Nesta manhã de pouco brilho, sem sol, nublada lembrei de Vinicius o de Moraes e sua poesia apaixonada, embriagada, sua poesia musicada, cantada. Talvez um dia eu venha sentir falta destes dias cujas manhãs me parecem tão insólitas e sem planos, tão abandonadas quanto o mar que soluça na solidão, nos pensamentos do poeta.
Ouve o mar que soluça na solidão
Ouve, amor, o mar que soluça
Na mais triste solidão
E ouve, amor, os ventos que voltam
Dos espaços que ninguém sabe
Sobre as ondas se debruçam
E soluçam de paixão
E ouve, amor, no fundo da noite
Como as árvores ao vento
Num lamento se debruçam
E soluçam para o chão
Deixa amor que um corpo sedento
Como as árvores e o vento
No teu corpo se debruce
E soluce de paixão.
*Vinicius de Moraes
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