Foi numa noite, alguns anos atrás, numa festa de batuque acompanhado de uma amiga querida, que vimos Ogum dançar com uma melancia na cabeça.
Ficamos observando atentamente todo aquele pessoal, com roupas coloridas, dançando numa roda a o som de dois tambores, xequerê e chocalhos, quando uma idosa senhora negra, que estava entre o publico, vestida a caráter, muitos colares no pescoço, saltou para o meio da roda dançando, com o rosto já transformado, em quem havia cedido seu corpo para o santo.
Era Ogum, gritavam alguns, repetindo a saudação de Ogunhê.
A dança era linda, de uma beleza sem igual, como se um guerreiro africana descesse na terra fazendo reverencias com a própria dança, que misturava movimentos de guerra e subserviência.
Então alguém colocou uma melancia nas mão daquela senhora incorporada com o santo, que levou a melancia sobre a cabeça, num gesto brusco e continuou a dançar.
Ogum, dançava e dava saltos, com aquela enorme fruta equilibrada sobre a cabeça, dançava um tipo de alujá, (dança sagrada de Xangô), com tamanha agilidade e equilíbrio jamais visto por mim
Até hoje me lembro daquelas batidas de tambor e da dança, onde uma franzina mulher idosa, dançava equilibrando uma enorme melancia na cabeça sem derruba-la.