CHICO FURDUNÇO E SEUS ATAQUES OUSADOS



Chico Furdunço, tem crescido a olhos vistos, Inacreditávelmente o seu tamanho em apenas poucos dias dividindo o mesmo ambiente comigo, duplicou de tamanho. Será que é a ração? Além de já reconhecer a casa e lugares onde não pode entrar e aprontar, suas patifarias também cresceram proporcionalmente. Corre pela casa inteira, pula sobre a cama e quase sobe as paredes acima, em busca de insetos que nem eu consigo enxergar.

Sua melhor diversão e criar guerrinhas de ataque contra mim, onde num único pulo se lança sobre uma das minha mãos e começa a arranhar e morder com cara de selvagem. No inicio suas lançadas na minha mão, eram leves, mas agora tem deixado marcas visiveis.
Acho bom que seja assim, afinal trata-se de um felino e felinos permissíveis, bonzinhos e fofinhos, a o meu ver, não se parecem com felinos.
As brincadeiras de corre-corre, esconde-esconde sob as cobertas, são cheias de estratégias de ataques, olhares curiosos e ousados e movimentos habilidosos que somente os gatos são capazes de fazer.

AS CORRELAÇÕES:

Ontem enquanto conversávamos, eu e um amigo, chegamos num momento em que percebemos o quanto a vida é cheia de fatos que se correlacionam, sem que se possa explica-los de fato.
Por exemplo: Contei que o primeiro marido da minha avó materna, do qual ela teve um filho e mais tarde, se tornou viúva, foi funcionário da Prefeitura de Porto Alegre durante anos. Após a morte do primeiro marido, ela voltou a se casar com outro que também era funcionário da Prefeitura de Porto Alegre, os dois, mesmo sendo colegas, funcionários da mesma estatal, não se conheciam. Com este segundo marido ela teve dois filhos, um menino e uma menina. Esta menina mais tarde veio a ser minha mãe. Viuvando mais uma vez, minha avó, não bem vista por alguns de seus parentes, casou-se pela terceira vez, com um homem que já era viúvo e tinha uma filha adulta que era funcionaria da prefeitura. Com este homem minha avó, ja uma mulher bastante madura, não teve filhos e que conheci como avô.
A correlação de que falo é que, os dois maridos da minha avó, foram funcionários da mesma empresa publica e seus filhos, do primeiro e do segundo casamento, também, com exceção da minha mãe, que tomou outros rumos. 
A filha do terceiro marido de minha avó, coincidentemente também era funcionaria do mesmo estabelecimento.
Naquela época se entrava no serviço publico por indicação, não havia concurso publico. Mais tarde foi minha vez de entrar e fazer parte desta coincidente lista, assim como minha prima, filha do primeiro filho de minha avó, que adivinhem, trabalha na Prefeitura de Porto Alegre.
Mas eu não acredito nas coincidências, essas correlações me parecem apresentarem uma certa lógica que nós simples mortais, temos pouco conhecimento e compreensão.
Outras correlações acontecem em nosso dia a dia e que por vezes, nem percebemos a sua presença. Vamos percebe-las dias, meses, anos depois!

FÉRIAS PARA A PANDEMIA:

Depois de 425 dias, eu já não sinto mais falta de muita gente a minha volta, por que me cerco das melhores que posso ter, mesmo on-line, assim, meio que artificial. Sinto falta de outras coisas e da minha cidade que sempre achei bucólica, mas infinitamente acolhedora.
De caminhar por suas ruas, algumas estreitas, de portas altas, janelas amplas e trameladas que traziam mistérios. Ruas sombreadas e de um passado não tão longe. Dos pés de plátanos nas calçadas e suas folhas coloridas que marcavam páginas.
Páginas de alguns livros de histórias contadas por alguém. Páginas que envelheceram como eu e sumiram as letras no amarelado do tempo...
Cidade de um porto aberto ao nosso sorriso e que poucos ainda se lembram. De um tempo que tudo era mais simples, menos burocrático, menos perigoso.
Sinto falta de algum sentimento que senti, de algumas conversas que ficaram perdidas lá pra traz, num tempo em que pandemias estavam de férias.

UM SUJEITO DE SORTE



Eu sou um cara de sorte! Eu sou um cara feliz e satisfeito!.. _ Repito isto pra mim mesmo todas as manhãs quando me acordo e levanto da cama. Um rápido ritual antes de escovar os dentes e tomar meu café escorado na janela do quarto. É somente, quando começa a movimentação de pessoas nas calçadas, indo para o trabalho, é que volto a me questionar sobre esta minha felicidade e prazer, que nem sempre funciona
Lembro-me daquela canção do Belchior que diz: 
"Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte, porque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte. E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do meu lado, E assim já não posso sofrer no ano passado. Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro. Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro...Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro!" Esta letra é de uma grande profundidade, profundidade Belchioriana.

DEPOIS DA ADOÇÃO

Cinco horas da manhã, doze horas após sua adoção, o gato começou a miar alto dentro do quarto. Saiu do seu esconderijo, (meu guarda roupas com portas de correr) e começou a caminhar pelo quarto com ar de insatisfeito, miando cada vez mais alto e olhando na minha direção.
Andava de rabo em pé, o corpo por vezes em forma de U, procurando por onde entrava a luz da manhã que já dava sinais, na janela. Subiu na minha cama, deu uma bela mijada e continuou reclamando da vida por longos minutos. Percebi que seu objetivo era dar no pé, como dizem. Depois que subiu algumas vezes na cama, começou a brincar com as cobertas e os movimentos que eu fazia com os pés. Percebi então que sua aparente revolta não era comigo, mas com o ambiente onde se sentia preso.
A adoção foi muito rápida, não dando tempo pra eu providenciar algumas necessidades como areia, ração e cama pro bichano.
Ao que parece, aos poucos vamos nos conhecendo e nos entendendo, eu espero!

CHICO FURDUNÇO



A pandemia me fez adotar um gato. Na verdade não foi bem assim, o saco de ficar sozinho e eu já vivia sozinho antes dela se espalhar pelo mundo, me fez tomar uma medida preventiva contra uma possível depressão.

Desde o dia que ele chegou na minha casa, trazido de carro numa gaiola, por seu doador, tenho postado no Face book sua façanhas de gato que não é bebezinho, mas ainda é infantil por suas atitudes serelepes.

No primeiro dia alojei-o em meu quarto pois não estava preparo para espera-lo. A adoção aconteceu num único dia. Alguém me falou, liguei para seu ex dono que fez contato rapidamente e me entregou-o no portão do edifício.

Sem caixa de areia e ração para felinos, só pude disponibilizar de imediato um pratinho com agua e uns farelos de pães, pra ele ir se virando.

Ficou pelo menos dois dias no meu quarto escondido, no guarda- roupas, dentro de um tênis vermelho e de olhos arregalados quando eu o localizava.

Enquanto tentava firmar amizade com ele, pedi para amigos que me sugerissem um nome. Veio muitas sugestões, mas acabei me decidindo por Chico Furdunço, nome que mais se parece com sua personalidade agitada e cara de doido.

Passou por vários estágios de adaptação como greve de fome, miar alto as 4 horas da madrugada com ar de insatisfeito, até ir se acalmando e fazer amizade comigo.

INSPIRAÇÃO

A inspiração é como uma visita surpresa, que bate inesperadamente na tua porta e quando vai embora, não faz promessa de quando vai voltar. Tudo pode acontecer nestes momentos de pura sensibilidade, de encontro marcado ou de puro acaso.

CONDENAÇÃO COM RETOMADA DE VALORES


Parece que o joelho de um policial  americano branco, sobre o pescoço de um homem americano negro, com o objetivo de somente imobiliza-lo, acabou numa morte trágica por asfixia, sensibilizando e mobilizando não só americanos, mas boa parte do mundo e provando que este tipo de atitude (protocolo de imobilização dito pela policia como normal), já não é mais aceitável. 
Este não foi o primeiro caso nos Estados Unidos, mas foi o primeiro de grande repercussão internacional, em meio a uma pandemia, que ilustra um mundo inseguro, frágil e violento na retomada  de novos parâmetros econômicos e sociais.

Sim, é inegável que o mundo precisa de mais justiça, mais fraternidade e isto só se dará através de mudanças profundas nas relações sociais e politicas, com regras e leis igualitárias, justas e não abusivas e discriminatórias. A condenação unanime do policial americano, foi um passo decisivo nos valores que por décadas deixaram de ser discutidas.


NOS TEMPOS EM QUE EU VOAVA

Nos meus sonhos de criança e também na adolescência eu sempre sonhava que voava mesmo não tendo asas, para escapar de alguns perigos e de qualquer coisa que me causasse muito medo. Era como se uma força desconhecida me impulsionasse pra cima e eu saia como Icaro, voando solenemente  ileso sobre o mundo.

Com o tempo, eu fui me perguntando, se esta facilidade magica e inexplicável que me acontecia, não era algum tipo de facilitação emocional somatizada pelos meus conflitos internos, para não enfrenta-los de frente. Voando, eu nunca era pego por supostos inimigos e me tornava inatingível. Também não me esforçava em demasia para ter enfrentamentos. Era somente fechar os olhos e fugir num voo espetacular e sem esforços.

QUANDO EU VIREI UM BRUXO,

Eu acreditava que a vida vivia sempre me empurrando para becos escuros, buracos, valas, sarjetas. Eu não tinha escolha, era um, dois e lá estava eu, num deles, ansioso, com medo, num desses becos escuros, frios e sem saída, que na minha ânsia de escapulir, fazia-me caminhar em círculos, voltando sempre pro mesmo lugar, perdido, sem encontrar uma saída, uma perfeita saída como numa cena de ação do James Bond. 

Mas o tempo me fez descobrir que existem algumas magicas, que fazem o cotidiano se transformar, sem receitas, sem caldeirões mágicos com perninhas de sapo, e esta magica só acontece depois de algum tempo de vida, de penúria, de sofrimento, de procura por si mesmo. É quando a gente sem perceber, se transforma em outro, num bruxo, sem perceber que adquirimos poderes transformadores que modificam os nossos pensamentos, reações e atitudes, também a nossa rota, o nosso destino, onde os becos e buracos, não são tão assustadores e obscuros. Mas como toda a bruxaria que se preze, é necessário que se adquira com o tempo, alguma quantidade de vivencias, de lágrimas, de cabelos brancos e rugas na cara. A varinha mágica é coisa opcional.

A VISITA INESPERADA.

Enquanto eu a olhava pela janela, percebia sua figura espreitando-se entre o jardim e as arvores que cobriam o pátio. Ela colhia margaridas, sua flor predileta, enquanto olhava pra mim, por vezes desconfiada, tentando reconhecer-me de algum lugar, talvez de uma vida que já não lhe pertencia mais. Era isto que traduzia em seu olhar

Seu corpo vestido de névoa, miúdo e perfeito, quase não fazia sombra nos movimentos de zig zag entre as arvores, que por vezes a revelava e a escondia no tempo de um lampejo.

Será que amanhã retornará ao meu jardim de frondosas arvores, que meus pais plantaram e que hoje eu cuido? Voltará com seu olhar de desconfiança?

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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...