Eu lembro muito bem quando foi que eu fiquei maluco. Eu fiquei maluco, quando minha mãe me segurou pelos braços com medo e meu pai bêbado, me mijou na cara, um liquido quente e cheirando `a cachaça.
Daí por diante, eu também passei a mijar, só que nas próprias calças, até os seis anos de idade e virei piada em toda a família. Acho que eu intimamente, queria voltar a sentir aquele cheiro horrível de mijo em cima de mim.
Depois passei a ter medo de aranhas e de um homem apelidado de João do Poço. A não dormir à noite e a falar com fantasmas. A acreditar que o correto era usar os calçados nos pés de forma contraria. A beber somente suco de uva, achando que era sangue e eu um vampiro imortal. A mastigar bagana de cigarros que encontrava na rua. A odiar minha mãe, por que ela gostava do meu pai. A não confiar na minha avó, após ela ter me convencido a colocar meu dedo na boca de um rato, preso numa ratoeira para testar minha masculinidade. A trancar minha irmão menor dentro do guarda-roupas, só para vê-la chorar. A ter raiva do professor de biologia, que um dia me passou a mão na bunda. A sentir vergonha quando meu tio descobriu que eu me masturbava no banheiro e contou para todo mundo na minha frente...
Depois eu fiquei por um longo tempo calado, simulando sorrisos e vigiando meus gestos, para que acreditassem que eu era um ser absolutamente normal.
Luís, Muito corajoso, audacioso! Certamente serve para mim hoje e sempre! GRande abraço!
ResponderExcluir(ANDREI MOURA)