Fidelidade regional.

Ouvi ontem pela milionésima vez, uma observação sobre Elis, que não gosto de ouvir pelo simples fato de  acreditar que isso possivelmente seja um mau entendido, ou seja: Aquelas observações mal interpretadas e que condenam atitudes pro resto da vida e principalmente vinda de Elis, sabidamente de personalidade intempestiva como era. Como pode alguém simplesmente desqualifica-la como uma das  maiores cantoras do nosso tempo, por achar que um dia ela renegou a sua origem gaucha? A mulher ainda repetiu debochadamente uma frase dita pela cantora: _Eu saí do Rio Grande do Sul para cantar, não para abrir um C.T.G!
Os meus conterrâneos gaúchos, me parecem por vezes tão exigentes e rancorosos com seus artistas e celebridades que saíram daqui, para fazerem seu nome lá fora e tornarem-se reconhecidos não apenas no âmbito regional, mas nacional e internacional, cujo o talento não possui fronteiras. Esta fidelidade e reconhecimento de caráter regionalista à toda prova e que obriga as pessoas provarem seu orgulho pela terra onde nasceram, eu acho um tanto escravagista e repressor, afinal ninguém é obrigado a amar aos hábitos e a  terra onde nasceu, não é mesmo?
Outra exigência e prova de amor incondicional a terra natal, foi jogada sobre os ombros de Ronaldinho gaúcho que ao sair do Milan, escolheu o Flamengo para jogar e não o time gaúcho que o revelou para o mundo. Hoje ele é visto como "Persona non grata" por aqui, como aconteceu com Elis.
No show de 240 anos de Porto Alegre, a cantora Lourdes Rodrigues declarou publicamente, que seu amigo Lupicínio Rodrigues lhe pediu certa vez, que nunca saísse do Rio Grande do Sul, que se mantivesse fiel a sua terra de origem. Vocês acreditam nisto, já que esta fidelidade regional é um ponto desfavorável no que se refere ao mercado competitivo que ainda se mantem centralizado.. Eta pedido difícil!

Acorda vem ver a Lua...

Eu gostaria de um milagre: Ter nascido com o dom de cantar, com afinação, ritmo, presença de palco, bom gosto nos repertórios, já completo e sem a necessidade de ter que passar por aulas de canto junto aos grandes mestres. Aprenderia somente com os ouvidos as notas musicais, o tom adequado, o tempo certo de cada frase no espaço certo para entrar e sair, mas não fui abençoado com isto e acho que até mesmo os grandes cantores precisam estudar para qualificar cada vez mais o seu instrumento de trabalho.
Tenho ouvida muita musica quando estou na minha casa, dentro do ônibus, ou na fila do supermercado;  Percebi que com ela a vida se apresenta com mais cor, mais alegria ou tristeza, mais intensidade e tenho a sensação de que sou nestes momentos mais observador do que participante das agitações que o cotidiano nos obriga a fazer parte. Também me especializaria em musicas eruditas, que são as mais bonitas e as que mais me emocionam quando ouço, embora tenha o gosto bastante eclético.
Encontrei esta versão de Melodia sentimental de Heitor Villa Lobos para a mini-serie "Hoje é Dia de Maria" interpretada por Rodrigo Santoro e Letícia Sabatella que foi uma das mini-séries mais poéticas já apresentadas pela Rede Globo.

O azul e o numero seis me perseguem

Minha casa transformou-se nos últimos meses num verdadeiro acampamento. Não consigo tempo para organiza-la, e isto por vezes me incomoda, mas não o suficiente para dar um ponto final. Entre o amontoado de roupas e a bagunça de objetos que vou tentando ajeitar na medida do possível, para que a montanha não cresça e caia por cima de mim, percebi a incidência do azul na minha vida, embora eu tenha uma quedinha secreta pelo vermelho.
O azul incide na minha vida da mesma forma que o numero 6. É o 614, o 627, o 166, o 96, o 600, números que de alguma forma fazem parte do meu cotidiano e me pertencem sem que eu os escolhesse. Claro, eles não interferem conscientemente na minha vida, não me dão poderes que me transforme num iluminado, convivem comigo passivamente como convém aos objetos
Ah, vocês vão dizer que não é bem assim, que  tudo faz parte de uma coincidência, mas ainda assim vou me manter na duvida, por que nós seres humanos temos uma tendencia para mistificar tudo, penalizar o sobrenatural, complicar o que é simples por que o obvio não nos basta mais. Achar que tudo possui uma razão mais profunda e subjetiva de ser.


Semana passada, ganhei esta pedra, que eu tinha de apanha-la dentro de um saco de pano e com os  olhos fechados para dar sorte. Depois, uma caixa do Dolce Gabbana, o que tenho de concluir que o azul assim como o numero 6,  tem me perseguido ainda mais nesta ultima semana, ou será que é noia?

Com a cara do Simpson.

O cara errou o meu corte de cabelo e eu senti que iria dar nisto já nos primeiros minutos que começou a corta-lo e a conversar com o seu colega do lado. Não prestava atenção no que estava fazendo. Eu disse pra ele: _Quero batido dos lados, mas que não fique marcado e com aspecto de corte militar. Mas ele parecia não dar a minima para o que eu falava e continuava mais absolvido na conversa, do que no seu trabalho. Apertava a maquina contra a minha cabeça como se as laminas estivessem cegas, parecendo forçar o corte. 
Bom, eu sai da cadeira ainda com os cabelos umedecido de gel e somente quando cheguei em casa é que percebi estar com a cabeça excessivamente quadrada e marcada, parecendo um daqueles personagens da familia Simpson. Não sei em que momento meu sexto sentido começou a me cochichar no ouvido que iria sair merda e saiu. Se eu pudesse reverteria o tempo para evitar o estrago deste f.d.p. Tenho vontade de retornar até lá, como na figura aí de baixo!

Por que um serial killer mata:

Depois da mostra sobre etnias que participei na escola, eu e uma amiga resolvemos na volta para casa, pararmos em algum lugar para bebermos uma cerveja e conversarmos um pouco, desopilar. Escolhemos no meio do caminho, uma dessas lanchonetes ampliadas por um tipo de toldo estendido para proteção contra a chuva. O lugar era frequentado por jovens estudantes universsitarios e estava com poucos clientes que também bebiam e conversavam alto. Havia entre eles, uma jovem completamente embriagada que dava seu pequeno show, atropelando mesas e lançando gritos histéricos sem que se entendesse a razão, a não ser a própria embriagues. Estava completamente sem noção de ridículo, além dos gritos, mal parava de pé, falava aos berros com uma voz melosa e ao mesmo tempo estridente de rasgar tímpanos e tirar qualquer um do sério. Eu não sei se já não era implicância minha, mas tinha a impressão que sua longa cabeleira saia do meio da testa. Comentamos entre nós baixinho, (eu e minha amiga), enquanto assistíamos aquela cena deprimente, que se tivesse algum serial killer por ali, era possível que a esfaqueasse, somente para que calasse a boca, mas não tinha, estava em falta.

A paella de Antônio Bandeiras.

Estou vindo da aula agora ou melhor dizendo; de uma mostra realizada hoje à noite, da cadeira de Manifestação da Cultura Popular, cujo o grupo em que participei, foram (Raquel e Paula). Coube-nos a incumbência de falar sobre a influencia da etnia espanhola no continente latino americano. Meu Deus, o tempo é meu inimigo, quase não consegui preparar nada para falar à respeito, a não ser pequenas informações já existentes no meu acervo mental, como as influencias gastronômicas e um pouquinho de arte musical em pequenas pinceladas de amador. 
A salvação da minha lavoura, talvez tenha sido a paella valenciana que  preparei na madrugada da noite anterior e levei para a amostra. Meu truque guardado na manga, já que tenho alguma facilidade em mexer com a culinária.
A receita da paella quem deu foi Antonio Bandeiras, quando esteve no programa "Mais você", da Ana Maria Braga, para o lançamento de seu ultimo filme a "Pele Que habito". O ator foi para a cozinha com a apresentadora, ensinando como se faz uma paella ao seu estilo. Tá tudo gravado no site do programa, foi só prestar atenção e seguir passo à passo.

Esvaziar, repensar, preencher,...

Esvaziar, repensar, preencher com ideias novas mas não encontra-las. Não encontra-la?.. Não, acho que nem era isto, era apenas localizar um ponto de conforto, assim foi o meu plantão de 12 horas ontem, ouvindo algumas musicas de Vila Lobos na Voz de Mônica Salamaso, entre um socorro e outro que eu fazia. O dia estava abafado, numa promessa de chuva que não chegou a cair durante o dia; As nuvens se preparavam, se faziam escuras e nada da água cair. Estou certo de que o clima, a presão atmosférica tem alguma influencia no nosso estado emocional, no nosso humor, na nossa paciência e na aceitação de situações que carecem de mudanças mas provam que são imutáveis. De noite na aula, tudo parecia igual, as pessoas se mostravam desconfortadas, reticentes, resignadas, procurando o mesmo ponto de conforto mesmo que por motivos diferentes. Acho que na maioria das vezes vivemos assim, tentando procurar este ponto, sem retoma-lo e fingindo que estamos a vontade. Tem uma frase na musica da Marina que diz o seguinte: Talvez o fim não seja nada e a estrada seja tudo!.. Acho que estou precisando de algumas estradas.

Cruzando com o Adônis, anos depois.

Cruzei hoje na rua com um colega de escola, que eu não via a muito tempo, acho que desde a época do ginasial. Eu também não lembro mais do nome dele, mas sei que chamava muito a atenção das pessoas,  por sua beleza incomum e postura educada. Ele também não se deu por conta de quem era eu quando cruzou por mim, que bom, talvez isto evitasse constrangimentos das duas partes.
A minha maior surpresa ao vê-lo caminhando pela calçada, foi sua magreza e envelhecimento, a enorme  mudança que sofreu, transformando-o fisicamente numa outra pessoa que lembrava vagamente o que foi na sua juventude. O olhar sem brilho e a pele mais escura e opaca, dava a impressão de estar doente, ou de quem fazia algum tratamento quimioterápico ou hemodialise. A roupa que vestia, bastante surrada dava a impressão de um certo desleixo ou de estar vivendo serias dificuldades financeiras. 
Eu fiquei pensando depois, o que me fez reconhece-lo, já que ao primeiro golpe de vista, me parecia tão diferente da pessoa que conheci e então percebi que era o cabelo preto e liso jogado displicentemente para traz da nuca, o mesmo tipo de corte que usava no auge  de sua juventude, cheia de cuidados. Conclui com isso que não só ele, mas todos nós também de alguma forma, mantemos algumas particularidades físicas e comportamentais que se tornam atemporais em nossas vidas e que servem de referencia ao que fomos e que só se acabam depois de não existimos mais. 
Inacreditavelmente ao contrario de muitos homens, que perdem os cabelos, o dele se mantinha intacto como nos velhos tempos em que se parecia um Adônis, brilhoso e bem tratado. Talvez o cabelo fosse sua referencia, seu registro. Fiquei pensando também que o tempo, do qual é impossível das pessoas escaparem, a não ser que morram antes, pode se tornar um inimigo ou um aliado contemporizador e isto vai depender dos débitos e créditos que vão sendo acumulados no decorrer da vida, para evitar ou diminuir alguns aspectos degradativos. Vê-lo inesperadamente daquela maneira, me fez esvaziar alguns sentimentos secretos e preencher outros.

Marcha das Vadias

O Parque da Redenção virou neste Domingo dia 27, palco para a Marcha das Vadias cujo o objetivo era chamar a atenção da sociedade para diretos como: A igualdade entre os gêneros, liberdade de escolha das próprias roupas, igualdade salarial, o fim da violência física, sexual, verbal e psicológica contra a mulher e a legalização do aborto. 
A marcha foi às16 h. nas proximidades do espelho d'água e do monumento ao Expedicionário, na Redenção. Com cartazes dizendo:  "Meu corpo é só meu" e "Estupro não tem justificativa", homens e mulheres com corpos pintados realizavam o protesto. 
A Marcha das Vadias surgiu no Canada em 2011, após uma serie de estupros ocorridos na Universidade de Toronto. Um policial imbecil, convidado a orientar sobre segurança, disse que as mulheres poderiam evitar o estupro se não se vestissem como vadias. A fala preconceituosa gerou tamanha indignação surgindo a primeira manifestação.

Depoimento de Xuxa no Fantástico..

Sobre o depoimento de Xuxa no programa Fantástico do dia 20, eu não tenho nenhuma opinião formada a respeito, nem sei das razões que a levaram a fazer-lo publicamente a não ser pela causa do qual está engajada. Primeiro por que não assisti, segundo, porque eu sei que a opinião publica reforçada pela repercussão da mídia transformará tudo isto num fato maior do que já é.  E eu tenho bem claro, que quando se joga merda no ventilador, as reações são das mais variadas possíveis. Tem os corajosos que te limpam o rosto e os que te repudiam por não aguentarem o mau cheiro, criando as mais absurdas incriminações. Mas o que eu sei, é que o seu depoimento serviu para aumentar vertiginosamente as denuncias de abusos para o disque 100 na mesma semana e isso é bom.

GABRIELA

Eu tenho comigo, sem me fixar em datas exatas, que as melhores telenovelas produzidas aqui no Brasil, foram criadas nas décadas de 70 e 80 e entre as inúmeras que já assisti ao longo desses anos, ainda elejo Gabriela como uma das melhores dentro do meu gosto pessoal. A novela abordava a seca nordestina e as divergências sócio-culturais na pacata cidade de Ilhéus da década de 1920, onde os poderosos do cacau, chamados de coronéis, criavam suas leis em defesa de seus interesses políticos e econômicos.  A vida dos personagens são questionadas sob os pontos de vista moral da época e de forma bem humorada, mas também com profundidade, sensibilidade e talento. Cada personagem é de tamanha riqueza, que por si só daria para criar uma nova história.
A memorável cena em que a personagem Gabriela sobe no telhado para pegar uma pipa, entrou para a história da televisão brasileira e Sonia Braga foi elevada à categoria de estrela depois da sua atuação como "Gabriela. Inesquecíveis também foram as cenas de adultério de dona Sinhazinha e seu assassinato executado pelo próprio marido, vivida pela atriz Maria Fernanda, a decepção amorosa de Malvina vivida por Elizabeth Savalla e a morte do Coronel Ramiro Bastos (Paulo Gracindo).
Eu particularmente acho que nesses dias de Fina Estampa, o jeito mesmo é trazer de volta para quem não viu, o que fez muito sucesso no passado, mesmo com as alterações necessárias em razão do tempo decorrido e seus possíveis riscos. Para os que já viram pode ser uma nova formula para matar saudades de uma verdadeira obra prima.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...