Na esquina da Rua Valado com a Rua Evangelina Porto, existia uma armazém cujo o dono era um português chamado Manuel Vitorino. Ele tinha o rosto bonachudo, cabelos ralos e um bigode preto que quase fazia a volta no queixo proeminente. Ele deixava as frutas, verduras e legumes de seu armazém, dentro de caixas de madeira que vinham da CEASA na calçada, o que deixava meu tio muito irritado. Meu tio que trabalhava de motorista na fiscalização da indústria e comercio da prefeitura, dizia que aqueles produtos não podiam ficar apertados dentro de caixas, pois facilitavam o apodrecimento rápido dos produtos. Orientava ao português, que os colocassem num lugar com sombra e mais ventilado, o que o português por desinteresse ou esquecimento nunca fazia.
Em dias em que o tempo estava para chover, meu tio passava diante deste armazém e gritava: Olha chuva Vitorino! Este bordão ficou gravado na minha memoria e da minha família até os dias atuais e servia para lembrar ao português de recolher os produtos que estavam expostos na rua, além de causar-lhe provocação, já que costumava reclamar por traz do balcão que dias de chuva eram ruins para o comércio.
Com o tempo o armazém foi escasseando seus produtos e passando a comercializar apenas cachaça para os poucos clientes que a consumiam de pé na beira do balcão.
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