AS NUVENS NEGRAS DE 64

Em 1964, eu tinha 6 anos de idade, mas lembro-me de uma cena que sempre se repetia com alguma frequência na minha casa, na zona leste de Porto Alegre. Meu tio que morava no mesmo pátio, porem numa casa separada, estava no exercito e passava sempre lá em casa com um Jeep do exercito. Eram passadas rápidas, logo que anoitecia. Talvez fosse pegar algum pertence pessoal, não sei. 

Ele descia correndo do veiculo que dirigia e entrava no pátio gritando: Tá na hora do silencio gente, vamos apagar as luzes!.. Minha mãe colocava imediatamente eu e minha irmã de 5 anos na cama e desligava as luzes da casa. 

O governador do Estado era Ildo Meneghetti. Foi a última eleição antes da deposição do presidente João Goulart e instalação do Regime Militar de 1964.

Deitado na cama, eu não sei dizer o que se passava na minha cabeça de seis anos, além de muito medo, de alguma coisa que não conseguia ver e nem entender.  Mais tarde, na escola, já adolescente, soube que se tratava do Golpe de 64 e que não era uma coisa boa. Minha mãe dizia, que o Exercito estava defendendo o país dos comunistas, que matavam até crianças para conquistar seus objetivos. Mais maduro, consegui entender quem eram os verdadeiros vilões desta história



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