AS RUÍNAS DE ALCÂNTARA.

Eu estava muito curioso para conhecer Alcântara, por todos os fatos históricos e curiosidades que a envolveram no passado e devo dizer que a cidade não me decepcionou quando a visitei nesta ultima quinta-feira, 17 de Novembro ao lado de meu filho Athos, Ellen artista plastica piauense que conhecemos no caminho e de Xibé, nosso guia descendente dos quilombolas locais. Alcântara merece um capitulo só para ela. A cidade é uma viagem... Uma viagem no tempo!


O município de Alcântara, fundado em 1648, teve sua economia fundamentada na cultura de algodão, no século XVIII; e na da cana-de-açúcar, no século XIX, com base no trabalho escravo. Com a falência desse modelo econômico, em dois momentos distintos, os fazendeiros abandonaram suas propriedades, onde escravos e alforriados se estabeleceram num modelo de campesinato de agricultura de subsistência, caracterizado pelo uso comum das terras.

ATHOS/ ELEN/ XIMBÉ O GUIA







LOCALIZAÇÃO:
Alcântara fica localizada à 22km de São Luis, cerca de uma hora e meia cruzando de barco a Baia de São Marcos. Outra opção que seria por via terrestre, levaria mais de 5 horas perfazendo uma distancia de 415 quilômetros. Por sorte nossa, do Cais da Praia Grande, em frente ao Centro histórico em São Luís, saem barcos diariamente às 7h30min. atravessando a baía, que dependendo das condições da maré os horários podem ser alterados. O preço?.. R$ 12,00 para ir e mais R$ 12,00 para voltar e ainda tem um vendedor ambulante que vende um copo de café com um generoso pedaço de bolo de cenoura a R$ 3,00 que é uma delicia.


HISTORIA:
Alcântara surgiu no início do século 17 e foi uma das mais ricas cidades do país, sede da aristocracia rural, numa época em que floresciam os engenhos de açúcar e o cultivo de arroz e algodão, até entrar em decadência depois que a abolição da escravatura passou a vigorar junto com todo o processo de modernização que estava modificando o panorama mundial da época. 











A cidade é um conjunto arquitetônico de mais de trezentos prédios e ruínas dos séculos 17 e 18 espalhados por três praças, oito travessas e dez ruas, declarados patrimônio histórico nacional desde 1948 causando-nos a sensação de que retrocedemos no tempo.




Assim que o barco atraca no porto do Jacaré, os visitantes sobem a ladeira de mesmo nome, feita de pedras coloniais com desenhos geométricos - maçônicos e são interpelados por guias que começam a mostrar ruínas, antigos casarios, igreja, e outros prédios antigos, contando toda a história da cidade e curiosidades, que vai da expressão “sem eira nem beira”, até a disputa entre duas famílias ricas da época, que começaram a construir palacetes para a vinda do imperador Dom Pedro II em troca de títulos de nobreza. O imperador ao saber da peleia que causou até mortes, nunca chegou a visitar a cidade. 

RUA PRINCIPAL DE ENTRADA NA CIDADE
DE ALCANTARA


PEDRAS CABEÇA DE NEGRO:
Na rua principal, que dá acesso a cidade, o desenho geométrico do calçamento, feito com pedras brancas no centro e pretas nas laterais, chamadas de "Cabeça de Negro" também serviam para delimitar, onde brancos e negros podiam trafegar.
conta-se que os senhores, senhoras e senhorinhas andavam pelo centro, que é calçado de branco e, os escravos e ajudantes, no calçamento negro. 



Era tanta prosperidade econômica neste período, que Alcântara criou uma verdadeira aristocracia; as famílias abastadas e proprietárias dos grandes casarões, espelhavam-se pelas ultimas modas inglesas e francesas, importando produtos e costumes aos moldes dessas cortes. Mandavam seus filhos estudarem na Europa e quando retornavam, formavam a elite intelectual com o objetivo de defender ainda mais seus interesses políticos e econômicos.

DOCE DE ESPÉCIE:
Foi também em Alcântara a criação do doce de espécie, feito até hoje, cuja a receita foi criada pelas escravas da cidade, para agradar o Imperador em sua visita nunca realizada.


Alcântara fica numa elevação com uma vista privilegiada da baía, onde é possível esticar o olhar e avistar o horizonte de prédios construídos em São Luís e a ilha do Livramento a sua frente. O passeio pode ser feito á pé, em apenas um dia de visita ou ainda com a possibilidade de se pernoitar na cidade e experimentar a sensação de passar a noite sob a claridade da lua e as sombras provocadas pelas ruínas da cidade, causando uma experiencia magica.
Entre tantos fatos e acontecimentos históricos, Alcântara possui alguns pontos de interesse a saber:

ANTIGO CAMPANÁRIO DA IGREJA NOSSA SENHORA DO DESTERRO:
Trata-se de uma torre sinaleira com m par de sinos que eram usados para marcarem eventos importantes como casamentos ou funerais, incêndios e outras catástrofes ou mesmo indicar a passagem do tempo, como um relógio, um calendário. Manda a tradição que os visitantes devem fazer um pedido batendo o primeiro sino e em seguida metalizar o pedido, fazendo soar o segundo sino.


PRAÇA DA MATRIZ:
Largo quadrangular cercado de casarões, abrigando o pelourinho e as ruínas da igreja de São Matias, cujos traços arquitetônicos lembra as ruínas de São Miguel aqui no sul.




IGREJA SÃO MATIAS:
Erguida antes de 1648 no local onde já havia existido uma capela construída pelo índio Maretin e uma igreja em homenagem a São Bartolomeu. Na virada do séc. XIX para o séc. XX já estava em ruínas e ameaçava desabar. Parte da igreja teria sido derrubada por ordem do escritor Sousândrade, que morava num casarão na praça e tinha sua vista da paisagem atrapalhada pela torre.

MUSEU HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE ALCÂNTARA:
Localizado na Praça da Matriz. Trata-se de um conjunto de Acervos que ilustra a opulência da cidade quando esta era habitada por ricos e poderosos barões.




PELOURINHO:
Localizado na Praça da Matriz, é um dos mais importantes atrativos de Alcântara. Decorado com as armas do império, é hoje o mais bem conservado do país.

PELOURINHO DA CIDADE


CASA DE CÂMARA E CADEIA:
Localizado na Praça da Matriz, é um prédio do final do século XVIII, onde antigamente funcionava a cadeia. Hoje é sede da Prefeitura.

RUA DA AMARGURA:
A princípio chamada de Bela Vista, esta é a rua onde moravam alguns dos mais poderosos senhores de Alcântara. A mudança de nome viria da tristeza das mães que dali viam os filhos embarcando para estudarem em Lisboa, mas outra versão conta que ali ficava originalmente o Pelourinho, onde eram castigados os escravos desobedientes. O Pelourinho foi remontado mais tarde na Praça da Matriz.


CASA DO IMPERADOR:
Construção inacabada, localizada na Rua Grande. O prédio hospedaria o imperador D. Pedro II, em uma visita que nunca faria à Alcântara.



IGREJA CONVENTO DO CARMO:
Também conhecida como a Igreja dos Ricos. Em estilo barroco, o conjunto é remanescente do século17. Mais de cem anjos esculpidos em talha dourada ornamentam seu altar, alem de traços que reportam a grande influencia da Maçonaria. Em seu interior, eram enterrados os nobres. Os de maior poder aquisitivo estão com suas lápides nas paredes. No chão dos corredores laterais os menos abastados.


CASA DO DIVINO:
Fica na Rua Grande, s/n. Parte das festividades do Divino Espírito Santo é realizada neste casarão restaurado. Nas suas dependências estão expostas mesas, altares e instrumentos utilizados durante as comemorações. A festa do Divino é bastante difundida no estado, já que são aproximadamente 15 dias de festa durante a qual são servidos de graça variedades de licores e doces.

IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS:
Começou a ser construída em 1780 e foi benzida em 1803, quando recebeu as imagens da santa e de São Benedito. A igreja conta com apenas uma torre e a pequena escultura de um galo, reafirmando sua arquitetura colonial portuguesa. 

IGREJA NOSSA SENHORA
DO ROSÁRIO DOS PRETOS

PALÁCIO NEGRO:
Prédio em ruínas onde eram negociado os escravos trazidos para serem vendidos. Espalhado no interior das ruínas, vestígios de instrumentos (blocos de pedras), onde os escravos eram mantido acorrentados pelos pés.

PALÁCIO NEGRO: ONDE  OS NEGROS
 ERAM NEGOCIADOS

FONTE DAS PEDRAS:
Construída no século 18, na Rua Pequena, servia para o abastecimento de água pelos escravos aos seus senhores.


PASSOS DA QUARESMA:
São pontos de paradas onde o cortejo dava pausas em seu prosseguimento, e onde os participantes da referida procissão encenavam, cantavam e faziam orações, em alusão às Estações da Crucificação de Jesus.

OUTROS ATRATIVOS:
É possível também, à partir de Alcântara, realizar passeios de barcos por igarapés, mangues e na maré baixa contemplar a beleza das aves guaras com sua penagem vermelha, o que não foi possível neste dia, pois a maré estava alta.
Visitar praias desertas e ilhas como Cajual, onde estão sendo descobertos valiosos fósseis e a Ilha do Livramento onde vivem apenas dois moradores, Dona Mocinha e seu filho adotivo e ainda conhecer uma das 500 comunidades quilombolas da região, que mostram e vendem seus artesanatos feito de barro. Alcântara foi sem duvidas, um dos melhores passeios que fizemos no Maranhão.

Até a próxima viagem!

Comentários

  1. Parabéns Luis, maravilhosa as fotos,todas elas.Tu tivestes a oportunidade de ir lá vivenciar tudo isto,e nós a felicidade de ver aqui as fotos com a estoria de cada uma delas. Fantástico mesmo.

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