Aguarde.., voooltaremos !

Amanhã às 11h40, segundo a previsão de vôo, estarei à 3.142km de minha casa em Porto Alegre, para conhecer uma cidade num Estado brasileiro que eu considero multicultural. Estou curioso para experimentar o arroz com Cuxá, o Sururu, o Sarabulho, peixe frito e Caranguejada, além do sabor doce e exótico de um guaraná chamado Jesus. 
Esta culinária que ganhou o mundo com sua influencia francesa, portuguesa e do índio, me enche a boca de saliva e a alma de curiosidade. Pretendo mandar noticias e informações sobre cada lugar que visitar e cada experiencia que tiver, através do blog.
Como diz o apresentador António Pinheiro Machado, do programa "Anonymus Gourmet", daqui do sul; Aguarde, voooltaremos!

Não olha prá mim, não olha !

Existe bichinho mais irritante na face da terra, do que papagaio stressado?.. Eu responderia que sim: Dois papagaios, se eu tivesse a certeza de que em dupla, conseguissem infernizar em conjunto a vida das pessoas, mas normalmente apenas um se sobressai na doença, enquanto o outro fica calado assistindo a histeria do companheiro, numa cumplicidade silenciosa ou submissa. O bom é que pudessem viverem livres e longe da cobiça e egocentrismo dos homens que os encarceram para servirem de troféus vivos, objetos de atenção, souvenirs. Uma vizinha apareceu com um casal, cujo um deles grita histericamente o tempo todo e quando a gente passa na calçada ele grita: Não olha prá mim, não olha prá mim, não olhaaa!..  Eu me pergunto como é possível uma ave passar toda sua vida engaiolada? Ele deve gritar deste geito de raiva e vergonha por estar impossibilitada de voar, não tem outra explicação!

Só saio abatido a bala !..

Ontem no mercadinho da esquina de minha casa, dois frequentadores assíduos dos fins de tarde nas Sextas- Feiras, comentavam entre alguns goles de cerveja:
_Mas o cara não tem condições, age como um adolescente que conquistou o primeiro cargo de importância na vida e acha que tá com tudo em cima, que já é intimo do chefe. Acredita numa imunidade que nem Jesus Cristo teve! _Risos.
_Um cara desses, tem que tomar aqueles comprimidos de tarja preta! _Disse o outro olhando prá mim como se pedisse apoio ao que falava. 
Eles estavam comentando o depoimento publico, mostrado na mídia, de Carlos Lupi, ministro do trabalho envolvido nas supostas denuncias de irregularidades em convênios da sua pasta e que declarou que só sairia do cargo se fosse "abatido à bala".

All That Jazz

Dormi com a TV ligada e na madrugada, me acordei assustado no meio de uma festa, quero dizer; uma cena de dança, incrivelmente coreografada e que me fez despertar de vez. Depois veio a segunda cena e a terceira cada vez mais instigantes e bonitas. Na verdade tratava-se do musical "All That Jazz" - (O Show deve continuarde 1979, dirigido por Bob Fosse, premiadíssimo e que conta aspectos biográficos de sua vida de forma muito curiosa e atraente. No decorrer do  filme ele sofre um enfarto que o leva para um hospital e com a vida por um fio, revê momentos do passado, transformando-os em números musicais. Sua atenção durante divagações pessoais e momentos de semi consciência e lucidez é disputada por quatro mulheres: A namorada, a ex-esposa, a filha e a morteEu acordei no inicio desta cena que posto aqui em baixo e só parei de assistir o filme, quando acabou. Vou correr atrás do filme em alguma locadora, para assisti-lo na integra.


O rapaz educado.

Encontrei por caso um colega de trabalho no corredor do shopping, ontem. Ele como sempre, elegante, de fala macia, educado, veio ao meu encontro assim que me viu, embora o tenha percebido antes, enquanto guardava distraído seu telefone celular dentro da pasta. Estava com pressa, assim como eu, mas conseguimos em poucos minutos, parar, conversar o necessário enquanto cada um tomava o seu destino sem entrar em assuntos demorados e dispersivos, ou rápidos e superficiais que ficam faltando palavras para ser claro e um entender ao outro. Falamos de férias, viagens..,foi tudo leve e prazeroso. Depois que nos despedimos e ele foi-se embora, fiquei pensando: Lá no trabalho, os outros colegas conceituavam-no como o rapaz "educado". Era talvez uma forma tímida e apropriada de levantarem suspeitas e firmarem para si mesmos e pros outros que ele era gay, já que não assumia publicamente que era, diante de ninguém. Quando referia-se a possíveis relacionamentos,  utilizava a seguinte expressão: "Aquela pessoa", uma forma implícita de se fazer entender o que não  queria dizer, enquanto todos na volta trocavam olhares maliciosos e reticentes. 

Beijos e assassinatos

Se eu disser pra vocês que sou do tempo do 'Feelings' de Morris Albert, de 'Rock And Roll Lullaby' de B.J. Thomas e  'king lhe sofre' de Roberta flak, vão dizer que estou ficando louco. Apesar disto; devo me perguntar: Eu era outro, quando gostava destas musicas e dançava de rosto colado nas curtidas reuniões dançantes de bairro nos anos setenta? É, era anos 70 sim e eu era tão sonhador e inocente, que parecia sofrer mais por não me conformar com o rumo que a vida me apresentava
Eu não sei quando comecei a ouvir e a gostar de Nina Simone, Billie Holiday, Peter Gabriel, Miles Davis, Jean Luc Ponty, Cartola e tantos outros e me parecer estranho para as outras pessoas, mas certamente  não era em situações que eu necessitava de rostos colados em reuniões dançantes, eram em momentos mais intimistas e solitárias e que requeriam abraços, Whisky e rosto colado em mim mesmo. Beijos e assassinatos da própria alma, de cara em cima da vitrola, numa viagem que sempre tem volta para o mesmo lugar. As vezes sinto colar o rosto em meu próprio rosto, num único rosto, em vários rostos conhecidos de almas luminosas como vaga-lumes, mas sempre voltando a o mesmo lugar.

TELE DOMINGO E A CONSTRUÇÃO SINISTRA.

Assisti ao programa 'Tele domingo' de ontem- 06/11- na RBS TV, depois do 'Fantástico' e que trouxe num de seus blocos de reportagens, informações desmitificadoras sobre o prédio sinistro localizado na RS 020 em Taquara, nas proximidades do vilarejo chamado Parobé, com esculturas de gárgulas na entrada principal e paisagismo exótico, como pedras e cactus e que causa tanta curiosidade quanto medo nas pessoas que por aquela região cruzam normalmente de carro. Eu postei alguma coisa  aqui no blog com titulo de..."De Olhos bem Fechados". descrevendo minha impressão sobre o lugar, nas inumeras vezes que subi a serra, por Taquara.
A reportagem realizada pela RBS-TV e apresentada por Túlio Milman e Regina Lima, da qual eu achei pouco convincente e fraca, foi feita com tomadas tão rápidas e fragmentada do ambiente e de alguns funcionários dando entrevistas que pareciam treinados para dar informações marcadas, decoradas. Mostrou que nada de anormal existe naquele lugar, a não ser a sua arquitetura extravagante e pouco convencional aos prédios que habitualmente conhecemos e que nada passa de uma inocente fábrica de acessórios para piscina, alem da fértil imaginação de alguns viajantes que por ali passam. Puxa eu não pensei que fossem dar uma explicação tão simples numa reportagem tão fraca. Outra coisa que eu não entendi na matéria apresentada, foi a entrevista dada pelo pároco da região, que nada serviu para elucidar qualquer dúvida à respeito daquele lugar. Tudo foi tão opaco, que não garantiu bons esclarecimentos, pelo menos pra mim.

VOCÊ CONHECEU O CINEMA MIRAMAR?

Arquivo da Familia Pegorini

Não tem como passar na Avenida Aparício Borges 2730, para quem viveu nas décadas de 50 à 80 e deixar de lembrar do Cinema Miramar, quase esquina com a Avenida Bento Gonçalves, no Partenon, hoje ocupado por uma filial das Lojas Colombo. 
O Cinema foi inaugurado em Outubro de 1952 e considerado um marco para o bairro, cujos os moradores diziam ser muito triste antes de seu funcionamento, pela falta de opções de lazer à noite. Os moradores precisavam deslocarem-se para o centro da cidade, ou para outros bairros de vida social mais intensa para buscarem este tipo de entretenimento cultural. 

O Miramar, como outros cinemas de bairro, não trazia para suas telas filmes nacionais de grande importância social, cultural e politico, uma vez que tinham de concorrer com as grandes produções estrangeiras que davam lucro fácil e completamente fora da nossa realidade. Era de maior interesse das classes menos favorecidas e desinformadas sonhar com a irrealidade do cinema, além do próprio governo, em manter esta condição inatingível. Existia na sala de espera uma cabeça de índio esculpida e o comentário de alguns frequentadores orgulhosos, de que era a sala de cinema mais moderna da capital, com cerca de 1.400 assentos de madeira. O Miramar resistiu por 30 anos até entrar em decadência sistematicamente como outras salas de cinema de bairros, fechando suas portas em Fevereiro 1982. 


Um dos filmes que me marcou, quando frequentava a sala do Miramar foi: "Toda A Nudez Será Castigada" de Arnaldo Jabor em 1973, que num apanhado geral falava da hipocrisia das famílias tradicionais. A censura da época achou o filme IMORAL e tentou proibir o seu lançamento, mas como tinha ganho prêmios internacionais, acabou sendo liberado com alguns cortes. 

Pão com Margarina Primor

Saí cansado, mas muito cansado depois de um plantão agitado de 24 horas. Sabendo que não dormiria logo que chegasse em casa, pensei numa xícara de café com... Vim observando, pelo caminho, a possibilidade de alguma padaria aberta, mas que nada, todas ainda fechadas às 7:30 da manhã. Isto não existe mais! pensei comigo. Padaria aberta aos Domingos- cedo, enquanto se aguarda com impaciência a primeira ou segunda fornada de pães de meio quilo, ou de um quarto de quilo, quentinhos, cheirosos, pra se abrir com a mão e esparramar um tablete de margarina Primor e comer ali mesmo na calçada, no friozinho da manhã, já era!.. 
Existia uma Padaria perto do Cinema Miramar, que abria aos fins de semanas e às 5:30 já havia pão quentinho, que se comprava por uma janela gradeada com alguns centavos de moeda. Hoje não se tem mais, nem a garantia de são feitos na hora.

Bienal em PoA

Hoje, dia ensolarado, bares cheios,  pessoas sentadas em volta das mesas nas calçadas, eu e duas amigas fomos dar uma olhada na Feira do Livro na Praça da Alfândega, que estava impossível de se visitar pelo congestionamento de pessoas, impossibilitando qualquer aproximação dos estandes. Depois fomos dar um role até a Bienal instalada nos armazéns do Cais do Porto, igualmente intransitável e com  deficiente sinalização. 
Mas o que mais me incomoda nestes eventos realizados em Porto Alegre, não é só a multidão de pessoas que tem por hábito caminhar a esmo, ou serem conduzidos pelo fluxo cego da multidão, mas o despreparo dos funcionários para anfitrionar os visitantes nestes eventos, mostrando-se igualmente vagos, perdidos no tempo e espaço e com aquela expressão "Mas o que eu estou fazendo aqui?". 
A praça de alimentação, então nem se fala; Atendimento confuso, opções restritas, filas intermináveis, mesas mal distribuídas e sujas, com presos fora da realidade e clientes sem saco. Eu me pergunto o que falta para um gerenciamento mais organizado nestes eventos em PoA.
Quanto a Bienal em si, que este ano trouxe como proposta a apresentação de obras que refletem a noção de território à partir das perspectivas geográficas, políticas e culturais, me pareceu vaga na apresentação de trabalhos expostos, de modo a não sintetizar uma comunicação, sensitiva e clara com o tema. Pelo menos pra mim, pareceu faltar algo.

Marinheiro de primeira viagem.

Eu relutei em contar para vocês que em matéria de organização, sou um zero à esquerda e que quando acumulo mais de uma tarefa para fazer ao mesmo tempo e com algum grau- mesmo que médio- de dificuldade, fico divagando em coisas de menos importância, até perder o tino e receber o troféu de "Boca aberta do ano". Desta forma eu preciso respirar fundo e lembrar que tenho uma missão trabalhosa diante de mim, antes que seja vencido pela preguiça e o desanimo, exclamando pra mim mesmo, "Seja o que Deus quiser". 
Toda esta introdução explicativo aí em cima, no texto, é para dizer que minha viagem para Europa, programada neste mês de Novembro, acabou minguando por falta de um bom planejamento e estratégia, acrescido de um "Não tô com saco pra todo este trabalho agora". Ou seja; (inexperiência+falta de organização+desanimo+tempo reduzido) o resultado da equação é de fácil dedução. 
Quando se deseja dar um passo mais longe, além do oceano e se tem pouca experiencia, corre-se também o risco, como um marinheiro de primeira viagem, afundar a embarcação antes dela sair do porto. Foi o que aconteceu.
Depois de descobrir que neste mês seria ainda o momento apropriado para fazer a viagem, não consegui organizar à tempo, dinamismo emocional e todo o resto que se fazia necessário.
Solicitei licença do trabalho e uma grana extra no banco, cuja as confirmações demoraram tanto tempo, que quando tentei dar prosseguimento na viagem, não era mais possível pelo esgotamento de vagas nas agencias de viagem neste período. Somente montando um pacote personalizado, o que acarretaria num acréscimo acima dos 50% do preço normal. Acabei desistindo e mudando de rota para um lugar não menos importante aqui no Brasil, também de meu interesse e que em breve postarei aqui no Diário de Bordo. Encontrei um site na Internet que dá algumas dicas para marinheiros de primeira viagem como eu se organizarem, diminuindo possíveis riscos.  Leia aqui. Quanto a minha preguiça e desanimo é outra coisa a ser tratada.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...