Tá tudo devagar.

Para um vôo alto e distante é necessário aparar delicadamente a ponta das asas, ficar de ouvidos atentos e sensível à todas as formas de comunicação; inclusive as internas e silenciosas. Precisa-se distensionar, buscar recursos dentro e fora.
Hoje o mundo está parecendo rodar em slow motion e em certos momentos no sentido contrario. As ligações não retornaram e eu pareço estar de mãos atadas a espera de um sim ou um não. Desde às dez no telefone, tentando e nada, parecendo que estou mendigando um favor, mas que pagarei com juros e correção monetária. Tanta coisa ainda para resolver e nada e eu sem querer levantar a bunda do sofá, me recuso. Penso melhor com ela relaxada.
Minha avó disse certa vez, que quando nos sentimos assim, devemos dobrar meias na gaveta, já que permanecer com ideias fixas, só nos levam ao descontrole e desejos do tipo homicídio em massa. Por algum tempo eu pensava que o sangue que corria nas veias de minha avó, não fosse vermelho, mas de um verde fosforescente como a luz dos vaga-lumes e eu estava certo, mais do que certo.

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