Eu estava admirando a beleza do Mar Adriático, enquanto caminhava pela costa empilhada de edificações antigas, quando palavras me vieram a mente, como se fossem sopradas no ouvido.
Logo que pude, sentei numa mureta de pedras, retirando um pedaço de papel da bolsa tiracolo e comecei a escrever, como se fosse um sonho, que eu não poderia arriscar esquecer.
Brotou palavras, frases como uma revelação aparentemente não tão obvias a o entendimento, mas com algum sentido. Estava neste momento tão sensorial como poucas vezes fico. Nasceu então este poema que mostra o mar de outra forma, escuro, perigoso, traiçoeiro e cheio de segredos.
MAR DA AFLIÇÃO:
1-Vem ver o mar de noite,
Há um gigante vigiando-o pela madrugada.
Quem entrar:
Sabe do perigo de jamais voltar.
2-Vem ver o mar,
de ondas escuras,
com bordados de prata feitos pela lua
3-Quem tem coragem de enfrenta, sua envergadura,
Braços fortes de Netuno, decidindo o futuro.
4-vem ver o mar, de tantas galés e armadilhas
de ruídos vindo do porão.
O que são?
Ratos, restos e memorias
que nunca se vão.
5-Vem ver o mar, da aflição.
Seu amor partiu e nunca mais voltou.
Só ficou a saudades, de quem foi e não voltou.
6-Vem ver o mar, de noite...
Ele lambe com a maré, a ponta dos seus pés.
7-Vem ver o mar sobre a catedral de pedras.
Há um gigante vigiando-o pela madrugada.
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