É fato que eu e um amigo, ainda novinhos, saindo da menor idade, percorríamos as noite porto-alegrense em busca do paradeiro de Lupicínio Rodrigues, que sabíamos, fazia também suas incursões pelos botecos da cidade, dando palhinhas de seus sambas Dor de Cotovelo, com sua inseparável caixinha de fósforos.
Andávamos de bar em bar, madrugada à dentro, até encontra-lo e ficarmos completamente hipnotizados com sua presença simpática e voz doce. Nas noites em que não o encontrávamos por pura falta de sorte, acabávamos em outros bares, (menos ou sem nenhuma exigência com a data de nascimento registrada em nossas carteiras de identidade) para ouvir outros dois mestres da musica: Plauto Cruz e Tulio Piva, que passou a tomar o lugar de destaque no coração do meu amigo, com a criação do samba Pandeiro de Prata, que ele considerava uma obra de arte.
Nunca trocamos uma única palavra com Lupicínio, por que tínhamos consciência da distancia entre os dois mundos que nos separavam. Ele um homem maduro, vivido, poeta, com uma grande carga de experiência pessoal e cultural que pra nós era inconcebível, inimaginável qualquer dialogo entre o Céu (ele) e a Terra (nós). Mas acredito que pela nossa insistência em persegui-lo pelos bares, deve um dia ter se perguntado sobre as nossas constantes aparições nos mesmo lugares em que frequentava.
Outro "figuraça", que encontrávamos algumas vezes nestes lugares e que com o passar do tempo foi virando aquele amigo de bar que conta suas façanhas causticas e amorosas, foi o estimado Paulo Santana que nos deixou saudosos de sua alegria. Mas isto eu conto noutro post!
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