Num dia destes fui tão mal recebido por uma profissional médica de um hospital de Porto Alegre que se eu não tivesse imbuído na minha responsabilidade profissional, teria abandonado o paciente ali mesmo na sala de emergência e fugido pela porta de incêndio. Era um paciente acamado e que sentia muita dor abdominal. Mesmo claro, para todos que ali estavam presentes a sua situação de enfermidade, a médica me perguntou se ele poderia aguardar consulta no corredor.
Respondi que não, pois ele sentia muita dor. Então com ar de pouco caso respondeu-me que para nós do SAMU, tudo era muito grave e mesmo sabendo dos problemas de superlotação dos hospitais nós insistíamos em jogar pacientes lá dentro. Depois se virou para o familiar que acompanhava-nos e concluiu com arrogância: -Viu como está isto aqui?... Depois quando morrem a culpa é nossa!
Esta cena dramática é que me faz pensar na situação caótica, que vive nossos serviços de saúde. Com suas salas de emergência, sempre lotadas e com profissionais pouco preparados como esta. Senti-me extremamente desconfortável por fazer parte do mesmo sistema.
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