MACCHU PICCHU- PERU.



Saímos na manhã do dia 17 de Julho de 2010 da capital gaucha, numa viagem de 4 dias, mas que acabou em 5 por problemas técnicos e mecânicos no ônibus, com destino à Macchu Picchu no Peru, totalizando 13 dias. Estávamos de volta dia 29.
Esta viagem, havia sido programada em fevereiro passado, quando foi impedida pela enchente ocorrida naquela região e anunciado em todos os meios de comunicação. Foi uma viagem cansativa e demorada, mas que valeu o esforço de chegar até lá e conhecer tantas belezas naturais e a cultura do um povo. A viagem foi promovida pelo Ton da Excursões Universitárias do qual viajei anteriormente para o Chile e Buenos Aires e que foi uma experiencia muita bacana.
O roteiro foi mais ou menos o seguinte: Porto Alegre, Uruguaiana, Corrientes, Salta, Calama, Iquique, Arica, Tacna, Arequipa, Juliaca, Cusco. De Cusco, alguns vilarejos e ruinas locais, Aguas Calientes, Macchu Picchu, Ollantaytambo, retornando por Puno, Jujuy, Uruguaiana, São Gabriel e Porto Alegre.


A CIDADE:
Cusco é a cidade ponto de partida de quem vai conhecer M. Picchu. Com 3400 metros de altitude e considerada a mais antiga cidade da America Latina, seu nome significa "umbigo", no idioma quíchua. Era o mais importante centro administrativo e cultural do Império Inca. Depois do fim do império, os espanhóis invadiram e saquearam a cidade. A maioria dos edificios incas foram arrasados pelos católicos, com o objetivo de destruir a civilização inca e construir com suas pedras e tijolos as igrejas cristãs e predios administrativos, desta forma impondo sua pretensa superioridade européia cristã.


IGREJA SAN BRAS:

AEQUITETURA:
A maioria dos edifícios construídos depois da conquista é de influência espanhola com uma mistura de arquitetura inca, inclusive a igreja de Santa Clara e San Blas. Freqüentemente, são justapostos edifícios espanhóis sobre as volumosas paredes de pedra construídas pelos incas.

Praça das Armas/Cusco

AS RUAS DE CUSCO:
São estreitas e de pedras irregulares, lembrando de alguma forma, porem com suas peculiaridades, as ladeiras de Ouro Preto em Minas Gerais. Tudo que olhamos, nos remete a um passado de lutas, conquistas, culturas milenares, religiosidade e um povo com suas carências econômicas, beirando a muita pobreza social e riqueza cultural.


O TRANSPORTE EM CUSCO:
Não vi ônibus circular pela cidade, a não ser os de excurssões. O meio de transporte por lá, parece ser mesmo o taxi, sem taximetro e na base do grito mesmo. Voce explica para onde quer ir e combina o preço antes de entrar. Existem todos os tipos de taxis: Pequenos, grandes, novos, velhos, caindo aos pedaços que oferecem seus serviços através de buzinassos enlouquecedores. O transito é muito conturbado, lembrando segundo algumas pessoas com quem conversei, as ruas no centro de Nova Deli.


O ALBERGUE:
O albergue: em que nos hospedamos, localizava-se a algumas quadras acima da praça da igreja de San Blas, uma rua tão estreita que impossibilitava a passagem de carros e ainda tínhamos de vencer as longas escadarias. Mesmo numa região centralizada, parecia ser o ultimo albergue do alto do morro, vencendo-nos pelo cansaço provocado pela sua distância e altitude. Apesar de um pouco deficiente no que se refere a os serviços prestados, o albergue tinha um aspecto alegre, com paredes coloridas e patio amplo onde tomavamos o café da manhã. De qualquer forma, estávamos em Cusco e o que menos importava eram as estrelas do albergue.

Albergue em Cusco


O PACOTE TURÍSTICO:
Neste mesmo albergue, compramos o pacote turístico por US$ 120, para visitar Macchu Picchu que incluia, passagem num micro ônibus com três refeições, passeios pela serra peruana, (Vale Urubamba, Ollantaytambo, Abra Malaga, Santa Tereza, Santa Maria onde almoçamos, Hidroelétrica até a estação de trem para Águas Calientes, cujo o ingresso era por nossa conta. Em Águas Calientes, cidade que é porta de entrada para a ruína, passaríamos uma noite num albergue com jantar incluído e ingresso para Macchu Picchu na manhã do dia seguinte. Vale ressaltar, que o albergue em Águas Calientes era muito superior ao que ficamos em Cusco.


ALPES PERUANOS:
Saímos bem cedo do albergue, no outro dia, num micro-ônibus, para conhecer os alpes peruanos. Depois de muitas voltas, subidas e descidas íngremes em estreitas estradas de terra sobre penhascos e mascando folhas e mais folhas de coca, percebemos que estavamos nos aproximando da montanha gelada.


Chegamos até o ponto mais alto, onde as vans e micro-ônibus podiam deixar os passageiros. A partir dali, somente a pé, de bicicleta ou a cavalo e possivelmente com auxilio experiente de um guia. A estrada nos trechos mais altos era muito pedregosa e estreita, dificultando a passagem de veículos que por vezes encontrava um outro vindo sentido oposto nos deixando muito temerosos.


Mesmo assim, percorriam em alta velocidade na beira dos penhascos com o propósito de nos provocar emoção e medo, acho que muito mais medo, sem a preocupação com possíveis acidentes naquela altura das montanhas.


O ABRA MALAGA: 
Tem 4.350 metros de altitude e de longe enxergava-se a sua imponência e o topo coberto de gelo entre outras montanhas. Alguns ciclistas cruzavam por nós em alta velocidade e isto causava uma certa tensão. Depois de admira-lo e fotografa-lo em diversos ângulos, descemos até um vale que lembrava aquelas selvas dos filmes de Indiana Jones, com estradas de terra batida, muitas arvores, poeira, cascatas que desciam morros, mata encrava entre montanhas e abismos; Acredito que era o Vale Urubamba com o rio de mesmo nome. Quando chegamos num mirante natural para admirar a beleza da montanha gelada, nos posicionamos para a famosa fotografia com a bandeira brasileira esticada.


Na verdade quem vai para aqueles lados pela primeira vez como eu, fica meio sem referencia e perdido com relação a ordem dos lugares que visitou e fez anotações. Tudo parece meio complexo entre subidas e descidas e com nomes estranhos e lugares fantásticas para se ver. Em alguns momentos, fica difícil documentar tudo o que se quer e a o mesmo tempo curtir o que tem para curtir, sem ficar escravo da maquina fotográfica e do caderninho de anotações.


RIO URUBAMBA:
Depois do magnífico passeio pelas montanhas e vales, descemos para almoçarmos num vilarejo chamado Santa Maria e após caminhamos algumas horas para fazer a digestão, seguimos para a estação de controle na entrada para Aguas Calientes ao entardecer, quase noite, uma vez que tudo por lá é muito longe e parece demorar horas para se deslocar de um lugar para outro. Neste ponto da estação, concentra-se turistas de todos os cantos do mundo que querem conhecer a velha montanha, criando uma muvuca de emoções em vários idiomas. As pessoas pareciam estar com suas emoções à flor da pele e muito excitadas.


O Posto de Controle fica localizado num local, que parece não haver muita estrutura e conforto para os turistas que chegam para embarcarem no trem em direção a Águas Calientes. Ao menos não vi se quer uma lancheria ou banheiro e a medida que foi escurecendo, se tinha iluminação, era muito precária. O lugar é simples e parece ser utilizado com o único proposito de identificar os passageiros que embarcam no trem as margens de um rio turbulento, possivelmente o Rio Vilcanota. No balcão de atendimento, apenas um funcionário peruano.

Estação de trem em Aguas Calientes


O trem: faz umas manobras estranhas, uma hora anda num sentido, depois parece fazer outro, dando a impressão de que está se deslocando de ré. Na verdade é uma manobra de praxe para subir em direção à Aguas Calientes. Este deslocamento é rápido e de muita integração entre os passageiros e quando nos damos por conta, já estamos dentro da cidade que fica num vale cercado de lindas e gigantescas montanhas tropicais cheirando à mato orvalhado. Chegamos à noite para o jantar incluso no pacote e com o tempo cronometrado para conhecermos a vida noturna da cidade. Deveríamos levantarmos cedo para visitarmos a velha montanha e desta forma, fomos para a cama cedo, conhecendo de fato Águas Caliente, no retorno da montanha no outro dia para almoçar.

Praça Central em Aguas Calientes

AGUAS CALIENTES:
É composta por praticamente duas avenidas, uma igreja e uma praça principal com uma estátua de Pachacutec a o centro. Com jeito de povoado e uma infinidade de restaurantes, bares, hotéis, pousadas, albergues, lojas de artesanato, é margeada pelo Rio Vilcanota que espalha no ar o ruido de suas águas sobre as pedras espalhadas no seu leito o tempo todo, causando um clima zen na região. Saindo da área mais central em direção à parte mais alta da cidade, encontramos fontes de águas termais do qual originou-se o nome da cidade. Só existe duas formas de chegar à cidade: De trem ou a pé pelo meio do vale numa caminhada exaustiva entre a mata montanhosa.


HUAYNA PICCHU:
Nesta noite em Águas Calientes, nos reunimos na praça principal depois do jantar, para decidir quais pessoas do grupo subiram até o templo sagrado, por Huayna Picchu (montanha vizinha à Macchu Pucchu). O pico de Huayna Picchu é de cerca de 2.720 metros acima do nível do mar, cerca de 360 metros mais alto que Macchu Picchu proporcionando de seu pico uma visão global de todo a cidade Inca.


A subida é de dificuldade alta e não encontrei ninguém que me falasse ter sido fácil chegar até lá em cima depois de retornarem. O aventureiro tem de dispor de muita resistência, paciência, roupa apropriada, água para hidratar-se e folhas de coca para evitar o mal da altitude.


MACHU PICCHU:
Segundo a informação de alguns guias, no topo desta montanha era a residência do sumo sacerdote. Todas as manhãs, antes do nascer do sol, o sumo sacerdote, com um pequeno grupo ia a pé para Machu Picchu para assinalar a chegada do novo dia. O número de visitantes diários autorizados à subir o Huayna Picchu é limitado à 400 pessoas. Uma subida exaustiva leva ao seu cume. Algumas partes são escorregadias e protegidas por cabos de aço. Às vezes, durante a estação chuvosa, por questões de segurança, os passeios ficam temporariamente suspensos.


Evidentemente eu não subi o Huayna Picchu, por estar conciente de minhas condições fisicas e reações provocadas pela altitude. Acho que algumas situações na vida devem ser feitas com conciencia e reconhecimento de nossos limites e não somente por paixão, sem avaliar consequencias.


De qualquer forma, os que escolheram subi-lo se comprometeram de levantarem cedo, (2 h. 30 min.), para garantirem suas vagas dentro dos 400, que é o limite máximo de pessoas permitidas. Eu e o Ton levantamos as 6 h. 30 min. e fomos de Van com ingressos disponibilizados no pacote. A Van nos deixou no portão principal de Macchu Picchu e assim mesmo senti o tranco em alguns percursos mais íngremes durante a subida. Alguns membros da excursão haviam se separado, mas aos poucos começaram a chegar e reunirem-se em alguns pontos da grande ruína para contar a experiencia de terem subido a montanha vizinha.


Encontramos algumas lhamas que pastavam soltas em Macchu Picchu, elas nos olhavam com curiosidade e por vezes cuspiam em nossa direção. São animais mal humorados e não gostam que invadam o seu espaço. Havia muitos grupos de estrangeiros com seus guias, que falavam em inglês, português francês e espanhol, dando dando todas as informações sobre tudo. Isto quer dizer, que mesmo não tendo um guia próprio, você não ficará sem informações; certo?


Bom, Macchu Picchu é linda e estando lá em cima, começamos a questionar como é possível tudo aquilo ter sido planejado e construído com tamanha perfeição de engenharia, de modo a permanecer quase intacto por tanto tempo. Ficamos pensando também sobre o modo e filosofia de vida deste povo que respeita a natureza de uma forma inigualável. Eu aconselho a quem tiver a oportunidade de conhecer esta "Sétima Maravilha", não desperdiçar, pois é uma experiencia pessoal incrível e com certeza, enriquecedora.


Para voltarmos à Águas Calientes, tomamos um micro-ônibus na entrada do parque. Decidimos procurar um lugar para almoçarmos e escolhemos um restaurante que servia peixe ao molho com purê de batatas e uma gostosa cerveja peruana.


As três horas da tarde eu e o colega de viagem (Adilson), compramos passagens de trem até a estação de Ollantaytambo, num delicioso passeio por estradas montanhosas e selvagens e de lá, retornarmos numa van compartilhada com outros turistas até Cusco ao final da tarde, antes do anoitecer. Pela manhã cedo, tomaríamos um táxi e embarcaríamos no ônibus de volta ao Brasil.



Arica


Arica é uma cidade portuária, banhada pelo Pacífico e localizada no extremo norte do Chile (na costa Oeste), muito próximo à fronteira do Peru e Bolívia, por isso tornou-se um ponto de conexão por via terrestre entre os três países. 


SIGNIFICADO DO NOME:
A origem de seu nome segundo informações que colhi da Internet, está ligado à: lugar junto ao morro. Na cidade se encontra belas praças, bares, restaurantes, feiras de artesanato, construções arquitetônicas apreciáveis, igrejas como a catedral de São Marcos, projetada por Gustave Eifel, o estádio Carlos Dittborn, palco de jogos da Copa do Mundo, onde o Brasil foi bi-campeão mundial em 1962 e inclusive um cassino. Conheci melhor a cidade na volta a o Brasil, pois na ida para o Peru, fizemos uma passagem rápida  pela manhã, muito cedo. Tínhamos pressa de chegar em Cusco!


MORRO DE ARICA:
É o cartão postal da cidade; é uma ladeira íngreme com uma altura de 139 metros acima do nível do mar, de impressionante beleza margeando a cidade e causando a sensação de que a qualquer momento despencará sobre a cidade.
Nossa passagem por lá, era para ser de uma hora e meia para um simples almoço, mas acabou esticando-se por mais tempo, pela empolgação do pessoal em caminhar pela beira do mar e fazer compras, obrigando-me a conhecer mais detalhes da cidade.

AZAPA: 
Fica à cerca de 3 quilômetros de Arica, localizada entre duas colinas, numa estreita faixa de terra fértil, transformando-se num verdadeiro "Oasis" que permite a criação de uma grande variedade de frutas, legumes e azeitonas durante o ano todo. Esta azeitona de Azapa, é famosa por sua cor violeta e gosto amargo, dando origem a um forte óleo de degustação.


PARINACOTA:
É uma província muito interessante, nas redondezas de Arica, com diversificadas feiras de trabalhos artesanais como esculturas de pedras, madeiras, metais, reproduções arqueológicas, cerâmicas, tecelagens, tecidos, todos produzidos no local e que atrai muitos turistas, lembrando o nosso Camelódromo.


O MAR DE ARICA: 

Possui ondas propicias a pratica de surf e algumas enseadas são constituídas de pedras escuras e de aspecto vulcânico, formando muitas vezes áreas sedentárias e de difícil acesso. A água é fria e contrasta absolutamente com a temperatura quente da região cuja a umidade relativa é muito baixa.



Arica me chamou a atenção pela sua concentração de lojas, bares e restaurantes no centro da cidade. É uma cidade movimentada e que oferece aos seus moradores e visitantes, qualidade de uma metrópole, beleza e lazer.

OLLANTAYTAMBO E O VALE DO URUBAMBA


Eu já falei aqui no blog, que no segundo dia em Cusco, perdi todos os documentos e que depois os recuperei graças a honestidade da menina da lan house, que os guardou e a ajuda do colega de viagem Adilson que me ajudou nas buscas e que todo este dilema de estar sem documentação num pais distante, em que não se tem domínio sobre os costumes, idioma etc e tal, te causam uma insegurança muito grande. Que isto tudo aconteceu algumas horas antes da visita à Macchu Picchu que fiz numa manhã, pois eu tinha pressa e precisava retornar para Cusco afim de disponibilizar tempo para procura-los e resolver os trâmites legais caso não conseguisse encontra-los. Que para retornar à Cusco tive de comprar passagem de trem de Águas Calientes até Ollantaytambo, depois dividir um táxi- (Van) até Cusco e esta "indiada", acabou me proporcionando um dos passeios mais bonitos de toda a viagem, somente vencido pela visita que fiz as ilhas flutuantes dos uros em Puno. - Há males que vêem para o bem!

Ollantaytambo é uma província no vale Urubamba, margeado pelo rio de mesmo nome (Urubamba) e montanhas gigantescas de aspecto selvagem. Dizem que o lugar é muito antigo e foi um dos únicos que resistiu ao ataque dos espanhóis, graças a sua fortaleza inca erguida nas proximidades, ate hoje preservada.


Para muitos turistas que visitam o Peru, Ollantaytambo não passa de uma parada com nome confuso no trajeto de trem entre Cusco e o Vale Sagrado, mas o lugar tem sua beleza selvagem e peculiar. O trem trafega sobre uma estrada ingrime entre a margem do rio e os paredões de rocha que de um momento para o outro viram tuneis estreitos dando a impressão de que não suportará a largura da locomotiva sempre apitando.



Olhando para as montanhas se enxerga varias ruínas construídas sobre os morros e uma montanha gelada que denominam "Glacial Verônica" com mais de 4000 metros de altura. Algumas agencias de turismo local, promovem passeios à cavalo por US$ 50 em trilhas com a duração de 1 dia e para os que buscam aventuras mais radicais o Mountain bike, por US$ 49 e rating.



Atualmente, segundo informações dadas por um agenciador de turismo que encontrei na estação de trem, Ollantaytambo tem sido implementada com incentivos econômicos, através de restaurantes, bares, hotéis, pousadas e outras pequenas empresas prestadoras de serviços, de modo a modificar o esteriótipo de "lugar de passagem" e mostrar sua verdadeira importância no panorama histórico-turístico da região.



O rio Urubamba nasce no alto das montanhas próximas à região de Cusco, e desce para o Vale Sagrado. Por estar numa região extremamente montanhosa, o leito do rio é tomado de pedras, tornando-o assim, bastante propício para a prática de esportes como o rating. Ele é dividido em Alto Urubamba e Urubamba e também conhecido como Vilcanota, formando outros rios menores até formar o Rio Amazonas.


As margens deste rio é coberta por uma densa mata subtropical e plantações de coca e também nas suas águas turbulentas que foi implantada a hidrelétrica que fornece 69% de energia para todo o país.



ATÉ O PRÓXIMO PASSEIO!

AS RUÍNAS EM CUSCO:

O que fazer em Cusco além de sair à noite e prestigiar a variedade de bares, restaurantes, boates, Pubs, feiras de artesanato por todos os lados que se bate o olho, igrejas centenárias, mosteiros, museus, galerias com exposição de quadros, buzinaços de carros quase te atropelando nas ruas estreitas, toritos expostos sobre os telhados das casas para trazerem sorte, pechinchar os preços de toquinhas de lã, mantas, táxis que sempre dão certo? 
como a turma da viagem era grande, houve algumas divisões nos programas propostos, mas isto sempre acontece e foi aceito com naturalidade, já  que cada grupo escolheu o que melhor lhe cabia no bolso e na satisfação pessoal, é claro!


Então surgiu a ideia de dividirmos dois táxis e conhecer algumas ruínas, nas proximidades da cidade. Algumas eram cobrados ingressos, mas outros se enquadravam em nossos planos: "Entrar nas que eram de graça" e ainda por cima, conseguimos isto, com direito a um guia que se ofereceu para acompanhar o grupo por preço de camaradagem.


O cara (guia) que nos abordou, falava inglês, italiano fluentemente e o espanhol é claro. Se dizia dono ou trabalhava numa agencia de turismo, não entendi bem, e estava por ali como quem não queria nada, pois não tinha muito o que fazer naquele dia ensolarado de Cusco. Talvez estivesse esperando um grupo de "brasilenhos" interessados em conhecer a história de seus ancestrais e dar a sua parcela de boa ação à Papa mama ea nossa cultura geral, ora, essa!.. Talvez eu estivesse fazendo mal juízo do cara!.. Mas afastando as desconfianças que tive sobre o individuo simpático, ele nos ajudou bastante, nos mostrou tudo detalhadamente e deu informações preciosas sobre as ruínas de Puca pucara, Quenko e Tambomachay,. Esta ultima, só podemos ver à distancia, sobre um morro, com uma estatua branca e sem graça de Jesus Cristo tentando abraçar a cidade.

Neste passeio também tiramos fotos com algumas velhas peruanas tecelãs, sentadas na rua, que cobravam propina cada vez que tirávamos algumas fotos. Elas usavam exatamente este termo para cobrarem seus cachês "propina" e enrugavam a testa e davam as costas, quando nos fazíamos de desentendidos. Desconfiei que estavam ali estrategicamente com este objetivo.


As ruínas ficavam à cerca de uns 6 quilômetros da cidade e eram tão perto uma das outras que era possível ir à pé e driblar o mal estar da altitude. Também concentravam-se muitos vendedores ambulantes que negociavam roupas e artesanatos do local.


PUCA PUCARA:
É uma fortaleza composta de grandes muros, terraços e escadas, fazia parte da defesa de Cusco em particular e do Império Inca. Seu nome em quichua quer dizer "Fortaleza Vermelha" por suas pedras adquirem uma coloração vermelha no crepúsculo.. Este sitio foi assumidamente um dos pontos de paragem para descanso e estações de controle. Também utilizado como armazenamento de armas e apoio militar para fins estratégicos.



TAMBOMACHAY:
Em quíchua quer dizer lugar de descanso. Este sitio arqueológico era destinado ao culto a água e para que o chefe do Império Inca pudesse descansar. Este lugar também é denominado "Banhos do Inca". É composto de uma série de aquedutos e canais e varias cascatas de água que escorrem pelas rochas.


QUENKO:
complexo altar para rituais funerários. É composto por um sistema de túneis, galerias e cortes geométricos esculpidos em pedra. Frente esta área é o anfiteatro, um grande muro elíptico com 19 entradas que parecem ser grande assentos ou tronos, e um monólito interessante de 4,70 metros de altura. Quenko significa "zig-zag". É uma rocha calcária com grandes canais em ziguezague.




As fotos acima é uma galeria mortuária onde eram preparadas as múmias e também servia como local para tratamento de doentes, através de infusões, inalações e outras técnicas milenares. Tive acesso a este lugar à convite do vigilante local, que cuidava para que ninguém entrasse, uma vez que estava sendo restaurado e estava proibido visitações. Ele me mostrou em troca de seis soles, proposto por ele mesmo, com aquele jeitinho peruano de aumentar seus ganhos. Propina!..





Até o próximo passeio!

ILHAS FLUTUANTE NO LAGO TITICACA.

Nossa visita as ilhas flutuantes aconteceu quando retornávamos do Peru para o Brasil e fazia parte do roteiro estabelecido, pararmos em alguns lugares, afim de contemplar suas belezas naturais no finalzinho da viagem. Chegamos em Puno antes do horário do almoço e em seguida tratamos de garantir alguma embarcação que nos levassem até as ilhas.



Puno é uma cidade grande e nos chamou a atenção, alguns meios de transportes utilizados pela população desafiando o transito relativamente caótico.
Na beira do Titicaca fazia um calor de arder na pele e varias embarcações atracadas, ofereciam passeios até as ilhas, por preços muito em conta (10 soles por pessoa).
Almoçamos peixe assado de prato principal, com arroz ou batatas fritas de acompanhamento, (no Peru o acompanhamento é um ou outro), salada verde e coca-cola que lá tem um gosto diferente da que bebemos no Brasil, parece mais diluída, mais doce e com menos gás. A comida era farta e boa e as moças nos que atendiam, muito atenciosas e sorridentes.





















Visitamos algumas feiras de artesanato para nos exercitarmos e fazermos a digestão para depois subirmos nos barcos e visitarmos as ilhas artificiais construídas pelos Uros que ao meu ver foi um dos momentos mágicos de toda a viagem.
O lago parecia enorme e ouvi o homem da tripulação, que recolhia os tickts explicar orgulhoso, que 70% de sua extensão pertence ao Peru e os outros 30% as terras bolivianas, e que por aquelas bandas, chegava a uma profundidade de 230 metros, o que me fez desconfiar que ele estivesse mentindo. 
Bom o Titicaca é o lago navegável mais alto do mundo 3.815 metros acima do nível do mar, por outro lado, é considerado também como o único elemento natural capaz de temperar a região, considerando que sem sua presença, definitivamente não haveria a possibilidade de vida naquela altura.


A entrada até as ilhas se faz passando de barco por um estreito corredor de junco (totora), em seguida o lago se abre em toda a sua extensão possibilitando enxergar-se as primeiras ilhas. Esta entrada na área central de Puno é meio feia e com a água um tanto suja, dando a impressão de que é um lugar poluído, um pouco mais distante a água começa definitivamente a clarear e mudar de cor.

Caminhar sobre as ilhas causou em mim uma certa insegurança pelo fato de serem macias e em alguns lugares a gente sente a umidade da água sob os nossos pés, que chegam mesmo que superficialmente a afundar. As casinhas de totora construídas sobre aquelas ilhas, pareciam de brinquedo, era inacreditável estarmos num lugar tão exótico e ao lado de um povo tão amável.



As ilhas são construídas à partir desses juncos, (Totoras), que amarrados e sobrepostos em camadas que podem totalizar três metros de espessura e amarradas por estacas de madeira e cordas de nailon. Dizem que uma ilha, mesmo com “boa manutenção”, não resiste mais do que “oito anos”.


Os uros vivem em eterna manutenção dessas ilhas, uma vez que umedecidas tendem a apodrecerem e necessitam ser reconstruídas. Sobrevivem também da pesca, caça e fundamentalmente do turismo através da venda de artesanato local e alguns percentuais à partir das visitações turísticas trazidas pelos barqueiros. Naquela tarde recebemos uma aula explicativa de como são construídas as ilhas e de que forma sobrevivem, naquele lugar.



Os Uros são diferentes na estatura, aparentando serem mais baixos que o resto da população peruana, na cor da pele mais escura, provavelmente pelo lugar onde vivem e no modo que sobreviverem. Orgulham-se de sua história que tanto cultuam, são exóticos, criativos e quando os vimos diante de nós, tivemos a sensação de estarmos participando de um set de filmagem de aventuras e ficção do Spielberg.
A Totora é uma planta abençoada para eles, versátil, pois nasce na água e quando seca ao sol, oferece resistência suficiente para não afundar. Pode-se comer sua raiz, fazer chá e remédios de suas folhas e flores.


Aguas Calientes

Depois é que eu entendi o Ton ter me dito com seu jeito meio tímido, que sentiu medo ao chegar na janela do quarto, do albergue em Águas Calientes, na noite que antecedia nossa subida à Macchu Picchu. Havia uma montanha tão grande diante de nossos olhos que dava a impressão de que  a superfície da terra se estendia do chão até onde nossa visão não podia mais alcançar e a sensação maior era de que não existia céu, mas uma continuidade imensa de chão se desdobrando diante de nós até o infinito em formações montanhosas. Era temerosamente surreal a natureza impondo sua grandeza implacável e suntuosa sobre nós mortais.
Águas Calientes é uma pequena cidade, com jeito de povoado, cercada de grandes montanhas e margeada pelo Rio Vilcanota onde se ouve o tempo todo o ruído de suas águas. 



Nas poucas ruas existentes, ficam as pousadas, os albergues, os bares, os restaurantes e todos os variados serviços utilizados pelos viajantes que visitam Machu Picchu. Suas ruas são estreitas e íngremes, centralizando-se numa pequena praça com a estatua de Pachacutec e uma pequena igreja. Seu nome se deve a existência no local de uma fonte de águas quentes que pode ser desfrutada pelos visitantes na parte alta da cidade. Estas piscinas termais são ao ar livre e podem ser encontradas a 15 minutos fora da cidade (seguindo a rua principal, à direita da praça até a colina), e os custos US$ 3 para usar. Existem vestiários, chuveiros, sala de bagagens e um pequeno café que vendem lanches, refrigerantes e cerveja.



Para chegar à cidade só existem duas possibilidades: de trem saindo de Cusco em uma viagem de aproximadamente 4 horas ou caminhando em trilhas exaustivas por alguns dias. Nós optamos por uma terceira: Saímos de Cusco de micro ônibus, passeando pelas fabulosas montanhas e penhascos até a estação de trem nas proximidades de Ollantaytambo  e depois até Águas Calientes (que só se chega de trem), onde  dormimos num albergue (o melhor de toda a viagem) para que na manhã seguinte subíssemos a velha montanha. Águas Calientes é uma cidade de singular beleza situada num vale de floresta tropical aos pés da Cidade Inca (450 m abaixo) e que passear por suas ruas, usufruir de sua beleza, bares e restaurantes, já é um presente.







A região onde situa-se Águas Calientes é cercada por uma floresta tropical, com montanhas cobertas de florestas, que pela manhã seus visitantes despertam com uma espécie de neblina onde esconde vales e recantos com ar de paraíso perdido.
É na área central e mais alta da cidade que se adquiri passagens em Vans, que levam até a porta de entrada de Machu Picchu, além da opção de fazer o caminho a pé pela montanha vizinha.

Respirando Macchu Picchu.

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Parece que agora consigo respirar Macchu Picchu e talvez elaborar intrinsecamente os benefícios que obtive por lá. Disseram-me que chegar até Macchu Picchu era uma experiência e tanto, única e cujo o objetivo alcançado provocava um sentimento de bênção, de satisfação espiritual- pessoal, algo tipo transformador do espírito e que o simples contato com o local era tão magico, que acabava causando modificações na forma de se ver a própria vida. Uma amiga até me escreveu numa página de recados:
"Luis, olhando tuas fotos sinto que nestas viagens reencontras o teu "EU" mais profundo. bjs" .
No principio, achei um exagero, discordei desta opinião por que percebi somente mais tarde, que meu olhar estava focado de forma diferente, não espiritual ou místico, ao que estava sendo-me apresentado e que não estava sincronizado ou aberto à receber energias que a grande maioria das pessoas buscavam e acreditavam encontrar naquele lugar e muito menos pensava nisto, mas passado algumas semanas, já em casa, percebi que Macchu Picchu me foi um divisor de águas, onde fui posto à prova em diversos aspecto da minha vida e quem sabe aí, estava o mistério transformador!..
Na medida que os dias se passavam, foi ficando mais claro minha posição com relação a alguns sentimentos que antes não estavam definidos dentro de mim. Mostrou-me mudanças e novas direções a serem tomadas que até então eu não tinha percebido. Me fez principalmente me dar por conta que alguns desgastes poderiam ter sido evitados sim, quando se percebe o risco de se persistir em sentimentos acabados, de ressuscitar emoções que já se perderam no tempo, de achar que é possível transforma-los em outros melhores e saudáveis, em como nos envolvemos e manifestamos sentimentos egoístas em defesa de nossos objetivos tendenciosos e doentios e neles ficamos presos, que também cometemos erros em cima de erros cronificando magoas e insatisfações.
Me fez mais arguto, paciente e perceber atitudes inesperadas de amigos e também de estranhos.
O próprio fato de eu ter perdido e depois reencontrado todos os meus documentos, foi uma lição e também um teste de equilíbrio emocional forçado e inesperado.
Em fim, caiu a ficha!..
Acho que este lugar manifestou diferentes mudanças para diferentes pessoas nos parâmetros de suas receptividades e necessidades e que agiu sim de maneira sutil sobre todos lá presentes. Em mim provocou revoluções necessárias e só percebidas mais tarde.

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...