BECO ESCURO.


Então de um momento para o outro, me vi num beco escuro, sem saber que rumo tomar; Voltar ou prosseguir? Afinal aquele era um corta caminhos que reduziria em muito a distancia até a minha casa. De longe avistei lampiões pendurados em pequenos sobrados antigos, cuja a luminosidade pouco ajudavam na minha escolha de por onde iria seguir. Respirei fundo e pensei então que em outros momentos da minha vida, acharia este lugar tão inspirador para me influir em qualquer coisa poética, mas não agora. Aquele não era o momento de eu estar naquele lugar, para motivações criativas. Precisava sair dali em busca de claridade, de luzes intensas que iluminassem meus passos e até a minha própria alma assustada. Precisava restabelecer a segurança de mim destituída. Fui. Uufaaa!..
De onde vinha esse temor que me tornara tão vulnerável, me perguntei a o chegar do outro lado mais seguro e iluminado do beco. O escuro, a visão comprometida, a duvida de que no próximo passo, poderia ser assaltado e morto?.. 
Não, isto tudo são falsos flash back inventados pelo medo do desconhecido. Pior, são as incertezas que vão abrindo buracos e me matando antes de eu ser realmente morto.

AMIGOS AUSENTES SÃO APENAS BOAS LEMBRANÇAS.


"Dizem que os amigos verdadeiros passam longos períodos sem se falar e jamais questionarão a solidez da amizade, Quando eles se encontram, independentemente do tempo e da distancia, parece que se viram ontem. Entendem que a vida é corrida e que a fina poeira dos dias jamais encobrirá o que você sente por eles". 

Este texto andou rodando pela internet algum tempo e sempre que o lia, suas palavras não me convenciam. Eu ficava tentando encaixa-lo em alguma brecha da minha aceitação, me perguntando se ele se definia como  uma verdade pra mim, se cabia no conceito que tenho de relação verdadeira e em tudo mais que eu acredito ser importante para a manutenção do afeto entre as pessoas e ele não coube, não fechou, não me convenceu, deixando entre aberta as gavetas da minha desconfiança.
Vendo tantas pessoas curtirem este texto, tão desprendido, tão tolerante, tão consolador no Facebook, é o que ele me passa, eu cheguei a me perguntar: Será que eu é que sou tão egoísta, achando que uma relação só é possível se estabelecendo elos de convivência? Pelo menos uma rotina para nos por em prova!.. Será mesmo que o tempo e a distancia agregada ao que se pré supõe uma falta de convivência, não enfraqueceria qualquer relação, inclusive a de amizade entre as pessoas?
Será que a falta de um "Olá como você está".  Uma conversa de olho no olho, são dispensáveis para se manter vivo e perpetuar os sentimentos?.
Não, não, eu questionaria a solidez dessa amizade, porque eu preciso de mais. Preciso de um corpo físico, de carne e osso diante de mim, para poder tocar, abraçar, sentir o seu calor, a respiração e suas nuncias de voz, e de expressão. Distancia pra mim é separação e separação é sofrimento quando gosto de alguém.
Vivemos num mundo, onde cada vez mais, nos afastamos do dialogo e do contato físico com as pessoas, nos estigmatizando a o imediatismo e o superficial, pela falta de tempo, pelo individualismo, pela timidez, pela falta de confiança que adquirimos dos tempos modernos e isto é necessário revermos. Por outro lado, temos a nossa disposição, ferramentas competentes para lembrar pros amigos, que ainda estamos  vivos e ficarmos cientes de que eles também estão. Uma cutucada online aqui, outra cutucada online ali.., uns desenhos animados capazes de informar o nosso estado de espirito e até nossos secretos sentimentos.
Não precisamos mais de gente que nos procure para conversar, para nos dar um abraço de alegria, ou o ombro para chorarmos. Nos tornamos cibernéticos. Temos medo de nos expormos, de invadirmos e sermos invadidos. Essas ferramentas uteis, do qual me refiro, simulam a nossa alma e o que estamos sentindo, é só darmos um enter. Talvez seja por isto, que passamos a compreender a falta de tempo, a distancia e outras impossibilidades, pois estas ferramentas simulam uma falsa proximidade. As pessoas estão acomodadas e então criando desculpas
Não consigo ver neste referido texto, nada mais do que um conformismo, um conselho de resignação para o desinteresse, a indiferença, um consolo. Amigos pra mim, são os que mantem vínculos afetivos fortes e presentes, não importa a distancia e a falta tempo. São poucos, mas ainda existem. Portanto, amigos ausentes não são amigos, são apenas boas lembranças.

O PENDULO AFIADO.



De repente sinto-me como se  um pendulo afiado e invisível se movimentasse sobre minha cabeça, dividindo-a em duas. Uma que me faz enfrentar situações diante da vida com sociabilidade, racionalidade e aceitação, e outra que me incendeia fazendo-me explodir e o que sobra, são pensamos espedaçados como na visão irracional de um animal acuado que tenta proteger seu alimento prestes a ser roubado naquilo que pensa que o tempo e a devoção lhe concedeu por direito. Mas que direitos são esses.., se a vida segue seu rumo sem regras previamente planejadas? Ninguém sabe do seu amanhã. Mas estas divergências internas que ora prendem fogo, explodem e depois se apaziguam, servem de exercício para que nos acostumemos a lidar com o desapego e nos tornemos seres humanos melhores. O amor, a amizade que construirmos na jornada da vida, agregados a sentimentos de posse e de culpa, não nos concede direitos de modificar o rumo da vida sempre em eternos projetos que nem se desenharam no papel. E quer saber?, ninguém nesta vida, tem direitos adquiridos!

SÃO SÓ DOIS LADOS DA MESMA MOEDA.


Um dia uma pessoa me disse; Do que adiantava eu viajar tanto e ir pra tantos lugares, se eu sempre retornava para mesmo lugar de partida, ( a minha casa). Acontece, que ela não sabia nada, muito menos da importância de partir e de retornar ao ponto de partida, de rever as pessoas que deixamos pra traz, que amamos e depois, dividirmos com elas todas as experiências mágicas que aprendemos nestes deslocamentos que parecem sem importância. 


Alguns desconhecem que a delicia nisto tudo, são os deslocamentos que exercitam a nossa alma deixando-nos mais flexíveis diante das diversidades do mundo e que nos agrega valores, não importa se na ida ou na volta. Afinal, como diz o Bituca, o trem que chega é o mesmo trem da partida, nesta estação que é a vida...


A COR DAS BORBOLETAS.


As vezes tenho sonhos absurdos e que só percebo o quanto é absolutamente absurdo, quando acordo e descubro, que tudo não passou de uma fantasia, um simples sonho, mas daqueles que me faz voar junto com um bando de borboletas coloridas, rumo ao infinito...
O próprio sonho, vestido de sua inocência, toma surpresa e percebe que está mais para os absurdos da vida, do que para o bom senso e a razão tão lógica que ela, a vida, direciona com suas secretas intenções e regras.
Daí que acordo da ilusão, para assumir a realidade nesta confraria de iguais, que é mais absurda ainda.
Nossa as borboletas não possuem cores diferentes, são todas da mesma cor  e eu me negava a ver isto! -Disse o sonho com espanto aos meus ouvidos.


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