Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William S. Burroughs, incendiaram a cultura dos anos 50 e 60 com a "Beat Generation", ao som de jazz e literatura "libertária".
Beat Generation para quem nunca ouviu falar, trata-se de um grupo de autores/poetas, cuja literatura questionava a cultura americana na era pós-Segunda Guerra Mundial e cujo os elementos centrais da cultura Beat, são a rejeição de valores e a narrativa padrão, a busca espiritual, exploração das religiões americanas e Oriental, a rejeição do materialismo, representações explícitas da condição humana, experimentação com drogas psicodélicas, e liberação sexual.
É interessante observar que a geração Beat representou a única voz nos EUA a levantar-se contra o macartismo, política de intolerância que promoveu a chamada "caça às bruxas", resultando em um período de intensa patrulha anticomunista, perseguição política e desrespeito aos direitos civis nos Estados Unidos, o qual durou do fim da década de 1940 até meados da década de 1950.
Lançado no outono de 1956, o longo e profético Uivo de Allen Ginsberg (1926-1997) foi apreendido pela polícia de San Francisco, sob a acusação de se tratar de uma obra obscena. ..
Os livros "Pé Na Estrada", de Jack Kerouac, "Uivo", de Allen Ginsberg e "Almoço Nu", de William S. Burroughs, são as principais obras literárias da "geração beat", da década de 1950, que influenciou a contracultura e o movimento hippie mundial.
O poema de Ginsberg, "Howl "- "Uivo", (considerado por muitos obsceno e pornográfico) - foi o livro de poesia mais vendido da história dos EUA, tendo vendido mais de 1 milhão de exemplares em pouco tempo. "Howl" foi também um enorme grito de revolta de uma geração assumidamente insurreta e ávida de novas experiências (artísticas e existenciais), imbuída de festas repletas de sexo, drogas, jazz e longas caminhadas e aventuras pelas ruas de cidades americanas.
Juntamente com "Naked Lunch" de William S. Burroughs e "On The Road" de Jack Kerouac, "Howl" completaria a trilogia da contracultura da Geração Beat.
Muitos músicos foram fãs e tiveram sua arte influenciadas pela poesia de Allen Ginsberg, como Bob Dylan, Jim Morrison, Lou Reed, Leonard Cohen entre muitos outros.
O própio John Lennon, se inspirou na palavra beat para batizar o seu grupo musical, The Beatles. Na verdade, a "Beat generation", tal como os Beatles, o movimento hippie e, antes de todos estes, o Existencialismo, fizeram parte de um movimento maior, hoje chamado de "contracultura".
Este texto foi postado hoje, apos eu ter assistido ao filme HOWL que em português significa Uivo e que nos permite reconhecer através da poesia de Ginsberg, um pouquinho mais da composição de nossa alma e seus aspectos obscuros. Pelo menos da minha!..Trata-se do sofrimento de uma geração, excluída e marginalizada, de muitos artistas e pessoas comuns que não puderam desenvolver todas as suas potencialidades como seres humanos e acabaram arrastados à loucura, ou a um beco-sem-saída na sociedade. É também uma demonstração de força contra uma sociedade opressora com relação às minorias (os loucos, homossexuais, drogados, etc). No universo marginal retratado, aparecem claramente os comportamentos libertários e espirituais, que formariam a base da contracultura, que iria transformar em muito, os padrões de comportamento no mundo inteiro.
No filme um relato de Ginsberg me chama a atenção e que diz o seguinte:
"O momento crucial de avanço veio, quando eu percebi o quanto seria engraçado no meio de um longo poema se eu dissesse: "Que se deixaram ser fodidos no rabo e gritaram de alegria a o invés de gritarem de dor." Esta é a contradição naquele verso. O leitor americano esperaria que fosse dor e não a alegria, que é de fato verdade, absolutamente cem por cento. E ha um verso que diz: Que sopraram e foram soprados por esses serafins humanos, os marinheiros, caricias do amor do Atlântico e Caribe. Eram reconhecimento da básica alegria homossexual. É,,, aquilo foi um avanço no sentido de discursos públicos sobre sentimentos, emoções. atitudes que eu não gostaria que meu pai ou família visem e que hesitaria em dizer em publico.O poema é mal interpretado como uma promoção da homossexualidade, na verdade é mais como uma promoção da franqueza sobre qualquer assunto. Se você tem fetiche por pés, você escreve sobre pés, se você é viciado na bolsa de valores voce pode escrever sobre os altos e baixos do gráfico do petróleo entende?..Quando se é franco sobre sobre homossexualidade em público, isso quebra o gelo e aí você está livre para ser franco sobre tudo e isso é socialmente útil. A homossexualidade é uma condição e por ter me alienado ou me distanciado desde o começo, serviu como um catalizador do exame próprio, ou uma percepção detalhada do meu ambiente e as razões pelas quais todos são diferentes e porque sou diferente."