NINGUEM AGUENTA MAIS

As mil e tantas vidas perdidas hoje no Brasil, ainda é uma altíssima estatística da dura realidade que ainda se segue, sem uma data marcada para terminar. As sequelas causadas pela doença, dos que conseguiram sobreviver, ainda são obscuras, mas sentidas no corpo e na alma. 

Nosso trabalho, rotinas, e hábitos de vida mudou, nos obrigando a ter uma vida muito diferente da que tínhamos e estávamos acostumados a usufruir. Muitas pessoas além de perderem grande parte da família, ainda perderam seus empregos. Tá difícil comer e manter uma vida digna neste país.

Ficamos ilhados em nossa cidade, nosso bairro, nossa casa. Não usufruímos mais de festas, praças, parques, praias, cinemas, teatros e mesmo que quiséssemos e pudéssemos sair de casa, como pagaríamos por estes lazeres que parecem não nos pertencer mais? Nos submetemos ao confinamento e a ver a vida numa tela de um computador ou televisão. Ninguém aguenta mais.

Alguns dizem que estamos entrando numa nova era, de novos valores, de diferentes formas de viver, de amar, de se relacionar com o meio ambiente, com o mundo, com nós mesmos.

LUGARES INCRÍVEIS


O sonho esta noite passada, de que eu estava viajando para algum lugar do mundo, me trouxe a lembrança, as palavras de uma amiga, (Alba), tentando me convencer a ir com ela para Machu Picchu a alguns anos atrás. Ela me disse bem assim: -Vamos Bebê é agora ou nunca, ou subimos a montanha agora, ou não teremos outra oportunidade. Estaremos velhos e nos faltará força, resistência, ar, saúde!..
Graças a Deus que depois de alguma resistência, eu lhe dei ouvidos. Depois subi mais uma vez com meu filho, conhecendo também o Lago Humantay por um pedido dele.
Este lago é formado pelo desgelo de algumas montanhas ao seu redor, dando-lhe este aspecto cristalino e de cor azul, que parece uma foto tratada por fotoshop de revista. 


Além das maravilhas naturais, o país é lindo, a cidade é acolhedora, as montanhas magnificas, os rios turbulentos, os lagos transparentes, os precipícios assustadores, a simplicidade do povo e a misticidade que se faz presente em todo os momentos, me faz eleger Cusco no Peru, o mais incrível dos lugares que já conheci.


Se os cânions daqui do Rio Grande do Sul, já nos dão aquele friozinho na barriga por sua beleza e profundidade, imagina o Cânion Colca, de 4 160 metros de profundidade nas proximidades de Arequipa e Chivay. É o mais profundo do mundo, com mais do que duas vezes a profundidade do Grand Canyon, nos Estados Unidos. É também a morada dos condores, ave típica que sobrevoam a região.
O condor foi considerado pelos incas um “mensageiro dos deuses” e simboliza a força, a inteligência e o enaltecimento.

PRETO POBRE E PUTO

Conheci Nega Lu, a o acaso no vernissage de um amigo, Will, Cava ou Cavalcante. Chegou como se diz, chegando: Usava sobre o corpo uma miscelânea de estilos e gêneros, sandálias feminina, calça jeans, uma jaqueta sobre uma camiseta, os braços cheios de pulseiras e um estranho chapéu de rafia com algumas  flores e tule. Assim era o visual da Nega Lu, nunca se sabia o que ela vestiria, para chamar atenção das pessoas com quem se relacionava nas noites boemias e artísticas de Porto Alegre. As vezes surpreendentemente aparecia com um simples tênis, camiseta e uma calça jeans e estava pronto para discutir, retrucar com pequenos deboches e  muito humor as opiniões filosóficas, culturais e politicas do mundo cão.

Negro, pobre e gay, desfilava pelos circuitos gays, culturais e políticos da cidade como o Doce Vicio onde era garçonete, o Copa 70, na Esquina Maldita  onde puxava um coro de bêbados entoando o clássico Summertime. Puxava uma mesa daqui e outra dali, e o palco já estava montado para um rápido recital de jazz à capela sobre o tablado montado às pressas. Nega Lu deixava os espectadores alucinados com seu vozeirão grave e afinado. 

Foi solista da OSPA e da UFRGS, crooner da Rabo de Galo banda de blues na década de 80, dançarino do Balé Clássico nos anos 60, Porta bandeira da Banda do Saldanha e ainda falava um pouco de francês que aprendeu quando aluno da Aliança Francesa de `Porto Alegre. Nega Lu deixou seu nome registrado na memória afetiva de Porto Alegre e agora virou livro. Sim, livro que fala de sua trajetória como um percussor das mudanças sociais e comportamentais que ainda hoje se consolidam na cultura moral do país e das pessoas ditas "De Bem". 

Nega Lu se dizia vitima dos três pês: Preto, pobre e puto. Nega Lu virou livro contada pelo escritor o autor, Paulo César Teixeira com titulo de, "Nega Lu - Uma Dama de Barba Malfeita", Se você nunca ouviu falar da Nega Lu,  assista AQUI no Youtube
Luiz Airton Farias Bastos, (seu verdadeiro nome), faleceu em 17 de setembro de 2005, dois meses antes de completar 55 anos, de complicações cardíacas.


O CHICO E A NET

Depois da visita de um veterinário conhecedor do funcionamento psicológico e emocional dos felinos, aqui na minha casa, passei a entender melhor as atitudes enlouquecidas do Chico, que é gato jovem e cheio de energia pra por pra fora. Desta forma, eu entendo, que não posso brigar ou ir contra o seu desenvolvimento natural.

Esta manhã depois de acordar e se espreguiçar de forma invejosa, como fazem os felinos, resolveu jogar basquetebol  sobre a minha cama e usando como bola, com um pequeno  pedaço de bolacha. Acontece que suas unhas afiadas arrancam não só a lã das tramas dos cobertores, como rasgam as cobertas mais lisas e finas, me causando prejuízo a não tão longo prazo. 

Mas como dizer isto pra ele e faze-lo entender?. É o mesmo que tentar convencer a NET, de que você não quer mais o serviço deles:  Te ignoram solenemente! É a vida que prossegue ao ritmo, mate-o pelo cansaço!

VOZES DO INTERIOR:


Um amigo do Facebook, postou uma frase, que me causou um certo impacto nesta manhã, fria de inverno, quando acordei com os pensamentos ainda revirados, retorcidos como as cobertas.

A frase que parece ser de autoria do pintor holandês Vincent Van Gogh,  diz o seguinte: Se escutar uma voz dentro de você dizendo 'Você não é pintor', então pinte sem parar, de todos os modos possíveis e aquela voz será silenciada.

Nossa, eu tenho tantas vozes dentro de mim, que por vezes falam, gritam, murmuram: A da razão, a do coração, a da intuição e esta outra voz de quem é? Como reconhece-la entre tantas?..


O VALE DAS BORBOLETAS AZUIS


Foi numa manhã de Outono, que a natureza com todo o seu mistério e beleza, resolveu presentear eu e minha amiga Alba, com algo absolutamente inesperado. Subíamos cautelosos a serra, por causa da espessa neblina que cobria tudo, deixando-nos com pouca visibilidade, quando percebemos nas proximidades de São Francisco de Paula, cidade que temos maior apreço por sua característica simples e interiorana, além da extensa mata de araucárias e cascatas escondidas, que o asfalto começou a ficar recoberto de pequenas folhas azuis e brilhosas que pareciam lantejoulas. 

Era como se um tapete bordado, fosse colocado sobre a estrada deixando-nos maravilhados. Em seguida aquilo que pareciam folhas começaram a se mexer e também a cair das arvores sobre o para-brisas, mostrando-nos que se tratava de centenas de borboletas azuis que voavam na estrada na nossa direção, colidindo contra o carro. A borboleta é considerada o símbolo da transformação. Entre outros, simboliza felicidade, beleza, a alma, inconstância, efemeridade da natureza e da renovação. Ficamos boquiabertos, admirando aquela imagem do outro mundo, enquanto nos perguntávamos de onde tinham vindo tantas borboletas. Aquela imagem que lembrava uma cena de filme de fadas, gnomos, nunca me saiu da cabeça.



QUAL É A SUA LUTA

Você já se deparou algum dia na frente de um espelho e se perguntou qual é a sua luta? Pelo o que você briga?  O que você defende? E o que tem a dizer, para as pessoas sobre esta sua luta?

Talvez você tenha uma forma lúdica de expressar suas ideias, de defender suas verdades e isto também é uma forma de luta em defesa de outras novas e diferentes visões e pensamentos.

Se você não tem nada pelo que lutar, é melhor esticar-se no sofá da sala e assistir a um programa de gincanas na televisão, para diminuir o seu stress e ter a sensação de que pelo menos algumas pessoas tem sorte nesta vida.

ADÃOZINHO DO BARÁ



Existiu um Pai de Santo, dito muito poderoso chamado Adão, que morava perto da minha casa na Vila Sta. Isabel em Viamão e sempre que havia festas abertas ao publico, em seu terreiro, minha amiga Maria Helena me convidava pra ir com ela e eu amava aquilo tudo. A festa, as batidas de tambores, as danças em círculos, as danças dos orixás, as cores, as roupas, os brilhos, a comida que se comia com as mãos, tudo tinha um fundamento de santificação que me encantava. 

Todo o misticismo que envolvia aquele ambiente, me transportava mentalmente através de um fio condutor, para lugares sincréticos, mágicos, misteriosos, que eu acreditava ser a África, terra de meus ancestrais de que sempre fui ligado, através de revistas, jornais etc... 

Adão era um homem negro, magro, de estatura baixa, razão pela qual, os mais íntimos, chamavam-no de Adãozinho do Bará. Era da Nação Cambinda e batizado como ADÃOZINHO DE EXU BARÁ AJELÚ BIOMÍ. Seus conhecimentos e sabedoria deram-lhe fama e respeito no meio religioso, transformando-o dentro do batuque, (como é chamada a religião de matriz africana, aqui no Sul), num ícone por seus fundamentos e conhecimentos dos mistérios dos orixás. Adãozinho do Bará, faleceu em 1995 deixando um grande legado à religião africana e seus sucessores.

CUIDADOR E SEU PASSARINHO


Ontem fui convidado para jantar com amigos; Um carreteirão divino, vinho, fogão à lenha aceso, musica de fundo, mas antes que eu percebesse, já tinha caído na cilada daqueles bate-papos baixo astral e que muita gente adora falar na condição de vitima e os outros aplaudem por identificação.

Tem certas conversas, que não dá mais para se permitir ouvir, e a gente só ouve a contra gosto por que está cercado de pessoas que também alicerçam suas vidas, no mesmo pensamento errôneos de que pais devem proteger seus filhos com unhas e dentes pelo resto de suas vidas. 

Esta conversa chata entre pais super protetores de filhos já adultos, que são tratados como crianças desprotegidas e destratadas pela sociedade, não passa de culpa, muita culpa desde o seu desenvolvimento dentro da barriga. 

De um lado temos filhos extremamente dependentes, indecisos, despreparados e presos a o conforto e a proteção dos pais e do outro lado, pais doentes, infelizes e frustrados que nunca se permitiram buscar a própria liberdade e felicidade, em função de seus filhos. Eis ai o laço feito de interdependências, de circulo viciosos, de mutua dependência destrutiva, que nunca vai se desfazer, se uma das partes não cortar o laço, ou cordão umbilical.

Uma convidada começou a falar da relação com seu filho de trinta anos, que ela suava para pagar a faculdade e do seu desgosto quando ele informava que dormiria na casa da namorada. Ora!.. Eu pensei, um homem de trinta anos que não transa com a sua namorada, pra ficar do lado da mãe, deve estar com algum problema. Mas uma mãe que deu seu sangue por quase toda a sua vida, para o sustento do filho e ainda tenta mantê-lo debaixo de suas asas, é no mínimo uma egoísta, que não o preparou pra vida e que sente culpa, muita culpa, desde o momento que o pariu.

Penso que este tipo de relação mãe e filho, deveria ser como a de um cuidador e o seu passarinho machucado, depois de tratar, cuidar, alimentar, chega a hora de pega-lo na mão, leva-lo até o portão e abrir dedo por dedo, para que ele voe para a liberdade. Se não for assim o ciclo não se completa.


DANÇANDO EM VENEZA

Em 2018, estávamos eu e minha amiga Rose caminhando na Praça São Marcos em Veneza, quando percebemos a movimentação de alguns músicos sobre um palanque improvisado, se preparando para um possível espetáculo de musica a o ar livre. 

Nos aproximamos impressionados com a quantidade de instrumentos dourados e um ostensivo piano branco de cauda e logo começaram a tocar um jazz daqueles pegados. Eu embasbacado com todo aquele clima de blue/jazz Nova-iorquino, liberei meu impulso de coragem latino e tirei a Rose para dançar entre os transeuntes estrangeiros que se batiam entre si olhando vitrines. Dançamos até o final da musica sob os olhos curiosos e surpresos dos músicos e de algumas pessoas que passavam. Foi libertador!

Depois pensei comigo, rindo em silencio: Isto só podia ser coisa de brasileiro. Somos empolgados, comandados por estranhos impulsos que nos faz reconhecer a alegria ou qualquer outro sentimento, reagir na pele em qualquer lugar em que estamos. Tudo é tão instintivo, que faz nosso corpo tomar atitudes sem perguntar pro cérebro antes. Se fosse no Brasil e ouvíssemos o estampido de um tiro, nos jogaríamos no chão, sem pensar duas vezes.

NUM DIA DE DOMINGO


Tem dias como o de hoje, que eu tenho vontade de escrever somente bobagens, de encher este blog com coisas absurdas e irrelevantes, de ser mal educado, de mandar o vizinho chato ou esnobe, tomar no seu precioso cu, de chegar na janela escancarada do meu apartamento e expor minha bunda pra quem quiser olhar e se escandalizar, de perguntar bem alto, quase gritado, para quem passa: O que está acontecendo com vocês e comigo, que não tomam nenhuma providencia?

As pessoas iriam aos poucos se acumulando e possivelmente não intenderiam meu real motivo, para uma atitude tão descabida e nem de que "providencia" eu estaria falando.  Depois de algum consenso, iriam quem sabe, chamar a policia por atentado ao pudor e se aglomerariam na calçada com tantos outros, para assistirem a o desfecho da minha cena de mal gosto e esqueceriam de se perguntarem, de que "providencia" eu estaria falando. Perderiam o foco da minha revolta por uma simples curiosidade coletiva. E eu? Bem, eu diria apenas: Um péssimo Domingo à todos, para que tomemos alguma providencia!

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...