Duas medidas!

De tarde atendi uma mulher que tomou 4 comprimidos de Longactil e oito de diazepan. Não sabiam a hora que ela havia tomado as medicações e a quantidade concluíram pelas cartelas rompidas e jogadas em volta de sua cama. Quando cheguei ela apresentava sonolência, mas ainda parecia lúcida e até colaborou vestindo um calçado para ser conduzida até a ambulância. A orientação recebida pelo médico foi que a levássemos ao posto de atendimento para uma primeira abordagem clínica, uma posivel lavagem gástrica e finalmente avaliação psiquiatrica. Lembro de ter deixado-a no posto em torno das 15 horas acomodada numa cadeira, pois não disponibilizavam de camas para que ela deitasse. As 18 horas o posto solicitou remoção da mesma ao pronto socorro para uma avaliação neurológica pois não respondera ao tratamento. Perguntei a médica se haviam feito lavagem gástrica na paciente, o que ela respondeu que não se fazia em pacientes com ingesta de diazepan. Eu desconhecia esta informação e lembro que no tempo em que trabalhava em emergencia clinica era uma rotina!.. Neste momento percebi que a paciente encontrava-se comatosa, com soro no braço e oxigenio nas narinas, muito pior do que quando a deixamos no posto. No pronto socorro quando passei o caso para o plantonista clínico ele olhou para a paciente, dirigiu-se ao grupo de enfermagem e solicitou em voz alta. Uma lavagem gástrica aqui!- prescrevendo em seguida no boletim. O que me deixa inconformado e até indignado com tudo isto, é que as coisas parecem não evoluir no sentido de favorecer uma pessoa que corre o risco de morte e que me pareceu ter ficado na espera de um atendimento digno e procedimento correto, desde a hora em que eu a levei e que quando piorou foi chutada para outro serviço, que realizaria o mesmo trabalho que não foi feito por justificativas que considero rasas para serem aceitas.

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