FÉRIAS PARA A PANDEMIA:
UM SUJEITO DE SORTE
DEPOIS DA ADOÇÃO
CHICO FURDUNÇO
Desde o dia que ele chegou na minha casa, trazido de carro numa gaiola, por seu doador, tenho postado no Face book sua façanhas de gato que não é bebezinho, mas ainda é infantil por suas atitudes serelepes.
No primeiro dia alojei-o em meu quarto pois não estava preparo para espera-lo. A adoção aconteceu num único dia. Alguém me falou, liguei para seu ex dono que fez contato rapidamente e me entregou-o no portão do edifício.
Sem caixa de areia e ração para felinos, só pude disponibilizar de imediato um pratinho com agua e uns farelos de pães, pra ele ir se virando.
Ficou pelo menos dois dias no meu quarto escondido, no guarda- roupas, dentro de um tênis vermelho e de olhos arregalados quando eu o localizava.
Enquanto tentava firmar amizade com ele, pedi para amigos que me sugerissem um nome. Veio muitas sugestões, mas acabei me decidindo por Chico Furdunço, nome que mais se parece com sua personalidade agitada e cara de doido.
Passou por vários estágios de adaptação como greve de fome, miar alto as 4 horas da madrugada com ar de insatisfeito, até ir se acalmando e fazer amizade comigo.
INSPIRAÇÃO
A inspiração é como uma visita surpresa, que bate inesperadamente na tua porta e quando vai embora, não faz promessa de quando vai voltar. Tudo pode acontecer nestes momentos de pura sensibilidade, de encontro marcado ou de puro acaso.
CONDENAÇÃO COM RETOMADA DE VALORES
Sim, é inegável que o mundo precisa de mais justiça, mais fraternidade e isto só se dará através de mudanças profundas nas relações sociais e politicas, com regras e leis igualitárias, justas e não abusivas e discriminatórias. A condenação unanime do policial americano, foi um passo decisivo nos valores que por décadas deixaram de ser discutidas.
NOS TEMPOS EM QUE EU VOAVA
Nos meus sonhos de criança e também na adolescência eu sempre sonhava que voava mesmo não tendo asas, para escapar de alguns perigos e de qualquer coisa que me causasse muito medo. Era como se uma força desconhecida me impulsionasse pra cima e eu saia como Icaro, voando solenemente ileso sobre o mundo.
Com o tempo, eu fui me perguntando, se esta facilidade magica e inexplicável que me acontecia, não era algum tipo de facilitação emocional somatizada pelos meus conflitos internos, para não enfrenta-los de frente. Voando, eu nunca era pego por supostos inimigos e me tornava inatingível. Também não me esforçava em demasia para ter enfrentamentos. Era somente fechar os olhos e fugir num voo espetacular e sem esforços.
QUANDO EU VIREI UM BRUXO,
Eu acreditava que a vida vivia sempre me empurrando para becos escuros, buracos, valas, sarjetas. Eu não tinha escolha, era um, dois e lá estava eu, num deles, ansioso, com medo, num desses becos escuros, frios e sem saída, que na minha ânsia de escapulir, fazia-me caminhar em círculos, voltando sempre pro mesmo lugar, perdido, sem encontrar uma saída, uma perfeita saída como numa cena de ação do James Bond.
Mas o tempo me fez descobrir que existem algumas magicas, que fazem o cotidiano se transformar, sem receitas, sem caldeirões mágicos com perninhas de sapo, e esta magica só acontece depois de algum tempo de vida, de penúria, de sofrimento, de procura por si mesmo. É quando a gente sem perceber, se transforma em outro, num bruxo, sem perceber que adquirimos poderes transformadores que modificam os nossos pensamentos, reações e atitudes, também a nossa rota, o nosso destino, onde os becos e buracos, não são tão assustadores e obscuros. Mas como toda a bruxaria que se preze, é necessário que se adquira com o tempo, alguma quantidade de vivencias, de lágrimas, de cabelos brancos e rugas na cara. A varinha mágica é coisa opcional.
A VISITA INESPERADA.
Enquanto eu a olhava pela janela, percebia sua figura espreitando-se entre o jardim e as arvores que cobriam o pátio. Ela colhia margaridas, sua flor predileta, enquanto olhava pra mim, por vezes desconfiada, tentando reconhecer-me de algum lugar, talvez de uma vida que já não lhe pertencia mais. Era isto que traduzia em seu olhar
Seu corpo vestido de névoa, miúdo e perfeito, quase não fazia sombra nos movimentos de zig zag entre as arvores, que por vezes a revelava e a escondia no tempo de um lampejo.
Será que amanhã retornará ao meu jardim de frondosas arvores, que meus pais plantaram e que hoje eu cuido? Voltará com seu olhar de desconfiança?
A CRISE DO PÃO E A GREVE DAS GALINHAS.
Postei ontem esta historia, na pagina do meu Face book, o que deu pano pra manga. Uma historia que nem é real, por que foi um sonho que tive durante a noite, mas como eu acredito que sonhos por vezes são meio que premonitórios e dai se materializam, poste!...Noite passada tive um pesadelo, será que era um sonho de verdade, porque logo que acordei, tudo parecia tão real, dando a impressão de ter estado todo o tempo acordado nunca espécie de delírio.Enfim, sonhei que estava numa cidade do interior brasileira a passeio e quando decidi entrar num armazém, para levar um pão desses que chamamos de Sovado para acompanhar o café, o vendedor por traz do balcão, um senhor dos seus setenta e poucos anos me disse:Aproveita que é o último!Em seguida espontaneamente me passou o valor do pão, sem que eu perguntasse: 80,00.Olhei nas prateleiras, pra ver se tinha uma outra opção, mas estava tudo vazio.Como ele havia me dito, era o último pão que possivelmente não saiu, por causa do preço.Disse então pra ele que em toda a minha vida, nunca tinha pago tão caro por um pão sovado a mão.Ele riu e com algum sarcasmo na voz, me disse:Estamos com muita dificuldade na colheita do trigo e portanto fabricar farinha. Além disto, as galinhas resolveram fazer a greve dos ovos e começaram a pôr, apenas um ovo por semana , isto, quando não decidem destruí-los de modo a não sobrar nenhum.Eu então lhe pergunto: Pra onde este mundo está indo?..Vírus dizimando cidades inteiras, farinha a preço de ouro em pó e galinhas fazendo greve de ovos... Onde vamos parar?
BEM FEITO
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