Experiencias do Campo

Quando meu pai foi trabalhar numa fazenda no interior do estado toda minha familia o acompanhou, menos eu. Minha mãe era a cozinheira oficial do grupo de funcionários. Eu fiquei em Porto Alegre com minha tia para não perder o ano letivo. Contava nos dedos o termino das aula para poder estar com eles.
Numa destas férias, quando fui visita-los, eu rolava pelo campo, numa destas brincadeiras enlouquecidas de criança, quando me senti tonto, nauzeado, dor de cabeça, mal estar geral sem saber o que estava me acontecendo. Fui levado para dentro de casa, termometro debaixo do braço, garganta dolorida, não conseguia engolir a saliva.
Quando o estranho médico chegou numa carroça, da vila vizinha, me examinou e sorriu dizendo aliviado: -Doença de criança, cachumba!
Este período, marcou muito minha vida, pois lembro de cada detalhe que vivenciei, das pessoas, do pomar, das galinhas que viviam soltas e dormiam nas arvores e voavam sobre nós a o amanhecer, do deposito de sal que ficava ao lado de nossa casa, o açude fundo onde minha irmã tentou afogar o menino travesso que morava do lado, o carneiro que perseguia minha mãe grávida. A guerra de caquis, os cavalos selvagens, o milho assado no fogão de campanha, os passeios de charrete, o funcionário albino e analfabeto, que não enchergava direito. Os sonhos, os fantasmas, o ruido do vento nas arvores, a triste beleza do entardecer, a simplicidade de tudo. Acho que todos deveriam alguma vez na vida, sentirem a experiência de viver no campo, numa fazenda no interior. Ao menos uma única vez em suas vidas.

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