Um velho poliglota viajante.

Há poucas horas, soube da morte de Rubens. Ele era meu vizinho e com quem eu gostava de trocar alguns dedos de prosa, quando nos encontrávamos pela rua, no mercadinho, na padaria onde costumava tomar o seu café, olhando os carros rodarem com velocidade na Avenida Ipiranga. Ficamos conhecidos, depois que lhe prestei um atendimento de urgência na ambulância e ele passou a me confundir com um vereador que nunca lembrava do nome.
Aos 82 anos de idade, morava sozinho num quarto de pensão, perto da minha casa e tinha problemas cardíacos sérios. Seu quarto era apertado e úmido, com amontoados de livros e revistas que costumava ler e reler durante a noite quando perdia o sono.
Era conhecido na vizinhança por falar vários idiomas e de ter rodado o mundo e conhecer cidades de dar inveja a qualquer principiante à aventureiro. Me falava sobre Londres, Alemanha, Bélgica, Itália e muitos outros lugares que conheceu e tinha saudades, nas suas longínquas vivencias da juventude. Me falava  com certa elegância  de ter decido viver sozinhos e por vezes de sua solidão e da família que não mais o via. _Tudo segue o seu destino!.._ costumava dizer seguido de um discreto sorriso.      Hoje quando me falaram de sua morte, lembrei de suas palavras e pensei: Ele seguiu o seu!

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