ESTE NÃO SOU EU.

Mexendo em algumas fotos do passado arquivados no computador, eu percebo o quanto ficamos distantes do que fomos com o passar do tempo e devo dizer que não sinto saudades.
Tenho a sensação de que não sou eu nesta foto aos 13 anos de idade, e que alguém  me disse que sou eu e que devo acreditar a partir de evidencias lógicas e ainda assim, me posiciono desconfiado, meio incrédulo, duvidoso desta verdade. Entre tantos defeitos que eu encontrava em mim, era achar-me dentuço (o que me rendeu apelidos), o queixo fino e com cara de apatetado. A adolescência, foi um período  de muitas dificuldades pra mim, que era extremamente introvertido e sem a mínima noção da realidade que me cercava. Depois, como acontece com a maioria das pessoas, eu fui mudando, me descobrindo, fazendo escolhas...
Ainda ontem, perguntei para um colega de trabalho se ele tinha saudades de quando era adolescente e ele me respondeu que não, pois começou realmente a viver, depois dos 20 anos. Eu concordo com ele, acho que é nesta fase que começamos a pensar que somos mais seguros, que sabemos exatamente o que queremos e daí construímos nossas regras pessoais, escolhemos nossas amizades, que ainda temos tempo para muitas coisas a serem realizadas, que investimos muitos mais em sentimentos  leves do que em relações pesadas  em nome de  obrigações impostas, que damos mais vazão as nossas importâncias emocionais,  que somos impetuosos, que abrimos guerra ao mundo, que podemos ser tudo sem muito esmero, que tomamos decisões apressadas e  depois mudamos de opinião sem sentir culpa, que cometemos as mais variadas loucuras, que começamos a amadurecer nossa vida sexual, que perdoamos nossos erros sem questionamentos complexos, que damos as costas a tudo que não acreditamos, sem medo de ficarmos sozinhos. Este é quem sabe o período de longas construções e reafirmações do que seremos mais tarde.

O TEMPO NÃO PARA NEM PARA GRACE JONES














É inacreditável pensar que a jamaicana Grace Jones tem hoje 62 anos. Acho que eternizamos a imagem dessas pessoas públicas e quando percebemos que o tempo passou também para elas, ficamos surpresos. Ela sempre foi um ícone no mundo das celebridades da moda, musica e cinema. Seu visual andrógeno e exótico de se apresentar em publico e shows, virou referencia para muitos artistas que vieram depois. De uma beleza agressiva e roupas extravagantes, sua presença forte sempre chamou a atenção das pessoas nas principais avenidas e locais badalados do mundo.


Nascida em 19 de Maio de 1948 na Jamaica, Grace se instalou em Nova Iorque onde virou modelo desfilando nas mais consagradas passarelas e tornando-se capa das mais importantes revistas da Europa e do mundo. Como cantora e atriz, deixou sua marca pessoal através da voz marcante e sua presença cênica intransferivel. 















Em Outubro de 2009, a Diva veio a o Rio de Janeiro para participar do "Oi Fashion Rocks", evento de moda/ musica, onde foi fotografada na varanda do Copacabana Palace. Apesar dos elogios dados pela imprensa sobre seu físico, que não aparenta a idade que tem, Cazuza tinha razão ao dizer em sua musica: "O Tempo Não Para, Não Para,.. Não". 

Plantão da madrugada

É duas horas da manhã e estou sem sono;  daqui da janela vejo o cara solitário dançar lá embaixo e me pergunto o que faz ele dançar  a esta hora da noite, na rua, na chuva e sem musica. Ele desliza seus pés com chinelos de dedos, em algo que parece areia sobre a calçada. 
É fácil vê-lo daqui com sua bermuda branca e camisa xadrez; um ponto que se destoa de tudo em volta, nesta noite com atmosfera fria e chuvosa de inverno. 
Embora esteja distraído em seus movimentos desajeitados, parece tentar imitar a perfeição dos  passos de Michael Jackson. 
Fico com medo de ser descoberto em seu momento particular se ele olhar para cima e perceber minha invasão. 
Minha  janela é a única aberta e  iluminada  por um abajur nesta madrugada, enquanto a chuva fina cai,  formando uma leve névoa cinematografica que não parece real. 
Fixo meus olhos em outra direção para evitar um possível flagrante e quando retorno, ele desaparece na esquina, à passos normais sem me perceber.

O jantar de hoje

Depois do longo engarrafamento, pude chegar ao jantar e deliciar-me com o  magnifico Risoto de camarão, Suflê de Couve-flor gratinado e salada verde com molho de maionese e gengibre,  ( i ..,nem ai para as calorias e arrependimentos posteriores....).  Disseram-me que a receita foi respeitada à risca pela anfitriã e cozinheira que já havia bebido pelo mesmos três garrafas de pro-seco. A conversa rolou desde viagens imaginarias, sonhos inexplicáveis e até contatos com o alem. E agora como faço para desligar a luz, deitar na cama e dormir com tranquilidade para a labuta de amanhã?

O melhor lugar do mundo

Falta pouco tempo eu sei, mas hoje fiquei pensando em Paris planejado para Dezembro. 
Talves Índia e China sejam os melhores  lugares para se eternizar lembranças.
Tantos estão em busca de  um lugar magico com respostas que talves nem existam. 
Quem sabe o melhor lugar do mundo seja aqui e agora! Quem sabe?.. Mas eu sou muito curioso!

Todo o dia é dia de indio

Durante esta tarde atendi um homem com obesidade mórbida e que também sofria de fortes dores nas articulações dos braços e pernas. O diagnóstico descrito em seu laudo medico era  um tipo de artrite não especifica que lhe causava a dor na qual queixava-se e motivo pelo qual fui chamado. 
Fui orientado pelo medico a aplicar-lhe um analgésico intra-muscular para alivia-lo, ele foi logo expondo o braço e  me dizendo:
_Faz deste lado onde esta a dor, assim o remédio chega mais rápido!

Civilidade animal

Se você não tem o que fazer e quer achar alguma distração num desses dias quentes e ociosos, é possível ir até um dos shoppings centers espalhados pela cidade e olhar vitrines, pegar um cineminha à tarde ou no inicio da noite, sentar numa das praças de alimentação para tomar um chope gelado ou somente sentar ou ficar caminhando sem rumo, observando a fauna que circula nestes lugares de classe média que cheira a perfume de marca e tenta apresentar civilidade.
Meu objetivo hoje, não foi  me distrair no Bourbon Shopping, o que às vezes faço, mas pagar algumas contas que estavam por vencer e então quando retornava do segundo piso para me deslocar até o estacionamento, percebi uma senhora bem vestida com três poodles brancos, sentados do seu lado, num banco de madeira e presos por delicadas guias no pescoço.
O mais engraçado de tudo, é que ela equilibrava entre os dedos de uma das mãos erguida, três sorvetes de casquinha, que tentava alimentar os cães seguros pela outra mão. Eu conclui que era um sorvete para cada animal, que alvoroçados com as guloseimas começaram a pular em seu colo, pescoço e cabelos, completamente melados de baunilha, chocolate e morango.  Os cães ainda latiam para ela em sinal de  protesto, acho que tinham pressa em devorar os sorvetes.
Ela por sua vez, gritava com os animais, como essas mães que não tem controle sobre os filhos mal educados e depois disfarçava, observando na espreita a reação de quem passava curioso com a situação. Ela provavelmente acreditava ter alguma civilidade nesta relação propositalmente exposta ao público.

Impressões

Depois de sair do plantão, visitei minha mãe; Ela me pareceu estar menos preocupada, agora que seus exames médicos descartaram a hipótese de algum problema mais serio. Isto afastou seus medos deixando-a mais segura e com a expressão mais leve.
Eu não gosto de ir até lá, embora sinta a necessidade de visita-la com mais frequência. Acho que é o ambiente familiar que me angustia e me dá a sensação, (já de muito tempo), de que não faço parte daquele meio de poucas afinidades que a cercam.  
Minha família me faz despertar certas inaceitabilidades na qual não consigo lidar...
Hoje acordei cedo com uma sinfonia histérica de gatos no cio. Faz dias que isto tem acontecido acordando-me aos sobresaltos, mas não me sinto encorajado a afugenta-los  e depois continuar a dormir. 
Minhas férias começarão daqui  a uma semana e parece que meus planos menores, acabaram por não se construírem como planejei. Mas planos são simplesmente planos e não tem garantias de execução em prazos fixados. De qualquer maneira, sinto que mudanças correm a galope na minha direção, levantando poeiras  que ainda dificultam-me identifica-las.

Vivendo num Planeta Verde

E se o homem fosse obrigado a viver sobre a copa das árvores que lhe dificultasse o acesso a superfície  da terra no qual está acostumado a viver e retirar o seu sustento?
Se a superfície do planeta de alguma forma viesse lhe causar alguma espécie de risco a sua vida, obrigando-o a procurar outro ambiente?
Se tivesse de fazer da copa das árvores seu habitat natural dividindo-o com outros animais como macacos, aves, serpentes e uma variedade de insetos, se submetendo a diversas intempéries, chuvas tropicais, calor intenso e atribulações da vida diária em abrigos construídos sobre árvores com mais de trinta ou cinquenta metros de altura?
Foram estas as perguntas que me fiz, ao assisti um documentário na TV do (Discovery Science), onde um grupo de cientistas e pesquisadores, acompanhados de câmeras, passaram algumas semanas trabalhando e vivendo em plataformas de observação a muitos metros acima do solo. O objetivo deste grupo era a realização de pesquisas sobre uma espécie de primatas em extinção numa região  selvagem da Africa Central.
Eu fiquei fascinado por este documentário, por mostrar também o que talvez não fosse o foco principal do documentário (os primatas), mas revelar  um modelo novo de adaptação e sobrevivência do homem ao que ele não está acostumado.
E saibam que não foi tarefa fácil  para eles viverem algumas semanas em grandes alturas, presos por cordas e adaptando-se com temperaturas  radicais e formas de locomoções que poderiam oferecer-lhes riscos as suas vidas a todo o instante.  Sem sombra de duvidas aquilo tudo era um mundo à parte e diferente de tudo que já experimentaram.
Este documentário embora tivesse como objetivo estudar a questão dos hábitos dos macacos e sua possível extinção, abriu paralelamente a discussão sobre a possibilidade de readaptação do homem, num mundo novo dentro de seu próprio planeta, num ambiente completamente diferente se algum dia surgisse necessidade.

Opinião vaga sobre mistérios

Mistérios são situações sem respostas ou cujas as respostas não se tem explicação lógica ao nosso alcance ou  será que vai muito alem disto?..
Não sei não.., situações sem respostas podem conter ou não mistérios, desta forma os mistérios podem ser implementos de carater puramente emocional embutidos num complexo enredo de fatos; Como uma empada composta de varias camadas folhadas e um recheio que não conseguimos distiguir o sabor.
Charles me disse que o bom do mistério é que quando o desvendamos, partimos em busca de um outro. 
Uma amiga minha era envolvida em muitos mistérios, e assim era vista como uma pessoa misteriosa. será que ela gostava que vivessem ao seu lado numa longa tentativa de descobertas?
Para se desvendar mistérios tem que ter  subjetividade; habilidade para mergulhar nas sub-linhas  reticentes da verdade depois vir à tona e respirar um pouco.

Parede indiscreta

Algumas situações do cotidiano parecem imitar algumas cenas de  cinema, me tomando de surpresa quando me deparo com alguma delas. Eu ja devo ter postado aqui no blog, certas vivencias deste tipo em outros momentos da minha vida e hoje aconteceu mais uma vez, quando eu estava sentado na sala onde aguardo as ocorrencias e ouvi alguns murmurios vindo da parede ao lado e que me chamou a atenção por ser extremamente triste e deprimente. Esta situação me fez  lembrar inevitavelmente de Another Woman - do Woody Allen, filme que revi na semana passada. 
Eu ja havia ouvido em outros momentos vozes vindo da outra parede sem deter muito minha atenção, mas desta vez como era um domingo calmo, com uma brisa rara soprando nestes dias de muito calor, meus sentidos pareciam mais abertos e sensiveis a tudo a minha volta.
Devo explicar que esta sala onde eu me encontrava, era no passado separada da sala vizinha, por uma  porta de madeira que se mantem no lugar até hoje, mas acrescido de um leve armario de ferro encostado sobre ela, impedindo o livre acesso entre as duas salas tornando-as independentes, mas sem preservar o isolamento acustico. Isto significa que o que é dito numa sala pode ser ouvido na outra, sem muitos esforços. 
De um lado ficamos eu e o motorista aguardando os chamados de emergencias, do outro; reuniões, ensaios de  corais religiosos e encontros de dependentes químicos e usuarios de drogas, durante algumas tardes, com depoimentos como desta mulher sem rosto e que me fez ficar atento e pensativo com suas palavras:
_Eu as vezes não sei quem eu sou e..., então me sinto..., muito parecida com ele!..
_Eu... tenho tanta raiva dele... e..., do que ele me transformou!... 
_Mas sei que não é só responsabilidade dele,.. é minha tambem ...e isto me deixa muito angustiada por ser irresponsavel e...,não conseguir ser uma boa mãe,... uma boa pessoa... 
Depois outras vozes se misturaram a dela e não foi mais posivel ouvir seu depoimento.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...