Nossa visita as ilhas flutuantes aconteceu quando retornávamos do Peru para o Brasil e fazia parte do roteiro estabelecido, pararmos em alguns lugares, afim de contemplar suas belezas naturais no finalzinho da viagem. Chegamos em Puno antes do horário do almoço e em seguida tratamos de garantir alguma embarcação que nos levassem até as ilhas.
Puno é uma cidade grande e nos chamou a atenção, alguns meios de transportes utilizados pela população desafiando o transito relativamente caótico.
Na beira do Titicaca fazia um calor de arder na pele e varias embarcações atracadas, ofereciam passeios até as ilhas, por preços muito em conta (10 soles por pessoa).
Almoçamos peixe assado de prato principal, com arroz ou batatas fritas de acompanhamento, (no Peru o acompanhamento é um ou outro), salada verde e coca-cola que lá tem um gosto diferente da que bebemos no Brasil, parece mais diluída, mais doce e com menos gás. A comida era farta e boa e as moças nos que atendiam, muito atenciosas e sorridentes.
Visitamos algumas feiras de artesanato para nos exercitarmos e fazermos a digestão para depois subirmos nos barcos e visitarmos as ilhas artificiais construídas pelos Uros que ao meu ver foi um dos momentos mágicos de toda a viagem.
O lago parecia enorme e ouvi o homem da tripulação, que recolhia os tickts explicar orgulhoso, que 70% de sua extensão pertence ao Peru e os outros 30% as terras bolivianas, e que por aquelas bandas, chegava a uma profundidade de 230 metros, o que me fez desconfiar que ele estivesse mentindo.
Bom o Titicaca é o lago navegável mais alto do mundo 3.815 metros acima do nível do mar, por outro lado, é considerado também como o único elemento natural capaz de temperar a região, considerando que sem sua presença, definitivamente não haveria a possibilidade de vida naquela altura.
A entrada até as ilhas se faz passando de barco por um estreito corredor de junco (totora), em seguida o lago se abre em toda a sua extensão possibilitando enxergar-se as primeiras ilhas. Esta entrada na área central de Puno é meio feia e com a água um tanto suja, dando a impressão de que é um lugar poluído, um pouco mais distante a água começa definitivamente a clarear e mudar de cor.
Caminhar sobre as ilhas causou em mim uma certa insegurança pelo fato de serem macias e em alguns lugares a gente sente a umidade da água sob os nossos pés, que chegam mesmo que superficialmente a afundar. As casinhas de totora construídas sobre aquelas ilhas, pareciam de brinquedo, era inacreditável estarmos num lugar tão exótico e ao lado de um povo tão amável.
As ilhas são construídas à partir desses juncos, (Totoras), que amarrados e sobrepostos em camadas que podem totalizar três metros de espessura e amarradas por estacas de madeira e cordas de nailon. Dizem que uma ilha, mesmo com “boa manutenção”, não resiste mais do que “oito anos”.
Os uros vivem em eterna manutenção dessas ilhas, uma vez que umedecidas tendem a apodrecerem e necessitam ser reconstruídas. Sobrevivem também da pesca, caça e fundamentalmente do turismo através da venda de artesanato local e alguns percentuais à partir das visitações turísticas trazidas pelos barqueiros. Naquela tarde recebemos uma aula explicativa de como são construídas as ilhas e de que forma sobrevivem, naquele lugar.
Os Uros são diferentes na estatura, aparentando serem mais baixos que o resto da população peruana, na cor da pele mais escura, provavelmente pelo lugar onde vivem e no modo que sobreviverem. Orgulham-se de sua história que tanto cultuam, são exóticos, criativos e quando os vimos diante de nós, tivemos a sensação de estarmos participando de um set de filmagem de aventuras e ficção do Spielberg.
A Totora é uma planta abençoada para eles, versátil, pois nasce na água e quando seca ao sol, oferece resistência suficiente para não afundar. Pode-se comer sua raiz, fazer chá e remédios de suas folhas e flores.
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