Jorge Amado: Sujeito e sua Ambiência.


É possível se traçar a personalidade de um individuo através dos objetos que foram de seu uso, das mobílias de sua sala, do seu jardim, da sua mesa de jantar, de trabalho, da cadeira, do tapete etc.? Seriam estes objetos uma especie peça de um quebra cabeças capaz de montar o mosaico de uma vida, de uma personalidade? É possível remontar o individuo, o sujeito que fomos à partir destes fragmentos?.. Pois é isto que está fazendo a pesquisadora e aluna de doutorado em Ciências da Informação da U.F.BA, Alzira Tudo De Sá.
Através de um livro de fotografias, em que as fotos são  do interior da casa do escritor Jorge Amado, a pesquisadora pretende resgatar o sujeito através de sua ambiência, ou seja buscar o homem Jorge Amado, à partir dos objetos e da estrutura da casa onde viveu, na rua Alagoinhas 33- bairro do Rio Vermelho- Salvador. Eu não acho que seja possível resgatar por completo o sujeito, haja visto as suas sinuosidades, mas quem sabe chegar perto!...

Quero ver Irene dar sua risada...

Irene não é a mesma da canção que conheço, nem de longe lembra a de Caetano Veloso dando suas risadas. Irene é sóbria, quieta, pensativa, possuidora de um olhar tímido, de quase subserviência e nos limites de uma escravidão pessoalmente aceitável. É silenciosa, prestativa, resignada.
Os olhos são arregalados, os cabelos espichados e a boca vermelha de um batom que não lhe acrescenta maior beleza porque esta; parece estar presa em seu interior, amordaçada... Seu perfume é comum, seus sapatos tem saltos baixos, bolsa e brincos nem usa. 
Irene tem força, mas parece não ter alegria, parece ser dona de uma miserável raiva sufocada nos gestos serenos, no olhar amistoso, numa expressão que se torna estranha quando tenta sorrir. Eu gostaria tanto ver sua contrariedade, de vê-la dar sua risada.

Confluências.

Ganhei de presente do Dia dos Pais, acho que foi esta a intensão, um DVD chamado Confluências que trata-se de uma cronica descritiva e visual na forma de desenhos, da Redenção. Esta mesma, a nossa Redenção daqui de Porto Alegre, com texto, narração e desenhos de Jorge Herrmann, que conta a história do parque, de uma forma apaixonante, quase poética. As musicas que ajudam a ilustrar a cronica são da autoria de Alejandro Massiotti, Dúnia Elias, Miguel Tejera e Paulinho Cardoso. Eu gostei tanto do trabalho, que se encontrar Jorge Herrmann, numa dessas esquinas da vida, como já aconteceu em outras ocasiões, incentivarei-o a fazer outros como este, afinal se sabe tão pouco sobre a nossa cidade e contada desta forma dá gosto conhecer!

Quer que desenhe?

Exitem muitas causas que devemos defender como seres humanos e que não damos conta pela quantidade delas. São tantas que por vezes temos a impressão de que não será possível arranjar forças para abraça-las de fato, mas a gente tenta, sem deixar cair no esquecimento. É a luta para defender o destino correto do lixo, a poluição, a luta contra a violência no transito, a violência doméstica e infantil, o racismo, a defesa em favor das relações homo afetivas como um dispositivo legal (emocional e jurídico), a melhora da educação, da saúde e ai se vão... 
A gente fala, discute, assiste palestras, pincela idéias junto a grupos de pessoas e daí percebemos que uma ou outra, não consegue entender do que estamos falando realmente, passando-nos a impressão de que esses assuntos são meros artifícios estéticos da moda, que surgem e logo serão esquecidas, na próxima temporada. As veze tenho a impressão de que é necessário desenhar para que as pessoas possam entender de fato a importância colocada em pauta. Assisti este vídeo no blog Muque de Peão, que achei instrutivo para quem necessita que se desenhe para haver, quem sabe, um  minimo de entendimento, sobre mudanças necessárias numa sociedade que timidamente tenta ser melhor e esbarra em convenções morais.

CAMINHO DAS ARTES E DAS SERPENTES EM MORRO REUTER.


Eu vinha fazendo planos há três finais de semanas e nada do passeio vingar. No primeiro fim de semana que escolhi, ficou difícil juntar todas as pessoas interessadas e então desisti, no segundo meu carro quebrou me deixando por cinco dias à pé, no terceiro choveu a cântaros, então neste sábado decidi ir com o carro já pronto, mesmo com a promessa de tempo nublado e possível pancadas de chuva ameaçando cair sobre a região. No final a chuva veio mansa somente no final da tarde, dando para aproveitar o passeio, num dia sem sol, mas que também não estava frio.


Por que, Morro Reuter?.. Alguém tinha me comentado que existia na cidade um espaço com esculturas de serpentes, feitas em mosaicos chamado Caminho das Serpentes. A curiosidade me fez procurar o lugar e descobrir outros espaços dedicados as artes plasticas, chamado de Caminho das Artes.


Fui com uma amiga até Morro Reuter, a cidade da lavanda, (planta tipica da região), localizada à 700 metros acima do nível do mar, na serra gaucha, caminho este que está se firmando como pólo de interesse turístico em função da proposta de alguns artistas locais que se uniram para abrirem as portas de seus ateliês, com o objetivo de divulgarem seus trabalhos artísticos, misturando criatividade e as belezas naturais que cercam o lugar. Uma das artistas, Anelise Bredow, criou um blog- Turismo em Morro Reuter, divulgando esta iniciativa.


Olha que interessante: Logo na entrada da cidade, existe esta escultura de concreto, que são livros empilhados, lembrando a importância do conhecimento através da leitura. Achei isto formidável.

A estrada onde estão localizados os ateliês, a VRS-873, é chamado de Caminho das Artes oportunizando uma proposta diferente de lazer agregado a arte e fica a somente 60 km de Porto Alegre, entre paisagens belíssimas da serra gaucha e alguns cafés, casas de vinho e restaurantes de comida tipica alemã. Os ateliês em principio são quatro, embora eu tenha visitado somente três: 

O Edelweiss Ateliê de Artes e Antiguidades da artista e artesã Lenira Neves Siegle, que além de expor peças de mobiliários antigos, produz peças esculpidas em madeira, pedra grés e terracota, como também  montagens de fontes e outros acessórios. Do ateliê, se pode ter uma bela vista da cidade, além da possibilidade de locação  para pequenos eventos como Happy hour. Lenira como todas as outras pessoas que nos atenderam é simpaticíssima e diz que as portas de seu ateliê sempre está aberta nos finais de semana para receber os visitantes.


Nas proximidades encontra-se também o Caminho das Serpentes, da artista Claudia Sperb, um pequeno parque criado em sua propriedade, composto por inúmeros trabalhos em mosaicos, painéis e esculturas, que proporcionam aos visitantes um contato com a arte desenvolvida pela artista ao mesmo tempo que um passeio ao misticismo visivelmente empregado em seus trabalhos.


São diversos painéis construídos em mosaicos coloridos, além de esculturas, uma biblioteca, galeria de artes, recantos, mirantes e oito suítes para quem deseja pernoitar, neste lugar mágico. Fomos recepcionados por sua secretária de nome Seda, que nos mostrou e explicou cada detalhe do trabalho de Claudia que infelizmente não se encontrava. Além dos mosaicos, a propriedade é cheia de esculturas de outros artistas espalhadas pelo caminho, mostrando o interesse da artista em divulgar não somente os seus trabalhos.


A artista coordenou, com a ajuda de mais de cem voluntários, a produção de algumas toneladas de material transportadas até São Paulo e instaladas na Praça Vital Brasil do Instituto Butantan, em São Paulo. Possui um caderno e um DVD que fala sobre o projeto, "Fragmentos e Sentimentos", que registra o processo de criação, confecção e instalação dos mosaicos.


É também oferecido oficinas e cursos individuais ou para grupos, interessados em seu trabalho. Quanto a o nome Caminho das Serpentes, é sui generis, já que além dos mosaicos, a  artista confeccionou duas grandes serpentes cobertas por mosaicos, nos passeios nas proximidades de seu ateliê. O local está aberto para visitações aos Sábados e Domingos das 11 às 18 horas e com ingressos de R$ 5,00. O pernoite, R$ 150,00 com café da manhã.


Conhecemos também o ateliê de Débora Sarmento, instalado na beira da estrada, já nas proximidades de São José do Herval. Este é outro local dedicado a arte e ao artesanato que me chamou a atenção pela delicadeza e criatividade das peças.


São trabalhos em couro como mandalas, vidros, cerâmica, madeira, metais e mais uma variedade de materiais reciclados na construção das peças que a artista chama de eco-criações. Débora oportuniza também a mostra do trabalhos de outros artistas, numa pequena galeria de exposição que ela batizou de "A menor galeria do mundo".


No quilometro 217 da BR-116, nas imediações da área central de Morro Reuter, fica o ateliê de cerâmicas de Anelise Bredow, cujo o resultado são belíssimos e delicados vasos, móbiles, botões, flores, colares e painéis de madeira decorados com pequenas tijoletas de cerâmicas feitas pela artista


Uma característica que observei nos trabalhos de Anelise, principalmente nos potes e vasos que confecciona, é a repetição de desenhos estilizados que lembram um olho, mas eu estava tão impressionado com tudo que vi naquela tarde, que me esqueci de falar-lhe e quem sabe abrir uma discussão sobre o tema.



Morro Reuter, faz parte da Rota Romântica composta pelas cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Estância Velha, Ivoti, Dois Irmãos, Santa Maria do Herval, Presidente Lucena, Linha Nova, Picada Café, Nova Petrópolis, Gramado, Canela e São Francisco de Paula. Descobri também que pelo caminho das Artes, a distância até Gramado, são 30 quilômetros a menos do que o caminho convencional.


Se o interesse do visitante que vai a Morro Reuter, não for necessariamente por arte e em particular o Caminho das Artes, ainda é possível deslumbrar-se com beleza do lugar e ainda algumas construções antigas e em estilo enxaimel como o armazém Kieling, preservado há mais 100 anos na estrada que leva para São Jose do Herval.


O Armazém Kieling, é um dos últimos exemplares do antigo estabelecimento de comércio da colônia alemã, possuindo um acervo de mobilhas da época até hoje em uso por seus proprietários. Ainda tem a charmosa Igreja São Jose do Herval, também chamada de Igreja de Pedra, inaugurada  em 1923, cuja arquitetura difere-se de qualquer outra já vista.


Vale a pena também conhecer  o belvedere, o pórtico de entrada da cidade, o monumentos aos livros, o morro da Embratel e a ponte do Rio Loch, rio este que no verão serve de balneário aos moradores e visitantes da região.


Colonia de Sacramento

Se exite um lugar que sempre me motivará a voltar a o Uruguai, esse lugar é Colonia de Sacramento. Gostava da cidade mesmo antes de ter estado por lá, de conhece-la pessoalmente e ficar encantado. Eu namorava a cidade em fotos que outras pessoas tiravam e postavam em blogs, sites, revistas...
Um dia eu a coloquei na minha lista de prioridades. Visitei-a na primeira viagem que fiz para Montevidéu com grande expectativa e não me arrependi.



















A cidade inspira em cada canto de suas ruas, em cada detalhe de suas construções, portas, janelas, maçanetas, algum tipo de poesia para contar-nos sua própria historia. Colonia parece ter sido tirada de um livro de contos de fada. É espanhola, é portuguesa, é colonial, não cabe numa unica nacionalidade. Eu sinto que ainda voltarei muitas vezes a visita-la e que esta historia de amor, não terminou por aqui neste post... Saiba mais sobre ela nesta outra postagem: COLONIA DE SACRAMENTO.

























CADEADOS QUE ETERNIZAM O AMOR


A Fonte ou Chafariz dos Cadeados na Avenida 18 de Julio em Montevidéu é um atrativo que sempre chama a atenção dos turistas que visitam a cidade por sua beleza e peculiaridade. A fonte é cercada de cadeados, muitos já enferrujados pelo ação da água e do tempo. Existe uma lenda de que todo o casal apaixonado que fixar um cadeado no aramado da fonte, com seus nomes ou suas iniciais, retornarão e seu amor será eternizado.


Na verdade esta atitude de fixar cadeados em fontes, pontes, perpetuando relações, se tornou uma mania mundial. A ponte mais romântica de Paris, Le Pont des Arts, também conhecida como a passarela das artes, se tornou alvo de casais apaixonados, que lá deixam seus cadeados, assim como a Brooklyn Bride, ponte que liga Manhattan ao Brooklyn desde 2010.
Há, ainda tem a antiga ponte de Vecchio na Itália, que as autoridades multam em euros quem for pego em flagrante, colocando algum cadeado na ponte. Mas quem se importa com multas se o negocio realmente funcionar, não é mesmo?..

Impermanência

A gente sente, percebe, mas as vezes é necessário que a informação chegue por outros meios, pra que se assimile de verdade alguns conceitos. Eu estava assistindo o filme O pequeno Buda, neste final de semana, que mostrou uma cena em que crianças estavam em volta de um Lama recebendo aprendizado, e então uma das crianças perguntou-lhe o significado da impermanência. O Lama então apontou para um grande grupo de pessoas realizando seus afazeres e disse com serenidade: _Esta vendo essas pessoas, diante de nós?.. A o cabo de cem anos, elas não estarão mais aqui diante dos nossos olhos, não existirão mais por que estarão mortas, isto é a impermanência, o sentido básico da vida! 
A impermanência faz parte do ensinamento básico do budismo que é a mudança. Para cada existência, a verdade básica é que tudo muda. Ninguém pode negar essa verdade e todo o ensinamento do budismo está condensado nela. Eu fiquei pensando sobre outras impermanências que nos são impostas pela vida e no quanto relutamos em aceitar-las. Eu sempre fui pouco atento a essas verdades, mas atualmente tenho a sensação de estar vivendo um período lento e dolorido de reeducação.

Roda de samba no Odomodê

A noite estava muita fria ontem, então decidi dar uma passada no Afrosul-Odomodê, para prestigiar a roda de samba protagonizada pelo Central do Samba, depois houve a apresentação de uma batucada de maracatu, que aqueceu o publico que reverencia a cultura negra. Algumas canecas de quentão com gemada servidas na instituição, também ajudaram a me aquecer. Eu havia experimentado esta versão de quentão com gemada em Curitiba; mas confesso, eu prefiro puro. O Odomodê, grupo carnavalesco que na lingua yorubá significa (jovem, novo, garoto), é o antigo bloco carnavalesco Garotos da Orgia, que faz parte da Afrosul criada 2000 com o objetivo de difundir a cultura negra pelo estado e com sede na Av. Ipiranga 3850- Poa.

SUR O REDUTO DO CANDAMBE

É no bairro Sur em Montevidéu, que se encontram os remanescentes afro descendentes do Uruguai. O bairro fica entre, Palermo e a Ciudad Vieja, dois outros bairros, nas proximidades da avenida 18 de Julio, centro financeiro da capital, limitando-se também ao sul com o Rio da Prata. 
Conta a história, que o bairro se iniciou por volta de 1835, com a fundação de um cemitério construído distante da cidade para evitar o risco de epidemias, com o fim da escravidão no Uruguai tornou-se mais tarde habitado por afro-uruguaios, frutos de miscigenações, que passaram a se concentrarem nas imediações e a reviver a cultura de seus antepassados. Foi nestes rituais que surgiu o candombe, cujo sentido é mais culturalmente de entretenimento do que religioso e posteriormente o tango.


O bairro Sur é composto de casas simples e alguns sobrados que no passado foram suntuosos e hoje apresentam alguma decadência em função da deficiente manutenção e incentivo governamental adequado na preservação desses prédios. Alguns são muito coloridos e grafitados, tornando-se singulares e alegres, no contexto arquitetônico mais austero que compõe Montevidéu. O Sur, tem nas sua características, aspectos que me fazem lembrar de Cuba, tanto na arquitetura desses prédios com fachadas e sacadas trabalhadas, quanto na batida de tambores e nos movimentos e jingas do candombe que lembram a salsa cubana. Os negros trazidos da África através das politicas escravagistas do passado, trouxeram uma bagagem cultural muito forte que com o tempo foi se adequando as realidades culturais ja existentes em cada pais a que serviram, como no Brasil, Argentina, Cuba e Uruguai, e compondo algumas particularidades que se diferenciaram. O candombe tem maior difusão no período do carnaval uruguaio, considerado o mais longo do mundo; São 40 dias de festa com a participação de toda a comunidade, de Janeiro à Março. A comunidade de negros afro descendentes no Uruguai é visivelmente maior do que em Buenos Aires, já que na Argentina os negros foram dizimados em guerras como a da Independência, da Tríplice Aliança e a do Paraguai, além das varias epidemias que ocorreram no país.

Mercado De La Abundancia.

O Mercado De La Abundancia, foi um dos lugares que visitei com meus colegas de curso num dos cinco dias em que estivemos em Montevidéu. Estávamos nesta noite à procura de pizza em metro, o que não encontramos no mercado, então ficamos algum tempo para conhecer seu interior de grande beleza arquitetônica, semelhante ao Mercado Del Puerto, depois fomos embora, já que estava quase vazio, pois a vida noturna dos montevideanos começa acontecer depois da meia noite. O Mercado De La Abundancia é o primeiro mercado da cidade, inaugurado em 1836. Posui em seu interior algumas tendas, onde são vendidas frutas, verduras e artesanatos durante o dia. O mercado também possui restaurantes e outros bares e é a sede do Joventango, um clube que oferece aulas de tango e outras danças populares como a milonga. 
As aulas de tango são diárias e a partir das 19:00 horas (exceto aos domingos) e atende a todos os níveis, inclusive iniciantes. Os valores são inferiores a R$ 15,00. Nas noites de Sexta-feira e Sábado, torna-se também um local livre e de encontro para os uruguaios que desejam dançar tangos ao ritmo de Gardel. O Mercado De La Abundancia fica na região central da cidade, na Calle Lanza 1290 esquina com a San José e diferencia-se do Mercado Del Puerto que funciona somente de dia como pólo gastronômico.


Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...