Plantão da madrugada

É duas horas da manhã e estou sem sono;  daqui da janela vejo o cara solitário dançar lá embaixo e me pergunto o que faz ele dançar  a esta hora da noite, na rua, na chuva e sem musica. Ele desliza seus pés com chinelos de dedos, em algo que parece areia sobre a calçada. 
É fácil vê-lo daqui com sua bermuda branca e camisa xadrez; um ponto que se destoa de tudo em volta, nesta noite com atmosfera fria e chuvosa de inverno. 
Embora esteja distraído em seus movimentos desajeitados, parece tentar imitar a perfeição dos  passos de Michael Jackson. 
Fico com medo de ser descoberto em seu momento particular se ele olhar para cima e perceber minha invasão. 
Minha  janela é a única aberta e  iluminada  por um abajur nesta madrugada, enquanto a chuva fina cai,  formando uma leve névoa cinematografica que não parece real. 
Fixo meus olhos em outra direção para evitar um possível flagrante e quando retorno, ele desaparece na esquina, à passos normais sem me perceber.

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