AVE MARIA DE SCHBERT

O dia está passando rápido mesmo sabendo que ainda não se transformou milagrosamente em noite. Pela janela de casa, consigo ver de tudo um pouco, até um pequeno pedacinho do Céu por entre o emaranhado de telhados. Uma brisa  as vezes sopra e então consigo saber sem olhar para o relógio que é seis horas da tarde. Nestes dias de outono, o final de tarde é mais lento, mais preguiçoso e as vezes mais triste e fico esperando o som de algum sino de Igreja bater ou a Ave Maria tocar no rádio, como tocava sonora em minha infância. 
Engraçado pensar que não ouço mais sinos por aqui anunciando a Missa das Seis, nem cato mais folhas secas e coloridas de Plátano para guardar no meio de livros que estou lendo. 
Começa a escurecer e talvez eu devesse fechar as janelas, tomar meu banho, cortar as unhas dos pés... As pombas desapareceram dos telhados sem deixar vestígio e os pássaros silenciaram-se nas árvores como os sinos. A Ave Maria de Schubert, ainda ouço tocar no meu ouvido, como um alerta da mudança dos tempo.

Ritual

Ouvir a Ave Maria de Schulbert, as Seis horas da tarde, era uma obrigação Cristã na minha casa. Eu fazia uma espécie de ritual. Tomava meu banho, encharcava meu corpo de Alfazema e sentava-me de cabelos lambidos ao lado de um enorme rádio- eletróla inglêsa que tinhamos na sala. Minha avó fazia questão de dizer que aquele momento era muito especial, pois todas as pessoas cristãs em volta do mundo, se uniam numa corrente espiritual pedindo para Deus proteção e perdão de todos os pecados. A musica soava bela e triste em meus ouvidos de criança.

Chance para o Novo

Sônia e Luiz em férias de trinta dias neste mês de Março foram a o nordeste de carro, passear. Depois voltarão mais leves, sem o compromisso da pressa e alheios ao stress dos dia e do trabalho que deixaram por aqui. Afinarão seus olhos ao que é belo na vida e ao novo como conhecer lugares, pessoas diferentes, hábitos, culturas. Farão desta viagem uma retomada em seus valores. Pretendem construir um marco para transformações em suas vidas. Rezo por eles e acho que são merecedores desta chance sabiamente escolhida! Lamentei de não ter podido aceitar o convite de acompanha-los, pois nossas férias não se coincidiram.

A Festa de Babete

Marco ligou-me dizendo que as taquaras para construção do galinheiro estão "quase na mão!". Pensei na sociedade que faremos na criação de galinhas e quem sabe na venda também de ovos "tipo colonial". Marco gosta de pensar numa produção em alta escala e em grandes numeros e eu em galinha à caipira com molho, assim como em ovos cozidos mólinhos como comia na infância. Talvés quando nosso Negócio estiver de vento em pompa, eu gaste toda a minha parte num grande jantar para amigos, como a festa de Babete.

Familia Rigon e o Vale das Araucarias

Não me canço de ir para São Chico e sempre que retorno para casa tenho a sensação de que deixei alguma coisa por lá ainda por resolver. Fica algo reticente de monta pessoal, talvés espiritual que não sei ao certo oque é. Os vales cobertos de pés de Xaxins e Araucarias, o cheiro de terra úmida, o vento que sopra entre os morros e cachoeiras que escorrem entre as colinas são como o paraíso do qual sonhei viver e me trazem uma paz e serenidade que nunca encontrei por aqui. Nunca descartei a idéia de um dia morar por lá. Mas a cidade não é somente beleza natural... Já tive o previlégio em setembro do ano passado, de participar de um encontro Xamãnico na cidade e agora, de conhecer neste domingo a familia Rigon, proprietários de uma pousada belíssima chamada 'Vale das Araucarias' e que tem o objetivo de realizar no local um projeto social para pessoas que se envolveram com drogas e precisam ser norteadas novamente ao convívio social e produtivo, através de palestras, cursos e encaminhamento propriamente dito. O projeto inclui a participação de psicólogos, psiquiatras, professores de culinária, de teatro, artesões e tudo que puder ser agregado no objetivo de reintegrar o ex- drogadito a o convívio social. Rejane Rigon, que me pareceu ser a idealizadora deste bonito projeto, é uma mulher de garra e com grande conciência social. Enquanto conversávamos, senti em seu olhar o brilho e a sensibilidade de quem quer contribuir e modificar este panorama ainda tão obscuro em nosso meio.

All Star


Não me surpreendo de ter como referencia o All Star com a tua personalidade, teu jeito de se vestir as vezes estravagante, de movimentar-se pelas ruas e até por que não dizer, o desenho da tua boca defendendo idéias polêmicas. Um dia tive um All Star vermelho que não tirava dos pés e que quanto mais sujo estivesse mais eu gostava de usar. O tempo passa, mas não é capaz de apagar as lembranças, de desfazer paixões. O tênis All Star ainda sobrevive em nossos dias e vai muito bem, obrigado com novos modelos e desenhos cada vez mais atrativos e sofisticados! Foi criado em 1917 e popularizado pelo jogador de basquete Chuck Taylor em 1923. Apesar de estar associado a pessoas que gostam do estilo musical Rock, o tênis foi criado para a pratica do basquete, que não existiam calçados para este esporte na época. Popularizou-se ainda mais entre os roqueiros a partir da sua utilização por pessoas públicas como o vocalista do Nirvana e do Engenheiros do Hawai. Mais do que moda o tênis passou a ser um divisor cultural.

Diferenças

Estou caminhando atrás de tantas coisas, que por horas me perco tomando novas direções eu sei! Talvez tente buscar em ti estas descobertas que nunca as tive com certeza. Quanto tempo me foi dado para conquista-las, usufrui-las, quanto tempo? Somos tão iguais, tão divergentes e insistentes na busca destas conquistas de objetivos tão semelhantes, mas de métodos que se opõe pelas diferenças. Talvez não saibamos acessar o caminho em nós mesmos, talvez não saibamos de absolutamente nada mas continuaremos, quem sabe, incansavelmente a procurar.

Piaf


Penso que poucas coisas são capazes de me causarem reações pelas quais não posso definir, ao menos nas primeiras horas, nos primeiros dias, deixando-me silencioso e pensativo, depois é que começo assimilar as emoções, diagnosticar e entender os detalhes que fizeram a minha boca ficar seca, os olhos avermelharem-se e a garganta arder como se um choro preso fosse explodir a qualquer momento e sem controle. Ontem me aconteceu isto enquanto estava deitado em minha cama assistindo o filme Piaf- um Hino ao Amor- do diretor Olivier Dahan, que conta a trajetória artística e de vida da cantora francesa Édith Giovanna Gassion (Edth Piaf). 

Interpretada pela atriz Marion Cotillard. Cotillard, de 32 anos, transfigura-se para encarnar a cantora da juventude à morte precoce, aos 47 anos, como resultado de uma vida marcada por tragédias e pelo abuso de álcool e drogas.
O filme pode ter deixado de detalhar algumas passagens da vida da cantora, como sua posição e postura politica na época, como descrevem alguns críticos, mas sem duvidas não deixou de ser uma bela e sensível declaração de amor a sua vida tão polêmica e recortada de sofrimentos.


Non
, Je Ne Regrette Rien:

Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo me é igual!

Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado! (2)

Com minhas lembranças
Acendi o fogo (3)
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!

Varridos os amores
E todos os seus "tremolos" (4)
Varridos para sempre
Recomeço do zero.

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!

Pôr- do- Sol

No final da tarde o sol se punha alaranjado sobre as águas do Guaíba, enquanto eu e Alba atravessávamos a multidão em frente ao anfiteatro Pôr- do- Sol, para ver o Show de Nando Reis e Ana Cãnas que deu inicio as comemorações dos 237 anos de Porto Alegre. A plateia formada por um público de diferentes idades, cantou e dançou as musicas conhecidas de seu repertório como: Segundo sol, All Star, No recreio e outras também já interpretadas por Cássia Eller. Fiquei impressionado de ver aquele homem franzino no palco interagir simpaticamente com a multidão e em alguns momentos fiquei saudoso de não ter a voz rouca, poderosa e competente de Cássia lhe acompanhando.

Seriguela?

Alguém sabe oque é Seriguela? Pois bem, lá vai: A seriguela é uma fruta pequena e de formato oval que lembra bastante o cajá. Típica das Américas do Sul e Central (México, Caribe). É eficaz contra anemia, inapetência e a diminuição dos glóbulos brancos. De sabor original e muito cremosa, a polpa de siriguela mantém as propriedades nutricionais da fruta que é rica em Carboidratos, cálcio, fósforo, ferro e vitaminas A, B, C, possui gosto bastante adocicado e ao amadurecer assume uma cor laranja-avermelhado ou amarelo. Pode ser encontrada mais facilmente no nordeste. Além do consumo in-natura, a fruta pode ser usada em sucos , sorvetes, geléias e fica muito bem com vódka e gelo, a famosa Sirigueloska. Como propriedades medicinais é diurética e energizante, além de ser indicada para o alívio de espasmos, diarréia, febre, gases e limpeza de feridas. Experimentei-a em Marataizes no Espirito Santo e sucumbi ao seu sabor.

Ponte Rio-Niterói


Não gosto de cruzar pontes e hoje posso dizer com tranquilidade que apenas não gosto. Houve um tempo em que sentia verdadeiro pânico, como se fosse cair lá de cima em meu carro e só pararia de afundar quando chegasse a o fundo. Sentia até o frio na barriga quando imaginava a queda e o estouro do carro batendo na água depois afundando rapidamente sem que eu pudesse me soltar do cinto. Era em qualquer ponte que eu passasse e visse água em baixo. Um dia, assistindo uma reportagem do Jornal Hoje da Rede Globo sobre um temporal que abalava a cidade do Rio e mostrava a ponte Rio- Niterói em movimentos ondulatórios por causa dos fortes ventos. Sentado no sofá da minha casa perdi o fôlego. Era indescritível a cena do movimento da ponte e a sensação que eu sentia naquele momento. Há uns vinte dias atrás, quando estive no Rio e fui para a Região dos Lagos, tive de cruza-la de carro, graças a Deus não era eu quem dirigia, mas lembrei da cena do tele jornal e de toda a paranóia que eu já tinha sofrido com relação a pontes. A Ponte Presidente Costa e Silva ou Rio-Niterói possui 22,12Km de extensão sendo 8,83Km sobre a água e seu ponto mais alto, 72 metros de altura. Lembro-me que a o chegar do outro lado a tensão foi se desfazendo, paramos num posto de combustível para abastecer o carro e depois seguir viagem . Ao passar-mos por São Gonçalo, imediatamente lembrei-me do refrão da musica de Seu Jorge da qual fez desaparecer por completo a desagradavel sensação de aflição e pensar que afinal ela não é um nenhum bicho de seta cabeças mas apenas uma ponte, uma bela ponte:


...Morando em São Gonçalo você sabe como é
Hoje a tarde a ponte engarrafou
E eu fiquei a pé...

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...