Perdendo a língua

Foi só eu chegar no Café, cumprimentar a todos e minha língua caiu para debaixo da mesa. Eu acho que ela estava lá, escondida em algumas dobras do tapete e eu sabia que só poderia recupera-la depois que todos saíssem  para a rua. 
Mas o que dizer nestes momentos incômodos que não se tem  o que dizer para pessoas estranhas, num grupo estranho e você é o  único estranho entre todos? Eu deveria seguir a cartilha de bom senso de [Danuza] e ter ficado em casa, assim não perderia minha língua.
Eu tentei fazer um sinal para o garçon, mas ele não  olhava em minha direção. Ele talvez  não quisesse ser cúmplice da missão desagradável de tentar encontrar minha língua e  alcançar-me discretamente por debaixo da mesa.  Por sorte o encontro não demorou além de um taça de vinho e todos seguiram seu rumo ainda cedo. Mesmo sendo um sábado a noite, nada me parecia convidativo nas rua molhadas da cidade.  Segui pelo meio das árvores, entrei no carro e voltei para casa.

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