Duos brasileiros.

Depois de muitas tentativas frustradas, para conseguir via Internet uma senha que eu deveria depois trocar por um ingresso de entrada no show "Duos brasileiros" desta Sexta- feira as 20h., no Salão de Atos da UFRGS, eu decidi pelo risco de ir assistir ao ensaio aberto na Quinta- feira, pois este não havia a necessidade de ingresso e me permitiria ao menos ter uma ideia do como seria o show, caso não conseguisse vê-lo. No final, a sorte foi minha aliada e consegui facilzinho, facilzinho, três ingressos para assistir ao show e também já assistir ao ensaio uma noite antes, que diga-se de passagem, estava muito, mas muito bom! 

A proposta deste mês de Outubro pelo projeto Unimúsica da Pró-Reitoria- UFRGS, foi de colocar no palco juntos nada menos que, Ná Ozzeti com seu vasto curriculo como cantora e compositora que eu já conhecia de outras apresentações, com André Mehmari no piano; Mônica Salmaso que eu não havia assistido em nenhuma apresentação ao vivo, mas que tenho a maior admiração por seu trabalho, técnica vocal e afinação indiscutível ao lado de Teco Cardoso saxofonista e flautista renomado; Izabel Padovani que foi pra mim a surpreendente revelação pela sua grande qualidade musical e o fato de não conhecer seu trabalho e a o lado do baixista gaúcho Ronaldo Saggiorato.

O Show:
Bem, eu não preciso dizer que o show estava magnifico e a plateia os aplaudiu de pé após cada musica. O encontro dos seis musicistas foi o casamento perfeito na arte de tocar e cantar, costurado de excepcional entrosamento, harmonia e sensibilidade, proporcionando aos presentes, momentos raros da melhor musica contemporânea brasileira. 


O Repertório:
As musicas escolhidas para o repertório do show, foram entre outras as indiscutíveis: Gabriela- de Tom Jobim; Pra Que Discutir com Madame- de João Gilberto; Canto Em Qualquer Canto- de Ná Ozzeti; Minha Palhoça- de J.Cascata; Baião De Quatro Toques- de Zé Miguel Visnik; Casamento De Negros- de Violeta Parra; O Ciume- de Caetano Velosos; Felicidade- de Lupicínio Rodrigues; Pés No Chão de autoria de Maria João e Mario Laguinho,  cuja musica soa como improviso vocal, mas possui letra em forma de jogo sonoro delicioso e sofisticado. Esta ultima, interpretada belissimamente por Izabel Padovani que você pode ouvir aqui e Mônica Salmaso durante a noite de ensaio e no espetáculo.



O Ensaio Aberto:
Eu ainda não havia participado de ensaios aberto ao público e achei por demais interessante, pela oportunidade de se conhecer a construção de arranjos, harmonia vocal e alguns improvisos necessários na montagem de um espetáculo. Além disto parece surgir entre os músicos e a platéia que os assiste, uma certa cumplicidade do tipo, quando é mostrado os segredos de uma boa receita antes do prato ficar pronto. Nestes momentos (de exercício musical), nada é definitivo e por isto é ensaiado varias vezes uma mesma musica na busca da perfeição final. Isto termina por oferecer uma gama de interpretações em vozes e tons diferentes que acaba enriquecendo quem ouve e gosta de boa musica. 
Às vezes tudo parece estar pronto, mas um pequeno detalhe, faz com que a musica ou a letra perca ou ganhe uma valorização maior e necessária, o que é preciso rever, ajustar, produzir novos efeitos. O ensaio aberto passa ser não só um prolongamento antecipado do que será o show, mas uma continuidade dele, um show à parte.
Como disse Mônica Salmaso sentada no chão do palco, ao lado dos outros músicos, num papo descontraído conosco da platéia. "A gente combina, combina e na hora do show descombina tudo do que foi combinado!" Risos.

CHEIROS INCONFUNDIVEIS

Hoje saindo do edifício onde moro, depois de abrir a porta do elevador, senti aquele cheiro forte de perfume Lancaster, que nem sei se ainda existe no mercado para venda e se existe deve ter baixado de posto por sua fama de perfume extremamente forte e usado por boêmios de conceitos duvidosos. Era desta forma que minha família relacionava o perfume a pessoa. Lembro-me de seu cheiro forte desde os tempos da adolescência quando ganhei um vidro e me perfumava excessivamente com sua essência e minha mãe reclamava do cheiro. 

Os tempos são outros e acho que não só caiu de moda pela substituição de outras fragrâncias mais modernas, como também se eternizou na lembrança das pessoas que viveram nos anos 60 e 70, junto com a aparecimento do jeans nos meados dos anos dourados. 
Cheiros como o Lancaster, do Almíscar Selvagem e do Patchouly, ficaram gravados na memoria olfativa e emocional de quem os usou ou conviveu com o seu cheiro, marcando personalidades subjetivamente como  forma de vida e de atitudes de uma época.
Muita gente que usava o Patchouly, acreditava que sua fragrância era feito da maconha, assim como o Almíscar do sêmen de um bode oriundo de Malta. É claro que isto não é verdade. Hoje temos tantas fragrâncias à nossa disposição, que  até nos confundimos com os diversos cheiros que por vezes são tão similares. 
Uma coisa eu sei, mesmo depois de muito tempo e de saírem de moda, estes perfumes são inconfundíveis até hoje.

Nos buracos haviam monstros

Eu estava num hotel ou numa pousada, quando da janela do quarto, no segundo andar, percebi um grande buraco e muito profundo, rente a estrutura do prédio. Curioso e impressionado com aquela descoberta, desci até a rua para saber do que se tratava e com uma maquina fotográfica para registrar, o que me parecia por demais estranho. 
Algumas pessoas, moradoras do lugar que caminhavam pela rua, me confirmaram a sua existência, alertando-me para que eu tivesse cuidado, pois a região era cheio deles e muitas pessoas e também casas, já haviam sido literalmente engolidas por eles.
Gritei para o meu colega Garcia e para o Junior, filho de uma amiga, que estavam hospedados comigo, mas eles pareciam não me ouvirem, demonstravam a certa distancia, desinteresse ao meu chamamento. 
Irritado com a desatenção deles, cruzei por um terreno íngreme e de pouca vegetação para ter acesso ao estranho buraco, quando percebi no caminho uma enorme pedra com pequenos orifícios onde haviam olhos atentos que me observavam. Os olhos eram assustadores e não humanos; eram tão grandes como destas figuras mitológicas assustadoras. Aproximavam-se e afastavam-se dos orifícios de pedra demonstrando algum receio de terem sido descobertos. Eu sentia não ter forças para continuar o caminho ou retornar, somente acordar daquele pesadelo e esquecer aqueles olhos que me observavam desconfiados.

Quantas vezes se morre?

_O que o senhor esta fazendo aqui moço, se eu morri ontem? Me perguntou o idoso, deitado sobre a cama, com os olhos de pouco brilho e aspecto de doente.
_Como o senhor pode ter morrido ontem se esta falando comigo e agindo como se estivesse vivo? Revidei num clima de brincadeira.
Risos.
_Eu morri  quatro vezes senhor. Hoje voltei, pouco antes do senhor chegar, mas ninguém acredita em mim, dizem que invento façanhas como um mentiroso. Morrerei muitas vezes ainda e agora pode ir, estou bem!

Noite de autógrafos

Aconteceu nesta Quinta-feira 29, na Livraria Saraiva, segundo piso do Shoping Praia de Belas a noite de autógrafos do novo livro de Fernando Morais "Os Ultimos Soldados da Guerra Fria", que conta a história da Rede Vespa, um grupo de agentes cubanos infiltrados nos Estados Unidos, na década de 1990, com o objetivo de espionar grupos anticastristas sediados na Flórida. Fernando Morais para quem não está lembrado é escritor dos livros "A Ilha" de 1976 relato de uma viagem a Cuba e "Olga" lançado em 1985 e reeditado em 1994 que descreve a trajetória trágica de Olga Benário, recrutada pelo governo soviético para dar proteção ao líder comunista brasileiro Luís Carlos Prestes, com quem viveria um romance antes de ser presas e deportada pelo governo Vargas e morta na camara de gás na Alemanha nazista.
Morais fez uma declaração sucinta do processo de criação de seus livros e em particular do ultimo, assim como a participação de sua esposa historiadora, a quem ele chama de italiana, e que o ajudou através de criticas positivas no tipo de linguagem a ser usado no livro, mantendo os cuidados necessários a qualidade que exigia a história. Falou das entrevistas feitas com alguns membros do grupo cubano e de algumas dificuldades em suas pesquisas de campo para a elaboração da história.
Logo depois de sua palestra e da abertura de espaço aos presentes fazerem perguntas, a fila de autógrafos começou a crescer tanto que dobrou pelos corredores da livraria, assim como no balcão de vendas do livro. Lastimei por não ter comprado o livro antes e ter a sua assinatura na contracapa, mas a o mesmo tempo sei o quanto me torno impaciente nestas filas intermináveis.

Sentimentos primários

Acordei com fome de café, pão e manteiga, mas antes eu queria morder aquele mamilo saliente por traz daquela tatuagem de Shakira, que não me sai da cabeça, somente para vê-lo inchar e depois sangrar discretamente. Não, não é tesão, é apenas curiosidade mesclado a sentimentos primários e de maldade, para ver como ele se comportaria depois da mordida. Por hora, vou preparar o meu café  para não ter de afiar os dentes.

Dois.

Observar esta chuva caindo me transforma em dois: Um que fica introspectivo, buscando poesia em detalhes naturais ou camuflados desta vida e o outro. Bom o outro é absorvido pela ansiedade que prende seu corpo entre quatro paredes, deixando-o tão limitado quanto as gotas de chuva que caem e espatifam-se no asfalto. Qual liberdade estes dois buscam, a da alma ou a do corpo? 
Não seria tudo uma coisa só, ou apenas conceitos modificados pelos jogos de palavras? Introspecção e ansiedade não vem da mesma caverna subterrânea?
Ah essa chuva fina que se arrasta pela manhã!.. E ainda este vento frio que assobia pelas arestas...

AS PALMEIRAS SOBRE A PONTE


Que bom que o inverno se foi sem deixar saudades daqueles dias de muita chuva e frio como a muito tempo não se via e sentia por aqui. Até eu que gosto de invernos, já estava angustiado com tanta chuva, que me limitava possibilidades, impedia passeios e adiava alguns encontros. 
Mas independente dos dias frios e chuvosos que se foram e os de temperaturas amena que agora tem feito no inicio da Primavera, a cidade tem exibido alguns ângulos e detalhes, que antes não havia me chamado a atenção, como nestes últimos dias. 
Inúmeras vezes passei pelo cruzamento da Avenida Ipiranga com a João Pessoa e percebia alguma coisa  diferente, mas sem que me detivesse na evidencia, no raro detalhe, visível na minha frente. Talvez meus olhos percebessem o erro, mas meu cérebro não processava o que via.
Falo das Palmeiras plantadas sobre a Ponte na Avenida João Pessoa, que cruza sobre o Arroio Diluvio. Passamos tão apressados ou tão desatentos, que não nos damos por conta que estão plantadas sobre uma ponte cuja a superfície obviamente está suspensa e isto a torna esteticamente muito singular a outras. 
Me pergunto como estas enormes palmeiras conseguiram fixar suas raízes, crescerem e se tornarem tão majestosas e fortes num lugar que aparentemente me parece tão improprio para resistirem rajadas de vento sem tombarem, o que provocaria grandes estragos? 
Durante o inverno e nas estações de vento, elas se curvam tanto que dão a sensação de que a qualquer momento poderão cair.

Li no blog "Amigos da Rua Gonçalves de Carvalho", num post recente (de autoria de Angela Tavares), que estas palmeiras foram plantadas em 1940 por ocasião do bicentenário da cidade, no governo de Loureiro da Silva, que através de um projeto cujo conceito era "Monumentar" a cidade, objetivava enfeita-la para as comemorações de seu aniversário, além da revitalizar pontes e praças. 
O novo prolongamento da avenida além da ponte em estilo “Art nouveau”, ganhariam canteiros centrais, ornados com Palmeiras Imperiais. 
Eram muitas as edificações a serem feitas num curto prazo de tempo e os trabalhadores foram orientados para executar o plantio nos canteiros da avenida, saltando o leito da ponte. Sem se darem por conta, plantaram também onde não estava previsto. 
As palmeiras cresceram e o descuido dos trabalhadores, transformaram estas palmeiras num cartão postal pouco conhecido de quem passa por ali.

Onde nasce o Diluvio?




Mas afinal, onde nasce o arroio Diluvio?
O Dilúvio é o maior riacho que corta a cidade de Porto Alegre, em consequência a este fato, acaba cruzando por grande parte dos trechos urbanos da cidade que em décadas passadas, inundava com grande frequência alguns bairros localizados a sua margem como o Menino Deus, Azenha, Santana e a Cidade Baixa. 
O Arroio Dilúvio nasce na Lomba do Pinheiro, Zona Leste da Cidade, na Represa da Lomba do Sabão localizada no Parque Saint-Hilaire em Viamão. Recebe vários afluentes como os arroios dos Marianos, Moinho, São Vicente e Cascatinha e deságua no limite entre os parques Marinha do Brasil e Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia).


Arroio Moinho/ Vila João Pessoa 

Seu nome de origem era Arroio Sabão por nascer na represa de mesmo nome, mas as frequentes chuvaradas com consequentes inundações, acabaram lhe conferindo um segundo nome, Diluvio.
Antigamente, o riacho dasaguava na Ponta da Cadeia, (que hoje não existe mais), ao lado da Usina do Gasômetro, e antes de chegar ali passava embaixo da Ponte de Pedra, que existe ainda hoje, perto do atual Largo dos Açorianos.


A microbacia do Dilúvio tem cerca de 80 quilômetros quadrados, dos quais 19% estão localizados no Município de Viamão. 
Este importante córrego da cidade recebe anualmente 50 mil metros cúbicos de terra e lixo em suas águas. Isso equivale a dez mil caminhões-caçamba cheios. O Riacho carrega ainda o esgoto cloacal de três bairros para o Guaíba. Por isso, o Arroio Dilúvio e seus afluentes necessitam de limpeza e dragagem periódicas.

MONTENEGRO O PICO MAIS ALTO DO RGS.

Depois de alguns meses amaciando a ideia no planejamento deste passeio e nos frustrando com as previsões de chuva que mostraram-se adversas, férias, folgas e trocas de plantões entre colegas que não fechavam nas devidas datas, eu e minha colega Ana Carla, decidimos pelo feriado da semana farroupilha para realiza-lo.



O objetivo era conhecer os circuitos turísticos e históricos das cidades de Bom Jesus, São Jose dos Ausentes, Cambará do Sul e o Pico Montenegro, ponto mais alto do Estado do Rio Grande do Sul, não nos importando com que cara o tempo se mostraria. Tínhamos apenas 4 dias para fazer isto e sabíamos que talvez não fosse possível ver tudo; de qualquer forma nos arriscamos, pegando dias ora ensolarado, ora nublado e finalmente chuvoso, mas cientes de que valeria a pena.



O GRUPO:
Era composto por nove pessoas interessadas nesta proposta: Ademir, Denair, Ana Carla, Vanderlei, Rosane, Beto, Cristina, Milene e eu, num comboio de três carros, para dividirmos esta experiencia nas cidades mais frias do Rio Grande do Sul e o Montenegro.



Sábado 17/09/2011
Porto Alegre/ São Chico:

A saída de Porto Alegre se deu na manhã do dia 17, com parada combinada no canteiro central da Avenida Borges de Medeiros, em São Francisco de Paula, nas proximidades da "escultura da Carreta" para reunir o grupo, almoçar e seguir viagem, para o que seria nossa primeira cidade, Bom Jesus. O deslocamento durou cerca de três horas. A subida pela serra, nos presenteou com paisagens fantásticas, como enormes paredões de pedra, morros, campos, pontes, rios e cachoeiras do qual parávamos para contemplar e fotografar tamanha beleza.




A Pousada de nossa escolha foi a"Truta Rodrivaris" contatado por Ana, na BR- 285/Estrada da Maçã, vindo de Vacaria, sentido B. Jesus. Não oferecia um serviço sofisticado, os apartamentos e cabanas eram simples, mas muito confortáveis com aquecimento elétrico, ar condicionado opcional, lareiras, frigobar, restaurante à la carte, TV com antena parabólica, internet Wireless, trilhas pela mata nativa, passeios à cavalo, pesque e pague. Além de um bom café da manhã e a simpatia de seu Flavio, administrador e proprietário do lugar.



O primeiro dia, serviu para nos acomodarmos na pousada, conhece-la, descansar da viagem e planejar os passeios que faríamos nos próximos dias.




BOM JESUS:
É uma cidade pequena no nordeste do Rio Grande do Sul, marcada inicialmente por indígenas que viveram na região e mais tarde os primeiros bandeirantes paulistas e tropeiros lagunenses que procuravam além de gado, (produto de muito interesse naquela época), novos caminhos entre São Paulo e Colonia de Sacramento, para facilitar o escoamento dessas riquezas.

MANGUEIRÕES DE PEDRA:
Muitos desses pioneiros instalaram-se com fazendas de criação na região, deixando até hoje marcas culturais inapagáveis nos costumes, gastronomia e arquitetura do lugar. Um desses vestígios, são os mangueirões de pedra, construídos por tropeiros e jesuítas que fugiam das missões, hoje considerados museus de pedra ao ar livre e  uma das construções mais antigas do Estado. Uma volta ao passado é observa-los e viajar no passado e imaginando o que nossos antecedentes fizeram a mais de 100 anos, relembrar as lutas dos homens pelo seu espaço. Construído manualmente, esses mangueirões (taipas) serviam para divisão de suas estâncias e querenciamento de seus gados.

TAIPAS OU MANGUEIRÕES
Uma taipa de pedras é uma cerca feita apenas com pedras empilhadas. Há cem, duzentos ou trezentos anos atrás, as taipas eram as cercas comuns nas fazendas e foram erguidas por índios, negros e peões de fazendas. Elas riscam o chão dos campos e matas do Rio Grande do Sul parecendo longas serpentes seguindo em direção ao horizonte, desaparecendo em alguma canhada e ressurgindo novamente numa coxilha, parecendo que brinca de esconde-esconde com o observador. Hoje há remanescentes destas obras em vários lugares, principalmente nos municípios dos Campos de Cima da Serra, como São Francisco de Paula, Cambará do Sul e São José dos Ausentes. Era através delas que, em alguns trechos, passavam as tropas de mulas rumo a São Paulo, em longos corredores murados tendo, em pontos estratégicos, os currais para descanso das tropas, igualmente feitos de pedras.


O QUE VER NO CENTRO DA CIDADE:
No centro de Bom Jesus, é possível observar muitas construções em madeira ainda preservadas, datadas do período de 1915 à 1970, nas proximidades da praça Rio Branco. A arquitetura é pouco convencional as construções que se vê nos dias atuais, são simples e muitas em forma de taipas construídas principalmente nas áreas rurais, nos remetendo para alguns cenários históricos vividos durante a época dos tropeiros e as lutas Farroupilhas.



O City Tour no centro da cidade, pode ser feito por agendamento na secretaria de Turismo e inclui a Praça Rio Branco, a Igreja Matriz Senhor Bom Jesus e o Museu e Arquivo Municipal. Neste dia havia apenas um funcionário que nos recebeu com bastante interesse e me indicou lugares de interesse histórico e cultural da cidade, como as casa subterrâneas dos índios caingangues que podem ser agendadas.



CASAS SUBTERRÂNEAS DOS ÍNDIOS CAINGANGUES:
As antigas construções dos índios Caingangues, cujo o trajeto pode ser feito a pé ou de carro, numa distancia de aproximadamente 1 km do centro da cidade, não necessitou de um guia, pois a s descobrimos pedindo informações a os moradores.

LOCAL DO SITIO ARQUEOLOGIA:
O sítio arqueológico está situado no bairro Leotídea no Parque Farroupilha. Conforme algumas pesquisas, os Caingangues foram os primeiros habitantes da região, onde deixaram vestígios de sua civilização em vários pontos do município, descobertos em escavações. Os índios alimentavam-se de pinhão e utilizavam este tipo de moradia subterrânea para se protegerem do frio rigoroso desta região.



Eu estive pesquisando em alguns sites na Internet, de que forma os Caigangues se alojavam nestas casas subterrâneas e como as construíam. Então encontrei no blog São Francisco de Paula o desenho abaixo, que mostra num desenho simples, de que forma eram feitas e se alojavam para se protegerem do frio da região.




A IGREJA MATRIZ DO SENHOR BOM JESUS:
Construída em estilo gótico em 1940, fica localizada em frente a Praça Rio Branco, no centro da cidade. Dizem que levou mais de vinte anos para ser concluída.



VOCÊ CONHECE GILA?
A economia do município esta baseada na agricultura e pecuária. O principal destaque é a produção de maçãs onde a cidade é o terceiro maior produtor do estado. Mas é uma fruta de origem portuguesa que chegou a região, pelas mãos dos tropeiros, é que parece ser o orgulho dos moradores. Sua aparência lembra uma melancia, porém com a polpa branca e fibrosa, sendo utilizada na preparação de doces em calda ou cristalizados. Também é possível criar iguarias salgadas. A fruta é encontrada nas propriedades rurais e também em muitos quintais no centro da cidade. A Festa da Gila, acontece todos anos de 14 à 17 de Julho na cidade.



Domingo 18/09
SÃO JOSÉ DOS AUSENTES:
Levantamos cedo e após o cafe e nos deslocamos até São Jose dos Ausentes para conhecer a cidade e suas atrações. São 45 quilômetros de distancia por uma estrada asfaltada e com pouquíssimo fluxo de veículos, na BR- 285, que liga as duas cidades vizinhas. A cidade pareceu ainda menor do que Bom Jesus e decidimos registrar nossa presença no famoso termômetro que é um simbolo da cidade ao lado da Igreja Matriz.





Como o Centro de informações Turísticos local neste dia estava fechado por ocasião do desfile farroupilha, pedimos informações aos moradores, que explicaram como chegar ao Pico Montenegro com 1.403 metros de altitude, considerado o ponto mais alto do Rio Grande do Sul. O Pico fica localizado na borda do cânion de mesmo nome, no 2º Distrito, à 45 km do centro de São José dos Ausentes, na quase divisa com o Estado de Santa Catarina.



O local é acessado por estrada de terra (estrada Municipal Silveira) e não oferece nenhum tipo de estrutura de visitação, bastando disposição e paciência para uma boa caminhada. Depois que estacionamos o carro na estrada de acesso ao cânion, ainda caminhamos cerca de 500 metros até a fenda com uma visão magnifica do litoral de Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, sem nada dever aos famosos Fortaleza e Itaimbézinho.
O horário ideal para se visita-lo é pela manhã, para evitar o fenômeno chamado "viração", em que uma camada espessa de nuvens emerge das profundezas, cobrindo o cânion e impedindo toda  e qualquer visibilidade.



Naquela manhã o dia estava claro e não foi à toa que ao chegarmos diante da imensa fenda, Ademir declarou que somente aquela paisagem diante de seus olhos, já tinha valido à pena toda a viagem. Ficamos por ali algum tempo caminhando e contemplando sua majestosa beleza e nos questionando como a natureza era capaz de criar tudo aquilo tão absurdamente gigantesco e belo.



Depois da visita a o Montenegro, retornamos para estrada onde havíamos deixado os carros e fomos a o encontro da Cachoeira dos Rodrigues, cujo o acesso se dá pela fazenda dos Potreirinhos à 10 km de distancia, de uma bifurcação na estrada onde encontram-se placas de sinalização.



Ainda na estrada de terra pudemos observar de dentro do carro, a uma certa distancia, OS DISNIVEIS DO RIO DIVISA E SILVEIRA, cuja vazão é responsáveis pelo complexo de cachoeiras naquela região. Os dois Rios são paralelos e quase se unem, ficando apenas uns 5 metros de distancia um do outro, num desnível de uns 20 metros de altura e separados por uma parede de rocha. Para se ter uma visão real de sua beleza, é necessário atravessar o leito de um dos rios, na parte mais rasa e subir sobre as rochas e deslumbrar-se com mais uma maravilha que a natureza foi capaz de criar.



Nas dependências da Pousada de nome "Cachoeirão dos Rodrigues", chegamos até um mirante natural no meio da mata que descortinou uma das mais belas cachoeiras da região, a cachoeira dos Rodrigues, com uma queda d'água de 28 metros de altura e varias sucessões de quedas d'água. A trilha é feita numa caminhada de mais ou menos uns 300 metros entre campos, mata e plantações de pinheiros.



Nesta cachoeira foram gravadas as cenas da novela "O Profeta", pela Rede Globo e levada ao ar entre 2006 e 2007. Uma das pousadas serviu de abrigo aos atores durante as gravações, motivo de orgulho desses proprietários, que exibem algumas fotos em sua recepção.



Depois deste magnifico passeio, retornamos para a pousada em Bom Jesus, pois precisávamos descansar e refazermos nossas energias, para realizarmos a Trilha da Lontra, nas dependências da pousada.



Segunda- Feira 19/ 09
TRILHA DA LONTRA:
Esta trilha de 2,5 km começa nas imediações da pousada Truta Rodrivaris em B. Jesus e é toda sinalizada. Seguindo pelas cabanas até a toca da lontra, pois ali geralmente é avistado algum bicho desta espécie, nadando, ou em suas tocas. Possivelmente naquela manhã elas estavam escondidas, pois não encontramos nenhuma pelo caminho. Pela trilha no meio do mato, passamos pela sinalização de uma antiga tapera, que segundo seu Flavio (dono da pousada), foi pouso de tropeiros pelo tipo das taipas muito antigas e que provavelmente tenha sido erguidas por escravos.



No final da estrada, cruzamos o rio e ultrapassamos para a fazenda vizinha onde caminhamos por sua margem, que mais à frente encontra-se com um segundo rio aumentando a vazão de água, formando uma belíssima cachoeira. Esta cachoeira possui uma segunda queda.



Nos embrenhando pelo mato, encontramos uma terceira cachoeira escondida ao lado de uma caverna e uma ninhada de urubus que enquanto filhotes surpreendentemente tinham a plumagem amarela. O recanto descoberto parecia um elo perdido. O cheiro de mato úmido, o ruido da queda d'água caindo sobre as pedras, o canto dos pássaros, era uma prazerosa terapia para as nossas almas estressadas da rotina da capital.



Enquanto uma parte do grupo desbravava os recantos mais obscuros e intocáveis do lugar, a outra parte, deliciava-se no alto de uma rocha, banhando-se ao sol e observando a belíssima paisagem.



Na volta para a pousada, Milene encontrou esta bromélia caída na estrada onde decidiu resgata-la e encontrar um lugar seguro nos galhos de uma nova arvore. Voltamos para a pousada cansados e com a necessidade de um relaxante banho, enquanto Ademir, nosso cozinheiro oficial, decidia qual seria o cardápio.



Precisávamos decidirmos se ficaríamos mais uma noite por lá. Cris e Beto, (meus compadres), resolveram voltar para casa, pois tinham que retornar ao trabalho, enquanto o resto do grupo optou por mais uma noite, porém em Cambara do Sul para uma visita ao cânion Fortaleza.
Saímos à tarde de Bom Jesus, sob uma chuva torrencial e no meio da estrada tomamos a decisão, chegando durante a noite, no Hotel Fazenda Pindorama, para pernoitarmos ainda sob intensa chuva. Parecia que o grupo não queria que a aventura terminasse ali, mas se pudéssemos esticar um pouco mais, daria para aproveitar mais uma noite, descansar, tomar um café da manhã no outro dia e retornar para casa no outro dia descansados e sem chuva na estrada




Terça-feira 20/09
CAMBARÁ DO SUL E O CÂNION FORTALEZA:
No outro dia bem cedo, pegamos a estrada para o cânion Fortaleza, considerado o maior e mais belo de todos os cânions. Seus paredões têm 7,5 quilômetros de extensão e em alguns pontos, até 900 metros de altura. O nome se deve ao formato geológico, que lembra uma fortaleza.
Do centro de Cambará do Sul até o cânion, são 22 km por uma estrada com inicio asfaltada, mas a maior parte é de terra desparelha e pedregosa, fazendo com que o deslocamento seja lento e com muita atenção.



Logo que chegamos, o cânion estava todo encoberto pela neblina, talvez ocasionada pela calor do dia e a umidade da chuva que caíra durante toda a noite. Em alguns momentos feito magica, as nuvens se dissipavam e era possível observar parte de toda sua grandeza.


VIRAÇÃO:
O tempo na região é muito instável. A meteorologia raramente acerta nas previsões. Portanto, não se frustre caso você saia da capital com tempo claro e chegue em Cambará com tempo completamente fechado. Mas mesmo sob o fenômeno da Viração, tem-se a magnifica sensação de estarmos acima das nuvens.



Para se visitar o cânion não é cobrado ingresso. Como o local não possui infra estrutura, não possui centro de informações ao turista, lanchonetes ou sanitários. O único sanitário é junto à portaria a alguns quilômetros do parque, recepcionado por um único guarda ou fiscal. É proibido acampar no local e a entrada de qualquer animal doméstico.



No retorno para o centro de Cambará, pretendíamos visitar a Pedra do Segredo, mas a neblina espalhou-se tão rapidamente pela região, que até mesmo o acesso à ela ficou completamente encoberto nos desestimulando de visita-la.
Retornamos para Porto Alegre naquela tarde, depois de algumas compras numa loja de artigos e acessórios tradicionalistas na cidade.



Existe algo de libertador, de alegria infantil, de integração com a natureza e com as pessoas, de satisfação em nossas almas quando realizamos estes feitos, que não sabemos explicar e também compor conceitos, apenas sentir sua inexplicável grandiosidade interior que nos faz sentir mais gente.
 Até a próxima viagem!..


Por que eu não gosto do Rei

Eu cresci ouvindo as musicas de Roberto Carlos e algumas, dou a mão a palmatorio, pois me causam até hoje muita emoção principalmente se cantadas por outras vozes como de Maria Bethânia, Gal Costa, Nana Caymmi. Desta forma devo admitir que algumas de suas composições são tão boas, que estão sendo eternizadas em outras interpretações até hoje. 
Por muito tempo eu me perguntei se minha rejeição pelo rei era algum tipo de preconceito associado a sua presença cênica ou alguma coisa mais subjetiva. 
O que acontece é que ele me parece estar sempre numa posição de conforto, sentado em seu trono de rei, em cima  do muro esboçando um sorriso ensosso e muitas forjadas emoções. Em tantas entrevistas que concedeu para a TV, suas respostas foram sempre evasivas, cuidadosas, parecendo não querer escapar dos meandros do politicamente correto e assim não ofuscar os brios sociais, tornando-se o homem perfeito, aquilo que se espera de um rei coroado. 
Sua maneira estética de se apresentar em shows e na mídia é uma receita que deu certo numa determinada época mas que não se renovou, etiquetada nos valores da tradicional família brasileira que hoje declina no peso de suas mais solidas verdades. O tempo está passando e eu sinto que não demora para que novas e grandes emoções sejam sentidas, não através dele, mas por outros mais ousados e ele seja lembrado em seu devido local de destaque em cima do muro que um dia eu espero ser derrubado!

Diamante de Sangue

Ontem foi a hora da vez de "Diamante de Sangue", filme que conta a história de um contrabandista (Leonardo Di Caprio) que vê numa enorme pedra de diamante rosa encontrada por um pescador, (Djimon Hounsou), sua chance de recomeçar uma nova vida fora de seu país de origem. O pescador aceita lhe entregar a pedra desde que em troca, receba ajuda para a encontrar sua família arrasada pela guerra civil e conflitos em Serra Leoa. O filme é bastante comum e tem tudo que se espera de um filme comercial, explosões, mortes, sofrimento, paixões não assumidas e muita ação, o que detém o expectador  diante telinha. O problema é que eu não consigo desfazer de Leonardo Di Caprio, a imagem de eterno menino, mesmo  num papel de homem feito.

QUEM ESTA NA CHUVA É PRA SE MOLHAR.

Dona Maria me contou que o tombo que levou de mais de três metros de altura de uma galho de arvore no seu patio, se deu por pura desatenção e pela preocupação de não incomodar ninguém pedindo favores. Se tivesse usado a técnica que sempre usou, laçando o galho com uma corda em terra firme, não teria caído e que o acidente não passou de uma lição em sua vida. 
Íamos conversando dentro da ambulância, acompanhados de sua filha, que demostrava descordar da opinião da mãe. 
Eu até que me surpreendi a o saber que uma senhora de 72 anos havia caído de uma arvore, uma vez que é incomum uma pessoa nesta idade subir numa, mas ao perceber seu dinamismo e agilidade mesmo com dor, sua energia, lucidez e coerência, entendi suas razões.
"Sei que sou velha, mas não me sinto assim e tenho sob minha responsabilidade um filho surdo mudo que cuidarei até o fim da vida. Meus outros filhos já todos casados, vivem suas vidas e não quero criar dependência de ninguém. Antes da morte do meu marido entrei em depressão e só melhorei me entregando ao contato com a natureza que é o meu prazer diário. Quanto a cair da arvore, qualquer um poderia ter caído, até mesmo um guri de quinze anos, não é mesmo moço? Quem está na chuva é para se molhar!..".

Quanto de carne pegaste do buffet?

Depois do almoço, ganhei do vigilante do posto de saúde um bombom Sonho de Valsa, o que rendeu muitos risinhos maliciosos e pequenas comentários sinuosas através dos  olhares presentes. Antes meu colega já havia ganhado dele, na semana passada, uma caneta Bic comum, por ter perdido  a dele num possível atendimento domiciliar.
Mas para os maldosos de plantão, ganhar uma caneta não é o mesmo que ganhar um bombom não é mesmo? Implica em parecer um "adoçar de bico", uma especie de mimo com interesses implícitos, algum tipo de investimento camuflado por gentilezas sutis e segundas intenções. Afinal como admitir e deixar passar em brancas nuvens um homem dar um bombom para outro?
Eu fico impressionado com o nível de malicia das pessoas e com os pequenos motivos que as levam a distorcerem fatos, criando preconceitos. 
São as mesmas que falam maldosamente dos gordos, dos gays, dos negros, dos pobres, dos ricos, dos gentis, dos doentes, de todos. 
São as mesmos que não leem livros, não vão ao cinema, não viajam e que no intervalo do almoço ficam contando quantos pedaços de carne alguém pegou a mais do buffet.

Uma visita do passado

O ônibus panorâmico tinha as paredes praticamente cobertas de vidro e inclusive o této que posibilitava ver a chuva que caia do céu torrencialmente sobre nós. Eu e minha avó sentados num dos bancos observávamos as ruas arborizadas por onde passávamos enquanto falávamos de coisas comuns.
_Esta é a rua Castro Alves lembra?
_Claro que lembro vó!
Ela sorria com a expressão de saudades, olhando tudo em volta
_Nós morávamos lá pra cima, naaa!...
_Na Rua Liberdade! _ Respondi com precisão _Depois na Vasco da Gama, onde colhíamos as flores de Ipê Roxo que caiam na calçada!
_Sei!.. E agora onde tu moras?
_Por aí!.. _Respondi com certa preguiça a ter de dar longas explicações.
_Eu também, Tô por aí!..

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