Convite duvidoso.

Ontem na véspera do Ano Novo, recebi de um colega de trabalho a seguinte mensagem em meu celular: "Eu to te convidando pra te comer aqui em casa hoje."
Eu sei que a sua intenção não era a de me comer, mas sim convidar-me para jantar com ele a noite e o erro se deu apenas por um descuido de concordância gramatical digitado nas minusculas teclas de celular. 
Mesmo assim, entrei no clima de brincadeira e mandei como resposta: "Obrigado.., já tenho quem me coma hoje!
Eu tô louco pra ver a cara dele na Segunda-feira.

A ultima noite de 2010.

Pois bem, noite passada a despedida do ano velho e o reencontro com o novo, aconteceu aqui em casa com brindes de champanhe e vinho branco, na companhia de velhos e novos amigos e alguns parentes. Ficamos sobre a laje do edifício para assistir os fogos de artifícios. Hoje pela manhã a chuva chegou forte para lavar tudo que o ano velho deixou pra traz.

O Ultimo Sarau.

Na Quarta-Feira aconteceu o Sarau de poesia e linguagem promovido por Mario Pirata, na Casa de Cultura Mario Quintana no inicio da noite. 
Enquanto estive por lá assistindo a leitura de poesias, ouvi rumores de que o espaço não será mais disponibilizado para estes encontros à partir de uma decisão vinda do novo diretor da casa. Algumas decisões entram na contrapartida da defesa de que arte deve ser disponibilizada de forma popular e cujo o acesso a esta  linguagem se torne aberto a todos e não somente a pequenos grupos da elite.
De qualquer forma me surpreendi com a magistral presença de palco, de dois poetas: Renato de Mattos Motta e aquela senhorinha na ultima fileira da fotografia, de blusa estampada com florais preto, que marquei com uma seta e não sei o seu nome.

Novo tempo.

Acordei com esta musica do Ivan, tocando na minha cabeça desde cedo e fiquei pensando como ela é atualíssima, atemporal mesmo tendo sido composta em 1999. Diz que esta musica quase foi incluida no álbum de Michael Jackson. Durante visita ao Brasil em 1980, Quincy Jones ouviu a canção e pediu autorização para escrever uma versão que seria apresentada a Jackson. Lins não lhe deu resposta e "Novo Tempo" foi excluída da pré-seleção de faixas para o álbum.

Num único ponto da atenção.

Já aconteceu de você se surpreender com algum gesto, comentário, atitude ou mesmo um olhar de uma pessoa do qual você tem um bom relacionamento e então percebe que ela não é bem aquilo que você imaginava que ela fosse? 
Ah,  já sei, isto deve ter acontecido com você, inúmeras vezes!..
Você vai ficando na espreita, desconfiado, observando mais atentamente estas atitudes não aceitas por você e de repente é tomado por uma grande decepção e fica se sentindo um verdadeiro idiota por ter sido enganado por uma falsa impressão positiva que você mesmo criou a cerca de seu próprio entusiasmo anterior. 
Acho que podemos ver as coisas de diferentes maneiras, mas apenas num angulo diferente de olhar, num único ponto da nossa atenção, nos atemos a pequenos detalhes reveladores antes nunca percebidos. Será que este é o olhar que revela a alma?

ALFONSINA Y EL MAR.

Monumento a Alfonsina Storni - praia La Perla / Mar del Plata
La Negra que faleceu no ano de 2009 aos 74 anos, sempre me fascinou pelo poder de sua voz e forte presença de palco. Duas das principais musicas de seu repertório, a tornaram conhecida pelo mundo com uma das Divas representantes da musica latino americana - que foi Graças à La vida - (de Violeta Parra) e Alfonsina Y el Mar - (dos argentinos Ariel Ramirez e Felix Luna) composta em 1968 que me emociono até hoje quando a ouço. 
Mas quem foi esta Alfonsina que se tornou tão reverenciada na voz de Mercedes Sosa e cujos os versos são de uma beleza poética tão peculiar?
Alfonsina Storni era uma poeta e escritora que nasceu na Suíça em 1892, mas passou a viver na Argentina desde os seus quatro anos de idade. Começou a escrever desde cedo e rapidamente conquistou vários prêmios pelas suas obras, sendo reconhecida em praticamente todos os países latino americanos.
O nome de Alfonsina Storni é lembrado como uma das grandes autoras da poesia em língua espanhola, tendo forte ligação com o movimento modernista do início do século XX, destacando-se como uma poetisa de vanguarda, e por ter colocado a sua condição de mulher e feminista contra normas antiquadas que vigoravam na sociedade portenha. Alfonsina faleceu de Câncer em 1938.

TRADUÇÃO DA MUSICA ALFONSINA Y EL MAR:
Pela branda areia que toca o mar, sua pequena pegada não aparecerá mais. 
E um único passo de pedra e silêncio chegou até a água profunda, até a espuma.
Sabe Deus que angústia te acompanhou, que velhas dores calaram tua voz para recostar-te no sussurro dos caracóis marinhos, a canção que os caracóis cantam no fundo obscuro do mar.
Vai-se Alfonsina com sua solidão, que poemas novos foste buscar? E uma voz antiga de vento e de sal se quebra na alma e a está chamando. E te vais, como em sonhos. Dorme Alfonsina, vestida de mar.
Cinco sereiazinhas te levarão por caminhos de algas e coral e fosforescentes cavalos marinhos farão uma ronda a teu lado. E os habitantes da água vão nadar ao teu lado.
Baixa a luz um pouco mais, deixa que durma em paz. E se chamarem não diga que estou, diga que Alfonsina não volta. E se chamarem não diga que estou, diga que me fui.
Vai-se Alfonsina com sua solidão, que poemas novos foste buscar? E uma voz antiga de vento e de sal se quebra na alma e a está chamando. E te vais, como em sonhos. Dorme Alfonsina vestida de mar. 



Um Xamã de rua.

Hoje na rua Garibaldi, um cara veio ao meu encontro e me pegou pelo braço dizendo:
_Este novo ano, vai ser de renovações pra ti!
E eu lhe respondi:
_Ano novo é sempre de renovações, caso contrario não seria novo!
_Mas não é deste novo que estou falando. Eu sou um Xamã e vim te dizer isto! Este novo ano, será de renovações pra ti!
Eu ainda surpreso com a interpelação ousada do cara, tentei me afastar, simulando um sorriso de tranquilidade.
_Tu és ateu, mas vim te dizer isto!
O cara tinha a pele branca e no rosto uns riscos que pareciam feitos por carvão. Aparentava ter uns cinquenta anos, usava uma calça jeans e chinelos de dedos nos pés encardidos de poeira. Um mistura de homem comum, com trapaceiro.
_Que coisa mais atoa! _ falei baixinho para não provoca-lo e fui embora.

A menina e o roller

Há poucas horas atras, enquanto acompanhava alguns amigos que bebiam chimarrão debaixo das arvores - na Praça em frente da minha casa, percebi que uma mulher desfilava de roller, uma especie de patins, no meio da rua, aproveitando o asfalto liso, recém reformado, entre os carros que desviavam e alguns que até buzinavam para chamar-lhe a atenção. 
A mulher deveria ter uns 30 anos e parecia estar completamente alheia aos buzinassos de atenção. Mas o pior de tudo é que estava acompanhada por uma menina franzina e desajeitada também sobre um patins que tentava alcançar-la com grande custo. Seria sua filha?..me perguntei. 
A menina não passava dos 8 anos de idade e aquela atitude de irresponsabilidade da mulher, me deixou com uma mescla de indignação e vergonha. 
É, eu fico envergonhado quando me deparo com estas situações inacreditáveis de falta de cuidados.

A CRUZ DAS ALMAS EM VIAMÃO.


Sempre que passo de carro na parada 53 de Viamão, uma cruz localizada à direita no sentido Viamão para Porto Alegre me chama a atenção. Trata-se da +cruz das Almas+, um monumento em homenagem aos que deram sua vida pela causa Farroupilha em Viamão.
Para os atuais viamonenses, trata-se também de um marco, onde eles se reúnem ali, no dia 13 de Setembro, para prestarem homenagem aos amigos que foram participantes ativos das tradições gauchescas e que morreram no ano vigente.


Percebi também, que poucos são os moradores que sabem da existência deste monumento, talvez pela pouca divulgação. História é coisa que deve ser contada, mostrada, preservada e divulgada, para que não caia no esquecimento dos que ficam!

No outro dia...

Foto de Bianca Zanella- ZH
Se na noite do dia 24, tudo me pareceu correr tranquilo e com um magnifico show colorido de fogos de artifícios brilhando no céu, não foi o que se seguiu no amanhecer do dia 25. 
Às 6:30 na Avenida Ipiranga, já havia vestígios de um grave acidente pelo numero de pessoas, curiosos, alem de algumas ambulâncias, viaturas da policia e da EPTC que se encontravam em volta do Arroio Diluvio, quando passei de carro para o trabalho.  
No bairro Lomba do Pinheiro também; dois jovens que sofreram um grave acidente de motocicleta, aguardavam o resgate de ambulância estirados em via publica.
Isto dá um sensação indescritível de insegurança e impotência, como se estivéssemos numa gerra que não sabemos a razão de sua existência.

Presente de Natal

Entre alguns presentes de Natal como sorriso, alegria, abraços, declarações de afeto, mensagens no celular, ganhei um livro de Bernardo Carvalho chamado "O mundo fora dos eixos", que de tanta curiosidade comecei a ler hoje mesmo. O livro veio acompanhado de uma dedicatória e a poesia de Mario Quintana chamada "Chapéu Violeta" que parece ter sido escrita para as mulheres, mas que no frigir dos ovos não é direcionada a um único gênero. Transcrevo ela aqui:


Aos 3 anos:
Ela olha pra si mesma e vê uma rainha.
Aos 8 anos:
Ela olha para si e vê Cinderela.
Aos 15 anos:
Ela olha e vê uma freira horrorosa.
Aos 20 anos:
Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa,
muito liso, muito encaracolado, decide sair mas, vai sofrendo.
Aos 30 anos:
Ela olha pra si mesma e vê muito gorda/ muito magra, muito alta/ muito
baixa, muito liso/ muito encaracolado, mas decide que agora não tem
tempo pra consertar então vai sair assim mesmo.
Aos 40 anos:
Ela se olha. vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa,
muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa
pessoa e sai mesmo assim.
Aos 50 anos:
Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender.
Aos 60 anos:
Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no
espelho. Sai de casa e conquista o mundo.
Aos 70 anos:
Ela olha para si e vê sabedoria, risos, habilidades, sai para o mundo e
aproveita a vida.
Aos 80 anos:
Ela não se incomoda mais em se olhar.
Põe simplesmente um chapéu violeta e vai se divertir com o mundo.
Talvez devêssemos por aquele chapéu violeta mais cedo!

                                                                                           M. Quintana,

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