Fui atender uma senhora de 75 anos que tinha passado mal. Quando cheguei a sua casa toda a família estava a sua volta, nervosos e sem conseguir entender o que se passava. Aproximei-me dela deitada em um quarto pequeno, sobre uma cama estreita de solteiro e um calor escaldante e resolvi abrir janelas e examiná-la em seguida. Tinha a respiração rápida e ofegante, os olhos semi- abertos e cabelos de um branco molhados pelo suor.
Chamei-a pelo nome, tentando indagar o seu estado de consciência e o que estava sentindo e então ela voltou seus olhos para mim, com aspecto de cansaço, num visível esforço de comunicação quase impossível, quase sobre-natural. Percebi naquele olhar um verdadeiro pedido de socorro, uma súplica desesperada em favor de sua vida, em favor de seus filhos e netos que ali estavam, comemorando seu septuagésimo quinto aniversário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você pode fazer seu comentário clicando sobre o título da postagem onde será direcionado para Conversa Fiada, com espaço para a publicação da sua opinião. Ela será acolhida com atenção e carinho e sempre que possível respondidas.