para ser apenas uma despedida de viagem, acabou numa conversa bacana sobre o reconhecimento de uma amizade, que dura a mais de dois anos, construída sobre pilares de afinidades, respeito e honestidade, que poucas pessoas conseguem manter.  
Com muito carinho e compreensão, ela entendeu sua impossibilidade, neste momento, de me acompanhar, junto de outros amigos, também muito especiais. 
Ela sabe que não faltará oportunidades futuras para viajarmos juntos e darmos muitas gargalhadas, neste mundo que temos ânsia de conhecer e dividir experiencias.
Salvador é logo ali, tão perto.., e sei que  só existe plena felicidade, se pudêssemos dividimos nossas alegrias e descobertas junto de todos  com quem gostamos e cantar para a vida uma mesma sinfonia. 
Tenho comigo, que o reconhecimento, é o resultado de nossas mais profundas reflexões e a humildade de expô-lo,  a prova de nossa grandiosidade humana.

ESTE NÃO SOU EU.

Mexendo em algumas fotos do passado arquivados no computador, eu percebo o quanto ficamos distantes do que fomos com o passar do tempo e devo dizer que não sinto saudades.
Tenho a sensação de que não sou eu nesta foto aos 13 anos de idade, e que alguém  me disse que sou eu e que devo acreditar a partir de evidencias lógicas e ainda assim, me posiciono desconfiado, meio incrédulo, duvidoso desta verdade. Entre tantos defeitos que eu encontrava em mim, era achar-me dentuço (o que me rendeu apelidos), o queixo fino e com cara de apatetado. A adolescência, foi um período  de muitas dificuldades pra mim, que era extremamente introvertido e sem a mínima noção da realidade que me cercava. Depois, como acontece com a maioria das pessoas, eu fui mudando, me descobrindo, fazendo escolhas...
Ainda ontem, perguntei para um colega de trabalho se ele tinha saudades de quando era adolescente e ele me respondeu que não, pois começou realmente a viver, depois dos 20 anos. Eu concordo com ele, acho que é nesta fase que começamos a pensar que somos mais seguros, que sabemos exatamente o que queremos e daí construímos nossas regras pessoais, escolhemos nossas amizades, que ainda temos tempo para muitas coisas a serem realizadas, que investimos muitos mais em sentimentos  leves do que em relações pesadas  em nome de  obrigações impostas, que damos mais vazão as nossas importâncias emocionais,  que somos impetuosos, que abrimos guerra ao mundo, que podemos ser tudo sem muito esmero, que tomamos decisões apressadas e  depois mudamos de opinião sem sentir culpa, que cometemos as mais variadas loucuras, que começamos a amadurecer nossa vida sexual, que perdoamos nossos erros sem questionamentos complexos, que damos as costas a tudo que não acreditamos, sem medo de ficarmos sozinhos. Este é quem sabe o período de longas construções e reafirmações do que seremos mais tarde.

O TEMPO NÃO PARA NEM PARA GRACE JONES














É inacreditável pensar que a jamaicana Grace Jones tem hoje 62 anos. Acho que eternizamos a imagem dessas pessoas públicas e quando percebemos que o tempo passou também para elas, ficamos surpresos. Ela sempre foi um ícone no mundo das celebridades da moda, musica e cinema. Seu visual andrógeno e exótico de se apresentar em publico e shows, virou referencia para muitos artistas que vieram depois. De uma beleza agressiva e roupas extravagantes, sua presença forte sempre chamou a atenção das pessoas nas principais avenidas e locais badalados do mundo.


Nascida em 19 de Maio de 1948 na Jamaica, Grace se instalou em Nova Iorque onde virou modelo desfilando nas mais consagradas passarelas e tornando-se capa das mais importantes revistas da Europa e do mundo. Como cantora e atriz, deixou sua marca pessoal através da voz marcante e sua presença cênica intransferivel. 















Em Outubro de 2009, a Diva veio a o Rio de Janeiro para participar do "Oi Fashion Rocks", evento de moda/ musica, onde foi fotografada na varanda do Copacabana Palace. Apesar dos elogios dados pela imprensa sobre seu físico, que não aparenta a idade que tem, Cazuza tinha razão ao dizer em sua musica: "O Tempo Não Para, Não Para,.. Não". 

Plantão da madrugada

É duas horas da manhã e estou sem sono;  daqui da janela vejo o cara solitário dançar lá embaixo e me pergunto o que faz ele dançar  a esta hora da noite, na rua, na chuva e sem musica. Ele desliza seus pés com chinelos de dedos, em algo que parece areia sobre a calçada. 
É fácil vê-lo daqui com sua bermuda branca e camisa xadrez; um ponto que se destoa de tudo em volta, nesta noite com atmosfera fria e chuvosa de inverno. 
Embora esteja distraído em seus movimentos desajeitados, parece tentar imitar a perfeição dos  passos de Michael Jackson. 
Fico com medo de ser descoberto em seu momento particular se ele olhar para cima e perceber minha invasão. 
Minha  janela é a única aberta e  iluminada  por um abajur nesta madrugada, enquanto a chuva fina cai,  formando uma leve névoa cinematografica que não parece real. 
Fixo meus olhos em outra direção para evitar um possível flagrante e quando retorno, ele desaparece na esquina, à passos normais sem me perceber.

O jantar de hoje

Depois do longo engarrafamento, pude chegar ao jantar e deliciar-me com o  magnifico Risoto de camarão, Suflê de Couve-flor gratinado e salada verde com molho de maionese e gengibre,  ( i ..,nem ai para as calorias e arrependimentos posteriores....).  Disseram-me que a receita foi respeitada à risca pela anfitriã e cozinheira que já havia bebido pelo mesmos três garrafas de pro-seco. A conversa rolou desde viagens imaginarias, sonhos inexplicáveis e até contatos com o alem. E agora como faço para desligar a luz, deitar na cama e dormir com tranquilidade para a labuta de amanhã?

O melhor lugar do mundo

Falta pouco tempo eu sei, mas hoje fiquei pensando em Paris planejado para Dezembro. 
Talves Índia e China sejam os melhores  lugares para se eternizar lembranças.
Tantos estão em busca de  um lugar magico com respostas que talves nem existam. 
Quem sabe o melhor lugar do mundo seja aqui e agora! Quem sabe?.. Mas eu sou muito curioso!

Todo o dia é dia de indio

Durante esta tarde atendi um homem com obesidade mórbida e que também sofria de fortes dores nas articulações dos braços e pernas. O diagnóstico descrito em seu laudo medico era  um tipo de artrite não especifica que lhe causava a dor na qual queixava-se e motivo pelo qual fui chamado. 
Fui orientado pelo medico a aplicar-lhe um analgésico intra-muscular para alivia-lo, ele foi logo expondo o braço e  me dizendo:
_Faz deste lado onde esta a dor, assim o remédio chega mais rápido!

Civilidade animal

Se você não tem o que fazer e quer achar alguma distração num desses dias quentes e ociosos, é possível ir até um dos shoppings centers espalhados pela cidade e olhar vitrines, pegar um cineminha à tarde ou no inicio da noite, sentar numa das praças de alimentação para tomar um chope gelado ou somente sentar ou ficar caminhando sem rumo, observando a fauna que circula nestes lugares de classe média que cheira a perfume de marca e tenta apresentar civilidade.
Meu objetivo hoje, não foi  me distrair no Bourbon Shopping, o que às vezes faço, mas pagar algumas contas que estavam por vencer e então quando retornava do segundo piso para me deslocar até o estacionamento, percebi uma senhora bem vestida com três poodles brancos, sentados do seu lado, num banco de madeira e presos por delicadas guias no pescoço.
O mais engraçado de tudo, é que ela equilibrava entre os dedos de uma das mãos erguida, três sorvetes de casquinha, que tentava alimentar os cães seguros pela outra mão. Eu conclui que era um sorvete para cada animal, que alvoroçados com as guloseimas começaram a pular em seu colo, pescoço e cabelos, completamente melados de baunilha, chocolate e morango.  Os cães ainda latiam para ela em sinal de  protesto, acho que tinham pressa em devorar os sorvetes.
Ela por sua vez, gritava com os animais, como essas mães que não tem controle sobre os filhos mal educados e depois disfarçava, observando na espreita a reação de quem passava curioso com a situação. Ela provavelmente acreditava ter alguma civilidade nesta relação propositalmente exposta ao público.

Impressões

Depois de sair do plantão, visitei minha mãe; Ela me pareceu estar menos preocupada, agora que seus exames médicos descartaram a hipótese de algum problema mais serio. Isto afastou seus medos deixando-a mais segura e com a expressão mais leve.
Eu não gosto de ir até lá, embora sinta a necessidade de visita-la com mais frequência. Acho que é o ambiente familiar que me angustia e me dá a sensação, (já de muito tempo), de que não faço parte daquele meio de poucas afinidades que a cercam.  
Minha família me faz despertar certas inaceitabilidades na qual não consigo lidar...
Hoje acordei cedo com uma sinfonia histérica de gatos no cio. Faz dias que isto tem acontecido acordando-me aos sobresaltos, mas não me sinto encorajado a afugenta-los  e depois continuar a dormir. 
Minhas férias começarão daqui  a uma semana e parece que meus planos menores, acabaram por não se construírem como planejei. Mas planos são simplesmente planos e não tem garantias de execução em prazos fixados. De qualquer maneira, sinto que mudanças correm a galope na minha direção, levantando poeiras  que ainda dificultam-me identifica-las.

Vivendo num Planeta Verde

E se o homem fosse obrigado a viver sobre a copa das árvores que lhe dificultasse o acesso a superfície  da terra no qual está acostumado a viver e retirar o seu sustento?
Se a superfície do planeta de alguma forma viesse lhe causar alguma espécie de risco a sua vida, obrigando-o a procurar outro ambiente?
Se tivesse de fazer da copa das árvores seu habitat natural dividindo-o com outros animais como macacos, aves, serpentes e uma variedade de insetos, se submetendo a diversas intempéries, chuvas tropicais, calor intenso e atribulações da vida diária em abrigos construídos sobre árvores com mais de trinta ou cinquenta metros de altura?
Foram estas as perguntas que me fiz, ao assisti um documentário na TV do (Discovery Science), onde um grupo de cientistas e pesquisadores, acompanhados de câmeras, passaram algumas semanas trabalhando e vivendo em plataformas de observação a muitos metros acima do solo. O objetivo deste grupo era a realização de pesquisas sobre uma espécie de primatas em extinção numa região  selvagem da Africa Central.
Eu fiquei fascinado por este documentário, por mostrar também o que talvez não fosse o foco principal do documentário (os primatas), mas revelar  um modelo novo de adaptação e sobrevivência do homem ao que ele não está acostumado.
E saibam que não foi tarefa fácil  para eles viverem algumas semanas em grandes alturas, presos por cordas e adaptando-se com temperaturas  radicais e formas de locomoções que poderiam oferecer-lhes riscos as suas vidas a todo o instante.  Sem sombra de duvidas aquilo tudo era um mundo à parte e diferente de tudo que já experimentaram.
Este documentário embora tivesse como objetivo estudar a questão dos hábitos dos macacos e sua possível extinção, abriu paralelamente a discussão sobre a possibilidade de readaptação do homem, num mundo novo dentro de seu próprio planeta, num ambiente completamente diferente se algum dia surgisse necessidade.

Opinião vaga sobre mistérios

Mistérios são situações sem respostas ou cujas as respostas não se tem explicação lógica ao nosso alcance ou  será que vai muito alem disto?..
Não sei não.., situações sem respostas podem conter ou não mistérios, desta forma os mistérios podem ser implementos de carater puramente emocional embutidos num complexo enredo de fatos; Como uma empada composta de varias camadas folhadas e um recheio que não conseguimos distiguir o sabor.
Charles me disse que o bom do mistério é que quando o desvendamos, partimos em busca de um outro. 
Uma amiga minha era envolvida em muitos mistérios, e assim era vista como uma pessoa misteriosa. será que ela gostava que vivessem ao seu lado numa longa tentativa de descobertas?
Para se desvendar mistérios tem que ter  subjetividade; habilidade para mergulhar nas sub-linhas  reticentes da verdade depois vir à tona e respirar um pouco.

Parede indiscreta

Algumas situações do cotidiano parecem imitar algumas cenas de  cinema, me tomando de surpresa quando me deparo com alguma delas. Eu ja devo ter postado aqui no blog, certas vivencias deste tipo em outros momentos da minha vida e hoje aconteceu mais uma vez, quando eu estava sentado na sala onde aguardo as ocorrencias e ouvi alguns murmurios vindo da parede ao lado e que me chamou a atenção por ser extremamente triste e deprimente. Esta situação me fez  lembrar inevitavelmente de Another Woman - do Woody Allen, filme que revi na semana passada. 
Eu ja havia ouvido em outros momentos vozes vindo da outra parede sem deter muito minha atenção, mas desta vez como era um domingo calmo, com uma brisa rara soprando nestes dias de muito calor, meus sentidos pareciam mais abertos e sensiveis a tudo a minha volta.
Devo explicar que esta sala onde eu me encontrava, era no passado separada da sala vizinha, por uma  porta de madeira que se mantem no lugar até hoje, mas acrescido de um leve armario de ferro encostado sobre ela, impedindo o livre acesso entre as duas salas tornando-as independentes, mas sem preservar o isolamento acustico. Isto significa que o que é dito numa sala pode ser ouvido na outra, sem muitos esforços. 
De um lado ficamos eu e o motorista aguardando os chamados de emergencias, do outro; reuniões, ensaios de  corais religiosos e encontros de dependentes químicos e usuarios de drogas, durante algumas tardes, com depoimentos como desta mulher sem rosto e que me fez ficar atento e pensativo com suas palavras:
_Eu as vezes não sei quem eu sou e..., então me sinto..., muito parecida com ele!..
_Eu... tenho tanta raiva dele... e..., do que ele me transformou!... 
_Mas sei que não é só responsabilidade dele,.. é minha tambem ...e isto me deixa muito angustiada por ser irresponsavel e...,não conseguir ser uma boa mãe,... uma boa pessoa... 
Depois outras vozes se misturaram a dela e não foi mais posivel ouvir seu depoimento.

O que está errado com ele?

O cara  diz estar apaixonado, que nunca se sentiu tão feliz, valorizado, amado, tão desejado sexualmente, que se sente em plena juventude.
Tem horas que se importa e noutras não com as diferenças visivelmente existentes.
Pensa em até arriscar o certo pelo duvidoso, jogar tudo pro alto, arriscar suas ultimas fichas neste jogo que pode ser um erro ou o ultimo encontro com a felicidade. 
Por outro lado, tem atitudes doentias, momentos de  extrema irritabilidade, de raiva com  momentos de explosões e profunda tristeza.
O que está errado?
Por que não canta mais seus versos?
A paixão lhe provoca sombras, fantasmas?
O que  lhe causa tanto descontrole?
A idade não lhe concedeu maturidade emocional?
O que é verdade ou mentira nesta relação conturbada?
Hoje na porta do elevador, tinha os olhos caídos e de cor cinza.

Pedrinhas de encaixe

Ontem, saindo do hospital fui chamado por uma senhora cujo o filho de uns quarenta  e poucos anos, eu atendi numa noite destas de plantão. Ele encontrava-se muito agitado sobre a cama, com visível irritabilidade provocada por caracteristicas que me pareciam de ordem neurológica, mas que também me colocou em duvidas por informações desencontradas que me foram fornecidas e  por que "sintomas" são muito relativos para se arriscar um único diagnóstico. Eu até desconfiei de uma posivel hemorragia intra craniana, mas faltavam dados, o que informei para a médica plantonista...
Eu fiquei curioso com este caso que deixei na sala de emergência para avaliação  neurológica  a alguns dias atras e não tive mais noticias. 
Com seus dados anotados num pedaço papel, pedi informações para uma funcionaria, no setor de registro de paciente, que me disse não ter nenhuma informação recente sobre a entrada do paciente no hospital, somente algumas entradas mais antigas e que não vinham a o caso.
Frustrado por não ter conseguido  informações, me dirigi para a ambulância estacionada na rua, quando fui chamado por sua mãe que aguardava o horário de visitas no saguão. Muito simpática ela agradeceu minha presteza no atendimento de seu filho e me informou que havia sido diagnosticado meningite.
Conversamos mais alguns minutos sobre o ocorrido naquela noite e depois fui embora pensando que aquele atendimento em particular havia ficado muito presente em mim, especialmente pelo sofrimento dela como mãe e que me parecia muito afetuosa e impotente diante daquela situação de difícil controle.
Depois, já dentro da ambulância, me deslocando para outro atendimento, fiquei pensando nestes elos emocionais que estabelecemos com pessoas que não conhecemos e que a vida se encarrega de provocar encontros justificáveis ou coincidentes em momentos que não se espera, nos fornecendo respostas e a sensação de alguma contribuição positiva no momento certo como pedrinhas de encaixe. Senti que eu e aquelas pessoas estávamos de alguma forma emocionalmente conectadas. No final, indiscutivelmente o ganho foi positivo para as duas partes envolvidas.

Amigos para sempre

Eu te levei  até a cobertura do edifício, para sentir-mos o vento bater em nossas caras e desta forma provar desesperadamente que ainda estávamos vivos e por isto chorávamos em silencio, sem conseguir desfazer os nós; Infinitamente te agradecer pelos incansaveis gestos de doação e humanidade, cuja a maioria e também eu, não sei se teríamos nestes momentos de dor. 
Fostes como poucos, a mão e o olhar silencioso de todos nós, nestes momentos em que parecemos mais covardes e sem disponibilidade de tempo para enfrentar o desagradavel.
A musica  "Amigos para sempre" que nunca gostei e acho triste, ficou cravada em mim e ainda mais triste tocada solitariamente no violino que nos acompanhava à passos.
Os violinos tem esta magia de deixar tudo mais triste e belo a nossa volta, criando  caminhos de comunicação com nossos sentimentos mais profundos e por isto parecem chorar ao nosso ouvido como amigos que em momentos difíceis não sabem o que dizer alem de recitar poesia.
Depois, tudo ficou mais claro, mais leve, mais condescente, mais silencioso e grandioso. 
Obrigado por todos nós!

Do Outro Lado

São três famílias, duas turcas e uma alemã, seus membros estão espalhados entre os dois países, mostram como os destinos entrelaçados de cada um pode mudar, através de pequenas fatalidades que o dia a dia os submete, fazendo-os também alterar suas crenças e conceitos sobre a vida com estas mudanças. Do diretor alemão Fathi Akin, o filme "Do Outro Lado", recebeu prêmios em quase todos festivais que participou, como de melhor roteiro em Cannes, o César Awards na França e o prêmio máximo do cinema alemão. Do outro lado, segundo o diretor Akin, é uma representação do relacionamento dos dois sistemas políticos e econômicos, representados na relação entre  as  duas jovens Lotte (alemã) e Ayten (turca). Apesar de tratar de temas como solidão, morte, abandono, desencontros e diferenças sociais, o filme estende caminhos a possibilidade como perdão, introspecção, reencontros pessoais, apos a perda e continuidade de atitues que deixaram de serem feitas e somente reacendidas depois da morte.

Por prevenção

Pela manhã, acordei com a nítida sensação de ter levado uma bofetada na cara, até pensei ter ouvi do o barulho do tapa... Mas não foi uma bofetada que me pareceu agressiva, foi com força propositalmente controlada para não machucar ou deixar marcas; O suficiente para me acordar e arrancar-me de um estagio de sonolência intempestivo, do risco eminente de me passar no sono. Parecia-me uma bofetada preventiva, desferida por uma mão amiga, que não tem outra escolha e arrisca o gesto como única saída.

DORES FANTASMAS


Eu deveria escrever neste espaço, um texto que falasse de: [...Uma larga cadeira de couro marrom giratória, um pedaço de espelho colado na parede, uma maquina de cortar cabelos barulhenta, um longo avental branco  sobre o meu corpo e um homem gordo de bigode preto com cara de português insuspeitável...],     mas ainda não encontrei palavras adequadas para isto. Falar e escrever tem pesos e medidas que se distanciam pela falta  de olho no olho que propiciam algumas trocas diretas. Alguns pesadelos não desaparecem com o tempo, ficam  apenas adormecidos em sub-linhas da memoria e voltam a dar aquela sensação de dor fantasma, quando o tempo está para chuva.

Vendedores de sonhos

De tempos em tempos eles batem na minha porta apresentando propostas irrecusáveis, mas sem objetividade e clareza. Eu estou cansado de ser tratado feito um bobo e perceber que estas propostas morrem esquecidas na mesma boca de quem proferiu seu nascimento com entusiasmo. 
Percebo que sonhos não vingam apenas com discursos otimistas e eu não quero saber destes teatros para me manter preso a uma fantasia pessoal..
Não me sinto suficientemente seguro para arriscar-me a morder iscas, nem mesmo um rato para  ser enganado por um pedaço queijo.
Eu deveria aprender a não levar à serio todas estas lorotas, valorizar mais o meu tempo, falar de outras coisas mais interessantes, não ser aqui tão repetitivo, pessimista, desconfiado. 
Eu deveria tirar a roupa, ir pra cama e esquecer destes vendedores de sonhos que surgem em momentos oportunos e depois desaparecem no silencio. Acho que ganharia mais, assistindo o programa da Xuxa.

Exercícios da vida.

Ainda ontem eu e minha mãe convessavamos sobre pessoas que nos procuram  apenas por interesses pessoais, (e que não são por saudades da cor de nossos olhos, de saber como estamos  vivendo ou simplesmente por vontade  de estar em nossa companhia para uma converssa descompromissada de velhos amigos). 
Minha mãe tem pelo menos vinte anos vividos na minha frente e quem sabe o dobro de  surprezas e decepções vividas, que a deixaram tão pacificamente silenciosa diante de atitudes humanas interesseiras, que parecem se estender não só de hoje, mas desde que o mundo é mundo e escorrega em seus proprios conceitos duvidosos.
Minha mãe ainda é lucida, afetuosa, mas não esperançosa de que isto algum dia mude; Alimenta sua vida com sentimentos de gratidão e reconhecimento os poucos que a procuram numa atenção merecida, atraves de um simples alô, um recado, uma pequena visita saudosa.
Com o passar do tempo, percebemos que o numero de amigos verdadeiros e interessados pelo que somos e não pelo temos para oferecer, é inversamente proporcional ao numero de velinhas que se apaga a cada ano. Ela demonstra certa tranquilidade e absorção positiva destas lições que obteve da vida em que eu apenas estou começando a exercitar.

Caricaturas de revista em quadrinhos

A garota loira, logo que chegou em visita a o namorado, parecia ter dificuldades em ficar parada diante dele. De corpo franzino e quase sem seios, movimentava-se como se tentasse fazer charme  num excessivo conjunto de poses e trejeitos que a deixavam tão artificial como numa cena de novela mexicana. Por mais que se esforçasse em  alguns momentos transmitir seriedade, não era suficientemente convincente a quem a assistisse. Em seguida, começou a fazer elogios aos meus cabelos desalinhados e a cor dos meus olhos como se fossem de uma beleza incomum e utilizando-se de expressões anguladas e closes exagerados que pareciam caricaturas de revistas em quadrinhos. Será que queria provocar algum ciumes no namorado apaixonado, alem de deixar marcada a sua presença cênica tão volátil  como bolhinha de sabão a nós ali pesentes? 
Não parecia haver sinceridade ou verdade no que  falava. 
O namorado por sua vez parecia fascinado, envolvido naquela atmosfera de sedução que o preenchia de toda a masculinidade e desejos de um garoto que entra  tardiamente na faminta fase da puberdade.

Uma peça estraviada

Ontem vi o corpo de um paciente que fiquei babando pela perfeição e também penalizado por ter sido destruído por queimaduras com agua fervente. Não, não, antes que confundam o que estou dizendo, vou logo informando que não era tesão, mas admiração pela perfeita estética numa pessoa com meio século de idade, mantendo ainda traços tão definidos de juventude embora os cabelos grisalhos denunciassem outra realidade. O homem era do interior de Santa Cruz, dono de uma pequena industria artesanal de queijos e ajudava um vizinho na limpeza de um porco que havia sido morto para consumo. Não entendo bem como é feito este processo de limpeza do bicho, mas ele  me contou que havia um grande taxo de agua fervente, onde acidentalmente ele ao resvalar caiu  por cima, atingindo-lhe parte dos braços, pernas, costa e nádegas causando-lhe extensas queimaduras de segundo grau. A esposa que o acompanhava na ambulância embora com aquele sotaque interiorano, também era muito bonita e educada.  Sem más comparações, acho que tive aquela sensação lastimável de quando uma peça de um belo conjunto é extraviada.

Conceito simplório e porra-louca

Simploriamente falando, existem três grupos de pessoas: As boas, as  más e as que circulam entre  estas  aderindo ao seu carater, fragmentos personais da primeira e da segunda, distribuídas em maior ou menor proporção de maldade e bondade. O terceiro grupo, ainda sem um nome  definido, é composto de pessoas mais difíceis de serem identificados por nos confundir com o pluralismo de suas atitudes, muitas vezes camufladas de razões justificáveis. 
As boas possuem atitudes de bondade e são preocupadas com os problemas sociais de toda a  natureza, ajudam cegos a atravessarem ruas e fazem carinho em animais abandonados; Se emocionam com cenas de novela e acreditam que os problemas do mundo tem uma única saída, o amor.
Por outro lado, as más, não perdem tempo com esses assuntos e muito menos com  as outras pessoas, por que estão voltadas para o seu egoísmo e em particular o próprio rabo. São manipuladoras, egocêntricas, pretenciosas, desrespeitosas e adotam conceitos  discriminatorios  a tudo que vai contra a suas regras doentias de estética. Sim eu digo estética por que só enxergam o superficial, jamais a alma de qualquer coisa cuja forma é inimaginavel. São como o Marcelo Dourado do BBB-10 e o personagem Flora  da novela da Rede Globo, um construído in natura e o outro em laboratório da ficção.
A maioria dos que conheço, assim como eu, fazem parte do terceiro grupo mencionado e que divide opiniões, uma espécie de salgadinho embutido de um recheio de bondade e muitas pitadas de maldade aceitáveis pelo INMETRO; Nunca excessivamente bondosos, nem maldosamente letais; Sabores mesclados, porem toleráveis a todos os tubo digestivos e de facil absorção.

Fugindo das baratas

Corro o risco de ter uma destes ataques de fúria, pegar  esta  tal bola azul, equilibra-la no meio de um campo de futebol e chuta-la à gol, embora saiba que não importa em que goleira a bola entre, será sempre gol contra. 
Eu já prometi fugir desta cansativa jornada que me torna  por vezes um imbecil a procura de  algum entendimento, onde tudo parece tão distante e complexo à ordem de meu raciocínio. 
Existe por traz do olhar humano, muitos outros olhares à cerca do que acreditamos, tornando suas atitudes questionáveis e incompreensiveis. Existem mais mentiras  do que verdades nas palavras cuspidas com delicadeza. Por isto, sou homem suficiente para saber o momento certo de fugir das  baratas.

Vodka gelada

De noite me arrisquei no prazer duvidoso do álcool.  Era só o que eu tinha em casa para beber; vodka pura e gelada, esquecida numa gaveta do freezer. 
Na quarta dose, percebi não possuir a resistência russa e então decidi parar por covardia. Depois fiquei pensando que se não temos a disciplina  o suficiente para deitar a cabeça no travesseiro e dormir de mãozinhas postas feito anjo, pelo menos a dignidade de um porre completo. 
Fui pra cama cedo e acordei ainda noite, com a TV ligada  numa algazarra, muita sede e inquietação. Se tivesse dardos, jogaria na parede com a certeza de que erraria todos os alvos naquele momento.

LIBÉLULAS E BAILARINAS.


Ontem à tarde, fui cercado por libélulas que sobrevoavam uma poça d'água, criada pela chuva, no patio do meu trabalho. Seus corpos alongados e asas quase transparentes, me pareciam pequenos helicópteros de guerra,  ou bailarinas esguias executando movimentos sincronizados sobre água, com curiosa beleza. Minha presença  não as inibiu em suas insistentes tentativas de se aproximarem. As vezes faço  comparações que parecem engavetadas numa  outra dimensão de minha realidade, tornando-me tão contemplativo quanto distraído ao que percebo diante de mim. É curioso, pensar que sempre relacionei libélulas com helicópteros e bailarinas, como relaciono outras coisas, na qual esbarro na vida, nem sempre com alguma estética semelhante que as lembrei.

CHUVA MÁGICA

E logo que a chuva esperada chegou neste Sábado, desci até a praça vazia e fui caminhar como havia planejado à semanas. As gotas ardiam em minhas costas e a grama molhada sob meus pés faziam-me  deslizar sobre os passeio entre as árvores floridas e  com cores ainda mais vivas.
Que magia é esta, que cai do céu  como cristais e  transforma  tudo a minha volta com mais cheiro, mais personalidade, mais vida,  do que nos  outros dias que se repetem comuns?
Não tenho respostas pra isto. A gente nunca tem.

Elementos de uma grande mentira.

Já faz algum tempo que deixei de me preocupar com o que escrevo aqui no blog,  sem medo de  não ser compreendido, por utilizar palavras, opiniões e sentimentos pessoais que  se contrapõe  e que talvez me façam parecer uma pessoa desequilibrada, medrosa e  sem bom senso. Acho que não é posivel ser verdadeiro, sem ser contraditório, controverso, duvidoso. Meus sentimentos, são maiores do que minhas atitudes, gestos e posturas sociais diante da vida e reagem  como agua fria jogada numa panela com óleo quente. As vezes escrevo mentiras que penso ser verdades, alimento sonhos que mais tarde percebo não serem possíveis de  realizar e isto ao final de tudo me faz reduzir e perceber o quanto sou humanamente comum e me fragmento com situações que antes pareciam tão  óbvias  e aceitáveis e por alguns momentos tão sem controle.
Eu gostaria neste momento de  caminhar por horas sob a chuva esperada, abraçar arvores, estender-me no chão, na tentativa  de abrandar todo este peso de dúvidas que carrego, todo este meu cansaço e reverter a  sensação de impotência que  a morte me causou nestas ultimas semanas. Preciso de um  pequeno recesso elementar,  que não sei de onde tirar; de um descanso, um tempo para que tudo volte a parecer equilibrado. Preciso voltar a  não ter esta sensação de desconforto e acreditar que ainda haverá tempo, embora não seja possível ter controle sobre nada. Acho que me recuso a aceitar que podemos deixar coisas inacabadas, não resolvidas e simplesmente desaparecer como elementos de uma grande mentira.

Sem poupar coração

Caminho das Borboletas

Novamente amanheceu cinza nesta Sexta, como eu gosto. Daqui do alto, vejo as pessoas caminharem estimuladas em seus trajes de esporte leve e confortável.
Gostaria neste momento de retornar à São Chico e refazer o Caminho das Borboletas, depois da curva de asfalto em forma de ferradura para a direita, logo após a parada 190.
Tô precisado de caminhar por estes lugares mágicos, cuja beleza não me parece ter uma explicação humana. Por hora; castigo meus cotovelos, debruçando-me nesta janela investigando perspectivas.

Aceno

Havia muito mais ansiedade do que alegria na hora da chegada, uma especie de  urgencia, que me possibilitava absorver  por todos os póros do corpo o ar de casa, nas ruas conhecidas de minha cidade; Mesmo se estivesse com os olhos vendados, naquela manhã bem cedo, à reconheceria pelo cheiro. Eu particularmente, tinha pressa de correr pra casa, arrastando minha mala pela larga calçada e entrar no primeiro táxi que surgisse na esquina.  
Uma rápida olhada pra traz e todos estavam pousando para fotos e tambem meu querido amigo que em seguida pareceu vir em minha direção na intenção de despedir-se. Talvez  ele quisesse um abraço e eu também queria!.,mas minha ansiedade me envadia tanto que sómente levantei a mão num aceno de adeus e disse magras e gentis palavras que foram insuficientes.

Flor


Alguns sentimentos de perda me deixam sem voz e com os pensamentos confusos, não encontrando explicações que amenize a dor.
Amigos partem deste mundo e criam um espaço insubstituível na minha vida, deixando este nó que não se desfaz facilmente.
Eu até que percebi não estar inteiro no jantar de ontem. Na verdade, ninguém parecia estar.
Pela manhã a triste notícia já esperada, mas que ninguém queria ouvir.

Abraços e apertos de mão

Gosto de apertos de mão cuja a pegada se revela firme e impõe presença de carater, de abraços afetuosos que transferem o calor humano do corpo e a sinceridade da alma, dos beijos doces  que traduzem verdadeiros sentimentos.
Algumas mãos me parecem artificiais e faltando dedos, alguns abraços são tímidos como se não existissem corpos. Hoje fui surpreendido por pessoas que sabiam a importância destas diferenças.

Neve sobre os telhados de Paris

Sonhei que me acordava num quarto de hotel em Paris. A manhã estava ainda pouco iluminada e caia uma neve fina sobre os telhados exóticos das casas antigas numa rua estreita, acumulando-se nos passeios e esquinas ainda pouco movimentadas pelo cedo da hora.
Corri até a calçada vestindo-me apressado e pensei não estar tão feliz por estar em Paris.., mas por constatar singular beleza na neve, que encantava meus olhos atentos e enfeitiçados.


Poderia ser qualquer lugar, o que importava era a  magia da neve que caia. Então posei para uma foto com amigos que se aproximavam na calçada branca, em contraste com nossas roupas escuras de inverno. A  luz do flash se acendeu e nos eternizamos na típica pose de abraço, até eu me acordar de fato e pensar que os sonhos contem genuínas emoções que a realidade às vezes não alcança. 

Melancolia essencial

Amanheceu com uma chuva fina e uma brisa agradável entrando pela minha janela. Eu esperava à varias  semanas que este clima substituisse o extremo calor que estava fazendo na cidade. Gosto de dias às vezes cinza como o que nasceu hoje, por que me causam uma conhecida melancolia essencial que parece estimular-me a momentos mais contemplativos e intimista. Si é qui mi intendi?..
Hoje cedo, assisti pela milionésima vez o filme "Another Woman" de 1988 e fiquei pensando no como este filme antigo do Woody Allen  me instiga a refletir e a bater em minhas essências pessoais, em como é necessário desconstruir crenças, desfazer relações viciadas com o mundo, com as pessoas, nos divorciar-mos de nós mesmos a procura de novas referencias de amor; e quando falo de amor, refiro-me ao fraternal, ao que nos compõe e nos torna igualitários no aspecto de respeitar as  sutis diferenças pessoais, as impossibilidades, as fragilidades, os medos, fazendo disto uma nova releitura de nossas convivências.

QUANDO GESTOS SIMPLES DERRUBAM LEÕES

No dia em que viajei para Buenos Aires, foram feitas as apresentações dentro do ônibus como é de praxe: Cada pessoa revelava seu nome, o que fazia e também comentava sobre seus objetivos e expectativas com a viagem e assim procedeu-se. 
Eu entendi que aquilo era uma forma de facilitar a integração entre as pessoas até então meros desconhecidos. Mas o diferencial se fez quando um dos jovens que compunha o grupo, levantou-se a o ser chamado e olhando à todos na altura dos olhos, com a expressão muita tranquila, disse que era a sua primeira viagem para Buenos Aires ao lado do namorado e que a intenção era divertirem-se muito na cidade.
Aquela atitude corajosa, se espalhou entre o silencio dos expectadores e provou que os dias em que vivemos está evoluindo para melhor e isto, através de condutas sinceras e verdadeiras como a deste jovem, que surpreendeu a todos.
Óbvio que não houveram manifestações inadequadas, murmúrios duvidosos ou outras coisas do gênero, no resto do grupo, afinal vivemos numa sociedade "moderna", cujo os valores evoluem a todo o momento em direção a uma plataforma de liberdade e respeito individual e qualquer manifestação imprópria, seria como assinar a própria sentença publicamente.
Mas o que me chamou a atenção e à partir daí postar este comentário aqui no blog, foi realmente o silencio estabelecido entre as pessoas e que considerei um divisor de pensamentos marcado por possíveis questionamentos morais entre as verdades de cada um ali sentados. Existe no silencio uma perspectiva de reflexão, mesmo que camuflado de outras intenções e isto é um passo para a construção de novas ideias, possibilitando à todos tornarem-se mais flexíveis diante das diversidades assumidas com muita naturalidade e dignidade.
Isto me fez lembrar de uma frase dita por um amigo: _Gestos simples derrubam leões!.
E é uma verdade.

Palavras e atitudes

Acho que palavras, não descrevem a verdade de nossos sentimentos, apenas ensaia o que acreditamos ser a verdade, já que precisamos de algum suporte de orientação quando tudo parece estar confuso, mas ainda com um certo controle. 
O que quero dizer é que por vezes tentamos materializar nossos sentimentos confusos em palavras que facilitem a nossa própria compreensão dos fatos e assim criar  justificativas aceitáveis que expliquem nossas condutas viciadas e não as coloquem em situações reprovadoras diante de nós mesmos e dos outros.
Buenos Aires me fez ver isto e ter certeza de que palavras são voláteis diante de certas atitudes que  por vezes se contrapõe.

Surpresa com uma morte anunciada

Na Segunda-Feira quando retornei de Buenos Aires, uma das primeiras coisas que fiz foi ligar o celular que deixei em casa e então fiquei sabendo do falecimento de um colega de trabalho, através de uma mensagem a mim enviada e que  me surpreendeu  ao lê-la no visor do aparelho. Isto me fez pensar mais do que normalmente já penso sobre a morte e a surpresa que nos causa cada vez que tomamos conhecimento dela. Parece que surpresa e a palavra chave de uma morte anunciada.
Este colega já havia se submetido a inúmeros cateterismos e pontes de safena e embora fosse sempre orientado pelos médicos a ter uma vida mais regrada e saudável, não dava muita atenção a estes conselhos; Não acreditava em liberdade e felicidade pessoal baseada em limitações impostas que suprimissem seus prazeres. De tanto ir e retornar de hospitais parecia se assegurar no fator sorte que por vezes causa a sensação de onipotencia e que sempre é possível mais uma chance e mais uma, de sobreviver, sem limites estabelecidos pelo tempo e imposto por suas proprias regras pessoais.  Cada um de nós tem um pouco disto!..
O pior da morte não e a certeza de que ela virá, mas a surpresa de não estarmos preparados  para recebe-la e acho que quase sempre não estamos. A pergunta que me faço é se teríamos uma outra atitude se soubéssemos antecipamente a proximidade de sua chegada.
Há momentos em que o corpo parece mandar mais do que nossas prévias certezas de imortalidade, nos arrastando quem sabe para algo melhor. Acho que foi mais ou menos isto que aconteceu com ele.

Sorte no Bicho

Meu vizinho chegou pela manhã na padaria onde eu tomava meu café da manhã. Já disse que algo estava errado comigo, pois além de beber coca-cola no bico, normalmente não tomo café fora de casa, ainda mais sentado numa cadeira na calçada olhando pra grande avenida movimentada. Ele chegou com um papel na mão e uma expressão mesclada de ansiedade e alegria, anunciando ter ganho R$ 3.600,00 no segundo premio, numa centena no jogo do bicho. Eu não entendo nada deste jogo, mas disse que sonhou com o seu primeiro emprego e então olhou o endereço na carteira de trabalho, jogando o numero do estabelecimento e repetindo o primeiro numero, 4+483. Algumas coisas justificam a atitude, mas não explica o resultado como ter sonhado com o numero, jogado e ter acertado, outras nem se justificam como a de repetir o primeiro numero. Nem ele soube explicar a razão, é apenas sorte.

Sinais

Hoje não levantei bem e isso é reflexo da noite mal dormida de ontem. Me debati na cama com insônia e excesso de calor, pensamentos um tanto confusos e distantes, também  uma certa irritabilidade. aos nascidos sob o signo de Touro. Percebi claramente esta irritabilidade logo que abri a geladeira pela manhã e bebi a coca-cola no bico. Alguns sinais incomuns me comprovavam o óbvio. Acho que todos em algum momento, percebem seus próprios sinais.

CIDADE DE TIGRE - ARGENTINA

Cidade de Tigre fica localizada a mais ou menos 30 quilômetros, na área metropolitana da capital Buenos Aires e pode-se chegar até lá de ônibus, (mais ou menos 1 h 30 min.), ou de trem na estação do Retiro numa viagem muito divertida que leva pouco mais de 40 minutos por 2 pesos.




Eu digo divertida por que durante o trajeto alguns vendedores ambulantes invadem o trem, oferecendo produtos como CDs piratas, alfajores, bijuterias, canetas esferográficas, tudo que se pode imaginar.

A cidade é muito charmosa e com uma excelente infra estrutura de lazer, muitos bares, restaurantes, cafés,  shoppings e lojas de artesanato espalhadas por suas calçadas limpas e  alguns prédios de arquitetura antiga que serviram de moradia e retiro de lazer à aristocracia no século passado. Tigre é um balneário, margeada pelo rio Sarmiento que disponibiliza passeios de barco para diversas ilhas formadas por rios que formam o delta do Parana. O  nome da cidade se deve a presença do felino (tigre americano) que vivia no lugar antes da ocupação humana.

Os passeios de barco saem da Estação Fluvial de Tigre com construção em estilo inglês, situada na Avenida Mitre -30. Os preços variam de acordo com o tipo de embarcação (que podem ser em  barcos simples, catamarãs de luxo) e numero de passageiros, variando de 300 à 15 pesos por pessoa. As ilhas são ricas em flora - fauna com inúmeras casas e mansões construídas à beira dos rios, lembrando um pouco o nosso Guaíba e o Delta do Jacuí.


As ilhas possuem infra estrutura desde restaurantes a pequenas lancherias que oferecem almoço ou lanches rápidos para os visitantes, alem de pousadas para pernoites.



Ainda no perímetro urbano da cidade pode-se visitar:

PORTO DE FRUTAS:
Local onde há numerosos postos de venda que oferecem produtos de primeira necessidade  e  regionais como pães, cucas, doces, embutidos, comercializados pelos habitantes das ilhas.

FEIRA ARTESANAL DELTA:
Produtos de artesanatos em vime, bambu, madeira, e  outros adornos e acessórios decorativos. 

MUSEU SARMIENTO:
Localiza-se na margem do rio Sarmiento, foi a casa que o ex-presidente da República Argentina Domingo Faustino Sarmiento usava em sua estadia no Delta. Sua antiga casa de madeira foi restaurada e protegida por um vidro transparente para impedir a sua deterioração. Transformada em museu em 1997, abriga em seu interior uma biblioteca e objetos pessoais que foram utilizados pelo presidente. Foi declarado Monumento histórico Nacional. 

CASSINO TRILENIUM: 
Construído num prédio de 20.000 metros e considerado  o maior cassino da América do Sul. Ainda pode ser um excelente programa, caminhar pelas ruas da cidade, observando suas construções do século passado ainda preservadas, praças e ruas arborizadas, que dão um encanto todo especial à cidade.





COMO CHEGAR A O TIGRE:
De ônibus: Linha- 60. É importante lembrar que os ônibus de Buenos Aires e tem máquinas automáticas de bilhete que só funcionam com moedas).
De automóvel: Da Cidade de Buenos Aires seguir pela auto-estrada Del Sol. Depois seguir pelo Acceso Norte e Ramal Tigre.
De Trem: Bartolomé Mitre – ramal Retiro/ Tigre
Tren de la Costa. – ramal Maipú/ Delta.

Até a próxima viagem!



A Terra é realmente redonda!

Quando divido o memso espaço com algumas pessoas que não simpatizo, eu fico me perguntando se não estou  sendo implicante demais, agarrando-me a pequenas coisas vagas e isto sendo alimentado  por algum preconceito, gerado por algumas impressões mal elaboradas a partir de gestos e  atitudes observadas e não aceitas por mim. Fico lutando contra esta má impressão e me esforçando para que meu sentimento mude com relação a algumas intolerâncias que produzo, o que nem sempre é possível. Mais tarde vem aquela sensação de que  lutei em vão, pois todo o meu corpo me dizia que a terra era somente eu não acreditei.

Reveillon 2011 em Buenos Aires




Dia 27 de Dez. de 2010 saí de Porto Alegra para Buenos Aires, com a finalidade de passar o reveillon na capital portenha. Eu estava com uma grande expectativa pelo fato de encontrar amigos que fiz em excursões anteriores, além de rever a cidade que já havia conhecido em Fevereiro de 2010 por ocasião do Carnaval com uma infinidade de atividades de lazer e diversões que firmaram em mim uma opinião muita positiva com relação a cidade. 
Para minha grande surpresa, a cidade parecia outra; Preços muito acima do esperado ou iguais aos aplicados no Brasil, alem de uma certa deficiência para receber os turistas e que não se restringiam somente aos problemas econômicos ou de diferenças culturais, mas de educação, simpatia e interesse de conquistar os que levavam dinheiro pra dentro do país de economia tão fragilizada. Alguns vendedores pareciam demonstrar desprezo pelos clientes brasileiros, isto era visível. Buenos Aires estava vazia de argentinos que se deslocaram para as praias do Uruguai e com um grande numero de brasileiros que resolveram pasar o reveillon por lá. Desta forma Buenos Aires sem argentinos, não se parecia com Buenos Aires e os poucos que ficaram pareciam frustrados com esta condição.
Vou dar dois exemplos ocorridos nestes dias:
Uma amiga da excursão disse que pediu um almoço que acompanhava puré de batatas. Já nas primeiras garfadas encontrou um longo fio de cabelo que a fez chamar a garçonete para que tomasse providencias a respeito. A mulher recolheu o prato e apos coloca-lo sobre o balcão começou a remexer na comida com a ponta de um garfo a procura do cabelo, que mesmo estando visível fingia não enxergar. Quando mostrado o enorme fio com ajuda da própria cliente que foi até o balcão, a mulher lhe lançou um olhar de desprezo e disse rispidamente que era só oque tinha para oferecer e que pagasse apenas o refrigerante.


Outro excursionista contou-me que pediu uma cerveja num bar, cujo o preço fixado era de 10 pesos. Quando perguntado pelo garçom, se queria que abrisse a tampa da garrafa, o que é obvio porque eu pelo menos não conheço outra forma de beber o conteúdo de uma garrafa sem que esta esteja aberta, informou-lhe que o preço era 16 pesos. Ao pedir explicações sobre a rápida inflação sobre o preço da bebida, o garçom respondeu-lhe de cara feia, que era assim que funcionava o serviço. Estes foram apenas dois exemplos entre tantas incidências ocorridas. Claro que seria inoportuno generalizar, mas que havia uma certa hostilidade e total desinteresse de se parecerem simpáticos com brasileiros, isto havia de fato.
Bom, existe uma regra universal que diz o seguinte: Cliente bem tratado dá referencias positiva e retorna, cliente mal tratado dá referencias negativas e não volta! Isto de certa forma serviu para que eu percebesse, que nem tudo são flores. Um dia você pode ser recebido com educação e receptividade e noutro com desinteresse e mal educação. É possível uma cidade estar de mal humor?


Nos dias 29 e 30 saímos as compras que foram absolutamente tímidas por causa dos preços absurdamente inflacionados, as ruas lotadas de gente, o transito caótico, ladrões e batedores de carteiras por todos os lados, alem do calor infernal (nada diferente daqui do Brasil nos dias que antecedem grandes datas). 
No entardecer do dia 31 a cidade começou a ficar vazia e não se encontrava táxis e não por demanda no serviço, mas por que simplesmente não havia nenhum circulando. O comercio praticamente fechou suas portas, sendo substituidos por vendedores ambulantes, na maioria peruanos e paraguaios expondo seus produtos no passeio da Avenida Florida. Os poucos bares e restaurantes que ficaram abertos, prestavam serviços deficientes e caros, muitos eram longe do circuito central da cidade, dificultando ainda mais os deslocamentos. Para se ter uma ideia alguns taxistas cobravam de um bairro para outro a tarifa fixa de 180 pesos, quando em dias comuns não passavam de 20 pesos. O taxi é um dos meios de transporte baratos na capital portenha, mas há de se tomar cuidados com alguns taxistas que ao perceberem se tratar de turistas, esquecem de ligar o taximetro, ou fazem voltas pela cidade tentando arrancar tarifas mais altas.


Outra coisa que chamou a atenção de todos, foi a sujeira em que se encontrava a cidade desde o dia 28 de Dezembro quando chegamos, até o dia 02 de Janeiro quando nos preparávamos para voltar a o Brasil. Alem das lixeiras abarrotadas e fétidas de matérias em decomposição, as ruas e avenidas pareciam cobertas por um tapete de papeis picados, lançados das janelas dos edifícios comercias. Dizem que isto é uma tradição por lá e a coleta de lixo não parecia um serviço essencial nestes dias.
Pela deficiência de locomoção em táxis na noite de 31, resolvemos jantar no Hostel e depois assistir a queima de fogos de artifícios em Puerto Madeiro que dava para ir á pé. Numa das plataformas do porto, três jovens de Itajaí, fizeram o diferencial com a apresentação de chorinhos brasileiros, deixando a noite mais agradável entre as explosões coloridas de fogos de artifícios. Não havia quem não parasse para apreciar a boa musica. Ficamos ate as 3 horas da manhã e depois retornamos para o hostel com planos de conhecer outros lugares fora das imediações do centro de Buenos Aires, o que merecerá outro post aqui no blog.
Na foto à cima: Eu de vermelho. Da esquerda para a direita, Guilherme, Junior, Araci, Ton, Barbara e Andrei.

Chorinho em Puerto Madeiro

Depois do jantar de Ano Novo, fomos assistir a queima de fogos  de artifícios em Puerto Madeiro. Fomos orientados por um dos funcionarios do hostel, para sair-mos em grupo pelas ruas depois do jantar por ser perigoso, mesmo a cidade estando vazia. 
A queima de fogos é sempre bonita em qualquer lugar, não tem quem não se encante com aqueles  riscos coloridos rasgando o céu e transformando-se em gotas luminosas, mas o que realmente valeu, foi ter encontrado um grupo de jovens musicos de Itajai, tocando chorinho numa das passarelas do porto, despertando-nos  a vontade de dançar e um certo orgulho de ser-mos brasileiros e foi o que fizemos; dançamos e cantamos orgulhosos misturando  o som brasileiro com passos de tango.

Equivocos

Hoje pela manha aqui no hostel em Buenos Aires, durante o café, uma jovem de Israel, falava sobre alguma de suas referencias do Brasil em sua vida. 
Ela por sorte falava o portugues:
-Carnaval, samba, novelas: (Caminho das Indias, O Clone).
-Musica? Si, si,.. Vanessa!... 
Eu quase me iluminei pensando que era Da Mata, mas era Carmargooo!
Ela ainda cantou um pedacinho da musica em ingles.

Volto logo!


A partir de agora, deixo de postar aqui no blog e só retorno no ano que vem, mas antes quero deixar à todos os amigos e seguidores um Feliz 2011, repleto de felicidade, paz e energia positiva. Quem sabe lá de Buenos Aires, terei tempo de postar algumas coisinhas, lá sempre tem.
Por hora, muita paz. Se cuidem. Volto logo!

CÃO PELADO PERUANO


Um de meus objetivos quando fui ao Peru, em particular algumas cidades que visitei como Arequipa, Juliaca, Puno e Cusco, era de encontrar pelas ruas o famoso cão pelado peruano que eu tinha ouvido falar e me aguçava a curiosidade pelo seu aspecto diferente e historias  que o cercam.
Infelizmente um cão considerado tão popular na região, não dei a sorte de encontra-lo e averiguar de perto e até toca-lo. Alguns colegas de viagem ate estavam planejando pegar um outro cão qualquer, raspar-lhe o pêlo com lamina de barbear e me apresentarem como o famoso exemplar canino. Mas evidentemente era só uma pegadinha que todos achavam muita graça, inclusive eu!..
Seu nome original é Perro Sin Pelo del Perú, mas também é chamado de Pelado Peruano ou cão sem pêlo do Peru. Este cão cumpriu um importante papel dentro dos costumes e cultura dos incas, tendo sido inclusive utilizado para fins medicinais no tratamento de doenças da pele, reumatismos e outras, alem de aquecer seu dono nas noites frias de inverno. A pele do cão além de não ter ou apresentar raríssimos pêlos em lugares distintos do corpo, é quente, causando a sensação de se estar tocando numa bolsa térmica. Esta estranha característica o fez protagonista de muitas histórias como curas milagrosas e estranhos poderes, relatados pelos antigos povos. Alem deste, existe o cão pelado Mexicano e o Chinês, mas como eu estava no Peru, gostaria de tê-lo encontrado.

Festa Silenciosa

Fazer uma festa silenciosa para quem tem vizinhos que se sentem incomodados com o  som muitas vezes acima do volume indicado, ou ainda com o tipo de musica que esta sendo tocada pode ser uma boa saída. A festa silenciosa é um fenômeno ainda recente nos centros em Telavive, onde seus participantes usam fones de ouvido sem fio para ouvirem a musica e dançarem em locais públicos e a céu aberto. Sem os fones no ouvido, parece estranho ver as pessoas dançando com uma música que não se escuta e quem não conhece acha tudo muito esquisito. Os participantes pagam o equivalente a R$15,00 e deixam a carteira de identidade em troca dos fones. Os organizadores dizem que funciona tanto para pequenas reuniões dentro de casa como em grandes eventos ao ar livre, com direito a um, dois, três Djs. Possibilita também fazer um concerto de musica clássica ou exibir um filme ao ar livre, com a utilização dos fones de ouvido.
Para um dos criadores da festa, Omer Zerahia, as possibilidades são ilimitadas, mas admite que, por enquanto, a maior procura é pelas festas de música eletrônica.
Esta é uma boa solução para os Djs de beira de praia que  rodam musicas acima dos decibéis permitidos, assim como a utilização em cinemas para evitar os comentários inoportunos de vizinhos de cadeira durante o filme e os celulares desavisados. Lembro-me de quando assisti O Segredo de Brokeback Mountain, numas das salas de cinema aqui em Poa, havia duas mulheres que não paravam de falar e dar gritinhos reprovadores cada vez que os personagens se beijavam nas cenas. Eu me perguntava se elas estavam desavisadas do que se tratava o filme.

Chanel nº 5

Eu sempre fiquei de quatro com duas coisas inventadas pelo homem e que a partir disto causou uma grande revolução sobre a comunicação, atitude e  formação de opinião das pessoas: O áudio e o visual cujo o casamento perfeito ampliou o espaço para a facilidade de se traduzir um conceito, uma ideia e então vende-la. Não é à toa que se criou a frase: "A propaganda é a alma do negocio".
O diretor é Jean-Pierre Jeunet (o mesmo do filme Amélie Poulain), que situa o comercial  junto a narrativa do famoso Expresso Oriente, causando um clima romântico e mítico. Mesmo não estando diante das imagens do comercial, a voz de Billie Holliday cantando ao fundo - I'm a food to want you, nos atrai de curiosidade para frente do video. Em 2009 o perfume completou 89 anos de existência e mesmo não sendo a fragância de algumas preferencias, visto a avalanche de novidades no mercado, é um icone a ser respeitado. O perfume foi criado em 1921 por Ernest Beaux a pedido de Gabrielle Chanel, que sugeriu: "Um perfume de mulher com cheiro de mulher". Dentro de um frasco art déco - que foi incorporado à coleção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York em 1959 -, o Chanel nº 5 foi o primeiro perfume sintético a levar o nome de um estilista ajudando-a transformar-se numa milionaria.

OS PORQUINHOS DA ÍNDIA SÃO PERUANOS.

Depois de uma viagem de quatro dias dentro de um ônibus até o Peru, com as evidentes paradas para as obrigações e funções fisiológicas necessárias e agora me refiro a se "alimentar", já estávamos fartos de comer frangos. Por quase todas as cidade argentinas e chilenas que cruzamos só nos ofereciam pollo frito, pollo assado, cozido, geralmente acompanhado por batatas fritas (e nós desesperados por um arroz com feijão brasileiro). Evidente que quando chegamos  em Cusco, a procura por algo para comer, não podia ser nada que lembrasse pollo (frango), embora as opções fossem mínimas e tão mínimas que eu pedi uma porção de frango assado com outros acompanhamentos que não lembro bem o que era. Eu pensava, antes frango do que qualquer coisa estranha e que não conheço.
Claro que poderíamos ter ido para outro lugar que não fosse um restaurante e pedir um lanche qualquer que não acompanhasse frango, mas como estávamos num grupo grande e a maioria optou por ir a um restaurante, fomos em bando, até por que quando se esta num pais distante e de diferentes culturas, as pessoas parecem mais seguras em grupos, foi o que pensei.
Depois de muito circular pela cidade, optamos por um restaurante que pela apresentação parecia  ser confiavel, localizado na praça Central das Armas , o Inka Grill. O ambiente era agradável e calmo e já estávamos bebendo cerveja, quando um dos excursionistas que apelidamos de  Gato  Garfield,  resolveu alterar o seu pedido para um prato especial do cardápio. Embora a maioria, por questões de segurança optaram pelo já insuportável, porem conhecido frango, ele resolveu inovar. Pediu um tal de Cuy, que segundo ele,  era porco assado e que possivelmente deveria ser bom pelo preço cobrado, 60 sois, enquanto o prato da maioria era em torno de 20 sois, mais modesto.
Todos já haviam terminado de almoçar e nada do esperado Cuy; Até que a garçonete apareceu, depositando a iguaria diante do Garfield que espalhava com a ponta do garfo as batatas, cebolas e folhas de alface tentando descobrir que diabos era aquilo com uma anatomia de um porco, mas a o mesmo tempo muito pequeno para um. Depois de muita investigação e curiosidade, percebemos que se tratava de um porquinho da índia e que é um animal característico daquela região e utilizado como um prato regional.

Bem, eu provei o bichinho e confesso que não senti qualquer sabor que lembrasse porco. De qualquer forma o Garfield somente beliscou o prato que era mais enfeitado do que gostoso.
Perguntando ao professor Google, descobri o seguinte: "Um erro de navegação é o responsável pelo nome Porquinho-da-Índia. No século XVI, quando os navegadores espanhóis buscavam um novo caminho para as Índias, em busca de especiarias, aportaram por engano em terras sul-americanas, mais exatamente no atual Peru. Após provarem "churrascos" de um certo animal que os nativos conheciam por Cuy (e assim o chamam até hoje por causa dos seus gritinhos, semelhantes ao som emitido pelos porcos), simpatizaram com ele e adotaram-no como mascote. Voltaram para o velho continente com vários deles nas malas e um nome equivocado: Porquinho-da-Índia".

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...