CÂNION MALACARA.

O cânion Malacara, cujo o nome de origem indígena significa Cara de Cavalo, faz parte do complexo de cânions da Serra Geral e entre seus vizinhos mais conhecidos o Itaimbézinho e o Fortaleza é o menos explorado. Ainda intocado e sem nenhuma infra-estrutura, seu ambiente é selvagem, constituído de uma mata nativa virgem, coberta de pássaros como tucanos, pica-paus, sabias e outros, causando a sensação de se estar num paraíso perdido.


Minha visita a este lugar aconteceu em Dezembro de 2010, a partir do impulso de realizar um passeio que me dispusesse diante da natureza a fim de contempla-la e descansar do stress da cidade ao menos por um dia. Isto mesmo, um único dia!
Procurei na internet algumas pousadas que oferecessem conforto e preços não muito salgados.
A pousada Refugio ecológico da Pedra Afiada, foi a que me pareceu com melhor custo beneficio e incluía café da manhã e jantar por: R$ 187,50. Este preço fazia parte de uma promoção para hospedes não acompanhados no mês de Novembro e em dia de semana, cujo valor sem desconto de 25% era de R$ 250,00 no apartamento de vista para o Jardim. A diária inicia as 14 h e finaliza as 12 h do dia seguinte. 
Além disso, a utilização do parque de 32 hectares, com trilhas auto-guiadas, mirantes, decks, margem de rio, redário, mini-arvorismo infantil, sauna e piscina de pedra também estão à disposição dos hóspedes inclusos no valor.



Outras atividades de aventura e ecoturismo não estão incluídas na diária. Os valores são por pessoa e iniciam em R$ 25,00 como a Trilha a Cachoeira da Onça, ou R$ 45,00 ao Poço do Malacara. As atividades de aventura como tirolesa é R$ 25,00 e o rapel que não faço nem morto, R$ 60,00.



Para quem quer sentir a energia de entrar na fenda de um canyon, mas não dispõe de um dia inteiro a trilha pela beira do rio é perfeita. 
O objetivo é chegar até a piscina do Malacara caminhando pelo leito do rio, apreciando a rica flora e fauna do lugar. Esta é uma caminhada com nível médio de dificuldade e duração de 3 à 4 horas, (ideal para o dia da sua chegada ou partida, pois você pode dispor de apenas um turno para realizá-la).
Mesmo não sendo cobrado ingressos o serviço de guias é obrigatório-(R$ 45,00). A trilha está localizada há 5 km do centro da cidade e a 3 km da pousada por uma estrada de terra.
Para quem vem de Porto Alegre são: 240 km pela BR-101 direção norte (Freeway-Estrada do Mar. Após a divisa RS-SC, são aproximadamente mais 8,5 km até o entroncamento para São João do Sul e Praia Grande (SC-450). 
Com a duplicação na 101, construíram um viaduto bem neste entroncamento, então você pegará a lateral direita dele para passar por baixo, onde tem uma placa que diz "retorno" e São João do Sul. Pegue a estrada em frente. Já é a SC-450, que levará até a cidade.


*As fotos colocadas neste post foram retiradas de paginas
  da internet, nenhuma são de minha autoria.

Um plus.

Depois de longas semanas encontrei minha vizinha no estacionamento e é sempre uma alegria quando nos pechamos ao acaso para falar-mos sobre qualquer coisa e depois dar-mos muitas risadas sobre tudo. É engraçado essas situações de encontros e desencontros entre as pessoas. Tinha semanas que nos víamos quase todos os dias, na rua, na garagem, na esquina, no mercadinho e  de repente a vida parece provocar desencontros dando a impressão de morarmos em outro bairro, talves em outra cidade. 
Fico pensando que algumas pessoas mesmo não sendo intituladas de "amigas", parecem nos pôr à vontade para se falar de quase tudo, criando um elo de intimidade, sem a preocupação de se parecer chato e inoportuno. São relações que se formalizam atraves do respeito mutuo, carinho  e atenção dada. As vezes raros e apressados encontros ao acaso, servem como um "plus" para o enfrentamento das carrancas que o dia nos exibe por razões desconhecidas.

Uma Sombra passou por aqui


Eu tinha uns vinte anos quando assisti o filme pela primeira vez e não entendi bulufas. Passado alguns anos voltei a assisti-lo mais uma ou duas vezes e ainda devendo. Este filme me marcou demais por que gostei dele sem conseguir entender direito a sua proposta.
O filme passou a ser uma pulga atrás da minha orelha, uma equação não resolvida e que ficou sem resposta. Hoje bisbilhotando em alguns sites sobre filmes antigos, quem me apareceu? O próprio; Uma Sombra passou por aqui- do director Jack Smight, que conta a historia de um homem vestido com roupas escuras, de inverno e luvas, caminhando numa estrada empoeirada e desértica americana, onde encontra um jovem andarilho que o acha estranho estar vestido daquele jeito. Na verdade os dois são andarilhos, porem com objetivos diferentes. O homem  em trochado de roupas, inapropriadas para aquele lugar de sol escaldante, esconde inúmeras tatuagens no corpo que resolve revela-las. Cada ilustração possui uma estória do qual o espectador é convidado a viajar. Estas imagens no seu corpo se movem, transportando o jovem e a gente, para o interior de histórias cheias de mistério e suspense. Entre as imagens existe um espaço vazio, onde revelam-se novas imagens sobre o futuro e consequentemente a morte de quem se atem a observa-las. 
Ele conta, estar atrás da mulher que o tatuou e misteriosamente desapareceu junto com a casa e a rua onde morava, como se nunca estivesse existido. Seu objetivo é mata-la e livrar-se daquela maldição. 
O filme navega entre cenas estranhas do passado, presente e futuro dos personagens causando um mistério sem respostas plausíveis do inicio ao fim, com muita sedução. 

Se alguém tem paciência para assisti-lo o site está aqui.

Papais Noéis.

Ontem toda os funcionários da emergência do Hospital Conceição, usavam uma toca de papai Noel Azul na cabeça, pouquíssimos estavam sem. O objetivo era o espírito natalino ou a sutil pegação pelo Internacional ter perdido o jogo para o Mazembe no Mundial de Clubes? Eu  estava com tanta pressa que esqueci de perguntar e quem sabe se me permitisem, fotografar.

Atenda o telefone!

Minha colega contou-me durante a festa de confraternização de fim de ano, que agora em sua nova função, (remanejada por problemas de saúde), ao setor administrativo, que uma de suas  tarefas é fazer contato por telefone com os funcionários,  a fim de resolver situações administrativas pendentes como: informações de cursos, esclarecimentos sobre atendimentos prestados, assinatura de ferias etc.,etc.
-O problema, segundo ela, é que ninguém atende o telefone quando percebem no visor de seus celulares  a informação de "ligação confidencial". - Ela disse. -Todos já sabem quem está ligando e não atendem! Esta reação, me parece que significa para as pessoas, uma invasão incômoda nos seus dias de folga, com pedido de horas extras para cobrirem falta de pessoal, o que virou rotina e  que ninguém mais quer tomar conhecimento por que a culpa não lhes pertence. Estão todos muito cançados pelo acumulo de trabalho e falta de afinidades com o serviço, (que é o pior!..)
Inúmeras queixas já foram feitas com relação a isto, inclusive era enviado aos setores uma lista de preenchimento de plantões extras para serem escolhidos - por quem quisesse fazer e que de uma hora para outra deixou de circular.  A preferência hoje da administração, parece que é ficar ligando uma, duas, três vezes  durante o dia  e a noite até convencerem pelo cansaço. 
Dia desses fui  abordado em pleno trânsito com uma destas ligações onde me pediam para  fazer hora extra por falta de funcionários. Mesmo explicando que estava  dirigindo no meio de uma avenida movimentada, impossibilitado de  dar confirmação no momento, a pessoa sem noção insistia para que eu confirmasse minha presença, me atucanando e colocando-me em risco de provocar um acidente. 
Já numa outra ocasião, quando estava em casa com visitas, o telefone tocou e era do serviço me cobrando para fazer plantões  extras, quando falei da impossibilidade de fazê-lo, ouvi todo o tipo de intimidações, como a de perder minhas férias, pelo fato de não estar colaborando com as necessidades do serviço. 
Ora, o que deveria ser um convite com a liberdade de escolha, uma vez que todos sabem da não obrigatoriedade de se dizer um sim, passou a ser uma imposição  com ameaças o que certamente faz com que as pessoas, assim como eu, pensem  mil vezes antes de atender estas ligações de caráter confidencial.

A culpa é das galinhas ou dos vendedores de ovos

Vocês já notaram que algumas esposas traídas desenvolvem uma síndrome paranoica contra colegas ou amigos de seus maridos? O cara é o maior traíra da face da terra, apronta todas sempre que pode  e ela julga que os outros favorecem ou colaboram para as sacanagens, responsabilizando qualquer um, menos o safado. A regra é sempre a de responsabilizar terceiros. 
Lembro-me de um conhecido que aprontava das suas e sempre que podia dava suas fugidinhas, mesmo em festas onde levava a esposa; Antes bebia em excesso até ficar inoportuno sob olhar  desapovador da esposa e quando menos se esperava desaparecia sem que a maioria das pessoas percebessem. Quando retornava para casa mais pra lá do que pra cá, o quebra pau era geral, ele não era suficientemente convincente nas suas explicações e a culpa sempre recaia sobre seus amigos ou colegas que o instigavam a beber e a cometer adultério. Os dia se passavam, ela o perdoava, mas se mantinha hostilizada durante meses contra seus amigos até novas reincidências. Ele reaparecia para os amigos dissimulado, fingindo que nada tinha acontecido.
Isto é como ter um cachorro comedor de galinhas, a culpa é sempre das galinhas ou dos vendedores de ovos.

Tá faltando elementos...

Resolvi sair para almoçar fora, por indisposição de fazer algo para comer  em casa e também para prestigiar um bar-restaurante reinaugurado por amigos próximos. Tudo era muito simples; (decoração, comida, atendimento),  até por que entendo, que a reestruturação de um negocio, requer um certo tempo para  se afinar as necessidades locais e atrair  clientes afins, mas eu fiquei pensando com meus botões; faltava alguma coisa a mais, que não era  a  simplicidade do ambiente ou da comida oferecida, mas  algo que só percebi minutos depois, sentado em volta da mesa observando-os enquanto almoçava. Era disposição, alegria, e outros atrativos necessários que nem todo mundo tem para oferecer. Quando se lida com o público, simpatia, atenção e qualidade no serviço, por exemplo, são elementos fundamentais e  fazem  a diferença para atrair clientes e fazê-los retornar.  As pessoas que trabalhavam no bar pareciam completamente desmotivadas, andavam em camera lenta, dando a impressão de que não sabiam oque estavam fazendo ali, bocejavam. Olha, se não fosse o  bate papo  forçado por mim, com a menina que fazia os pedidos, eu morreria de tédio e isto que eu a conhecia de longa data.

Mal entendidos

Nunca acreditei que somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos, senão seriamos culpados por tantos contrapontos que acontecem a nossa volta, assim como atitudes geradas por mal entendidos que passaríamos o resto da vida tentando corrigir  ou defender nossos atos mal  interpretados por quem nos cercam, e consequentemente alguns  desajustes que causamos involuntariamente nos sentimentos e intenção das pessoas. Isto produziria uma eterna luta em nome de uma responsabilidade  que talvés não tivéssemos. Mas será que somos também responsabilizados pelo que falamos, uma vez que nossas palavras, gestos, atitudes fazem parte de um kit atribuído a uma impressão nem sempre verdadeira  do que somos e de nossas intenções? 
Devo dividir as responsabilidades em cinquenta por cento para quem fala e mais cinquenta para quem ouve, ou não devo dividir nada me abstendo deste complexo mecanismo moral de somos feitos? As vezes não é necessário nem abrir-mos a boca para que sejam construído conceitos erróneos a nosso respeito, e eu que o diga!..
Ontem uma amiga sentada no restaurante ao meu lado, disse ter convidado um outro amigo  para compartilhar daquele momento agradável e que se tratava de uma pessoa muito bacana, morador a poucas quadras de onde estavamos.  Minutos depois ele apareceu sentando a nossa mesa e elogiando o lugar do qual não conhecia, o clima,  a noite, enfim... Era uma noite realmente quente e isto favorecia a um agradável papo descontraído à três, à quatro, à cinco, regado a um chopp gelado e a musica que tocava  ao fundo, se não fosse o cara partir para ataques de sedução contra minha amiga dando a impressão de que  só estava ali por esta razão e que foi convidado por  segundas ou terceiras intenções produzidas por sua equivocada ideia de que tudo poderia ser um subterfúgio.
Passado mais algum tempo, tudo foi se transformando numa situação de constrangimentos: Ele persistindo na impetuosidade sedutora, ela tentando mostrar o mal entendido e eu a procura de uma forma de cantar para subir e dar-lhes espaço para que as coisas fossem resolvidas da forma mais civilizada possível.
O jeito foi arranjar a velha desculpa: -Vou até o banheiro e já volto!.. Quando retornei, ele já estava se encaminhando em direção a porta de saída sem a preocupação com despedidas.
Se Saint-Exupéry pudesse ler este post, talves se perguntasse: -Mas o que tem a ver esta historia com  minha frase  filosófica? Eu diria:  -Nada, nada a ver, por que tem coisas que não tem nada a ver mesmo, são apenas mal entendidos!

Beijos

Ontem entre amigos, falavamos sobre beijos e eu me lembrei desta cena que tanto me emocionou no final do filme "Cinema Paradiso". Pra mim é a mas pura tradução da sensibilidade e quando  a assisto, não deixa de produzir em mim, aquela conhecida sensação de nó na garganta sem que eu tenha uma explicação lógica para isto, afinal são simplesmente beijos!.

Por que eu não gostava dos Beatles:

Assisti um vídeo antigo sobre os Beatles e isto me reportou a alguns anos quando comecei a me interessar por suas musicas. Era 1969 e eu deveria ter uns onze anos de idade. Soube da existência deles através de um  jovem que se  chamava Marinho (era assim que o chamavamos) e que o pai recem chegado dos Estados Unidos  lhe presenteara com um disco. Eu não gostava muito do cara que parecia arrogante, pretensioso e metido a filhinho de papai, talves eu sentisse ciumes de sua posição sócio economica superior a minha e da influencia que causava entre o grupo de amigos que praticamente o veneravam com um ser superior. Beatles me lembrava Marinho e Marinho era tudo que eu não aceitava, ou queria desesperadamente de popularidade para mim. Desta forma levei muito mais tempo a aceitar os Beatles. O disco era "Sgt. Peper's", lançado em 1966 e que só chegou em minhas mãos, muitos anos depois. 
Quando se é pobre e tímido, as novidades custam mais a chegar ate nossas mãos e ainda agregado a sentimentos de inferioridade e inveja, geram preconceitos que pesam sobre nós e que só mais tarde temos coragem de repensar e assumir publicamente.

O sorriso da guerreira.

Na quarta à noite encontrei Ada na festa de aniversário do filho de uma amiga e cada vez que a encontro, admiro-a mais por sua força e coragem no enfrentamento de seus problemas que não são poucos. Por vezes me pergunto se eu teria a mesma alegria, coragem e energia que ela disponibiliza para viver a vida e manter seu sorriso luminoso. 
Algumas mulheres como ela, possuem esta marca registrada parecendo predestinadas a uma força e paciência maior que a dos homens; Força talves originada de sua própria condição de mulher que se fez guerreira, que aprendeu a driblar as próprias dores numa alegria fundamental  e  ainda serve de exemplo à muitos. Infelizmente quando voltei para casa já era madrugada, dia de seu aniversário e esqueci de abraça-la e lhe dizer estas palavras.

Como nos tempos de guri

Durante a tarde  quente de ontem, desabou uma chuvarada sobre a cidade com direito a granizo de campanha, transformando todo o panorama comum de Porto Alegre em algo raro de ser visto. As pedrinhas de gelo colidiam com força contra as paredes da ambulância, dando a sensação de que a transformaria num coador de chá ambulante. O ruído por vezes era assustador. 
O tráfego de veiculo praticamente parou na movimentada avenida Ipiranga, cuja a visibilidade ficou completamente comprometida por uma neblina que dificultava  de se enxergar meio metro à frente. Estas coisas me fazem lembrar de meus tempos de guri e se não estivesse no horário de  trabalho, uniformizado "coisa e tal", arriscaria um banho de chuva como naqueles tempos. De qualquer forma me contentei em  apenas molhar uma das mãos e passar sobre rosto.

Verborréias

Durante o jantar de confraternização de fim de ano com pessoas de bons costumes, tudo ia perfeitamente suportável, até um pai de familia presente comentar o seguinte: 
-Os homossexuais existem entre nós e a gente nunca sabe quem é quem. Precisamos aceita-los por que daqui um  pouco, não nos damos com mais ninguém nesta vida e eles são gente boa!
O preconceito fica absolutamente claro, não só quando uma pessoa dessas abre a boca para vomitar um monte de asneiras acreditando estar dizendo uma grande verdade, mas quando os que estão a sua volta se silenciam com o nobre ar de quem  não se importa com o que está sendo dito, mas no fundo consentem e endossam calados estas verborréias.
Não pude me calar diante disto e antes que ele mudasse o foco do tema, enumerei uma lista de situações  morais negativas, que independe de genero, orientação sexual e cor de pele das pessoas  que vivem entre nós causando  todo o tipo de destruição nos conceitos de educação e moralidade; Ele entendeu ao que eu me referia. 
Quanto ao fato de aceitar os homossexuais para não se sentir isolado, resolvi me abster de  formalizar mais opinião para não  aumentar ainda  mais o caldo da sopa e estragar o prato principal da festa. 

Demarcando território

Cheguei em casa precisando fazer mudanças, mudanças visuais, estruturais, em alguns detalhes da minha casa. Trocar os moveis de posição, colocar cortinas nas janelas, pendurar quadros nas paredes, recompor todo o ambiente, mesmo sabendo dos transtornos que causariam estas mudanças em se tratando de um apartamento com pouco espaço. 
Já faz quase um ano que me mudei e ainda não pendurei os quadros nas paredes. Deixei-os amontoados num cantinho da sala com a espectativa futura de  estudar o local ideal e..., acabo esquecendo; Fico me perguntando quando encontrarei tempo e vontade de posiciona-los no devido lugar cada vez que os vejo. 
Me disseram que isto é um sinal de desapego, uma forma de prorrogar laços inibindo  possiveis afetos, uma vez que  imprimimos sentimentos e identidade aos objetos que adquirimos. Lembro de minha avó arrumando seu vaso de porcelana sobre a mesa da sala, quando alguém tirava-o do lugar ou colocava-o numa posição diferente, ela dizia que não era a sua mesa, voltando a reposiciona-lo como ela gostava que ficasse. -Aqui é o seu lugar, não gosto que ninguem mexa! -Dizia pra si mesma. 
Acho que somos animais parecidos  com os cachorros que demarcam territórios, eles dando mijadinhas pelos cantos da casa e nos ajeitando objetos que nos despertam emoções  e criam  nossos espaços de conforto pessoal. Eles devem ficar nos lugares escolhidos por nós, no angulo de nossas escolhas, ancorados numa complexa referencia pessoal e estética.
Hoje é Sábado e fui convidado à alguns compromissos que abri mão para ficar em casa. Preciso terminar o livro que iniciei ler e ainda não terminei. Tenho de me decidir sobre muitas coisas e inclusive sobre os quadros antes de começar a mijar pelos cantos da casa demarcando meus territórios. Antes de tudo preciso encontrar o local certo, o angulo perfeito, por que quadros não se coloca em qualquer lugar, precisa ser pensado antes de ser pendurado!..

O presente.

Enquanto houver Natais e fins de ano com festas de "amigo secreto", a vida será um inferno com direito a todos os transtornos de humor à beira de um ataque de nervos, foi o que pensei durante a tarde de hoje na cansativa missão de comprar o presente de minha amiga secreta, depois fui me harmonizando.
Bem, ela foi clara em suas sugestões: Cadeira de praia, chinelos numero 37, copos ou taças que não especificou se de vinho branco, tinto ou água. De qualquer forma, não era nenhuma destas opções que eu estava disposto a presenteá-la, já disse que acho as listas de sugestões limitadoras e queria algo mais personalizado, que se parecesse com ela, mas logo percebi da dificuldade que seria pois o preço estipulado pelo grupo em vinte reais, impossibilitava qualquer investimento mais apurado as sutilezas da criatividade e criatividade hoje é caro e requer maior disponibilidade de tempo e disposição que eu não tinha. Além destes dilemas, a tarde parecia das mais quentes e as lojas estavam tão cheias, que pareciam estarem distribuindo produtos de graça. Depois de vasculhar a primeira, a segunda, a terceira, a sexta loja, dei o braço à torcer. Vai os chinelos que encontrei na terceira com direito a troca se a presenteada não gostar. Retornei e fechei negocio.
Tem coisas que só acertamos quando não planejamos e surgem ao acaso, sem compromissos, sem pressa, sem indisposição. Espero que ela goste, por que eu fiquei na dúvida!..
No domingo à noite saberei!..

A propósito

Ontem encontrei o Clodoaldo na saída do hospital, sorrindo em minha direção.
-E esta forma de !..  -Disse referindo-se ao meu excesso de peso.
-De barril?, é  excesso de sexo!  - completei sorrindo.
-Sexo oral?  - Perguntou-me baixinho e depois gargalhou.
-Sim, não tenho habilidades com coisas duras, não sou traumatologista!  - finalizei também baixinho e gargalhando.
Mesmo parecendo um dialogo sarcástico e desrespeitosos, considerei  como um suing para estimular nossas testosteronas. Isto prova de que não é o que se diz que ofende, mas como se diz!

Sentença matemática

Alguém me cochichou no ouvido, que são as relações que movem o mundo, todas as relações num ciclo pessoal ou global e eu fiquei pensando que gosto desta palavra, embora toda a complexidade conceitual que me provoca cada vez que a ouço ou a pronuncio.
As relações pessoais vão se modificando com o passar do tempo e me causando surpresas que parecem não terem  explicações lógicas. Talves tenham mas eu não tenho saco pra pensar nisto agora.
Será que tudo é um jogo do tipo: Causa e consequencia?..
A única certeza que tenho é que (1+1 não é = 2), se fosse explicaria a razão de pessoas que estavam a quem de minhas verdades perecerem tão próximas, ao contrario das que estavam tão próximas se manterem tão distantes.

Feliz Aniversario

Há algum tempo atrás eu e colegas nos reuníamos para elaborar um relatório de  insatisfações e reivindicar algumas mudanças no sistema de trabalho em que ate hoje atuo e que acreditávamos resultaria na melhora das relações humanas e no desempenho do serviço prestado à  sociedade. Nesta planilha de reivindicações a solicitação que mais almejávamos era a humanização por parte do serviço, o que significava respeito e  tratamento digno e por acreditar-mos que estas coisas deveriam iniciarem-se de cima pra baixo e de dentro  pra fora no ambiente de trabalho. Contestavamos  atitudes imperalistas que nos submetiam a um trabalho quase desumano, onde eramos subjugados  e desvalorizados como profissionais, tornando-nos cada vez mais desmotivados e insatisfeitos. Incansaveis encontros e reuniões foram feitas, sem que nada mudasse, criando-se cada vez mais uma lacuna divisora maior  e limosidades entre os que atuam na linha de frente e os que ficam atrás de mesas tomando decisões. Quinze anos já se passaram, gerentes, responsáveis técnicos e chefes diversos também.   Muitos desses colegas engajados nesta luta, se aposentaram, morreram, cansaram, desistiram. Desejávamos  mudanças simples que nunca foram dada a devida atenção e provando que cada regra nova que surgia, serviam apenas de facilitador a politicas internas que favoreciam somente à pequenos grupos da elite e que nestas ultimas semanas de novembro, comemoraram quinze anos de existência e conquistas. 

COLEGA SECRETO

Chegou Dezembro, Natal, festas de fim de ano, sorteio  de amigo, (colega secreto), êita coisinha mais impessoal, sortear o nome de uma pessoa que será o seu amigo secreto e cuja a finalidade deveria ser outra coisa e não a imposição de uma troca de presentes que engorda os bolsos do consumo comercial e que no final, nem sempre agrada quem de fato interessa. 
Depois tem aquela lista de sugestões de presentes,  que eu chamo de limitador  da criatividade e que normalmente não foge de uma cadeira de praia, um chinelo Havaiana ou um Kinder Ovo com uma surpresa  muy interessante. 
Por que as pessoas não se encorajam a modificar estas repetitivas atitudes? Parece que   se importam  em ganhar e  participarem deste jogo que é mais um mediador na politica da boa vizinhança, do que uma atitude natural e carinhosa do tipo: "Olha lembrei de você!". Mas lembrei mesmo.
Eu particularmente curto mais dar, do que receber e preciso parar de beber tanto café e não ser tão crítico.

Politicamente correta?

Eu não acompanho as novelas das 18horas, das 19horas e também das 21horas, mas desde que comecei a pegar alguns pedaços de Passione, naqueles momentos que não se tem mais nada para ver na TV, algumas cenas do personagem Gerson, mostrando-se tenso, desesperado e cheio de culpas, tentando esconder um grande segredo, me chamou a atenção.
Eu poderia apostar que se tratava de um caso de pedofilia ou homossexualidade, só não sabia de que forma a Globo conduziria este assunto. Na verdade não conduziu. Resolveu criar desculpas esfarrapadas, ou melhor, fazer remendos que não convenceu nem a mãe do Badanha, quanto mais ao telespectador. A emissora sempre cuidadosa com assuntos polêmicos, preferiu como na maioria das vezes, posicionar-se em cima do muro e sair pela tangente. 
Será que alguém já esqueceu do beijo entre os personagens (Júnior), de Bruno Gagliasso, (e Zeca), Eron Cordeiro na novela América, tão esperado pelos telespectadores e que nunca aconteceu?

Vaga para heróis.

Ontem a tarde, durante o plantão, fui procurado por um jovem que me fez lembrar daqueles personagens de desenhos animados de ficção da TV. Ele vestia uma bermuda  verde  estilo militar, tenis e um cinto "mil utilidades" preso por  tiras no meio da coxa, lembrando do personagem Falcon, voces lembram? Até a barba era meio parecida.
O cara estava à minha procura, dizendo-se em busca de informações sobre cursos para trabalhar na area de emergencia e que um dia me encontrou na rua, durante um atendimento e que eu o havia prometido de lhe dar informações à respeito. Eu particularmente não lembrava disto, não lembrava nem mesmo dele com seus quase dois metros de altura e olhar de quem corre atraz de sonhos e emoções.
Enquanto converssavamos, percebí sua empolgação pelo tipo de trabalho que prestavamos e sua ansiedade em buscar informações sobre tudo, como nossa atuação, funcionamento geral do serviço e os equipamentos que compunham a ambulância. Dizia-se ter nascido para  isto, que considerava um trabalho  de muita adrenalina e que estava em busca destas emoções que lhe faziam bem, permitindo-o ser um ser humano melhor. Gostava de estar envolvido nestas situações de risco que envolvem pessoas quebradas, mutiladas e que dependiam de sua ação para sobreviverem, que se sentia desmotivado e acreditava ser este o seu  caminho.
Algumas pessoas como ele, me passam a sensação de ultrapassarem a barreira da realidade para uma ficção particular, buscando emoções pessoais como se a vida fosse um empolgante jogo de vídeo game, um Set de filmagens do Sylvester Stallone, em que no final tudo dá certo  conforme planejado sem ingratas surprezas e percalços. Parecem à procura de uma vaga de herói onde acreditam que atuarão com  a mais perfeita maestria, sem erros, dificuldades e impasses do sistema burocratico a que estamos submetidos. A realidade  me parece bem diferente do que ele sonhava e eu não quis ragar seus projetos e  lhe passei algumas informações que achei necessarias.

*base: local de onde saem as ambulancias para os atendimentos.

ÁREAS DE RISCO.

Lendo em algum blog, sobre  essas particularidades que encontramos em alguns lugares atingidos por acidentes naturais, lembrei de minha visita à Valparaíso no Chile e o quanto  me surpreendi com  algumas particularidades da cultura local. Alguns detalhes parecem surrealistas, como esta placa posicionada na beira da praia, no Pacifico e que seus frequentadores nem davam atenção. Parecia  tudo tão normal, que isto não os impediam de entrar na água gelada e tomarem seu banho na mais tranquila paz e alegria. Mas eu em particular, fiquei impressionado e temeroso.


Algumas semanas mais tarde quando já estava em  casa ocorreu o ultimo terremoto no Chile, onde um tsunami destruiu alguns lugares que visitei e pelo que soube, nada sobrou dos prédios construídos naquela costa marítima. O mesmo aconteceu quando estava num restaurante em Cusco no Peru e percebi este outro aviso, fixado sobre uma coluna reforçada que cruzava sobre  a minha cabeça, enquanto almoçava.

 

No nosso país, a paz com relação a  acidentes naturais, sempre reinou, embora não devemos  nos esquecer do furacão Catarina, secas no norte e nordeste, enchentes, e desmoronamentos  causados pelo excesso da chuvas responsabilizando o aquecimento global e o crescimento desenfreado das cidades; Mas agora, em particular no Rio de Janeiro, embora tudo que vem acontecendo nada tem haver  com acidentes naturais, é inacreditável vê-lo transformado numa praça de combate onde circulam tanques de guerra, policia armada, ambulâncias e o desespero dos moradores como é transmitido pela TV.
Quando falo em cultura, não me refiro a manifestações artísticas sociais, (como musica, teatro, dança, língua escrita, mitos, etc.), mas as situações que motivam alterações comportamentais por se tornarem tão comum a o dia à dia das pessoas, que passam a fazer parte da historia de um lugar e de seu povo, modificando de fato suas atitudes. Espero que as incidências geradas nesta ultima semana no Rio, não se transforme em algo cultural e mais tarde seja colocada alguma placa informando: "Atenção - área de risco - traficantes no local.". Ou já existe?...

Pequenas atitudes que fazem falta.

Depois que retornei da festa, tirei a roupa e sentei na cama, sentindo-me faltar algo. Após alguns minutos percebi do que se tratava. Na minha família, em particular alguns membros dela, tem o habito de quando um amigo, conhecido ou mesmo um parente retorna  para sua  casa, depois de uma visita,  ligar para ele a fim de constatar se ele chegou bem, sem nenhuma intercorrencia no trajeto. 
Esta atitude que sempre considerei uma forma não de preocupação, mas de atenção e carinho, às vezes sinto falta.

À espera de um milagre

Marcos e Preta são casados e donos da padaria onde circunstancialmente compro dois pães franceses, um para a tarde e o outro para o dia seguinte, antes de eu ir para o trabalho. 
Ele é quem faz os pães, enquanto ela atende no balcão. Os dois não devem passar dos trinta e cinco anos de idade e sonham com viagens assim que conseguirem estabelecerem-se. 
Estabelecerem-se para eles significa: Pagar as contas, adquirirem a casa própria, trocarem a moto por um carro, o filho único entrar para a escola e sobrar algum dinheiro, tempo e oportunidade.
Marcos me disse que nunca saiu do Estado e ela da cidade. Ele fica sentado numa cadeira branca na porta da padaria com o olhar distante para a avenida onde correm os carros, ela passando álcool gel na vitrine do balcão . 
Ele tem os olhos, expressivos, grandes e brilhantes, ela pequenos e rasgados.
Ela usa toquinha branca na cabeça e ele caneta atrás da orelha.
Eles esperam uma oportunidade, quando a vida arranjar tempo, esperam por um milagre!

Medida de segurança.

Tenho a sensação que sei mais dos outros do que de mim mesmo, daí chego a ideias conclusivas através de um perfil traçado por uma suposta leitura de olhar, uma observação detalhada de gestos, uma sincronia de palavras, uma particularidade qualquer de expressão que se difere do esperado, tornando tudo particularmente aceitável ou não. Esta forma de análise sempre me pareceu mais fácil, mais cómoda, menos trabalhosa, menos doloso quando direcionada aos outros e não a mim mesmo e daí  crio um paralelo de ideias, conceitos, um preconceito. Estou convencido de que esta atitude é inerente à todos as pessoas, a diferença se estabelece na forma com que trabalhamos e conduzimos isto.
Daniel, como se apresentou pra mim, surgiu da noite pro dia, como o mais novo morador da praça em frente da minha casa, chamando a atenção e preocupação dos moradores que a utilizam-na em caminhadas pela manhã e fins de tarde. Sua presença causava não medo, mas o desconforto que se estabelece entre as pessoas que se mantém guarnecidas em sua zona de conforto moral e tem a preocupação  de que nada abale esta falsa segurança. 
Ficava sentado sobre a grama ou debaixo de alguma árvore entre sua infinidade de tralhas pessoais. Não incomodava ninguém, não dirigia a palavra à ninguém a menos que fosse solicitado. Seu olhar parecia propositalmente distante como se não houvesse ninguém à sua volta e  uma certa altivez mostrando-se despreocupado com olhares curiosos ao seu visível desleixo pessoal. Alimentava-se de bolachas e fatias de pão oferecida por vizinhos e até café que numa noite eu levei para aquecer-lo do frio. 
Noutra noite observei da minha janela, o carro da polícia estacionado sobre as dependências da praça e logo lembrei-me de Daniel. Dias depois, fui  informado que tinha sido afugentado, por que um morador preocupado  o denunciou à polícia, temendo por sua segurança.

Depois da tempestade a bonanza

Depois de ter ido para o trabalho de cabeça virada, (força de expressão), voltei para casa meio instrospectivo; Digo "meio" por que há momentos em que uma palavra inteira, não consegue definir adequadamente nossos mais simples ou complexos sentimentos. O dia cinzento e chuvoso de ontem, aliado a pequenas incomodações profissionais, ajudaram a compor-me de um perfil desajustado e deprimido.
A noite uma conversa pelo MSN que poderia resgatar-me  deste  estado, me pôs ainda mais  pra baixo, mais irritado e exposto a argumentos e sentimentos equivocados, cuja a ciranda  de queixas  e cobranças parecia nunca acabar. Hoje depois de terminada a tempestade e reinado a bonanza, pude avaliar melhor a situação e perceber que nos fizemos expostos  a estas situações, involuntariamente permitidas, sem estarmos devidamente protegidos se criasse-mos medidas que evitassem tantas invasões.
Tenho o defeito de acreditar que relações amorosas acabadas, podem ajustarem-se à novas relações em proveito de afinidades, carinho e amizade, o que nem sempre é posivel quando os sentimentos são confusos e não mais se afinam, colocando em risco a credibilidade e o respeito mutuo.

Reavaliação cronológica dos pensamentos

O blog é uma ferramenta que nos permite acompanhar um fluxo de ideias, no meu caso também assistir a evolução e mudanças que somos acometidos por influencia do meio e nossas digressões emocionais no conforto de uma cadeira, uma tela e um teclado magico onde as palavras digitadas, criam sentimentos, atitudes, reações. Nada que o antigo papel e a caneta deixassem de fazer, mas hoje vivemos dias mais modernos.  Uma colega de viagem, denominou o seu blog de: "Olha seu psicanalista...", nada mais criativo, prático e verdadeiro nesta relação que aparentemente inicia-se como um divertido passatempo e que aos poucos vai mudando de rumo e criando dimensões que só percebemos com um olhar mais atento e crítico. Semana passada estava lendo alguma postagens antigas em meu blog e me surpreendi, com as mudanças ocorridas neste intervalo de tempo, e de como crescemos e também regredimos em nossos pensamentos; Como defendemos sub-conceitos e enfeitamos mentiras, fazendo-nos crer que são verdades. Por vezes é penoso retroceder em algumas teclas e perceber que algumas palavras doem a o serem relidas.

Virando abóboras

Dia 24 de Setembro, postei aqui no blog um texto chamado "Dando de pau", em que eu descrevi o tratamento grosso, mal educado e preconceituoso que me foi dirigido por um colega durante o horário de expediente e que considerei uma agressão, um desrepeito e que em algum momento do texto eu ainda coloquei: "Não sei se minhas palavras serviram para que ele repensasse melhor sobre sua atitude, ou se foi apenas uma paulada em sua cabeça e que me promoverá a seu mais novo inimigo".
Adivinhem?..  Darei uma moeda de premio para quem acertar o que aconteceu depois!
O cara não me olha mais nos olhos, faz de conta que eu não existo e eu  pergunto: Era de se esperar outra atitude que não essa?.. Neste mundo moderno em que vivemos é mais fácil homens virarem abóboras, do que abóboras em homens.
Lembro-me de outra situação, (fato completamente diferente do postado no texto acima), em que eu e um outro colega de trabalho, nos desentendemos quanto a escolha da  candidata para ser a nova diretora de enfermagem  do hospital. Já estava próximo do dia das eleições e ele ainda não havia se posicionado em quem votar. Quando revelei minha candidata, ele caiu de pau em cima de mim, dizendo que eu estava equivocado, que minha escolha não poderia ter sido a pior de todas e que eu deveria posicionar-me como ele, neutro, pois não havia ninguém em condições de assumir aquele cargo no momento, opinião que eu discordava. 
Esta diferença de ideias gerou um pequeno desentendimento que a princípio não levei a serio, mas que mais tarde percebi ter lhe causado sentimentos de desafeto com relação a mim. Passado alguns plantões, notei que ele não me dirigia mais a palavra e quando eu tentava dividir o mesmo espaço com ele na mesa do refeitório (por exemplo) ele levantava-se e saia, visivelmente irritado com a minha presença.
Diante deste fato desagradável, resolvi chama-lo para uma conversar e buscar algum entendimento no impasse gerado. Me desculpei por talves ter usado palavras inadequadas, mas que minha posição ainda se mantinha a mesma com relação a minha candidata. Ele aceitou minhas palavras e saindo dali, passou a me tratar como antes do mal entendido, embora tivesse a necessidade  de justificar à todos os outros colegas que eu havia  lhe procurado para pedir desculpas arrependido de minhas posições anteriores.
A partir daí, eu percebi a dificuldade que as pessoas encontram em aceitarem as diferenças de opiniões e que quando defendemos algumas posições contrarias as suas, corremos o risco de ser-mos mal interpretados e nossas palavras serem conduzidos à terrenos pessoais, sem que tivesse-mos a intenção. 
Algumas pessoas, criam certas imposições baseadas na cumplicidade de opiniões: "Ou pensas como eu, ou não me serves!". Te obrigam a o corporativismo linear do conformismo sem se darem a chance de serem questionadas, fora disto se sentem ameaçadas. 
Quanto ao pedido desculpas que fiz então, é visto como um ato de arrependimento, que te coloca numa posição inferiorizada, de quem errou e busca (humilhante) retratação, o que nem sempre é isto. Poucos percebem o pedido de desculpas como uma atitude superior em respeito ao ser humano e sua  diferença  ou uma retomada de relação que é mais importante que qualquer posição adversa ou mal entendida. Todos sabemos que o direito de opinão deve ser respeitado, mas na prática, as reações são diferentes.

CHURRASCO NA PRAÇA

 

Na frente da minha casa, tem uma praça enorme e arborizada, onde os moradores nos fins de tarde fazem caminhadas. Aos fins de semana então, em especial aos domingos, fica mais cheia de  pessoas que chegam de outros lugares para realizarem torneios de futebol.
Certo dia fiquei tentado à fazer um churrasco entre amigos, sob a sombra das arvores, mas fiquei limitado a timidez de que talvez não fosse o local adequado para isto, uma vez que não possui churrasqueiras; Afinal é uma praça!
No fim de semana passado vi um grupo de pessoas realizando esta  façanha  de fazer um churrasco e que vinha me frustrando por ficar na duvidas se era politicamente correto de fazer. O grupo usava uma destas churrasqueirinhas portáteis  e me senti como alguém que é roubado a sua grande ideia. Já fiz piqueniques com a família, sesteei, namorei, mas churrasco ainda não me atrevi!..

Relações perigosas

Luci fugia do marido com a filha de cinco anos e grávida de três meses. Um amigo as ajudava na fuga, quando um outro carro bateu na traseira do veiculo em que estavam. Por sorte ninguém sofreu qualquer ferimento a não ser Luci que sentia forte dor no pescoço e necessitava de exames.
-Minha filha vai comigo né moço? Se não eu não vou! -Gritava para mim de forma impositiva, mas não agressiva.
A menina acompanhava a mãe na ambulância, segurando-a pela mão e fiquei surpreso com sua atitude de coragem e maturidade precoce, enquanto sua mãe jogava-lhe responsabilidades descabidas para a sua idade.
-Se ele ligar, diz que estávamos indo pra casa do teu pai, quando bateram no nosso táxi. Se ele souber que o fulano estava nos levando, ele vai ficar uma fera! Pensa bem no que vai dizer! Tu sabe que ele é muito ciumento!..Fica com o telefone na mão se por acaso ele ligar!...
Durante o trajeto até o hospital e excessivas cobranças à menina, Luci puxou conversa comigo:
-Sabe moço, isto só aconteceu, por que ele a vários dias vem me ameaçando de morte. Eu tentei contornar a situação, mas tá difícil. Achei melhor fugir com minha filha, antes que alguma desgraça aconteça! Não posso viver assim, um dia ele me ama e no outro me odeia. E agora estou gravida dele!
Me interessei em saber mais sobre a sua história, aproveitando o fato de que ela parecia necessitada á falar e desviaria tanta cobrança sobre a menina:
-Ele é jovem, tem vinte e três anos e está em tratamento para abandonar as drogas. Faz três meses que está se tratando e acho que está em síndrome de!...
-Abstinência!?... -Ajudei a concluir.
-Sim, acho que é isto! Deve estar se aproveitando da situação por que não tenho ninguém por aqui, minha família toda é de outro Estado! Eu odeio ele!
-Preciso telefonar para o pai da minha filha, para pega-la no hospital, não sei se ficarei baixada!
-Se ele ligar minha filha, diga que nos acidentamos. -Disse para a menina que segurava o celular numa das mãos e prestava atenção no que a mãe lhe dizia.
-Isto parece castigo, quantas vezes eu quis que ele sofresse um acidente na moto e morresse!. Neste momento a expressão de Luci era de raiva, enquanto que da menina era branda e parecia acostumada com toda aquela complexa situação de amor e ódio e desabafo público da mãe.
-Ele ainda não ligou minha filha? Vê se não mandou alguma mensagem!..
-Não mãe! - Respondeu a menina após olhar mais uma vez e telefone celular.
-Quando ele souber o que aconteceu com a gente, talvez sinta bastante remorso. É bem feito!- Disse Luci  chorando e sentindo-se vingada com toda a situação.

O gato abandonado

Apareceu um gato magro e abandonado, aqui no pátio do edifício e cada vez que saio ou  volto da rua, ele se enrosca em minhas pernas mendigando carinho e atenção ou seria um pedido de adoção?.. Eu  finjo não entender o que ele quer, me ponho duro e distante como um ser superior para não criar laços. Eu não quero virar um desalmado, um dia eu até o convido para jantar!

O tempo passou na janela e só Carolina não viu...

Algumas vezes penso com mais seriedade sobre esta postura das pessoas em geral,  irem se fechando para algumas possibilidades apresentadas pela vida, em função de pequenas situações que lhes desagradam e eu até me incluo entre elas.
Quanto mais avançamos na idade, mais seletivos ficamos e isto parece nos arrastar para uma intolerância maior na complexa arte de conviver em grupos, absorvendo conceitos e maneiras de viver, que nem sempre acreditamos e compactuamos. Esta postura nos deixa na contra mão de estarmos abertos para oportunidades que poderiam nos renovar em meandros nunca experimentados. Se tendenciamos à correr somente nos trilhos de nossas verdades, acabamos nos isolando em nossos  conceitos absolutistas sem provar o intercâmbio das diferenças.
Quem de nós pode afirmar que ler um bom livro de poesias, pode ser melhor que um roda de pagode, ou ainda uma grande viagem, melhor que um passeio no subúrbio com amigos?. Existem surpresas inusitadas quando derrubamos normas conceituais, adquiridas por dúvidas e medos.
Somos vaidosos com nossa cultura às vezes retirada de folhetins, por achar que nossas escolhas são melhores que a dos outros, até chegarmos no momento em que não nos servimos mais, pelo excesso de regras. Precisamos mais que aos outros, nos surpreender com nossos atos, ser mais simples, tolerantes, ousados, indiscutivelmente menos preconceituosos. A vida é como um rio que espalha seus braços em direção a o mar. Seguimos seu fluxo ou viraremos uma Carolina em que o tempo passou na janela e só ela não viu.

Egoísmo.

Nesta manhã - 5h.25min., fui socorrer um homem que sofreu um ataque dentro de um onibus, na Lomba do Pinheiro, quando ia para o trabalho. Conclui que estava se deslocando para o trabalho, pois vestia uma camiseta de uma empresa conhecida na cidade e carregava em sua pasta um sanduiche e duas bananas que talvés fossem lhe servir de lanche. 
O onibus estava parado na avenida com as luzes piscantes ligadas e todas as pessoas haviam sido evacuadas do coletivo pelo motorista e o cobrador. 
Era um homem negro, de estatura alta, forte e beirava seus 42 anos de idade. Estava caído no meio do corredor inconsciente e tinha a respiração difícil e ruidosa; Tivemos dificuldades para resgata-lo dali. No canto da boca, expelia uma baba densa, parecendo ter tido um ataque epiléptico. Depois de te-lo posto para dentro da ambulância, com a ajuda de meu colega e alguns passageiros e examina-lo melhor, concordei com a médica que se comunicava comigo via radio, que talvés fosse alguma coisa mais seria como um *AVC, levando-se em conta que ele apresentava uma hipertensão severa, alem de outras características significativas.
Mas não quero neste post discutir meu atendimento ou os problemas sérios que acometeram este homem, mas comentar sobre outra passageira que lá estava, completamente irritada e insatisfeita por que o onibus havia parado causando-lhe transtornos a seus possíveis compromissos.
Falava em voz alta e questionava as outras pessoas sobre a necessidade do onibus ter parado, atrasando à todos. Tentava incitar à todos contra aquela situação que desaprovava. Andava de um lado para o outro, com a bolsa à tiracolo, resmungando incansavelmente.
-Não quero ser desumana, mas enquanto resolvem o problema deste homem, as outras pessoas ficam aqui na mão! Quero saber se a empresa de onibus vai resolver os problemas que terei com o atraso de hoje?..[...]
A mulher era corajosamente provocadora e tentava estimular a ira entre as pessoas que pareciam assustadas e sensibilizadas com a situação geral.
Por sorte, ninguém lhe deu atenção!

*AVC- acidente vascular cerebral

Furnas de Sombrio

Às margens da BR-101, no km 434. à direita de quem  está retornando de Sta Catarina para o RGS, está localizado o complexo de Furnas de Sombrio. Trata-se de um conjunto de quatro grutas. A maíor delas tem 74 m de profun­dídade, 17 m de largura na entrada e 7 m de altura máxima. Esta furna, composta de um enorme salão, é a mais visi­tada - também por motivos turiscos /religiosos. Em seu interior inúmeras estátuas de santos, formam um altar para os quais os fiéis  dedicam orações e realizam promessas. 
A noite o lugar fica iluminado apenas por luz de velas, dando-lhe um aspecto mistico- assustador e com um pouquinho de atenção se pode encontrar alguns morcegos, de cabeça para baixo, descansando em suas paredes obscuras.  O local teve fama de no passado ter sido  mal assombrado, mas depois foi desmestificado por moradores locais. Da sua entrada é possível visualizar a Lagoa de Sombrio, a maior de água doce do Estado.
Ao lado de sua entrada tem um restaurante bem estruturado - (Restaurante das Furnas), onde são servidos lanches, almoços e jantares, alem de uma loja de souvenirs. 
Inumeras vezes, fiz deste local uma parada para descanso, tanto na ida quanto na volta de minhas viagens à Santa Catarina e com o intuito de também perdir proteção e tranquilidade durante meus deslocamentos.
Com as obras de duplicação da BR 101 e alguns desvios para favorecer o trafego de veiculos, o local passou desapercebido por mim quando retornei para casa neste final de feriadão de 15 de Novembro, sob intensos engarrafamentos.

PEGADAS

Estou lendo um livro chamado "Pegadas", que ganhei de seu autor Dirk Hesseling, num final de tarde num Cafe em Viamão. Ele me presenteou seu livro com uma carinhosa dedicatória e usando uma expressão que a algum tempo tenho ouvindo de pessoas que se referem a mim. Artista, é este o termo e que  particularmente não me considero, pelo fato de não produzir nada nesta area que  possa enquadrar-me, a não ser minha grande apreciação pela arte e pequenos rabiscos sem importância  que faço em pedaços de papeis ou aqui no blog.
De qualquer forma, ouvi de alguém que para ser um "artista", não é necessário se "fazer" algo, mas somente "ser". sinto um temeroso lisonjeio...


Mas voltando ao Dirk, ele me fez lembrar de algumas pessoas que conheci no passado, e que agora  não encontram-se mais entre nós. Seus traços físicos, gestos e pequenas  expressões faceias que iam se apresentando na medida em que falava, me trazia de volta toda a energia  e vivacidade destas pessoas que convivi e fazem parte do que sou hoje. É estranho dizer isto, mas somos pedaços de outras pessoas, do que aprendemos com elas, do que observamos e absorvemos de nossas convivências mais profundas ou superficiais.


Desta forma, tenho a nítida sensação de que Dick será parte de mim. Ele é um provocador em sua essência, audacioso, sensível, alegre, carismático.
Dirk Hesseling é holandês e veio para o Brasil em 1954, quatro anos antes de eu nascer e agora ainda mantem um certo vigor. É formado em Filosofia, Teologia e Relações Publicas, mora em Viamão e até hoje engajado em movimentos sociais e populares.

Estamos indo de volta pra casa...

Um fato curioso, para não chamar de "penoso" é que depois de três dias em lugares paradisíacos, convivendo com pássaros pela manhã, mar, sol, montanhas, o tempo passa rápido e temos que impreterivelmente retornar para casa, para nossas rotinas diárias, ao caos que nos sustenta e nos dá subsídios a esses momentos maravilhosos. 
No retorno, enfrentei dois engarrafamentos na BR- 101 que me deixaram quase arrependido de ter visitado o paraíso. Seria este o preço?..   
Foram quase 12 horas naquela situação cansativa de anda, para, anda mais um pouco, numa fila interminável de veículos cujo os olhares de seus ocupantes iam aos poucos sendo transformado em pura insatisfação.
O dia foi se terminando e a noite chegou sobre as pessoas confinadas em seus veículos numa estrada sem fim, coberta de pequenos pontos vermelhos e luminosos.  
O cansaço, sono, dor nas articulações, fome eram palavras que possivelmente se encaixavam a todos naquele momento de igual situação. Por alguns instantes é possivel perceber na pessoa descomhecida do carro vizinho, alguma expressão de cumplicidade, de estamos presos no mesmo barco.
Saimos de Garobapa às 13h 45 depois do almoço e cheguamos em casa 01h 20, querendo esquecer este penoso caminho de volta pra casa.

PINHEIRA EM STA CATARINA E OS PÁSSAROS DE HITCHCOCH

Num determinado momento, eu me senti magicamente transferido para dentro de uma cena de cinema, nesta  foto que bati em Pinheira, lembrando-me do filme "Os Pássaros" - de Alfred Hitchcock, que assisti à algum tempo atras. 
Algumas cenas do nosso cotidiano, são capazes de despertar em nós algumas lembranças e nos transferir magicamente para outras dimensões, nos provando que a arte está tão próxima da realidade quanto o sonho que nos desperta para a vida. 


Estávamos na Guarda do Embu, eu Beto, Cristina, Germano, Athos, Caroline, Tania e Rosane, quando resolvemos pegar o carro e visitarmos Pinheira, numa manhã onde haviam pescadores vendendo peixes na beira da praia. Isto atraiu os pássaros que invadiram o local numa verdadeira festa gastronômica.


A imagem diante dos meus olhos me fez lembrar do filme "Os Pássaros". Evidentemente que as aves  do filme do Hitchcock eram inexplicavelmente agressivas e atacavam os personagens do filme até a morte, completamente diferentes destas que de tão mansas, voavam baixo e caminhavam entre as pessoas esperando sobras de peixes que eram jogados pelos pescadores na beira da praia. Não só  a imagem quanto o som destes pássaros eram de indescritível beleza, causando a sensação de estarmos fora da nossa realidade, por vezes tão comum e  absolutamente óbvia.


Até a próxima viagem!

TRILHA DA PEDRA DO URUBU.


A Pedra do Urubu é um mirante natural nas proximidades da Guarda do Embaú, cuja a caminhada não exige maiores esforços de quem deseja conhece-la.
A caminhada leva em trono de 1/2 hora, em ritmo de passos normais, somente  em sua proximidade  é que o grau de dificuldade aumenta.


A pedra em si não foge da normalidade de uma pedra encravada no meio do mato e que pode ser vista sobre o morro, de qualquer ponto do vilarejo da Guarda do Embaú, mas o ganho de se subir a o seu topo é a surpresa de se enxergar lá de cima, belezas naturais como a Praia da Pinheira, Guarda do Embaú, Ilha dos Corais, Praia da Gamboa, Rio da Madre, Paulo Lopes e sua lagoa.


A entrada da trilha está localizada à esquerda, na direção do  morro, após a ultima casa na trilha principal da Guarda do Embaú, que leva à  praia do Bar do Evori e ao costão.


Seguindo pela trilha, na primeira bifurcação, pega-se à esquerda, na segunda bifurcação à direta. Chega-se no mirante cruzando por um trecho com pedras e subidas íngremes.
No topo existe dois mirantes diferentes. Um à esquerda de fácil chegada e outro à direita, onde para subir é necessário usar uma palmeira como apoio.

 

Ainda na mesma trilha principal, seguindo pela direta, margeando o costão, pode-se chegar à Prainha, que fica normalmente vazia de banhistas, por sua distância da vila, uma vez que para chegar até ela deve-se cruzar o morro por caminhos fáceis, porém pedregosos. Num pequeno recanto  cercado por pedras, o mar invade o local e fica represado, formando uma piscina natural com águas límpidas e rasas.

SARAU A O FIM DA TARDE



Na quinta três de Novembro à tarde, tive o prazer de conhecer no "Café da Praça" em Viamão, um grupo de pessoas apaixonadas pela arte; A arte de pintar, de desenhar, de escrever poesias, de sonhar com dias melhores através da delicadeza de traços, rimas, versos, prosas, contos, não importa. Este encontro aconteceu por ocasião do lançamento do livro de poesias "Arquivo Poético" - de Fernanda Blaya Figueró, que fez seu primeiro lançamento na Casa de Cultura Mario Quintana e depois nos presenteou com um sarau poético no finalzinho da tarde. 
Posto aqui abaixo uma de suas cronicas, entre tantas que me tocaram e que indelicadamente surrupiei em seu blog: assim com a foto acima.

O galho.
Já comecei tantas coisas sem terminar, hoje mais uma conexão rompe. É o vício de andar só. Ou de só andar. Todas essas pessoas tem um diferente motivo para estar aqui, o rapaz arruma a boina na cabeça como se acomodasse a vida. O jornal esconde as preocupações do velho senhor. As moças batem os pés sentadas em uma muralha e riem. Como as mulheres riem em público e entristecem em privado. As pessoas não querem saber de grandes teorias, só querem continuar sendo, vivendo em bandos, idolatrando alguns ícones de carne e osso. Querem que alguém conte sobre suas vidas e mortes. Tem um galho sendo arrastado pela correnteza, talvez sejam os restos mortais de uma grande e imponente árvore, ou somente um galho que anonimamente se deixou levar. Mas estou eu aqui lamentando a falta de uma máquina para registrar este impressionante fato. Para que? Uma foto, um quadro, uma cantiga , um relato reafirmam a vida. Talvez todos estes pássaros, que não consigo ver, mas que ouço claramente, estejam cantando para o galho dançar dentro do rio. Acho que foi o sol que convidou toda esta gente para participar deste pequeno espetáculo a céu aberto. Talvez eu esteja aqui só para registrar toda essa beleza e deixar para algum futuro a lembrança desse dia. O dia em que os pássaros cantavam, o rio servia de palco para a dança de um galho livre e o sol brilhava no céu, não podemos esquecer que estava frio. Preciso ir e isso rompe esta bela conexão de alguns minutos com o rio, o galho, o sol, o pássaro, o rapaz, as moças, o senhor, sem teoria.


Fernanda Blaya Figueró.

TRES LUGARES EM POA PARA SE VISITAR


Você pode visitar três lugares em Porto Alegre, naqueles dias em que precisa dar um upgrade na alma e não sabe bem por onde começar. Os lugares ficam bem perto um do outro, possibilitando que se faça numa manhã ou tarde sem se preocupar com grandes distâncias de locomoção.


Gruta N. Sra de Lourdes:
Localizada no bairro da Glória em Porto Alegre, é um desses lugares. Trata-se de um santuário aberto à natureza, onde a imagem de nossa senhora fica exposta aos seus fieis e visitantes, num altar de pedras no interior de uma pequena gruta construída pela natureza e um pequeno toque da mão do homem. O lugar é bastante simples, como eu acho que deveria ser os lugares destinados a orações e outras contemplações religiosas, mas enriquecido com muitas arvores, bromélias, som de pássaros e de uma pequena bica onde a água escorre do morro para as dependências do local. Muitos fiéis recolhem esta água em frascos para levarem para casa.


Logo na entrada se vê uma infinidade de placas feitas de diversos materiais, algumas já apagadas pelo tempo, com frases de agradecimentos por graças alcançadas por fiéis. A Gruta não conta somente com a gruta propriamente dita, mas possui uma infra estrutura ampla como um pequeno restaurante onde servem almoço e lanches diversos, sanitários públicos, lojinha para compra de souvenires religiosos, estacionamento de veículos e uma capela onde acontecem missas durante a semana. Na Gruta são celebradas missas, somente durante as festividades da padroeira no mês de Maio.
A imagem da santa no altar, conforme mostra a foto acima, parece ser de concreto e sem cor. Eu acredito que a original deve estar na capela que é coberta ou em algum outro lugar resguardada de possíveis intempéries ou furtos.
Possui também o cemitério dos padres da arquidiocese de Porto Alegre, onde em 2002 esteve sepultado o padre Roberto Landell de Moura, hoje patrono do Radioamadorismo no país e que foi pioneiro na transmissão da voz humana na radioemissão e telefonia por radio. Apesar de seu importante invento, não obteve o devido reconhecimento e compreensão das autoridades e imprensa brasileira da época. A gruta foi aberta ao publico em meados de janeiro de 1935 no bairro da Glória, na base do Morro da Policia, num ponto chamado Cascata onde atrai bastante visitantes.


Vindo pela Oscar Pereira no sentido centro bairro, entra-se na rua da Gruta, na primeira bifurcação à esquerda do Hospital Divina Providencia, no numero 98.

Morro da Polícia:
Subindo pela avenida Oscar Pereira em direção bairro, a poucos metros de distancia acima da Gruta, pode-se chegar ao Morro da Policia. O acesso é por uma estrada de terra após o primeiro entroncamento esquerdo no alto da avenida, com a rua Herval, entra-se na segunda rua à esquerda de inicio asfaltada, nas imediações de uma favela, depois de terra até o final. Lá de cima o visitante tem uma visão panorâmica da cidade de Porto Alegre, com vista da zona sul, norte e leste da cidade, o Lago Guaíba com algumas ilhas, municípios da região metropolitana e Viamão. 


Com um pouco mais de atenção, pode-se enxergar até o pátio do Presidio Central, com alguns detentos, tomando sol. No topo do morro, ficam as antenas de emissoras de TV, rádio, operadoras de telefonia celular e a torre da Embratel. O morro é o segundo maior de Porto Alegre (280 metros) e é conhecido também por Morro da Embratel. Há alguns anos atrás, existia um restaurante panorâmico por lá, mas que foi fechado sem se saber a razão. Muitas pessoas, inclusive eu, já se perguntaram por que um lugar tão bonito como este, não recebeu incentivo ao turismo até agora!. O local é quase deserto de pessoas e dependendo da horário, corre-se o risco de possíveis assaltos.


Santuário Madre de Deus:
Do alto do Morro da Embratel, pode-se ver também o Santuário Madre de Deus sobre o Morro da Pedra Redonda ao lado do Morro Teresópolis. O Santuário é uma construção de estruturas de aço, tijolos, vidros em linhas arrojadas com dois grandes telhados de cor verde em duas águas, completamente diferenciado das Igrejas católicas que se conhece. Visto de perfil, me faz lembrar uma enorme asa delta que se prepara para alçar voo de cima do morro.


Do patio se tem uma visão de 360 graus da cidade, alem de uma esplanada com um altar ao ar livre, onde são realizadas missas e celebrações nas ocasiões festivas para o grande publico. O Santuário foi entregue a cidade em 2000 e seu interior é composto de vitrais ilustrativos com passagens bíblicas e uma grande estatua da padroeira em madeira trazida da Itália. Muitos visitantes vão até o local para admirar a vista panorâmica lá de cima. O acesso é pela avenida Oscar Pereira e no segundo entroncamento no alto da avenida, segue-se à direita por uma rua asfaltada chamada- Rua Santuário, costeando o morro.

CURIOSIDADE:
Inspirada na vencedora da bienal de Veneza), a imagem da padroeira tem como original uma pintura do pintor Ferruzi, com alguns detalhes muito interessantes e significativos. Ferruzi, artista pintor, se deparou, em certa ocasião, com uma cigana que carregava um filho no colo rezando com toda ternura e confiança de mãe a uma imagem de Nossa Senhora num capitel (capelinha à beira da estrada). Ferruzi pintou o quadro. Na apresentação da pintura, a cigana com a criança no colo ficou bem mais bela que a própria imagem venerada de Nossa Senhora, sucedendo, por esta razão, que a pintura da cigana com o filho no colo passou a ser tomada como a figura de Nossa Senhora.

A mensagem específica desse santuário é exaltar e glorificar o maior de todos os títulos e graças da Virgem MARIA e o fundamento de sua grandeza, que é ser Mãe de Deus. Como decorrência, se quer valorizar a grande graça que é a maternidade humana.

Em 1626, quando o santo missionário Jesuíta Roque Gonzales, procedente do Paraguai, atravessou o rio Uruguai penetrando no solo gaúcho, batizou essa região com o nome Guarani Tupan-cy-retan = terra da Mãe de Deus. Em 1773, o então governador do Rio Grande do Sul, Cel. José Marcellino de Figueiredo, ao transferir a capital de Viamão para Porto Alegre, com permissão da autoridade eclesiástica, também mudou o padroeiro, que era S. Francisco das Chagas, para o de N. Sra. Madre (Mãe) de Deus. Dessa data até nossos dias e sempre a Mãe de Deus é a padroeira da Capital e da Arquidiocese de Porto Alegre.

Por que eu faço sempre o que eu não queria?

O cansaço do trabalho me despolariza tanto, que por vezes perco a noção de tempo e de espaço com grande frequencia, fico perdido sem saber em que dia da semana me encontro e acabo comprometendo  programas que certamente me dariam mais satisfação. Há lugares que não gostaria de ter ido e  acabo me rendendo por simples imposição social. Algumas festas não mudam e apresentam sempre aquele perfil de mulheres barulhentas fazendo saladas na cozinha e homens contidos assando churrasco, bebendo cerveja  e contando vantagens. Será que é por isto que alguns sabados  não parecem ter cara de sabado? E eu ainda lembrei daquele texto de 1973: 

Pra onde vai minha vida
E quem a leva?
Por que eu faço sempre o que eu não queria?
Que destino contínuo se passa em mim e na trévoa
Que parte de mim
Que eu desconheço é que me guia.

Atitudes espontâneas

Do lado do edifício onde moro, existe uma casa antiga que é utilizada como pensão, ou republica de estudantes e isto significa que de minhas janelas, consigo visualizar toda a movimentação da casa e de alguns gatos sobre o telhado, já que moro no terceiro andar.
Hoje eu estava debruçado sobre uma das janelas, quando um jovem estudante chegou da rua e foi direto para debaixo de uma arvore, que constatei ser uma pé de Pitangueira.
O cara ficou ali por  longos minutos, deliciando-se das frutinhas vermelhas e chutando seus caroços na mais pura espontaneidade. Atitudes como esta, me traz uma saudade!..

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...