Um dia caminhando numa estrada que fazia divisa com uma fazenda, no interior, vi um estranho pássaro pousado num tronco de uma cerca e nunca mais esqueci da sua exótica aparência. Estava quase anoitecendo e só consegui distingui-lo por pura sorte. Era um Urutau, pássaro solitário, de hábitos noturnos e que dificilmente se deixa ver. Estava estático naquele tronco, como se fizesse parte dele e mantinha o pescoço esticado para o alto e os olhos fechados. Sua cor mesclada em tons de marrom, preto e cinza, permitia-lhe ser confundido com um tronco velho de arvore e passando quase desapercebido.
1-Olha quem tá ali,
feito um galho seco, pra ninguém ver,
É o Urutau, ave de canto dito agourento.
2-Quem nunca viu, nunca vai vê-lo
em seu aposento.
Emenda Toco, como se fosse um complemento.
3-Ave Fantasma que vem trazer, algum sofrimento.
Pescoço em pé, feito um Page, de fundamento,
Ninguém aguenta ouvir de perto, o seu lamento.
4-É Mãe da Lua, que aparece, quando ela nasce.
De traz do mato, iluminando todo o espaço.
5-Tem olho magico, que enxerga tudo, quando fechado.
Bebê que chora, pela mãe, abandonado.
6-Seu canto triste, que se difere da passarada.
É um aviso da sua chegada pra toda a ninhada.
7-É só um lamento, tristonho, de dor (amor).
É o Urutau, ave agourenta do mal.