SARAU A O FIM DA TARDE



Na quinta três de Novembro à tarde, tive o prazer de conhecer no "Café da Praça" em Viamão, um grupo de pessoas apaixonadas pela arte; A arte de pintar, de desenhar, de escrever poesias, de sonhar com dias melhores através da delicadeza de traços, rimas, versos, prosas, contos, não importa. Este encontro aconteceu por ocasião do lançamento do livro de poesias "Arquivo Poético" - de Fernanda Blaya Figueró, que fez seu primeiro lançamento na Casa de Cultura Mario Quintana e depois nos presenteou com um sarau poético no finalzinho da tarde. 
Posto aqui abaixo uma de suas cronicas, entre tantas que me tocaram e que indelicadamente surrupiei em seu blog: assim com a foto acima.

O galho.
Já comecei tantas coisas sem terminar, hoje mais uma conexão rompe. É o vício de andar só. Ou de só andar. Todas essas pessoas tem um diferente motivo para estar aqui, o rapaz arruma a boina na cabeça como se acomodasse a vida. O jornal esconde as preocupações do velho senhor. As moças batem os pés sentadas em uma muralha e riem. Como as mulheres riem em público e entristecem em privado. As pessoas não querem saber de grandes teorias, só querem continuar sendo, vivendo em bandos, idolatrando alguns ícones de carne e osso. Querem que alguém conte sobre suas vidas e mortes. Tem um galho sendo arrastado pela correnteza, talvez sejam os restos mortais de uma grande e imponente árvore, ou somente um galho que anonimamente se deixou levar. Mas estou eu aqui lamentando a falta de uma máquina para registrar este impressionante fato. Para que? Uma foto, um quadro, uma cantiga , um relato reafirmam a vida. Talvez todos estes pássaros, que não consigo ver, mas que ouço claramente, estejam cantando para o galho dançar dentro do rio. Acho que foi o sol que convidou toda esta gente para participar deste pequeno espetáculo a céu aberto. Talvez eu esteja aqui só para registrar toda essa beleza e deixar para algum futuro a lembrança desse dia. O dia em que os pássaros cantavam, o rio servia de palco para a dança de um galho livre e o sol brilhava no céu, não podemos esquecer que estava frio. Preciso ir e isso rompe esta bela conexão de alguns minutos com o rio, o galho, o sol, o pássaro, o rapaz, as moças, o senhor, sem teoria.


Fernanda Blaya Figueró.

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