Dia 27 de Dez. de 2010 saí de Porto Alegra para Buenos Aires, com a finalidade de passar o reveillon na capital portenha. Eu estava com uma grande expectativa pelo fato de encontrar amigos que fiz em excursões anteriores, além de rever a cidade que já havia conhecido em Fevereiro de 2010 por ocasião do Carnaval com uma infinidade de atividades de lazer e diversões que firmaram em mim uma opinião muita positiva com relação a cidade.
Para minha grande surpresa, a cidade parecia outra; Preços muito acima do esperado ou iguais aos aplicados no Brasil, alem de uma certa deficiência para receber os turistas e que não se restringiam somente aos problemas econômicos ou de diferenças culturais, mas de educação, simpatia e interesse de conquistar os que levavam dinheiro pra dentro do país de economia tão fragilizada. Alguns vendedores pareciam demonstrar desprezo pelos clientes brasileiros, isto era visível. Buenos Aires estava vazia de argentinos que se deslocaram para as praias do Uruguai e com um grande numero de brasileiros que resolveram pasar o reveillon por lá. Desta forma Buenos Aires sem argentinos, não se parecia com Buenos Aires e os poucos que ficaram pareciam frustrados com esta condição.
Vou dar dois exemplos ocorridos nestes dias:
Uma amiga da excursão disse que pediu um almoço que acompanhava puré de batatas. Já nas primeiras garfadas encontrou um longo fio de cabelo que a fez chamar a garçonete para que tomasse providencias a respeito. A mulher recolheu o prato e apos coloca-lo sobre o balcão começou a remexer na comida com a ponta de um garfo a procura do cabelo, que mesmo estando visível fingia não enxergar. Quando mostrado o enorme fio com ajuda da própria cliente que foi até o balcão, a mulher lhe lançou um olhar de desprezo e disse rispidamente que era só oque tinha para oferecer e que pagasse apenas o refrigerante.
Outro excursionista contou-me que pediu uma cerveja num bar, cujo o preço fixado era de 10 pesos. Quando perguntado pelo garçom, se queria que abrisse a tampa da garrafa, o que é obvio porque eu pelo menos não conheço outra forma de beber o conteúdo de uma garrafa sem que esta esteja aberta, informou-lhe que o preço era 16 pesos. Ao pedir explicações sobre a rápida inflação sobre o preço da bebida, o garçom respondeu-lhe de cara feia, que era assim que funcionava o serviço. Estes foram apenas dois exemplos entre tantas incidências ocorridas. Claro que seria inoportuno generalizar, mas que havia uma certa hostilidade e total desinteresse de se parecerem simpáticos com brasileiros, isto havia de fato.
Bom, existe uma regra universal que diz o seguinte: Cliente bem tratado dá referencias positiva e retorna, cliente mal tratado dá referencias negativas e não volta! Isto de certa forma serviu para que eu percebesse, que nem tudo são flores. Um dia você pode ser recebido com educação e receptividade e noutro com desinteresse e mal educação. É possível uma cidade estar de mal humor?
Nos dias 29 e 30 saímos as compras que foram absolutamente tímidas por causa dos preços absurdamente inflacionados, as ruas lotadas de gente, o transito caótico, ladrões e batedores de carteiras por todos os lados, alem do calor infernal (nada diferente daqui do Brasil nos dias que antecedem grandes datas).
No entardecer do dia 31 a cidade começou a ficar vazia e não se encontrava táxis e não por demanda no serviço, mas por que simplesmente não havia nenhum circulando. O comercio praticamente fechou suas portas, sendo substituidos por vendedores ambulantes, na maioria peruanos e paraguaios expondo seus produtos no passeio da Avenida Florida. Os poucos bares e restaurantes que ficaram abertos, prestavam serviços deficientes e caros, muitos eram longe do circuito central da cidade, dificultando ainda mais os deslocamentos. Para se ter uma ideia alguns taxistas cobravam de um bairro para outro a tarifa fixa de 180 pesos, quando em dias comuns não passavam de 20 pesos. O taxi é um dos meios de transporte baratos na capital portenha, mas há de se tomar cuidados com alguns taxistas que ao perceberem se tratar de turistas, esquecem de ligar o taximetro, ou fazem voltas pela cidade tentando arrancar tarifas mais altas.
Outra coisa que chamou a atenção de todos, foi a sujeira em que se encontrava a cidade desde o dia 28 de Dezembro quando chegamos, até o dia 02 de Janeiro quando nos preparávamos para voltar a o Brasil. Alem das lixeiras abarrotadas e fétidas de matérias em decomposição, as ruas e avenidas pareciam cobertas por um tapete de papeis picados, lançados das janelas dos edifícios comercias. Dizem que isto é uma tradição por lá e a coleta de lixo não parecia um serviço essencial nestes dias.
Pela deficiência de locomoção em táxis na noite de 31, resolvemos jantar no Hostel e depois assistir a queima de fogos de artifícios em Puerto Madeiro que dava para ir á pé. Numa das plataformas do porto, três jovens de Itajaí, fizeram o diferencial com a apresentação de chorinhos brasileiros, deixando a noite mais agradável entre as explosões coloridas de fogos de artifícios. Não havia quem não parasse para apreciar a boa musica. Ficamos ate as 3 horas da manhã e depois retornamos para o hostel com planos de conhecer outros lugares fora das imediações do centro de Buenos Aires, o que merecerá outro post aqui no blog.
Na foto à cima: Eu de vermelho. Da esquerda para a direita, Guilherme, Junior, Araci, Ton, Barbara e Andrei.