Lobo em pele de cordeiro

É assim que às vezes me vejo, um lobo em pele de cordeiro e por que deveria me envergonhar disto e tentar ser diferente, afinal devemos assumir todos os pensamentos podres que passam por nossa cabeça, sem nos sentir-mos tão culpados. 
Você acredita que a maioria das pessoas não tem seu lado podre, ardiloso? 
Ora, se não agem, com certeza pensam!..
Eu às vezes também quero manter dois pássaros presos  numa das mãos, com medo de que um fuja e o outro seja esmagado, então não terei nenhum. Eu gostaria de ter muito mais mãos para agarra-los.
Alguns predadores nem querem comer suas presas, apenas te-las a sua volta para sentirem-se vivos. Isto é uma sensação vergonhosa de dominação falsa, que aprendi por pura insegurança na lei das selvas. Mas quem não as tem, que atire a primeira pedra para afastarem os lobos!..

Os Pênaltis de ontem

Decididamente eu não consigo me manter calmo e fico sempre irritado a o assistir o Grenal e qualquer outro jogo de futebol, acompanhado de turbilhões de bombas explodindo e gritos saindo histéricamente pelas janelas e  meu filho altamente estressado com as estratégias técnicas que não foram aplicadas, laterais, centro-avantes, goleiros ineficazes que poderiam ter dado um rumo diferente a o jogo, mas.., não deram. Por outro lado, se não houvesse tudo isto, acho que seria um marasmo assistir.
É, futebol não é minha praia!..
Eu tento disfarçar, ir até a cozinha, achar o que fazer... talvez escovar a pia ou limpar os cocos de moscas, nos azulejos da parede, mas nada me acalma, e me convence de que estes sentimentos de expectativas e descontroles dos torcedores são positivos. 
A tensão continua até ir para os pênaltis, explosões de raiva, palavrões e roeção de unhas. No final, o chão parece ficar coberto de ovos e o jeito é ter extremo cuidado, para não quebra-los, com gestos ou atitudes descuidadas. É preciso manter silencio e esquecer que desta vez também não deu o resultado esperado.

A festa

Ontem à noite reuniu-se em minha casa um grupo que colegas de trabalho e amigos para festejarem meu aniversário, que foi no dia 11, Quarta-feira passada, mas que seria conveniente à todos no fim de semana, (três dias depois).
Quis Deus que chovesse, mas isto não atrapalhou nadicadenada a alegria e o espírito festivo do pessoal. Agradeço a todos o carinho e empenho.

A Neusa (de vermelho) foi confundida com a Cristina (de preto) quando chegou e adivinhe por que,..
seria pela cor dos cabelos?..
Mas o Garcia é sempre inconfundível...
O Paulo ganhou o apelido de Alceu Colares ao lado da namorada Tânia,
que não lembra a Neusa Canabarro.  Do meu lado a Isabel.

E o Garcia continuava  a palestrar....e neste momento todos perceberam que eu merecia o trofeu
Paciência dado pelo Reino dos Céus.
A família Ana Carla, Lelei, filha e agregado.

Eu e meu filho fora de foco.
A hora do sorriso para não ficarem feios nas fotos...

A hora do parabéns prá você com jeito de quem vai dançar tango ou fingir ser Zorba o Grego....
Tá bom!...

Fim de uma Guerra Fria

Somente o tempo pode apagar mágoas e a loucura provocar alguma mudança que não se conseguiu através de diálogos francos e equilibrados na tentativa de manter alguma civilidade, respeito e apreço.
Eu não tenho as respostas para algumas emoções que nos últimos tempos vinham me consumindo e me provocando saliva raivosa pelos cantos da boca, então decidí pela opção duvidosa de chutar o balde e espatifar cristais na parede. 
Eu não tenho mais vontade de descobrir as razões que me levaram a isso ou tentar modifica-las dentro de mim e por isto ceifei cabeças com a brutalidade e cegueira de um bárbaro. 
Por vezes sou impiedoso quando impedido de ser verdadeiro, de dizer o que sinto e o que me incomoda e então sou taxado de qualquer coisa negativa e perseguido como um cristão que ainda tem alguma salvação da alma. ERRADO!
Penso que quando não nos enquadramos em conceitos que não são nossos, a vida parece tentar nos moldar ao que consideram normal e previsível, nos transformar em modelos funcionais; e ser-mos verdadeiros requer garra animal para nos preservar-mos e ter a liberdade de ser-mos qualquer coisa, inclusive insanos, amargos, covardes e podres, por que isto também faz parte do perfil humano. 
Pensei estar na hora de acabar com esse teatro de sombras e ilusões, que alimentou tantas interpretações confusas.
Então  o que me sobrou desta guerra fria, foi o ataque depois o silencio, a desistência de sorrisos, e um grande vale vazio na tentativa de apagar estes absurdos, como se nada tivesse existido e assim tomar um outro rumo.

nem sei por que gosto disso...

Gosto de velas acesas, abajures ligados, violoncelos, pianos,  janelas velhas, baús, portas entre abertas, estradas de pedras, uma pequena faixa de luz que invade uma fresta formando desenhos misteriosos na parede,  teatro de sombras, vinho tinto, café com açúcar, ambrozía, chuva batendo nas vidraças e em telhados de zinco, noites estreladas, outono, vento, amendoim torrado,  chocolate quente, sax, Nina Simone. E nem sei por que gosto tanto disso e nem quando começou...

Felicitações de aniversário


Hoje é o dia de meu aniversário e como é normal à todas as pessoas que fazem aniversario, recebi uma serie de mensagens de felicitações no celular, na pagina de recados do Orkut, no MSN, enfim...,eu fiquei pensando no como estas coisas me põe tímido e sem graça, como se eu não merecesse, estas palavras de carinho e felicitações, como se estivesse incomodando as pessoas, obrigando-as  se posicionarem desta forma, por causa de uma data. No fundo eu acho que não sou merecedor disto, embora eu sinta falta destas palavras em muitos outros momentos da minha vida. Não me refiro a felicitações, mas atenção.
Alguém me disse certa vez, que gostaria de fazer aniversário todos os dias para se sentir paparicado por amigos e familiares, no meu caso, acho que eu morreria de culpa.

Martha Graham-117 anos


Se você entrar no Google agora à noite, encontrará um bonequinha fazendo movimentos acrobáticos de dança. Na verdade nada mais é do que uma homenagem à Matha Graham, dançarina e coreógrafa norte-americana considerada uma das pioneiras da dança moderna. Com movimentos surpreendentes, ela criou uma nova linguagem de passos e gestos, usado para revelar a paixão, a raiva e o êxtase, sentimentos comuns a o ser humano. Martha Graham nasceu em Pittsburgh- Pensilvânia, em 11 de maio de 1894 e morreu em 1 de abril de 1991 em Nova Iorque, com 96 anos. Hoje comemoram-se 117 anos de sua existência.

8 Um numero de sorte.

Amanhã completarei 53 anos. Estaria mentindo se dissesse que estou satisfeito, na verdade estou dividido entre sentimentos duvidosos. Eu não posso inverter o numero para 35 que seria injusto, então prefiro somar 3+5= 8, o que talvez seja um numero de sorte.
O Google diz o seguinte:
Visualmente, o número oito já nos remete ao equilíbrio e à mediação entre dois polos distintos. Para a Numerologia, segundo a tradição de uma vasta experiência oriunda de uma literatura extensa, o oito está fortemente ligado à vitória, superação e prosperidade.

Cicatrizes de expressão.

Em volta do meu olho esquerdo tem uma marca de expressão em  meio circulo que se formou a algum tempo. Cada vez se aprofunda mais, numa espécie de vala na pele, se diferenciando do lado direito mais plano, mais socialmente aceitável, liso, preenchido e relaxado.
Esta marca que virou cicatriz se criou a mais de vinte anos, fruto das expressões e reflexos repetitivos dignas de um boneco de carne, pele e ossos que envelhece e se enruga em regiões menos irrigadas. Eu já tinha sido alertado quanto a isto, quanto a  minha sobrancelha que sobe involuntariamente, forçando a musculatura em volta da cicatriz que se aprofunda. Eu já tinha sido alertado para não forçar expressões, para não forçar sorrisos e ares de insatisfação, mas nada adiantou, não consigo me manter congelado. Não fui ensinado a me comportar direito e acreditar em tudo que me dizem. Sou muito incrédulo e desconfiado, por isso me deteriorizo.

A tragédia de Novo Hamburgo

Essas histórias de crianças esquecidas por pais, presas dentro de carros, mortas por asfixia, me apavoram demais, dando-me a impressão de que sou eu o culpado pela fatalidade, me pondo na ante sala de um sentimento duro de responsabilidade e culpa pelo fato, que evidentemente não tenho, mas quem garante não pudesse ter diante de tantas correrias, rotinas, pressões que somos submetidos e de repente surge um branco capaz de mudar toda uma vida, um destino como se fosse uma punição...
Eu sei que acontece, embora jamais devesse acontecer, é o que repetimos pra nós mesmos e quem sabe ele mesmo (pai) também deve estar se dizendo milhares de vezes...
Tanto eu quanto uma infinidade de pessoas já devem ter se colocado no lugar deste pai, por que temos o hábito de fazer isto, experimentar sentimentos que não são nossos, de toma-los emprestado e fazer medições de culpas, de responsabilidades que evidentemente são incomparáveis ao que ele deve estar sentindo neste momento. 
De uns anos pra cá, tenho ficado muito esquecido e distraido. Esqueço de tomar minhas medicações, de listas de supermercados em casa, de pagar contas na data e até de ter deixado o carro no estacionamento e vir para casa de ônibus, como surpreendentemente me aconteceu um dia e que evidentemente não se compara a esta tragédia de esquecer o próprio filho trancafiado dentro do carro. Não quero condenar, não dá para fazer isto, cuja as razões do ocorrido circunvizinham as margens de uma doença do nosso século chamada de stress.  O que posso é somente lamentar e esperar que seja amenizada esta culpa e dor já ocorrida com outras pessoas.

Fora de controle


Eu não quis pegar os restos de cabelo espalhados no chão e sobre o balcão da barbearia. Pra alguns eu fiquei pior, para outros um tanto melhor e não me importo com estas divisões de opiniões.
Seu Julio me disse que mudanças são coisas pessoais e que o resultado, inicialmente não temos controle. O que é melhor para alguns, é inaceitável para outros. Sábio este seu Julio!..
Li ontem à noite, um pensamento que me agradou  e então posto aqui no blog: "Eu sou egoísta, impaciente e cometo muitos erros, uma infinidade deles. Estou fora de controle e às vezes sou difícil de aceitar tudo que me é imposto, mas quem não pode lidar com o meu pior, com certeza não  merece o meu melhor". Me sinto agora mais leve e limpo de cabelos cortados.
Tenho deitado tarde e acordado cedo demais, por isto os dias me parecem curtos e difícil de serem vividos como eu gostaria que fossem.
Paginas foram por mim arrancadas, não sei se as que deveriam ter sido arrancadas, mas estou inquieto e perdido diante de tantas referencias em que esbarro. Mas antes que acabe de vez toda esta choradeira, já estou em francas atitudes para sair desta. Devo parar de me sentir loser.

Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria

Devagar
    Esquece o tempo lá de fora
                       Devagar
                            Esqueça a rima que for cara.

                                         Escute o que vou lhe dizer
                                                Um minuto de sua atenção

                                                         Com minha dor não se brinca
                                                                  Já disse que não
                                                                      Com minha dor não se brinca
                                                                                             Já disse que não.

                                                                                                   Devagar, devagar com o andor
                                                                                                         Teu santo é de barro e a fonte                                                                                                                                                        secou.


Chegou as minhas mãos no final da semana passada o CD de Roberta Sá, Pra se ter alegria, cuja brasilidade e bom gosto, estão impregnados do inicio a o fim. Com uma batida de percussão, tamborim e instrumentos eletrônicos, Roberta Sá dá uma forma de contemporaneidade inigualavel ao repertório, criando renovação à musica popular brasileira.
Roberta é natural de Natal, RN e por ter vindo para o Rio de Janeiro aos nove anos de idade, parece não apresentar nenhum sotaque nordestino.
Após o sucesso de sua estreia e a conquista do disco de ouro com o segundo trabalho, Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria, surge o primeiro álbum ao vivo, Pra Se Ter Alegria. No repertório, grandes sucessos como "Mais Alguém", "No Braseiro", "Pelas Tabelas" e a inédita "Agora Sim". O album tem participações especiais como a de Marcelo D2 , Pedro Luís e Hamilton de Holanda. Grátis quatro faixas interativas para download de encontros emocionantes no estúdio com Chico Buarque, Ney Matogrosso, Trio Madeira Brasil, Yamandú Costa e Antonio Zambujo.
Aqui em Porto Alegre, Roberta Sá estará se apresentando HOJE à noite no teatro do Bourboon Countryna na Av. Tulio de Rose- 80, segundo piso- às 21 horas, com o show "Quando o canto é reza, resultado do encontro da cantora com o Trio Madeira Brasil e com ingressos que variam de R$ 50,00 à R$ 120,00.
Todas as musicas do seu ultimo trabalho, são ótimas, mas tenho as de minha preferência como: O Pedido, Alô Fevereiro, Interessa, Mais Alguém, Samba De Um Minuto, Pelas Tabelas, Ah, Se Vou, Samba Do Balanço, No Braseiro. Roberta para quem não se lembra, participou do programa de televisão FAMA onde foi eliminada na quarta semana, provando que ser bom, não significa ganhar.

Silêncio é a morte vestida com elegância

Depois da conversa e dos desabafos que pensei serem íntegros e sinceros, dos textos espremidos e denominados mais tarde como bobeiras, minha decisão foi a de arrancar a ultima arvore pela raiz, depois decepar cada galho, cada folha, cada botão que por ventura tencionasse brotar flores ou frutos, com minhas próprias mãos. Fiz isto com muita dor e lágrimas nos olhos, enterrados sobre os travesseiros e lençóis da cama.
Tudo não passou de uma farça, cuja a doença camuflou-se de verdade, num longo espaço de convivência. 
Na verdade nada mais poderia crescer e florescer em sentimentos potencialmente mais pessoais do que fraternais e  recheados de simulações e outras intenções.
O silêncio não é só a persistência de uma birra, ou a comprovação da imaturidade de sentimentos gastos, mas a prova da morte, vestida com muita elegância e saindo de cena.
Sinto muita raiva e vergonha de tudo isto pela minha perda de tempo e também dos outros. Com algumas raras exceções, o silencio sempre foi algo de que nunca gostei. Sempre me pareceu a inexistência de conteúdos ou a prisão deles, o nada, o vértice final de todas as coisas e de sentimentos cheios de pequenas reticências mal resolvidas e inibidas à trancas. Sempre tentei ficar a margem dele, mas às vezes se faz necessário como medida de segurança e unica opção.
O silencio corroê, deixa estagnado o que poderia ser despejado pra fora, impedindo ciclos de renovarem-se reconhecerem-se.
O silencio pesa muito mais do que aquilo que carregamos e precisam ser ditas. O silencio pesa mais do que um boi morto pendurado no gancho do frigorífico para o consumo final. 

Obama e Osama não é uma coincidência?...

MilagreeeeEEE

A beatificação do Papa João Paulo II foi para mim, tão apropriada como arrancar os dentes as pressas e colocar uma dentadura, evitando assim o trabalho e tempo que requer o  tratamento de toda a arcada dentária e seus dentes podres que subentende-se a (igreja) desacreditada por escândalos financeiros e processos contra padres pedófilos por todo o mundo ainda não resolvidos. 
Nada mais confortável para desviar a atenção de seus fiéis pelo mundo e da sociedade em geral, do que um milagre recebido por uma freirinha francesa que conta o desaparecimento dos sinais de sua doença, mal de Parkinson, após ter rezado junto a o túmulo do pontífice. Já o presidente peruano, Alan García, afirmou que a morte de Osama Bin Laden é o "primeiro milagre" do Papa beatificado.  P.. q.. p..!.. 

ROBERTO EU E AS AMEIXAS.


Anázea era o nome de uma vizinha, que morava do lado da casa de minha avó e que era mãe de dois filhos: Sueli e Roberto. Sueli era a mais velha e se diferenciava em pelo menos 10 anos da idade de Roberto que brincava diariamente comigo. Éramos crianças e tínhamos pelo menos uns 8 ou 9 anos de idade.
Roberto, apanhava todos os dias de sua mãe, eram surras ora mais e ora menos violentas, mas sempre apanhava. Havia dias em que chegava a ser surrado duas ou mais vezes, por somente responder com desatenção, característica de qualquer criança hiperativa nesta idade; Mas nestes tempos não se sabia muito sobre hiperatividade...
Da minha casa eu ouvia seus gritos e pensava que talvez fosse necessário tudo aquilo e que somente eu era poupado de castigos como estes, por ser um guri mais calmo e disciplinado.
Quando crianças, não temos muito discernimento do certo e do errado e então pensamos que qualquer violência é de nosso total merecimento.
Disciplina era uma coisa que eu achava que Roberto não tinha e que por mais que apanhasse, voltava sempre a repetir seus erros e brincar com toda a energia e agilidade que lhe sobravam depois das surras e como se nada tivesse acontecido.
Meu conceito com relação a educação e castigos modificou-se, quando Roberto ficou por mais de uma semana sem aparecer para brincar. Eu o chamava por cima da cerca, sem obter qualquer resposta. Seu silêncio passou a ter em mim, muito mais do que a preocupação de isolamento e de não ter com quem brincar, mas o medo de nunca mais vê-lo.
Dias depois reapareceu com um dos olhos roxo e inchado e um dos braços enrolado em ataduras, dizendo ter levado um tombo no pátio. Deste dia em diante, passamos a brincar, sem fazer muita arruaça e quando sua mãe histericamente gritava por seu nome, saia de cabeça baixa resignado em sua direção, sem opor-se a nada do que ela dizia. 
Roberto, eu e tudo a nossa volta havia mudado, até nossa técnica louca de arrancar as ameixas dando saltos pelo pátio.

Roberto, eu e os filhos bonitos do vizinho.

Roberto e eu ficávamos atrás da cerca, olhando para os filhos de nossos vizinhos brincarem em seu pátio redoma e nós em total silencio. Não era um silencio para não sermos descobertos, mas de encantamento pelas brincadeiras, que ao menos pra mim, pareciam muito mais divertidas. Eles enquanto brincavam, nos ignoravam, fingiam que não estávamos ali, na presença de seus olhos observando tudo atentamente. Era como se estivéssemos invisíveis por traz da cerca, como se não existíssemos. Nós em contra partida, permanecíamos em nosso posto de observação com o coração na boca, fazendo torcida e implorando alguma atenção que não recebíamos por ser-mos totalmente ignorados. Não percebíamos que estávamos sendo humilhados e que não éramos aceitos embora só quiséssemos participar da brincadeira. 
Um dia ouvir minha avó falar para alguém, que éramos descriminados por aqueles vizinhos  pela cor da nossa pele e então fiquei pensando, me Esforçando para entender o que não é possível entender. Como nunca consegui, foi melhor parar de admira-los com toda a força que eu possuia, fingindo não enxerga-los.

O fim do carrasco de Roberto

Depois de muito tempo batendo em Roberto, dona Anázea descobriu estar doente e passou algumas semanas num hospital. Quando voltou para casa, as poucas vezes que a vi pelo pátio diminuíram ainda mais, até somente vê-la deitada num caixão como meu avô, que foi velado sobre a mesa da sala.
Havia contraido uma tipo de câncer, que a deixara impossibilitada sobre a cama, fazendo-a gritar noite e dia de dor, mesmo sob efeito da Morfina, até a sua morte.
Seus gritos e gemidos eram ouvidos por quase toda a rua, que se penalizavam e diziam orarem por sua reabilitação. 
Neste período, Roberto fora mandado para casa da irmã já casada e só reapareceu no dia do enterro.
Durante a cerimônia de encomenda da alma de sua mãe, não ficou presente na sala, preferiu caminhar pelo pátio, debaixo das arvores à procura de ameixas maduras que gostavamos de comer.

Um marco histórico

Enquanto estamos dormindo, ou sentados no vaso sanitário de nossas casas, forças externas estão trabalhando em prol de nossas vidas! 
Esta frase me acompanhou na infância e por longos anos da minha vida, como uma verdade dita inúmeras vezes por meu avô sentado em volta da mesa na hora do jantar e ainda percebo me causar algum efeito interno, mesmo causando hoje muitas dúvidas. Quando ele falava isto, não se referia apenas aos aspectos espirituais, onde pregava que enquanto se pecava no mundo, pessoas de espiritualidade elevada, rezavam para amenizar nossas culpas, mas também das grandes estratégias políticas e militares, capazes de trabalhar noite e dia para defender o mundo, em troca de dar as cartas e assim ter o poder de decisão sobre o  destino das pessoas.
Meu avô era Getulista nato e assim defendia o poder de Deus no céu e de Getulio Vargas na terra, como um homem abençoado. Pra ele não existiu, nem nunca haveria de existir melhor governante que Getulio.
Mas essa frase dita por meu avô, já a muitos anos falecido, foi despertada hoje em mim, com a mesma sensação que eu experimentava quando ainda era guri, ao saber da morte de Osama Bin Laden,  no domingo, por operações secretas americanas no Paquistão. Quando eu soube da noticia, foi como se meu avô fosse entrar por uma porta qualquer e repeti-la com a mesma veemência, que sempre fazia e ainda frisar que foi num domingo, enquanto a maioria das pessoas descansavam. Isto deve me causar algum tipo de culpa, implantada por ele.
Nossa, é realmente inacreditável aceitar, que o homem que burlou por tanto tempo a inteligência americana tenha sido morto, não importa em que situação e condições. Parece uma informação forjada, para enganar bobos, (um morto sem corpo, um corpo jogado no mar...)
Eu lembro de ter lido a muito tempo sobre Bin Laden, na Revista Seleções, considerado o homem de maior ameaça aos americanos e que na época,  já vivia escondido em cavernas planejando destruições e ameaçando o mundo. Com o passar do tempo seu poder foi aumentando de tal forma a chegar ao fatídico 11de setembro, com morte de centenas de pessoas inocentes, fato que o mundo jamais esquecerá e se mantém de sobre aviso.
Hoje o Jornal Nacional terminou sua edição, informando que sua morte foi um marco histórico e é verdade. Se meu avô ainda estivesse vivo, talvez ficasse quieto e sacudindo a cabeça como quem fala apenas em gestos: _Alguém tinha de fazer isto, para que dormissemos com mais tranqüilidade!
Será?...

Situ Ações

Depois de algumas frases isoladas, que me pareciam presas em sua garganta e tantas procuras no horizonte escuro, diante da minha janela, senti que algo não estava bem, embora não soubesse o que realmente incomodava minha amiga.
Depois sentados na beira da cama, ela segurou minha mão com firmeza e disse com os olhos vermelhos: _Que bom que tu existe!
Teria ela se constrangido por alguma situação adversa no passeio de ontem?.. Afinal o mundo é tão cheio de armadilhas, que não estamos preparados nem para vomitar-mos depois!.. 

Trastevere

A cidade é moderna
          Dizia o cego a seu filho 
                    Os olhos cheios de terra
                              O bonde fora dos trilhos 
                                     A aventura começa no coração dos navios
                                                                Pensava o filho calado
                                                                           Pensava o filho ouvindo
                                                                                       Que a cidade é moderna
                                                                                             Pensava o filho sorrindo
                                                                                                     E era surdo e era mudo
                                                                                                                Mas que falava e ouvia.




Milton Nascimento

Tentativa de suicídio

Mais do que chamar a atenção do marido, ela queria sentir pena de si mesma e por isto tremia sobre a cama e dizia palavras desconexas em prantos. 
Havia tomado algumas doses de uma bebida forte e mentiu ter ingerido comprimidos para morrer, que permaneciam intactos na cartela dentro do armário. 
Somente eu e ela, sabíamos que era uma encenação e que talvez fosse sua unica chance de provocar alguma emoção diferente nos presentes e em si mesma naquele final de Domingo, sem perspectivas...

UMA CIDADE DO MEU INTERIOR- MOSTARDAS.


Cidades do interior me fazem bem, acomodam minha alma. Voltar a passear por estas ruas na pequena cidade de Mostardas na Quinta-feira, me causou uma grande sensação de conforto e bem estar. Era como se eu estivesse voltando pra casa depois de algum tempo, longe.




Minha visita foi alem do reconhecimento geográfico e turístico do lugar, mas o encontro de meu passado, agregado na cidade e sua historia que já visitei antes.
Toda a história tem algo de nós, guardado nas sobre-linhas do tempo, nos telhados das casas antigas, nas sombra das árvores das praças, no carrinho de cachorro-quente da esquina, nas particularidades e olhares das pessoas que cruzamos nas ruas, nas relações que se constroem com o meio onde estamos.
 

Não importa, em qualquer lugar podemos criar laços fortes com pessoas e objetos que nunca vimos antes. Este talvez seja um dos mistérios contidos em nossa emoção,.. não sei..
Mesmo eu tendo nascido numa cidade maior, é notório os hábitos e sentimentos em comum, com as pessoas que moram mais distantes e que parecem não ter nada haver comigo, mas que na verdade tem e muito.


Não existe separação quando se trata de emoções humanos, tudo se agrega a um laço comum, que por vezes não compreendemos, somente sentimos. O que talvez ganhamos em modernidade e outros recursos de facilitação, nos grande centros, perdemos na simplicidade, na gentileza e bondade para as pessoas do interior. Seria este o elo de agregação que me fisga para esta intimidade?.. Por vezes volto mais triste desses passeios como se perdesse parte de mim, porem mais intimísta, mais completo, mais esperançoso de vida, de tudo...


Os Marrecos brancos de um lago desconhecido

É, foi na estrada que cruzei por eles, um grande bando de marrecos brancos, havia mais de cinquenta deles, com seus olhinhos redondos  a me observarem desconfiados de dentro de um lago desconhecido. Os marrecos e eu temos esta relação de desconfiança recíproca à espera de um posivel ataque de surpresa. Apesar de não serem agressivos com os gansos, me causam certa aflição que só alivia depois de imagina-los assado num refratário enfeitado com frutas e farofa de milho temperada. Este é um recurso que uso, para firmar minha superioridade sobre eles.
Tenho alguns conhecidos cujo a atitude, o movimento dos olhos, e o tom da voz, me lembram de marrecos. Estes não adianta imagina-los assado num refratário, por que simplesmente não me apetecem e me perecem mais inofensivos.

Crise de identidade indígena


Alem da questão da terra, outro grande problema enfrentado pelos índios em suas comunidades  atualmente, é a crise de identidade cultural, já que os mais jovens não sabem o que são e o que querem ser, se são brancos ou se são índios. Eles não são brancos mas se utilizam das coisas do branco como telefones celulares, walkmans, alem de outros objectos e do vestuário enjambrado.
A jovem indigena grávida que atendi hoje na reserva da Lomba do Pinheiro, só falava em guarani e seu marido, tambem seu interprete, me disse que ela se chamava Marcia, mas que não era seu nome verdadeiro, mas um apelido branco. Eles são tímidos, de pouca conversa para quem não conhecem e como todo o ser humano ficam fascinados por novidades electro/ eletronicas.
Fotografei estas crianças moradoras da Reserva, que me pareceram uma mistura de muitas identidades e que também adoraram ser fotografadas e muito curiosas com o modelo do meu celular. Ressalto ainda o colete do menino de calção vermelho na foto, com um colete de sacola de plástico, criado por ele.

Sabão de coco e cantos gregorianos

Terça- feira é um bom dia para se malhar de um jeito diferente, você não exercita  somente os músculos do corpo, mas o cérebro em algumas seções de paciência, resignação e auto controle.
Paciência de monge, para trafegar nas avenidas engarrafadas de Porto Alegre.
Resignação de dona de casa, para fazer compras no supermercado e lembrar que esqueceu da lista em casa,   
Auto controle, para tentar entender o porquê o notbook  se nega a localizar o endereço de IP e orçar os arranhões no carro feitas por sociopatas disfarçados de gente normal, que você encontra pelo seu caminho. 
Depois de tudo, mais paciência para aguentar a si próprio depois desta maratona.
Terça-feira é o dia em que não ouço Amy winehouse  e Marina Lima no radio do carro, não buzino, não atendo ligações telefonicas no celular, não assisto novelas e o Jornal Nacional e  quando chego em casa, tomo um demorado banho com sabão de coco e me jogo na cama para ouvir cantos gregorianos a meia luz.

Criança.

                     Vou
                        Vou levar
                            O tempo que for
                                      Vou
                                           Vou levar
                                                   Até desvendar caminhos e ver
                                                            Como eu chego em você...

                                                                                                   Vou

Eu gosto desta batida ritmada nas musicas de Marina Lima, a letra que parece não caber nos espaços e cai perfeitamente, recortada, urbana, tensa, sensacional.
A janela do carro aberta e o vento batendo na cara, lembra Marina gravida de um liquidificador. 

UMA FORMULA EQUIVOCADA.

É possível acreditar naquele André da novela das nove, fazendo caras e bocas e pose de Don Juan, usando e esnobando as mais belas e  charmosas mulheres que surgem na  frente dele, como simples pedaços de carne? Eu pergunto ainda mais: será que o diretor pensa que é possível a gente acreditar naquele estereotipo montado? 
Ora, sem desmerecer o grande ator Lázaro Ramos, mas fica difícil  acreditar que num  país  preconceituoso e racista como o nosso, é relevante construir um personagem como  este, que parece  ter estampado na cara, sou rico, bonito e gostosão e cuja as mulheres ficam de quatro com meia dúzias de palavras de sedução? De onde este personagem tira elementos para construir seu egocentrismo?
Tem algo de errado nesta fórmula, que sinceramente não me convence. Acho que o  Rock, personagem  em "O Pai, Ó", era mais  sedutor e convincente que este André, vocês não acham?

Por dentro

O silencio é bom enquanto penso.
Mas eu não consigo decifrar estes segredos, estas transformações absurdas.
Eu to surpreso...

Eu lanço um sorriso falso.
E sei que nada combina.

Eu to quase lá e não quero fazer cenas.
É isto.
Eu to quase lá.

Ainda na Sexta...

Depois de ficar esperando de manhã, por convites para comer peixe nesta Sexta-feira Santa, resolvi desistir da espera e ir no lugar certo, a casa de minha mãe.  Ela nunca abandona estas tradições e portanto era o lugar oportuno de filar a bóia que evidentemente era peixe.
Depois de experimentar o assado, o frito, o escabeche, a salada de batata com camarão, o quibébe de abóbora, percebi que meu celular estava cheio de mensagens com convites para almoçar na casa de um colega e que eu nem percebi tocar. Mas já era tarde demais até para dar explicações e pedir  desculpas por não estar atento ao celular esquecido dentro da pasta.
De tarde, fui visitar uma amiga que fazia tempo que não via e que soube ter estado em Paris e  depois na Índia, lugares que tenho algum interesse de conhecer e que é sempre bom fazer especulações com quem já  foi. 
Rimos bastante das fotos tiradas em muitos recantos e dos comentários bem humorados, feitos  por ela sobre cada lugar onde esteve e em particular sobre os banheiros de Paris que não tem chuveiros e os da Índia onde não usam papel higiênico.
A tarde passou tão rápida  e intercalada por algumas pancadas de chuva forte e falta de luz, que quando percebi já era noite fechada.

Sexta-feira Santa

Hoje é Sexta- feira Santa e o dia nasceu ensolarado e com aquela cara de me aproveitem por favor e eu como sempre, não tinha me preparado para nadíca de nada...
Nas outras Sextas- Feiras Santas, que passaram por minha vida, sempre foram meia chochas, mesmo se fizesse um dia bonito como o de hoje, parecia ter um gosto de resignação, respeito e culpa. 
Minha mãe ensinou desde cedo pra nós (filhos), respeito e  culpa, principalmente culpa, que  parece existir em todas as consciências cristãs. 
Eu lembro de ser criança e de me perguntar como um homem em sua sã consciência, podia dar sua vida em defesa de pessoas que ele  nem conhecia e nos deixar com esta dívida nas costas. 
Fazíamos jejuam e também éramos proibidos de lavar o rosto e os dentes quando acordávamos. Pisávamos em ovos neste dia,  pois tudo tinha cara de pecado e de proibições e eu não via a hora de tudo passar e chegar o domingo de Páscoa. 
Os tempos mudaram, eu mudei e  acho que até a fé de minha mãe também mudou...

A cartomante

Eu não estava embriagado ou coisa parecida, embora eu tenha ouvido com muita disposição meu colega contar sua experiência numa cartomante na Restinga com detalhes. Eu normalmente driblo para não ouvir estas conversas que considero obscuras para minha compreensão, mas arrisquei e não doeu. 
Segundo ele, a mulher é muito boa e acertou tudo, do que ele já sabia e do que ele não sabia, deixando-o visivelmente preocupado.
Esta segunda parte, que me deixa inseguro em mexer com estas coisas. Eu não descreio nestas revelações e muito menos no poder de ninguém. Eu tenho é medo de descobrir fatalidades que não terei força emocional para suportar e que prefiro que me tomem de surpresa quando eu estiver tomando um sorvete da baunilha.

Os cantores do muquifo no Partenon

Rodrigo e eu nos encontramos num boteco indicado por ele, para tomarmos umas cervejas e reclamarmos um pouco da vida e do trabalho.
No final optamos por beber vinho, pois o frio desta semana, não estava propicio para beber cerveja. Escolhemos um muquifo sem ventilação, relativamente perto do trabalho, pros lado do Partenon, por que não queríamos gastar muito tempo com deslocamentos e tínhamos pressa de iniciarmos a seção de lamentações, que já tínhamos combinado ha dias, talvez semanas.
Botecos me parecem feitos para isto mesmo, reclamar, chorar, reivindicar, soltar demônios, fazer muito alarde, ao contrario de boates que são para dançar, namorar, encontra um grupo de amigos e fazer a festa. Não se pode fazer lamentações na frente de tantos amigos juntos, com o risco  de sermos corridos. Um muquifo é o lugar certo.
Rodrigo necessitava, muito mais do que eu, falar, então dei-lhe a oportunidade de sair na  frente, o que acabou ele falando muito mais do que eu. Não me senti no prejuízo com isto, ouvi-lo mais, poupou-me de gastar meu discurso repetitivo, mais do que  isto, pareceu promover  meu ego a uma posição mais confortável e de superioridade emocional. Por que tem horas que ouvir é melhor do que falar.
E daaa-le reclamações, insatisfações, discursos sociais e os cambaus.
Depois de algum tempo, Rodrigo levantou da mesa e gritou pro homem atrás do balcão:
_Ferreira, bota aquele CD que eu gosto. Ta com ele ai?
Ferreira desajeitado secou as mãos num pano encardido de gordura de X-burguês e se ajeitou num canto atrás do balcão.
_Este tá bom?
E os três começaram a cantar juntos, Rodrigo, Ferreira e Caetano:
Quando eu chego em casa nada me consola
Você está sempre aflita
Lágrimas nos olhos, de cortar cebola
Você é tão bonita
Você traz a coca-cola eu tomo
Você bota a mesa, eu como, eu como
Eu como, eu como, eu como, Você...
Naquele momento eu percebi que não tínhamos mais do que reclamar, a não ser do inevitável:
_Traz mais vinho Ferreira, a jarra tá vazia!..

O vinho da missa

Ganhei de um colega, uma garrafa de vinho tinto, desses que são fabricados artesanalmente e que levam fama de serem bons por que o padre da paróquia X ou Y aprovaram e também utilizam  para o seu consumo, mas que na verdade é um ledo engano acreditar  que sejam realmente bons e acabo me decepcionando quando bebo o primeiro gole.
Aprovar vinhos, me parece uma coisa muito pessoal, até para os especialistas, que não é o meu caso. Eu bem que tentei, mas não consegui ir alem da meia taça. 
De qualquer forma deixei-o na geladeira para um doce de sagú ou uma posivel situação de urgência a se deflagrar, nunca se sabe quando!

Vida provisória

Sempre existe a possibilidade de optar-mos por uma posição mais cômoda sem ter que escolher os extremos. Entre o amor e o ódio, a mentira e a verdade, a consciência e a inconsciência, existe um espaço mental intermediário capaz de oferecer alguns momentos de trégua e descanso a esses sentimentos mais (turbulentos) e de difícil manejo humano, assim como os tropeços diários que nos provocam sustos e que por vezes não temos condições de vivencia-los em sua totalidade. 
Assim é  nossa vida, cheia de momentos bons, ruins, tristezas, alegrias, decepções e muito trabalho e energia para aguentar-mos este fluxo que demanda ações continuas em diferentes posições emocionais, em  nossas vidas. 
Um momento de trégua acontece quando estou dormindo e passo a me acordar, experimentando momentos de uma vida provisória cujos os valores são menos potencializados por  dores  e expectativas criadas. Onde meu estado que consciência se divide entre minha realidade e a subjetividade no mesmo grau de importância neutralizando divergências. Por breves instantes eu consigo dar muito menos valor as coisas que me escravizam, quando estou neste momento de transição entre o dormir e o acordar, onde tudo parece menos complicado e muito mais aceitável. Sinto que estou experimentando momentos de realidade e fantasia incorporadas, de possibilidades e impossibilidades,  que  vistas na pratica seria impossível administrar com naturalidade e coragem se estivesse dormindo ou acordado. 
Hoje de manhã quando acordei, entrei neste estagio enquanto estava enrolado no edredon. Parte de mim se sentia sobre a cama, a outra voava  sobre o improvável. Um insigth?.,Um delirio?.,eu não sei dizer, qualquer coisa me  causou mudanças radicais imediatas e sem reações traumáticas de apego as preocupações óbvias que diariamente sinto e que parecem não apresentarem soluções. Nada havia mudado além dos sentimentos que são imprimidos em cima de algumas circunstancias que neurotiso e necessitam com urgência de um olhar mais pacificador e menos culposo. O que eu gostaria, era  continuar sentindo tudo  isto, depois de estar definitivamente acordado.

Armaduras necessárias.

Quanto mais desatentas, são comigo, as pessoas ditas minhas amigas, mais atento eu fico com elas. Mas essa minha atenção não é a de carinho e dedicação que se presta aos amigos leais que são poucos, mas de cuidado e  precaução aos que possivelmente são letais, para que futuramente eu não venha ter surpresas tardias. Vocês devem estar pensando que isto é uma espécie de armadura. Mas quem disse que armaduras ou camisas de força são desnecessárias quando algumas relações se firmam por caminhos que fogem de nossa compreensão e deixam rastros de egoísmo? 
Eu fiz um post com o titulo:"Eu procuro as pessoas por que tenho saudades ou por solidão?" que deixei na pagina de rascunho do blog e nunca publiquei, por me parecer somente uma grande viagem pessoal e perda de tempo. Quem sabe um dia eu poste.

Insensato Coração

As cenas da novela das nove, Insensato Coração, que mostram a relação entre o banqueiro Cortez (Herson Capri), sua esposa Clarisse (Ana Beatriz Nogueira) e a amante Natalie Lamour (Débora Seco), que busca se firmar como celebridade, é calçada numa relação, cujo o numero alto de mulheres  conhecem muito bem e que  sofre na pele as mais diferentes humilhações. A traição protagonizada por Cortez, um homem cinquentão e galinha que tenta firmar sua masculinidade, envolvendo-se com mulheres bonitas e mais jovens  é também o retrato do egoísmo  e mal caratismo que o impede de abrir mão de uma das relações, criando um triângulo de insatisfações  aos envolvidos, geradas por suas tramas e mentiras.
Nesta trama de jogo de forças, de uma lado esta  Natalie Lamour, jovem, cheia de sonhos e projetos de ter uma vida glamourosa e que acredita ter encontrado em Cortez a galinha dos ovos de ouro. Associado a isto, ela aposta numa relação prazerosa e de amor eterno. A arma a seu favor é a juventude, beleza  e a sedução.
Do outro lado Clarisse, uma esposa dedicada e boa administradora familiar que acredita ter no silencio e fingir ignorar as traições do marido, sua melhor estratégia para manter seu casamento de hipocrisia. Ela sabe que não pode concorrer com a juventude e beleza da(s)amante(s) do marido, então opta por atitudes passivas, violentando-se, na certeza de que tudo vai passar e que jamais perderá o marido.  Ela define bem isto, quando diz para as amigas, referindo-se as amantes do marido: "Elas vão e eu fico... Esta não é a primeira e ele sempre volta pra casa"
Eu li num desses sites que faz comentários sobre o enredo de novelas, que os próximos capítulos, vão trazer uma nova revelação e deixar uma suspeita no ar. A primeira mulher de Cortez também morreu em um acidente,  como acontecerá com Clarice.
A suspeita de uma possível morte provocada pelo banqueiro surge, quando sua filha Paula (Tainá Müller) do primeiro casamento é questionada sobre como Rafa (Jonatas Faro) fruto do segundo casamento com Clarice, está reagindo à morte de sua mãe (Clarice). É nesse momento que Paula relembra como perdeu a mãe.
A primeira mulher do banqueiro também morreu em um acidente. A família planejava uma viagem e  quando sua primeira mulher foi sozinha, para preparar o sítio para o final de semana.“Naquela época os aquecedores ficavam dentro do banheiro. O da suíte deles (Cortez e a antiga mulher) teve um vazamento. Pelo menos ela morreu dormindo, não deve ter sofrido”, diz Paula.
Será que existe um assassino misterioso na trama? Cortez ja demonstrou atitudes  dignas de um mafioso  ao mandar capangas dar uma surra num jovem, que se aproximou de Natalie numa boate, quando esta decepcionada com suas mentiras, resolveu lhe provocar ciumes. Acho que esta história, ainda promete algumas surpresas.

O Arco-íris


Depois da chuva, no meio da tarde, o céu se dividiu em muitas cores me deixando na duvida qual das tonalidades era a mais bonita; e num determinado momento,  o arco-íris foi surgindo como um risco  de luz quase laranja atravessando de uma ponta a outra o horizonte que parecia de um degradê de  tons azul, lilás, cinza  e verde.
Nestes momentos, foi possível esquecer de todos os problemas, de todas as situações que angustiam e ficar tranquilo, atento, olhando para toda aquela beleza enquanto capturava as imagens em meu Nokia e meu colega discutia sua relação por telefone.


Quando pequeno, eu acreditava na mentira de um pote de ouro escondido numa das pontas do arco-iris e ficava pensando na distância e dificuldade que seria chegar  até lá. Com o tempo, vamos crescendo e descobrindo respostas científicas para estes fenômenos, que por mais que sejam naturais, nos absorve com sentimentos de magia guardadas em nossos registros pessoais da infância ainda vivos. Talvez este, não fosse dos mais bonitos que já vi na minha vida, mas me fez ganhar o dia por conta destas viagens interiores que nos obrigamos fazer nestes momentos.

Perdendo a língua

Foi só eu chegar no Café, cumprimentar a todos e minha língua caiu para debaixo da mesa. Eu acho que ela estava lá, escondida em algumas dobras do tapete e eu sabia que só poderia recupera-la depois que todos saíssem  para a rua. 
Mas o que dizer nestes momentos incômodos que não se tem  o que dizer para pessoas estranhas, num grupo estranho e você é o  único estranho entre todos? Eu deveria seguir a cartilha de bom senso de [Danuza] e ter ficado em casa, assim não perderia minha língua.
Eu tentei fazer um sinal para o garçon, mas ele não  olhava em minha direção. Ele talvez  não quisesse ser cúmplice da missão desagradável de tentar encontrar minha língua e  alcançar-me discretamente por debaixo da mesa.  Por sorte o encontro não demorou além de um taça de vinho e todos seguiram seu rumo ainda cedo. Mesmo sendo um sábado a noite, nada me parecia convidativo nas rua molhadas da cidade.  Segui pelo meio das árvores, entrei no carro e voltei para casa.

Diálogo emprestado 2

Eu ainda tenho um pouco desta coisa de desconfiança, de não me soltar com as pessoas e então erro, erro demais. Acabo confiando em quem não devia e jogando fora o que não devia jogar. Entende?
Ainda falta muito para que eu aprenda certas diferenças, mas não consigo, sou fácil de ser enganada com sorrisos em um pouco de atenção... Ainda não aprendi a jogar esse jogo.

DIÁLOGO EMPRESTADO 1

Eu quero aquela lamina mais cara, que não me corte profundamente a pele. Chega de coisas ordinárias! -Disse apontando para o objeto no balcão de vidro.
Isso, aquelas com proteção pra rostos sensíveis e que não deixam marcas depois...
Senão tenho que remendar os buracos de sangue, com um reboco de talco que aprendi. Tudo se aprende nesta vida, né mesmo?..
É a única forma de parar de sangrar, embora eu fique com a cara branca,  parecendo um defunto, mas pronto pra me soltar nesta vida!

Lara com Z

Olha, eu juro que tentei!.. Me preparei positivamente depois do banho, com uma xícara de café no  colo, encostado na cama, para dar mais uma chance à Lara com Z, ontem de noite na TV Globo, mas não me convenceu.
Ninguém me tira da cabeça, que Susana Vieira não está interpretando senão ela mesma e que esta história construída por Agnaldo Silva e dirigida por Wolf Maya, falta tudo, principalmente elementos que convença. O encontro de Lara então, com sua arque inimiga dos tempos de escola, Sandra Heibert - atual critica de teatro, interpretada por Eliane  Jardini, foi de doer de tão fraco, infantil e pouco convincente.
Gente, que saudades dos tempos que se assistia Tenda dos Milagres, O tempo e o Vento, Grandes Sertões Veredas, Riacho Doce, Chiquinha Gonzaga, Presença de Anita, A Casa das Sete Mulheres, O Maias, JK e tantas outras mini series que eu corria para não perder um capitulo se quer.

Que decepção!

Eu não sei a opinião da maioria das pessoas, sobre as mini- séries apresentadas pela Globo nestas ultimas semanas, inicio do mês de Abril e que são: Lara com Z, Tapas e Beijos, Macho Man e Divã, todas com atores de primeira grandeza, mas com historias armadas à partir de tablóides previsíveis, repetitivos e sem graça, que não me causaram a simpatia esperada como nas outras mini séries realizadas pela Globo no passado. Eu arriscaria a dizer que talvez Divã reestruturado à partir do filme de mesmo nome e  que conquistou bom público e sucesso, protagonizada por Lília Cabral seja a menos ruim, contando as experiências e adversidades de uma mulher que tenta reconquistar seu espaço emocional e profissional após a separação com a ajuda de seu analista.
Lara com Z, protagonizada por Susana Vieira, é a repetição de tantos outras personagens glamurosas construída para ela e que só trocaram de nome. Acho até que Susana é a própria diva, contando sua história. Eu gosto de trabalho de Susana Vieira, mas acho que já esta na hora de lhe  concederem papeis mais consistentes como os que lhe consagraram como grande atriz.
Macho Man, com Jorge Fernando e Marisa Orth, talvez seja o pior de todos, construído em clichés estereotipados reforçando a ideia de que gays são simplesmente alegres e não tem mais nada na cabeça além de quererem se divertirem. Isto fica bem claro numa das cenas iniciais em que Valéria personagem vivida por Marisa Orth e que não tenho queixas de sua atuação, inicia um dialogo com Zuzu, gay assumido e vivido por Jorge Fernando na mini serie:
_Por que vocês gays são tão animados, o que vocês gays tem que nós não temos?..
_Gays só querem se divertir!..
Zuzu parece um  idiota recheado de gestos  excessivamente efeminados, gritinhos histéricos e danças escandalosas, numa época em que a sociedade gay luta por um reconhecimento  de igualdade de direitos e respeito social. Apesar dos autores terem dito em entrevistas que a mini serie não  tinham a intenção de mudar ou recriar  conceitos, mas  provocar risos, errou pela irresponsabilidade de reforçar o preconceito de que gays não devem ser levados à serio. 
Tapas e Beijos com Andréa Beltrão e Fernanda Torres, parecem seguir a linha das  las locas, onde duas mulheres, colegas de trabalho, numa loja de vestidos de noiva, mantém relações amorosas com homens que não as assumem fazendo-as se meterem nas mais varias  confusões e trapalhadas. Fernanda Torres que é uma excelente atriz, constrói bem estes papeis de mulheres já surtadas por natureza e a beira de um ataque de nervos, como já provou em Os Normais, fazendo o maior sucesso. A Globo não me pareceu ter entrado com pé direito neste ultimo projeto das mine séries brasileiras, espero que tenha algum tempo para retempera-las e causar um diferente sabor aos que apreciam este formato de entretenimento.

Broas de polvilho e mate doce


Logo que eu levantei da cama e me debrucei no parapeito da janela, o dia estava de uma cor verde ictérica, parecendo anormal. Uma cor que eu nunca tinha visto antes e que me deixou intrigado. A chuva logo veio atrás, conforme a previsão dada ontem no jornal da TV. "Chuva, muita chuva em algumas regiões do Sul e Sudeste do país".
Semana passada estive numa cidade no interior do Estado, com casinhas de madeira em estilo da campanha, sobre extensos campos e saindo fumaça de suas chaminés. Eu gostaria de estar hoje por lá, comendo broas de polvilho com mate doce. O resto eu deixo ainda por conta da imaginação...
Eu lembro quando estive em Cambara do Sul, com uma colega, na casa de uma amiga. O fogão à lenha aceso, pinhão assado na chapa, uns dias chovia, no outro fazia frio, banho em chuveiro improvisado, cavalgadas para recolher o gado, as ovelhas, uma simplicidade tamanha que só pode ser traduzida como a melhor qualidade de vida que ainda é possível de se ter acesso.
Faz tanto tempo que eu estive por lá, que quase não lembro do rosto das pessoas que me acolheram, mas o carinho ficou registrado na alma.

Pulga na orelha e borboletas no pensamento

Neste momento, me encontro numa espécie de  recesso ou hibernação emocional para interagir com as pessoas, como se algo me impedisse de me manter leve e a vontade nos  meios sociais por onde circulo. Me ponho camuflado, concordado, repetindo bordões que todos estão acostumados à ouvir, mas que não é o que  eu gostaria de dizer, me submetendo a repetições de idéias ou caindo  em abismos do [é.., pois é...] Será que é isto mesmo que eu estou sentindo ou é apenas cansaço do trabalho, da vida, de mim mesmo?.. Haverá alguma discussão ou poema novo a serem trocados?
Eu acho que  existe vários motivos de fecharmos nossas portas e janelas de acesso interno aos que estão a nossa volta. Primeiro, quando nos fechamos intencionalmente  por razões visíveis e autorizadas por nós mesmos e segundo, quando elas se fecham sem ter um motivo reconhecido e aparentemente sem razão. Me  sinto nas duas situação sem nenhuma justificativa para este impasse.
Este tipo de sentimento parece estar ligado a uma linha fina mas resistente de insatisfações introjetadas, que de uma hora para outra se rompe e volto a me sentir livre, aberto à novas perspectivas emocionais.
Mas independente destas situações comuns a quem respira, a vida mantém o seu ciclo incondicional e foi neste ciclo que se move independente, que ontem recebi um elogio de uma pessoa que eu não esperava receber e que meu colega jurou  ser uma cantada.
Cantada a esta altura do campeonato.., mas por que não?..
Eu sou um tanto lerdo para absorver algumas manifestações inesperadas como a de  ontem, mas também fiquei surpreso por ser clara e direta, me pondo uma pulga atrás da orelha e algumas borboletas no pensamento.

Um cadáver no supermercado

O frango à caipira exposto no balcão climatizado do supermercado, me causou tamanha sensação de mal estar, que carreguei aquela imagem por vários dias na cabeça. Além de ser uma ave grande, lembrando de um peru, estava acomodado dentro de uma sacola de plástico, praticamente inteiro. Os  pés, o pescoço, a cabeça com crista e olhos fechados de quem sofreu ao  se entregar ao abate, me dava a impressão de que era um cadáver e não um produto para o consumo. É claro que não deixava de ser um cadáver, mas alguns cuidados tomados com certos padrões estéticos e de apresentação de produtos, são capazes de modificar nossas impressões e conceitos, instigadas por nossos olhares morais; não é mesmo? Em outras palavras quero dizer que alguns distribuidores devem ter a preocupação de  expor seus produtos com uma apresentação que não assustem seus clientes.
Eu lembro de quando trabalhava no bloco cirúrgico do Pronto Socorro, os pacientes que se submetiam a cirurgias, eram posicionados e coberto por panos verdes e grossos, que chamávamos de campos, afim de manter a integridade do paciente e do procedimento cirúrgico, impedindo a proliferação de gemes e do risco de contaminações. Este é um procedimento normal e rotineiro nas salas de cirurgias. Esta proteção com panos (campos), sobre o corpo do paciente, protegia-o de tal forma, que me causava a impressão, e acho que também para quem trabalhava no procedimento, que não era uma pessoa, mas um corpo humano, com partes delimitadas a serem abertas com um bisturi, sem culpas e fricotes morais.
Tudo se tornava mais fácil e emocionalmente impessoal, quando alguns padrões estéticos são adicionados de modo a camuflar impactos visuais, eu pensava.
Aquela ave no supermercado, não estava cortada e embalada adequadamente de forma a atrair  consumidores, mas exposta como um cadáver para possíveis estudos periciais. Foi o que senti quando a avistei no balcão.

O que às vezes, mereço

Eu acabo na maioria das vezes fazendo coisas que me dão prazer sozinho e isto subtrai seu sabor quando não as divido com outras pessoas. Eu fico pensando, [que bom se fulano estivesse aqui, neste momento comigo para...] Mas...
Eu talvez me sinta um solitário ou um completo egoísta me pondo por vezes inseguro em dividir. No fundo eu tenho a preocupação de me mostrar e parecer infantil
Eu mereço doses de café amargo, com bofetadas terapêuticas para me acordar e acertar o prumo. É isto que eu mereço!
Dia desses eu estava com vontade de comer uma farofa com sobras de carne que só minha mãe sabe fazer. Terminei indo para a cozinha fazendo a tal farofa que comi acompanhado com uma garrafa de vinho e assistindo um daqueles filmes que  vi a tempo e bate saudades. Depois pensei que poderia levantar o telefone, ligar para alguém e dizer: Olha, ta afim de uma farofa maravilhosa?... Mas não fiz, fiquei preso em minhas tranqueiras e depois fui dormir contando manchinhas na parede do quarto. Pode?..

Lembranças e suas relações fragmentadas.


Eu vinha no carro ouvindo John Coltrane, quando lembrei de um amigo que gostava de comer cabeças de palitos de fósforos depois de risca-las.
Eu não sei por que lembrei disto, ao olhar para uma sacola xadrez vermelha, sobre o banco do carro.
Ele devorava uma infinidade de cabeças de palitos de fósforos e eu, picolés de groselha que sua mãe vendia para melhorar a renda da família.
Ele só abandonou este hábito, depois de começar a criar um filhote de pombo que caiu do telhado. Ele alimentou este pombo em sua mão, até a ave morrer velha e cega. O pombo nunca aprendeu a comer sozinho e também voar.
É estranho lembrar deste fato, que me parece não possuir nenhuma relação com eu estar voltando pra casa, dirigindo meu carro enquanto ouço John Coltrane e estar vendo a sacola xadrez vermelha no banco traseiro do carro.
Eu não gosto de pombos com seus olhinhos sinistros  assim como palitos de fósforos. Eu gosto de ouvir John Coltrane e de sacolas xadrez. 

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...