Seios que mamei

Eu tive uma namorada que me dizia que eu tinha um problema serio em chupar seios, em particular os dela que eram bem grandes e por vezes me sufocavam; e que este problema possivelmente eu havia adquirido na infância, quando em certa ocasião eu lhe contei que mamei muito pouco nos da minha mãe, por que o  leite secou e então ela se sentindo culpada por não te-lo, me arranjou uma ama de leite, do qual eu tinha que dividir as mamadas com seus dois filhos. 
Segunda esta minha namorada, tudo se transformou num grande problema dentro da minha cabeça de criança, quando eu descobri instintivamente que tinha de lutar por meu espaço na divisão daqueles seios para sobreviver e que eles não eram os da minha mãe verdadeira e ainda de lambuja, com outras duas crianças, gerando uma especie de concorrência e luta de posses. Acho que também percebia instintivamente que era um intruso e que um par de seios não combinava com três bocas famintas.
Lembro do nome de um dos bebes que concorria comigo, chamava-se Ronaldo é era o mais esganado e barulhento. Depois de algum tempo, rejeitei o leite materno, passando a me interessar mais pelos de vaca, aquecido e posto numa mamadeira de vidro. Amava mamadeiras de vidro. Não gostava nem de lembrar que fui capaz de mamar em seios que cheiravam a fumaça de fogão à lenha e ainda dividi-los com outros dois famintos. Como toda a criança normal e egocêntrica, cuspi no prato que comi, alias, nos seios que mamei em troca de uma mamadeira de vidro do qual dormia abraçado depois de bem alimentado.
Somente na juventude é que voltei a me interessar por seios, aprendendo a chupa-los por outros interesses. Mas também não eram todos que me agradavam. Fiquei instintivamente seletivo e observador.
Esta namorada achava que sabia de tudo, mas eu penso que não sabia de nada, vivia inventando teorias para solucionar problemas, que achava serem de ordem emocional na vida dos outros. Parecia se auto-conhecer, mas havia noites em que se trancava no quarto para se terminar em prantos questionando sua própria existência. Ela nunca teve filhos e isto me fazia desconfiar da sua necessidade de ter sido mais mamada.

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