INUTIL PAISAGEM
MINHA TEORIA SOBRE ETS
Sempre acreditei na existência de seres extra terrenos mais inteligentes do que nós, espalhados pelo planeta, cruzando pela gente nas ruas, subindo em ônibus, descendo escadas rolantes, nos encarando estranhamente de um canto, de um restaurante ou supermercado.
Não são anjos de asas mandados para nos proteger, mas seres diferenciados, sensitivos com poderes mentais capazes de se comunicarem por telepatia, lerem nossos pensamentos, entrarem em nossos sonhos e outros métodos não convencionais.
Foram mandados pra cá com o objetivo de conhecerem a raça humana, se relacionarem e obterem informações, de como funcionamos. Muitos híbridos, vivem entre nós com a aparência humana tentando interagir sem serem por nós identificados.
Querem invadir nosso planeta? Quem sabe!.. Nos estudar? Talvez!.. É apenas uma teoria conspiratória? Pode ser! Mas que o mundo está cheio de coisas estranhas e inexplicáveis; Isto é uma verdade!
TATI A GAROTA DA MINHA RUA
Tati era uma garota que conheci na minha adolescência, quando mudou-se pra minha rua, numa casa simples com quarto, sala e banheiro. Em pouco tempo fez amizade com toda a gurizada da rua que se sentiam orgulhos, machos com sua presença chamativa e exuberante.
E quem não queria estar por perto daquele mulherão linda e perfumada que deixava alguns vizinhos de olhos esticados e outros de cara torcida?
Tati nunca escondeu de ninguém o que fazia à noite, naquelas boates chiques de Porto Alegre, que nós sem um tostão no bolso, jamais poderíamos frequentar.
Nos finais de semana, quando tínhamos competição de voleibol com times de outras escolas do bairro, nos acompanhava como animadora de torcidas, nos deixando orgulhosos e felizes com sua presença. Era tão linda, que tirava a atenção dos nossos rivais embasbacados com sua beleza e simpatia. Evidentemente torcia por nosso time e estimulava cada um de nós enquanto jogávamos. Foi sem duvida a responsável por todos as nossas vitórias, naqueles tempos de glória, que não voltam mais.
NO TEMPO DOS HOMENS
Vou vivendo este tempo de transformações, de vida recortada de fatos e acontecimentos que não entendo e sonhos que eu não decodifico, mas que vem das profundezas de mim, fazendo pequenos estragos e contrapontos ao que entendo e controlo.
Quando exteriorizo, através de palavras, ou de algumas expressões que me identifico, minhas neuroses, parecem se abrirem a um esclarecimento. Fica mais leve e iluminado dentro de mim. Como se ascendessem candeeiros pelos caminhos obscuros.
Transferir estas emoções em palavras, em canto, significa uma forma intensa de esvaziamento de coisas que necessitam nivelamento do terreno mental, para o plantio de novas experiências. Faço isto porque é preciso morrer e nascer de novo, quantas vezes for necessário, ainda que no tempo dos homens!
TODA A MULHER É MEIO LEILA DINIZ

Minha vida social na adolescência se deu integralmente na esquina da rua onde morava com os meus pais. Nela se reuniam eu e mais quatro garotos que beiravam entre os doze e quatorze anos de idade e que tinham como teto para competir sabedoria e esperteza, o imenso céu estrelado nas noites de verão, Quando extrapolávamos com gargalhadas ou mesmo falando alto, um ou outro vizinho gritava de sua casa: -Vão pra casa dormir seus vagabundos, aqui tem gente que trabalha amanhã cedo!..
Discutíamos e disputávamos tudo, desde cenas de filmes de cowboy, os personagens mais corajosos dos filmes de guerra, os heróis com maiores poderes extra humanos, quem cuspia mais longe, até os imaginários sonhos com garotas que nem sabiam da nossa existência.
Um dia me encantei por uma garota da televisão, que eu não podia contar pra ninguém. Ela não era o tipo de garota, que se contasse estar apaixonado. Minha mãe a detestava, dizia que era vulgar, desbocada e que falava tudo que lhe vinha na cabeça, com a naturalidade de uma mulher sem classe. Eu descordava disso e cada vez que a via e ouvia tal garota, mais, me sentia preso nas malhas de sua sedução, que não eram dirigidas somente pra mim, mas para tantos quantos, se permitissem ouvi-la falar de suas fragilidades de mulher e desejos de liberdade não aceitas.
Gravida, numa tarde de sol, ela resolveu tomar banho de mar e virou um escândalo nacional, uma ofensa para as famílias de bem e de conduta social respeitáveis. Foi flagrada, fotografada com sua enorme barriga saindo do mar. Mulheres até então, não eram tão explicitas, não falavam abertamente sobre sexo, não mostravam suas barrigas gravidas publicamente, como não denunciavam assédios sofridos, muito menos por a boca no mundo como ela fazia.
Depois de algum tempo, minha paixão foi se acalmando, se transformando em admiração, meus interesses tomando outros rumos e meus amigos, substituídos por outros. Numa manhã fria de 1972, soube que ela havia partido e se calado para sempre, com a queda de um avião na Índia. Hoje toda a mulher que não se cala e se reconhece, é meio Leila Diniz.
A ESQUINA MALDITA
MITOS DA INFANCIA
GATOS E SUA ARTE DE ENGAMBELAR HUMANOS:
TENSÃO PANDEMICA
A HISTÓRIA DE IONE FERREIRA
Ione Ferreira era uma amiga de minha mãe; Uma mulher charmosa, elegante, linda, negra, que quando chegava no portão lá de casa, seu perfume de fragrância agradável, espalhava um cheiro maravilhoso pelo pátio como flor de jasmim ao anoitecer.
Até na cadeira onde sentava, carimbava aquela deliciosa fragrância, estonteante que não me saia das narinas desacostumadas aos bons cheiros da vida. Usava sapatos de salto altos, coloridos, com meias de seda, taiers de linho que pareciam ser costurados no próprio corpo. Cabelos lisos bruxados para traz, finalizando um coque bem acabado e perfeito. Boca bem delineada por um batom vermelho, porem discreto, anéis, brincos, pulseiras, colares, tudo do maior bom gosto.
Ione não devia ser, pelo menos para mim, não se parecia com uma simples lavadeira como minha mãe, que se vestia com roupas mais simples. Tinha ares de secretaria executiva, estudada, esclarecida. Era casada com Wilson, a quem amava e tinha um casal de filhos ainda pequenos.
Foi até a minha mãe, por que precisava se aconselhar, dividir um problema que parecia não conseguir resolver sozinha. Estava grávida e não podia ter outro filho, a situação financeira não era favorável e seu marido ainda continuava desempregado...
Neste dia, com minha mãe, houve cochichos que eu não pude escutar, nem tão pouco entender. Ione caminhava pela casa nervosa, lamentava e chorava. Falavam em dinheiro, que tudo aquilo era arriscado e também muito caro, mas que não encontrava outra solução. Minha curiosidade crescia com minha imaginação. Eu não entendia aquelas frases soltas, sem sentido, algumas palavras que nunca ouvi na vida. Tudo me parecia uma conspiração, que eu não sabia de que lado estavam os mocinhos e os bandidos.
Ione foi embora comentando que tudo daria certo. Passado alguns dias, minha mãe chorava disfarçadamente pelos cantos da casa. Acho que não podia chorar na minha frente, mães não se despedaçavam na frente dos filhos demonstrando fraqueza. Mães eram de pedra que saiam leite. Mães eram fortes e silenciosas como santas de madeira de lei.
Quando se trocou no final da tarde, com uma roupa simples e discreta, olhos meio inchados, dizendo que Ione estava morta, eu me espremi num canto da casa tentando entender. Na verdade, passei anos sem conseguir entender!..
PERSEGUINDO LUPICINIO
É fato que eu e um amigo, ainda novinhos, saindo da menor idade, percorríamos as noite porto-alegrense em busca do paradeiro de Lupicínio Rodrigues, que sabíamos, fazia também suas incursões pelos botecos da cidade, dando palhinhas de seus sambas Dor de Cotovelo, com sua inseparável caixinha de fósforos.
Andávamos de bar em bar, madrugada à dentro, até encontra-lo e ficarmos completamente hipnotizados com sua presença simpática e voz doce. Nas noites em que não o encontrávamos por pura falta de sorte, acabávamos em outros bares, (menos ou sem nenhuma exigência com a data de nascimento registrada em nossas carteiras de identidade) para ouvir outros dois mestres da musica: Plauto Cruz e Tulio Piva, que passou a tomar o lugar de destaque no coração do meu amigo, com a criação do samba Pandeiro de Prata, que ele considerava uma obra de arte.
Nunca trocamos uma única palavra com Lupicínio, por que tínhamos consciência da distancia entre os dois mundos que nos separavam. Ele um homem maduro, vivido, poeta, com uma grande carga de experiência pessoal e cultural que pra nós era inconcebível, inimaginável qualquer dialogo entre o Céu (ele) e a Terra (nós). Mas acredito que pela nossa insistência em persegui-lo pelos bares, deve um dia ter se perguntado sobre as nossas constantes aparições nos mesmo lugares em que frequentava.
Outro "figuraça", que encontrávamos algumas vezes nestes lugares e que com o passar do tempo foi virando aquele amigo de bar que conta suas façanhas causticas e amorosas, foi o estimado Paulo Santana que nos deixou saudosos de sua alegria. Mas isto eu conto noutro post!
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