Entrando na linha

No plantão passado um colega passou a mão na minha cabeça, dizendo:
_Agora sim, tá com cara de homenzinho! Embora esta observação paressesse simpática, apresentava também suas subjetividades alinhavada em conceitos de um evangélico que obviamente discordo dele.
Ele estava se referindo ao meu novo corte de cabelo já modificado à cerca de um mês, do qual ele ainda não tinha visto. Depois de usa-lo por muito tempo comprido, muitas vezes amarrado, em razão do meu trabalho e onde ouvi de alguns colegas as mais diferentes críticas negativas e alguns poucos elogios, decidí mudar por que já estava enjoado. Mas oque me fez corta-lo, foi muito mais a necessidade pessoal de modificar-me do que a  aceitação ou não das pessoas. Acho que sou daquelas criaturas que acreditam que o externo pode interferir de alguma forma no interno, quando as coisas não vão bem e eu precisava naquele momento me  ver diferente. O ruim desta alteração visual, é que deixei de ser confundido com um artista. Isto sempre acontecia. Passei do alternativo contemporâneo, para o comum socialmente aceitável. 
Mas o mundo é assim mesmo, algumas regras se apoiam em estereótipos  e não mudam nunca, vão se cristalizando em opiniões que os "homens de bem" sempre adotam para não saírem da linha,  mas antes mesmo que voltem a se acostumarem com esta normalidade diante dos olhos, minha ansiedade já tratará de fazer suas mudanças novamente. É só uma questão de tempo, aliás de espirito.

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