Piaf


Penso que poucas coisas são capazes de me causarem reações pelas quais não posso definir, ao menos nas primeiras horas, nos primeiros dias, deixando-me silencioso e pensativo, depois é que começo assimilar as emoções, diagnosticar e entender os detalhes que fizeram a minha boca ficar seca, os olhos avermelharem-se e a garganta arder como se um choro preso fosse explodir a qualquer momento e sem controle. Ontem me aconteceu isto enquanto estava deitado em minha cama assistindo o filme Piaf- um Hino ao Amor- do diretor Olivier Dahan, que conta a trajetória artística e de vida da cantora francesa Édith Giovanna Gassion (Edth Piaf). 

Interpretada pela atriz Marion Cotillard. Cotillard, de 32 anos, transfigura-se para encarnar a cantora da juventude à morte precoce, aos 47 anos, como resultado de uma vida marcada por tragédias e pelo abuso de álcool e drogas.
O filme pode ter deixado de detalhar algumas passagens da vida da cantora, como sua posição e postura politica na época, como descrevem alguns críticos, mas sem duvidas não deixou de ser uma bela e sensível declaração de amor a sua vida tão polêmica e recortada de sofrimentos.


Non
, Je Ne Regrette Rien:

Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo me é igual!

Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado! (2)

Com minhas lembranças
Acendi o fogo (3)
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!

Varridos os amores
E todos os seus "tremolos" (4)
Varridos para sempre
Recomeço do zero.

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!

Pôr- do- Sol

No final da tarde o sol se punha alaranjado sobre as águas do Guaíba, enquanto eu e Alba atravessávamos a multidão em frente ao anfiteatro Pôr- do- Sol, para ver o Show de Nando Reis e Ana Cãnas que deu inicio as comemorações dos 237 anos de Porto Alegre. A plateia formada por um público de diferentes idades, cantou e dançou as musicas conhecidas de seu repertório como: Segundo sol, All Star, No recreio e outras também já interpretadas por Cássia Eller. Fiquei impressionado de ver aquele homem franzino no palco interagir simpaticamente com a multidão e em alguns momentos fiquei saudoso de não ter a voz rouca, poderosa e competente de Cássia lhe acompanhando.

Seriguela?

Alguém sabe oque é Seriguela? Pois bem, lá vai: A seriguela é uma fruta pequena e de formato oval que lembra bastante o cajá. Típica das Américas do Sul e Central (México, Caribe). É eficaz contra anemia, inapetência e a diminuição dos glóbulos brancos. De sabor original e muito cremosa, a polpa de siriguela mantém as propriedades nutricionais da fruta que é rica em Carboidratos, cálcio, fósforo, ferro e vitaminas A, B, C, possui gosto bastante adocicado e ao amadurecer assume uma cor laranja-avermelhado ou amarelo. Pode ser encontrada mais facilmente no nordeste. Além do consumo in-natura, a fruta pode ser usada em sucos , sorvetes, geléias e fica muito bem com vódka e gelo, a famosa Sirigueloska. Como propriedades medicinais é diurética e energizante, além de ser indicada para o alívio de espasmos, diarréia, febre, gases e limpeza de feridas. Experimentei-a em Marataizes no Espirito Santo e sucumbi ao seu sabor.

Ponte Rio-Niterói


Não gosto de cruzar pontes e hoje posso dizer com tranquilidade que apenas não gosto. Houve um tempo em que sentia verdadeiro pânico, como se fosse cair lá de cima em meu carro e só pararia de afundar quando chegasse a o fundo. Sentia até o frio na barriga quando imaginava a queda e o estouro do carro batendo na água depois afundando rapidamente sem que eu pudesse me soltar do cinto. Era em qualquer ponte que eu passasse e visse água em baixo. Um dia, assistindo uma reportagem do Jornal Hoje da Rede Globo sobre um temporal que abalava a cidade do Rio e mostrava a ponte Rio- Niterói em movimentos ondulatórios por causa dos fortes ventos. Sentado no sofá da minha casa perdi o fôlego. Era indescritível a cena do movimento da ponte e a sensação que eu sentia naquele momento. Há uns vinte dias atrás, quando estive no Rio e fui para a Região dos Lagos, tive de cruza-la de carro, graças a Deus não era eu quem dirigia, mas lembrei da cena do tele jornal e de toda a paranóia que eu já tinha sofrido com relação a pontes. A Ponte Presidente Costa e Silva ou Rio-Niterói possui 22,12Km de extensão sendo 8,83Km sobre a água e seu ponto mais alto, 72 metros de altura. Lembro-me que a o chegar do outro lado a tensão foi se desfazendo, paramos num posto de combustível para abastecer o carro e depois seguir viagem . Ao passar-mos por São Gonçalo, imediatamente lembrei-me do refrão da musica de Seu Jorge da qual fez desaparecer por completo a desagradavel sensação de aflição e pensar que afinal ela não é um nenhum bicho de seta cabeças mas apenas uma ponte, uma bela ponte:


...Morando em São Gonçalo você sabe como é
Hoje a tarde a ponte engarrafou
E eu fiquei a pé...

Violências

Inacreditável!... Mas muito mais louco do que os pesadelos que algumas vezes tenho e me fazem acordar assustado e sem entender e que posto neste blog como registro de minha vida, são as loucuras da qual me deparo no dia a dia deixando-me boquiaberto e sem entender de fato. Violências com mortes, assaltos, pobreza, sequestros, parecem ser já coisas corriqueiras quando abro o jornal ou ligo a televisão e tem aquele aspecto de irreal, de ficção, mas quando me deparo frente a frente com elas, com suas vitimas ou quando sou a própria vítima, a coisa toda muda de figura me causando desconforto e revolta por não entender os "por ques" de tudo isto. Mas a violência tem muitos braços, muitas faces e se bobear muda de nome, altera conceitos, explana justificativas plausíveis aos ouvidos de uma sociedade dita politicamente correta. A violência muitas vezes vem fantasia de agressões menores, omissão, desqualificação e tantos outros disfarces.
Ontem recebi a missão de atender um homem em seu domicilio, com dificuldade respiratória, inconsciente e com um histórico de ser portador do vírus HIV. Quando chegamos em sua moradia, que era literalmente um deposito de lixo, pois havia sujeira por todo o lugar que se olhasse inclusive o sofá do qual fazia de leito, me surpreendi com seu estado de degradação. Estava urinado, emagrecido, com uma respiração que passava dos vinte e seis movimentos por minuto, taquicardico, com batimentos cardíacos acima de 150, com a pressão baixissima 80/40, uma concentração de oxigênio no sangue em torno de 58%, quando o nível de normalidade começa a partir de 94, 95% e para finalizar: Inconsciente. Quero deixar claro que inconsciência em nosso trabalho é motivo para se chamar o médico no local afim de dar um suporte profissional maior a quem precisa e foi que fiz. Como resposta recebi a orientação de instalar oxigênio e solução fisiológica e deslocar para o hospital onde o paciente fazia acompanhamento médico a uns quarenta quilômetros de onde estávamos. As orientações foram cumpridas a risca e mesmo assim, o paciente ainda respirava mal e com uma concentração de oxigênio em níveis baixissimos, 82,83%, taquicardico e inconsciente, informação que repassei via rádio sem nenhuma resposta. No caminho do hospital, mais um desconforto, a ambulância apresentou problemas e não andava além de 40 km por hora, avisamos via radio e a resposta do médico foi que se ela parasse então mandariam uma outra. Quanto a o desfecho de tudo isto, o paciente chegou vivo sim em seu destino, embora corresse o risco de ser diferente. Fiquei pensando enquanto retornava para uma nova missão sobre tudo que havia acontecido. Contar a história pessoal deste paciente, com 28 anos, papeleiro, usuário de craque, pai de dois filhos também drogados, portador do vírus HIV e uma esposa que me confidenciou também estar contaminada e vivendo em total miséria é tornar-me repetitivo. É contar uma história já muitas vezes ouvida e talvez ninguém mais tenha saco para isto. A surpresa de tudo isto que estou contando e que me deixou revoltado, foi a falta de compromisso profissional e desrespeito com que este médico tratou a mim e conduziu o paciente, ignorando meu pedido de apoio necessário no local. Desrespeitando a vida do paciente e a mim que estou habilitado a avaliar um situação de risco e solicitar sua presença quando for necessário. Senti que a sua vaidade o impedia de fazer o que eu estava solicitando em prol de uma vida. Que seu preconceito com relação aos profissionais que atuam na linha de frente é maior que o compromisso óbvio que assumiu como médico e que sua arrogância é geradora de uma violência que talvez nem ele próprio tenha consciência. Que talvez seja vítima de si mesmo e que suas atitudes desrespeitosos o torna menos respeitado por nós ínfimos lutadores da linha de frente. Sua conduta é merecedora de aplausos, obviamente dele para si mesmo.

A Visita

A menina me vigiava do corredor na expectativa de entrar em meu quarto assim que eu fechasse os olhos e que enfim dormisse!.. Não sabia oque ela queria ou oque pensava, pois tinha olhar enigmático, silenciosa e tinha os cabelos que encostavam nos ombros, vestido branco que descia além de seus joelhos magros. Fiquei deitado, quieto, esperando alguma atitude, qualquer movimento que não acontecia. Me perguntava como podia estar dentro da minha casa e por onde tinha entrado. Depois sumiu no meu piscar de olhos, mágica, da mesma forma com que apareceu. Não era sonho, pois lembro estar acordado, talvés fruto de minha imaginação!

Paraíso Azul.


Do Rio, cruzando a ponte Rio-Niterói e São Gonçalo até a região dos Lagos, dá umas três horas de viagem pela 101, dirigindo sem presa. Então se chega à Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Macaé. Menos glamurosa que as vizinhas Búzios e Cabo Frio, Rio das Ostras é um charme escondido na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. A cidade é incrivelmente limpa, com toda infra-estrutura necessária, bem cuidada, os ambulantes são poucos e quando aparecem, são identificados e uniformizados, e a sensação de segurança é constante. Rio das Ostras ganhou emancipação política após o crescimento da industria de petróleo na vizinha Macaé a pouco menos de 30 quilômetros. Nesta região, saem mais de 80% da produção de óleo que alimenta a industria petroquímica do país. “A Famosa Bacia de Campos”. Sendo Macaé um pólo petroleiro que agrega toda esta complexa linha de trabalho atraindo empregos e como carro chefe, a Petrobrás e outras pequenas e grandes empresas também prestadoras de serviços. A cidade de Macaé ficou pequena para acomodar tanta gente. Assim Rio das Ostras, capitania de São Vicente no período colonial, transformou-se em cidade dormitório de Macaé e cresce a sua sombra. A praia Costa Azul é um exemplo disto, além de suas águas limpas e de um azul inacreditável, possui 850 metros lineares de área de lazer, quiosques, ciclovias, playgrounds e 15mil metros quadrados de preservação de restinga. Em seu passeio na orla, um dec de madeira contorna toda a praia. Bancos para vislumbrar o mar, arcos estilizados e coqueiros plantados dando um ar de paraíso em alto estilo. Tudo limpo e bem organizado lembrando um cenário de um set hollydiano. Numa das praças principais uma escultura de baleia em tamanho real tornou-se ponto de atração turística. Eu particularmente prefiro apreciar praias mais rústicas.

CÉU E INFERNO - UMA FABULA.

Recebi hoje a noite duas mensagens em meu celular. Uma me perguntava: _Está feliz? E a outra: _Você tem saudades? Não quis enviar respostas a nenhuma das perguntas que me fizeram mas fiquei pensando a respeito, enquanto selecionava algumas fotos de viagens que fiz em meu fotolog. A felicidade o que é, um estado mental? Sendo assim pode-se trabalhar este estado algumas vezes raro a nosso favor, em melhora de nós mesmos e dos outros. Transformar nossa vida em céu ou inferno a partir de nossas atítudes em virtude de nosso estado de espírito. No momento tenho me sentido bem e livre como um pássaro que voa e não faz questionamentos sobre a sua liberdade e o que vê lá de cima, mas apenas deixa-se sentir o vento em seu corpo, em suas asas. Quanto a ter saudades, somente das coisas que me trouxeram alegria e prazer de estar por aqui vivendo meus dias sem culpas e sem magoas. Quando conversei com o Monge Budista alguns dias atrás, lembrei desta história que li em algum lugar:

Conta-se que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole violenta, foi procurar um sábio monge em busca de respostas para suas dúvidas._Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender, ensina-me sobre o céu e o inferno.
O Monge, de pequena estatura e muito franzino, olhou para o bravo guerreiro e simulando desprezo, lhe disse:
_Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. Seu mau cheiro é insuportável. Ademais, a lâmina de sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a sua classe. O samurai ficou enfurecido. O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguia dizer nenhuma palavra, tamanha era sua raiva. Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.
_Aí começa o inferno, disse-lhe o sábio mansamente.
O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno. O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento.
O velho sábio continuou em silencio.
Passado algum tempo o samurai, com a intimidade pacificada, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz.
Percebendo que seu pedido era sincero, o monge lhe falou:
_Aí começa o céu.

O dia estava para...

Hoje o dia estava para ver amigos, comer sorvetes, sentar na grama das praças para ver quem passa apresado ou destraido com seus pensamentos. De noite, sair, dançar, beber cerveja gelada, cantar, beijar na boca, brincar com amigos, ouvir e contar estórias. Então fui para casa comer pizza com meu filho e sua namorada e foi bom estar com eles!

CHAGDUD GOMPA EM TRÊS COROAS


Era um dia de semana frio e eu estava angustiado. Durante a  noite, fiquei pensando no que fazer no outro dia e então na  manhã seguinte (Quarta-feira), abasteci  o carro e  ainda meio sem um rumo definido, saí em direção à avenida Bento Gonçalves, perto da minha casa, depois à  Viamão, Morungava, Taquara.
Na RS 020, em frente a parada 177, entrei a esquerda, numa estrada de terra "Estrada de Águas Brancas" e segui mais mil metros onde avistei a placa: "Chagdud Gompa".
Estaria eu sendo guiado instintivamente para aquele lugar conhecido de passagem mas nunca visitado por mim antes?
Seguindo em frente, encontrei uma bifurcação, onde entrei à direita. Cruzei um portão, até chegar a uma casa de madeira, dobrei novamente à direita numa estrada íngreme e após 500 metros, estacionei o carro.
Andei mais alguns metros à pé e cheguei até o portão principal do templo. Neste portão antes de abrirem é necessário identificação através de um interfone, informando o nome, local de onde vem e placa do veiculo.


Estava uma manhã de sol quando cheguei, mas em poucos minutos o céu ficou completamente escuro e logo caiu uma forte chuvarada que parecia que o céu estava por desabar. Abriguei-me sob um telhado e depois que a chuva parou, uma neblina magica baixou, transformando todo ambiente numa atmosfera de paz e silencio incomum.
Eram poucas as pessoas de visita ao templo neste dia, talvez além de mim,  um casal de paulistas que encontrei no portão de identificação e depois não os vi mais.



O templo é de um vermelho intenso que parece destacar-se de tudo diante de nossos olhos. Soube por seu guardião, (um homem careca de trajes típicos, sentado do lado de fora do templo,  que o mesmo foi construído da forma tradicional. O prédio é uma réplica do Templo de Guru Rinpoche, o grande mestre iluminado que levou o Budismo Vajraiana ao Tibete no século oitavo. O último desejo de S. Ema. Chagdud Tulku Rinpoche era o de criar esse tesouro e conseguiu.





















O templo é imponente  e  seu interior possui cores também fortes como vermelho, azul, verde, dourado e cheiro de incenso, causando um certo impacto, pela beleza, paz e sensação de que estamos em algum lugar realmente oriental e de muita vibração positiva. Não seria tão absurdo olhar para os grandes vales que cercam o lugar e acreditar que estamos realmente nas montanhas do Tibete.
É proibido fotografar o interior do templo e em sua entrada deve-se retirar os calçados em sinal de respeito. Tudo é muito cheio de detalhes estéticos e misticismo, mas assim mesmo a gente se sente com muita paz de espirito e confortável .



Nas imediações do templo, há duas casas de rodas de oração, que são cilindros de metal e madeira gravados com emblemas e preces, que giram no sentido horário durante todo o dia. Dentro das rodas há milhares de mantras escritos em papeis. O giro da roda representa a repetição das preces e mantras e o vento que as toca,  espalha as bençãos dessas preces para todo o universo. Somente os budistas seriam capazes de  visão tão absolutamente profunda e poética como esta, não é mesmo?
















Lá, você encontra um visual inacreditável, muita paz de espirito e a possibilidade de pensar sobre a sua vida, suas crenças e talvez até por em xeque as suas verdades.
Conhecer  mesmo que superficialmente a cultura budista  é sempre uma maneira de reflexão, adquirir conhecimento e aprofundar nossas vivencias pessoais. Fiquei feliz de ter visitado  este  lugar que  me confortou e me causou muitas surpresas.

Até o próximo passeio!

GRUMARI


Na segunda quinzena de fevereiro de 2009, fui ao Rio e conheci a praia de Grumari que decididamente não se parece com o Rio de Janeiro, (talvés com o que um dia foi) É de uma beleza impar e diferente das outras praias na area central da capital carióca. A natureza esbanjou beleza na construção de Grumari. Para se chegar até a praia sobe-se montanhas e se vê toda a beleza da orla do Rio de Janeiro e suas ilhas. Bem perto existe uma lagoa de aguas escuras, que o pessoal apelidou de lagoa da Coca Cola. Os banhistas passam o dia e fazem até churrasco nas pedras, perto do mar. Rústica, a praia de Grumari fica em uma área de preservação ambiental e é cercada por costões e morros com vegetação de restinga e a estrada até lá é asfaltada. O mar tem ondas fortes que atraem os surfistas. No canto esquerdo abriga a praia naturista do Abricó, com pouco mais de um quilômetro de extensão.





O nudismo, entretanto, é praticado em um trecho de cerca de 300 metros, mais selvagem e protegido por pedras. Com um pouco de atenção, e paciencia pode-se ver da estrada, algumas "bundas peladas" caminharem em  direção ao mar para o banho.


Como diz uma internauta: "A praia de Grumari é uma excelente forma de vislumbrar o que o Rio de Janeiro já foi. Natureza exuberante em todas as direções, que nos fazem pensar como o homem foi cruel na ocupção dessa cidade!"

Vou deixar a vida me levar!

Olhos abertos, atentos para a janela que flui o vento. Chá preto com canela na caneca presa entre os dedos. Estrelas opacas na noite que marca onze horas. Cada minuto passa, voa em nossas vidas. Amores se fazem e se desfazem lá fora, aqui dentro e nem poderia ser diferente pois assim é a vida na construção de histórias e de nosas experiencias, por isto que vou deixar a vida me levar e ver a cidade se acender.

Sutis Revelações

Então desviei meu olhar para gaveta aberta e com alguns objetos revirados, depois para a janela, a televisão desligada, o led do telefone que não parava de piscar. Pensei logo que pudesse estar ansioso. E é assim que começa, uma pequena irritabilidade e depois inicio a andar pela casa toda, ligando e desligando luzes, medindo meus passos, pensamentos soltos e sem direção. As vezes desconfio que não sou deste mundo pois surgem visões, fantasias, intuições.
Navego em mares de sonhos irreais, tempestades. Assisto meus próprios naufrágios, tentações. A noite quando deitei-me para dormir, Chico cantou em meu ouvido, musicas de seu repertório extenso. Algo me precisava ser dito, talvez de forma poética, sensível, secreta, como são as suas letras. Me debati sobre a cama durante toda a noite não querendo acreditar, mas ao amanhecer pensei estar mais forte.

BOTECO DO SARDELA

Esta manhã, depois da maratona nos bancos, sentei-me a sombra de um pé de Cinamomo em frente de um boteco no bairro Jardim Botânico. Parecia não estar com fome e então bebi uma deliciosa cerveja gelada, enquanto olhava os carros passarem pela rua. Lembrei -me que hoje é sexta-feira e não planejei o que fazer durante a noite. Talvez queira ficar em casa, olhar televisão, ou ouvir o antigo cd de Fagner que a meses não ouço. Lembrei -me também que a dias atráz estava no Rio, apreciando um delicioso prato de peixe frito com pedaços de limão e um vidro de pimenta para enriquecer o sabor, no boteco do Sardela em Xerém, na Mantiqueira. Este boteco, sobrevive a mais de trinta anos, administrado por uma família que mora na localidade e sua especialidade é o peixe frito na hora. Você entra, escolhe os peixes que deseja comer e é só esperar pela fritada. Os peixes custam entre R$2,50 à R$4,00 a unidade e medem em torno de 15 à 18 cm. Não são pesados. No dia em que estive por lá haviam quatro variedades. Os mais gostosos evidentemente são os de R$4,00 que não lembro o nome. O boteco do Sardela ganhou minha simpatia também pela simplicidade de seus administradores. Sem isto, acho que nenhum négocio sobrevive.

Opiniões

Custa um bocado de tempo para perceber-se que não temos o poder de mudar as pessoas conforme nossos desejos e consequentemente suas atitudes de acordo com nossas expectativas emocionais. 
Levará um pouco de tempo até percebermos que também somos difíceis de sermos mudados e que não se projeta sonhos tendo as pessoas como pano de fundo. O ideal não é o que se busca, mas o que se ganha e assim aproveitar o que de bom podemos receber. 
Evidentemente os insanos, maldosos e de má índole estão de fora! Fiquei olhando dentro dos olhos negros e brilhantes de minha amiga enquanto ela me revelava sua opinião e caminhava apressadamente na sala onde trabalhava.
Afinal entre tantos erros e acertos, haverá os que nos derrubam e os que nos jogam para cima e isto é que nos faz crescer e dar os primeiros passos para nossa real mudança. Mudança forçada por nós mesmo, adaptada as nossas necessidades e não a dos outros!

A chuva de hoje

Quase no final do plantão, caiu uma chuva fininha e gelada para vingar-se dos dias cansativos e quentes da semana. Fiquei sentado no banco distante do terminal sentido-a cair sobre o meu corpo suado e minha cabeça, escorrer pelo rosto. Lambe-la no canto da boca, vê-la bater no basalto da calçada e formar pequenas poças rasas, iluminadas. 
Pensei em ficar ali até encharcar-me e perder a noção do tempo, até nascer de novo, RENASCER... Depois encontrar amigos saudosos para gargalhar e beber cerveja gelada, contar histórias já contadas, as mais belas já ouvidas e sem presa nenhuma de voltar pra casa.

Máscaras

Algumas pessoas podem ter mais rostos que o habitual, mais rostos do que aquele que conheço ou talvez penso conhecer. 
Isto do que falo deve ser máscaras, mentira, fantasias ou delirio meu?
Os rostos podem ser de minha imaginação, ou realmente existem? 
Quero dizer: Existem varios rostos ou é minha criação, paranóia? 
Quem os criou, eu ou as pessoas donas destes rostos? 
São rostos confeccionados para o teatro? 
Para a vida?
Para a história?
A vida é teatro, é ilusão, é mentira?
Hoje acordei tão cedo que ainda era noite, mas aos poucos a claridade do dia começou a nascer sobre os altos morros de mata nativa, na distante pedra da Congonha que antes não conhecia. Aqui em Xerém, tudo parece ser diferente do resto do Rio, o Rio que se vê, o Rio que se imagina. Ritmos, hábitos das pessoas, clima. O churrasco carióca de ontem estava ótimo e proporcionou o encontro de novos amigos. Estranho estes hábitos tão diferentes, das pessoas simples e sorridentes deste lugar.

Hoje

Acordei cedo sentindo uma pequena brisa soprar sobre o meu corpo. Hoje é o dia da viagem e ainda não preparei minha bagagem. Folhas ainda verdes de mangericão estavam espalhadas sobre minha cama e no chão quando levantei. Lembrei-me de tê-las espalhado por todo o quarto antes de dormir. Motivo? Não sei. Mas o aroma que se fez no ambiente possibilitou-me um sono tranquilo e com cheiro de natureza. Voar sempre me desestabiliza até por o pé em terra firme. A voz de Ana Carolina está presa em minha cabeça desde ontem e acho que ficará até eu chegar a noite no Rio:
... Não dá pra ocultar.
Algo preso quer sair do meu olhar
Atravessar montanhas e te alcançar
Tocar o seu olhar
Te fazer enxergar e se enxergar em mim
Aqui...

Bangalô


Com alguma frequência passo em frente deste bangalô numa vila de Porto Alegre e fico admirando seus detalhes simples e de bom gosto. Feito todo de material de demolição no pé de um morro, percebo alguns detalhes inacabados. Algo nele, desperta em mim tímidas expectativas futuras. Instiga desejos perdidos mas ainda não amadurecidos. Fico apenas namorando-o enfeitiçado por sua delicadeza.

Férias

As manhãs tem sido calmas por aqui e acordo antes que a claridade me fira os olhos. A brisa entra pela janela da sala, do quarto, na area de serviço. De noite, o ensaio de uma chuva que não acontece, somente ralos pingos que logo desaparecem mas deixam essa pequena brisa até o outro dia que nasce. Existe um silencio neste clima, que acalma e repõe as energias dos dias anteriores quentes e abafados. Tenho planos de viagem que ainda não sairam dos planos. Devo motivar a ação. Iniciou meus raros dias de férias e ainda não sei onde ir, o que fazer...

O maior sorvete do mundo.

Magnólia sente dor, frio, cansaço, sangue escorrendo pela vagina. Músculos que se contraem e as vezes rasgam-lhe o peito em pequenas punhaladas que ferem mas não matam. Olheiras cavadas de quem dorme pouco, mas sonha muito. Acordada tem os olhos fechados. Brinca de cabra-cega ou roleta russa? Tem presságios que geram-lhe preocupação. Largas gargalhadas e ás vezes escasso sorriso. Desventuras, planos feitos, refeitos, desfeitos.
É possível brincar de viver, pular em nuvens, alçar voo?
O que está errado? Mostre-me o caminho possível. Mostre a vida real, a que não inventastes em sonhos.
Flocos brancos e densos cruzam pela janela em direção sul, laçaria um pedaço para te presentear no Natal. Derramaria molho de chocolate transformando-o num grande sorvete, o maior do mundo que eu pudesse te dar.

Lua cheia

Ontem a lua estava magnificamente grande e presa entre dois postes de alta tensão sobre o morro. Tinha uma cor clara sobre o céu ainda dia, que aos poucos foi se modificando para um amarelo forte e alterando sua posição quando caiu a noite. Da janela, Alba e eu ficamos adimirando-a até ela sair completamente do nosso campo de visão.

O baile à fantasias

Quando abri meus olhos eu estava no meio do salão onde sabidamente se daria o baile. A medida em que seus participantes chegavam, com seus trajes exóticos e expressão de alegria, percebi que se tratava de um baile à fantasias. Todos sorriam e falavam em vários idiomas do qual eu conseguia entender com facilidade. Movimentavam-se pelo grande espaço como se deslizassem sobre patins escondidos sob os longos vestidos e capas que arrastavam pelo chão espelhado. Musica, brilho, mistura de aromas me causavam curiosidade e estranheza.
_Isto não é um baile como aparenta ser, mas um encontro de cunho politico!_Disse-me Frida sorrindo e abraçando-me. _Viemos aqui restituir o que nos é de direito. Restabelecer contatos e avaliar intenções!
Olhei-a com surpresa enquanto continuava a falar:
_Minha casa está quase pronta e seus móveis serão de papelão por que tudo deve ser reciclado, inclusive eu. Aos cinquenta, tudo pode se transformar em papelão.
Frida girou elegantemente diante de mim, ensaiando uns passos de dança e então se afastou em direcção da janela alçando voo para o infinito.
Em seguida acordei-me assustado, deitado sobre a cama.

Transito

Os carros corriam frenéticamente pelas ruas da cidade, às vezes davam-me a sensação de que quase voavam. Geringonsas coloridas e de variados tamanhos. 
Todos pareciam ter presa de chegar em algum lugar e resolverem suas urgências. Se apertavam, se cruzavam, se trancavam, quase se batiam. Os condutores tinham caras amarradas, olhares obstinados de personagens de revista em quadrinhos e expressão de "poucos amigos. Heróis da pressa, armados de seus volantes poderosos e com muita pressa de chegarem ao seu destino.

Na paralela da grande avenida.

Tem dias em que eu acordo mais calado, mais observador, mais silencioso que nos outros dias. Atravesso as horas, como se andasse na paralela de uma grande avenida em que tudo acontece e fico ali, observando todos os seus detalhes, numa velocidade menor que o fluxo normal da vida. Indo na direção do encontro, mas nunca chegando ao abraço. Nestes momentos, não sinto tristeza, e nem minha alma ficar vazia. É como se a dinâmica das coisas mudasse, se descompassasse de seu ritmo comum. É algo que ainda não descobri o que é e porque acontece!

Frida

Talvez você seja uma espécie de Frida Kahlo que pinta a própria vida com poesia e cores surpreendentes e eu um ser errante, de caminhos embolados e sem rumo certo. 
Algumas pessoas fazem arte de sua vida e outros apenas apreciam. As vezes penso que faço parte dos que somente apreciam.

A Lenda do Urutau


Gosto de pássaros, particularmente de corujas pelo seu olhar misterioso e sua fama de passaro agorento. Mas um dia andando de carro numa estrada que fazia divisa com uma fazenda, no interior, vi um estranho pássaro pousado num tronco de uma cerca e nunca mais esqueci da sua exótica aparência. Estava quase anoitecendo e só consegui distingui-lo por pura sorte. Era um Urutau, passaro solitario, de hábitos noturnos e que dificilmente se deixa ver. Estava estático naquele tronco, como se fizesse parte dele e mantinha o pescoço esticado para o alto e os olhos fechados. Sua cor mesclada em tons de marrom, preto e cinza, permitia-lhe ser confundido com um tronco velho de arvore e passando quase desapercebido.
Interessado por sua história, fui pesquisar sobre ele. Em algumas regiões ele é conhecido por outro nome- Jurutaui na Amazônia, Ibijouguaçu entre os Tupis e Mãe da Lua para os Mineiros. Não constrói ninhos no periodo após acasalamento, pois deposita seus ovos nos orificuios e cavidades naturais das arvores. Seu grito se faz ouvir após o anoitecer como uma espécie de lamento triste e assustador. Para alguns parece semelhante ao clamoroso lamento de uma mulher, que termina com amortecidos e dramáticos ais.
Entre tantas lendas e mitos sobre o Urutau, selecionei esta, que achei das mais belas para postar aqui no blog:
Conta a lenda que uma bela moça Nheambiú, filha do Tuxaua da nação Guarani, se apaixonou profundamente por um bravo guerreiro Tupi chamado Cuimbaé, que havia sido feito prisioneiro pelos Guaranis. Nheambiú pediu aos seus pais que consentissem no seu casamento com Cuimbaé. Porém, esse e os posteriores pedidos foram terminantemente negados, com a alegação de que Cuimbaé era um Tupi, ou seja, um inimigo mortal dos Guaranis. Não suportando mais o sofrimento, Nheambiú desapareceu da Taba, causando um enorme alvoroço. O velho cacique mobilizou então todos os seus guerreiros para que procurassem, por todo o lado, a sua preciosa filha. Após uma longa busca, a jovem foi encontrada no coração da floresta, paralisada e muda, como uma estátua de pedra. Ao vê-la, o pai sacudiu-a, mas ela não deu nenhum sinal de vida. Então, o seu pai mandou chamar o feiticeiro da tribo, que a examinou dizendo o seguinte ao cacique: - Nheambiú perdeu a fala para sempre; só uma grande dor poderá fazer Nheambiú voltar ao que era. Então começaram por informar a jovem índia de todas as notícias mais tristes possíveis: a morte do seu pai e a de todos os seus amigos. No entanto, nada surtiu efeito. A jovem continuou inabalável e intacta. Então o pajé da tribo aproximou-se e disse: - Cuimbaé acaba de ser morto. Nesse mesmo instante, o corpo da jovem moça estremeceu todo e ela, soltando repetidos lamentos acabando por desaparecer da mata. Todos os que ali se encontravam, cheios de dor, acabaram transformados em árvores secas, enquanto Nheambiú se transformou num Urutau ficando a voar, noite após noite, pelos galhos daquelas árvores amigas, chorando a perda do seu grande amor.

COSME E DAMIÃO

Encontrei Samuel ao acaso, cada um vindo de um extremo da calçada. Vinha em minha direção e olhava-me com os olhos curiosos de quem quer reconhecer, se lembrar talvez, do já quase esquecido. Não nos víamos há muito tempo e ao nos aproximarmos o sorriso foi largo e o abraço demorado dos que tem saudades, dos que compartilharam histórias que não foram esquecidas no porão da memória. Sorriso largo, que sempre teve e vi que não perdeu! Eu cinquenta e ele também, mas ainda mantem o aspecto jovem de garoto de vinte e poucos anos que eu ja perdi. Cabelos longos encachiados até o ombro. Olhar inquieto, audacioso. Sentamos no banco da praça da rua arborizada, rindo e cantando. Cosme e Damião lembrando de dias, em que nos sentíamos mais livres, mais contestadores, mais apaixonados. Pensei na sorte que tive de encontra-lo a o acaso e dividir o carinhoso momento. As vezes a vida não nos dá outra chance como esta.

Revoluções

Antes de partir, Inês voltou a me procurar parecendo mais magra porém menos angustiada. Vive num momento de silencio que acredito ser a recuperação de sua dor.
A dor talvez a torne um ser humano maior do que já é se souber conduzi-la como uma vivencia necessaria, uma provação para sua propria renovação. As vezes inconcientemente provocamos revoluções interiores, reviramos gavetas em busca de nossas respostas, de nossas escolhas. Precisamos revirar para que se possa reorganizar.

PRAZO DE VALIDADE.

Acordei com o clima agradável que a chuva de ontem a noite deixou. Depois destes dias de extremo calor, uma manhã de dezoito grau é raridade pra mim. Lembrei-me de Patrícia que ontem encontrei por acaso. Somos amigos de anos e sempre que a vida oportuniza de nos cruzarmos por ai, o papo rola solto como nos velhos tempos. Almoçamos juntos e tentamos ser breves para driblar o tempo de voltar ao trabalho que nos aguardava. Falou de seus amores, de seus dias vivendo na beira da praia, filhos e alguma de suas perspectivas para este ano. Em algum momento durante nossa conversa ela gargalhou com seu olhar de menina travessa e me disse:
_ Sabe que pensei que estava brocha? Verdade cara, entrei em desespero, quase fiz um colapso nervosos! De repente comecei a ficar desestimulada e não conseguia mais ter tesão, qualquer coisa que eu fizesse não me acendia. Já estava vivendo com a aquele cara há cinco anos e nossa vida sexual sempre foi excelente e de uma hora para outra, não sei oque aconteceu comigo. Tentamos ser criativos, inovar, sei lá, mas nada dava certo. Conversei com algumas amigas que me disseram que com elas também acontecera a mesma coisa. Uma delas inclusive me disse que nunca mais conseguiu retomar seu desejo sexual pelo marido. Pensei comigo que eu estava acabada, que não conseguiria segurar uma relação assim, fria e sem sexo. Um dia resolvi ter uma conversa com ele e após um período de resistência da parte dele, chegamos ao consenso de que deveríamos seguir nossos caminhos, nos liberar para outras oportunidades, procurar estabelecer novos sentimentos em nossas vidas com outras pessoas, pois minha falta de tesão já se estendia por mais de um ano e estava sendo difícil pra mim conviver com esta culpa de ter perdido meu referencial. Ele então concordou e dai foram mais alguns longos meses na minha vida, de solidão, inapetência sexual e dúvidas, muitas dúvidas. Eu decididamente estava acabada, pois nem mesmo sonhos eróticos conseguia ter! Resolvi então preencher minha vida, criar novas rotinas como caminhar pela beira da praia todos os dias e com isto consegui conhecer pessoas, me relacionar, fazer novos amigos. Em especial comecei a conversar com um homem que diariamente ficava na beira da praia pescando. Era viúvo e andava com uma bengala pois se restabelecia de um acidente que sofrera há algum tempo. Passávamos horas ali, conversando sobre a vida, filhos, relacionamentos, mar, sobre tudo. Nossa amizade antes constituída de curiosidades e novidades para passar o tempo, passou a reforçar-se por laços prazerosos de uma intimidade intelectual e até mesmo espiritual, como acontece com grandes amigos. Era como se a praia não fosse a mesma se eu não o encontrasse por ali, naquele cantinho que sempre ficava. Um dia resolvemos programar um jantar. Eu experimentaria uma receita nova de peixe, que me comprometera de fazer e ele providenciaria o vinho da sua escolha. Foi tudo perfeito, o vinho, o peixe e o beijo que rolou inexplicavelmente depois do jantar. O resto tu podes imaginar!.. Sabe, eu hoje fico pensando o quando era bom fazer sexo com o meu ex. Era tudo perfeito, enquanto podíamos fazer amor, mas com este cara existe algo inexplicavel como fazer amor com os olhos, com a expressão do rosto, sem malabarismos, tu consegues entender oque eu estou dizendo?
Bom meu amigo, não sei não, mas depois de tudo isto eu cheguei a conclusão de que sexo, relacionamentos e principalmente casamento, tem prazo de validade. O que tu me diz de tudo isto?

BANHO DE CHUVA

Da janela senti a mudança dos ventos e os primeiros pingos de chuva a me molhar o braço. Escuridão na rua, agitação das árvores, poças se formando nas calçadas. Terei coragem de me arriscar na escuridão da noite por um banho de chuva? - pensei excitado com a ideia.
Azar! Não perderia esta chuva nem por todos os assaltos e violências do mundo!..
Chinelos na mão, bermuda leve, banho gelado. Voltei pra casa cansado, molhado, realizado, renovado!

Oque está brotando?

Algo em mim quer descobrir a natureza dos ventos, as sombras das árvores nas ruelas estreitas e sem nome. O movimento das nuvens, seus traços e diferentes volumes.
Vejo-me namorar com pássaros, escutar com calma o ruído do trem nos trilhos de ferro na cidade distante. Algo em mim está brotando em silencio, chamando minha atenção para coisas que antes me eram menores, distinguindo cores, percebendo aromas.
Algo em mim está me empurrando à buscar não somente a lógica e a simplicidade do que parece ser tão comum em meus dias!

Atitudes animadoras

Disseram-me que o carro saiu de sua pista, ultrapassou a contra-mão, vindo colidir de frente com outro veiculo estacionado sobre a calçada. Informaram-me também que o motorista havia desmaiado enquanto dirigia. Quando cheguei até o local do acidente, encontrei-o na calçada, sentado em uma cadeira de praia com o rosto ensanguentado, lucido, consciente do que lhe acontecera e amparado por familiares preocupados. Antes, não se lembrava, pois só acordou no momento em que batera o rosto contra o parabrisa do carro. Dentro da ambulancia, enquanto examinava-o e pedia-lhe informações pessoais para o preenchimento do protocólo de atendimento, segurou minha mão e perguntou meu nome, sorria sereno enquanto agradecia pelo atendimento que considerou competente e humanizado. Disse-me que não esqueceria meu nome e a forma como foi tratado. No hospital onde o levei para o atendimento final, antes de ir-me embora, chamou-me pelo nome e apertou minha mão agradecendo-me novamente. Quando voltei para casa, fiquei pensando nas palavras daquele homem que em alguns momentos me pareciam de certa forma exageradas de afeto e reconhecimento. Afinal, tudo me parecia incomum, não havia feito nada além daquilo que faço com os outros pacientes que atendo vitimados em acidentes. Lembrei-me inclusive que muitos nem olhavam para mim e quanto mais agradeciam, talves envolvidos em sua dor. Por outro lado pensei tambem que algumas vezes ligamos nosso piloto automatico e funcionamos no escuro, guiados somente pela engrenagem de nossas responsabilidades e deveres, sem perceber e darmo-nos conta de nossos atos, atitudes e posturas que se situam com dedicação ao trabalho e respeito diante de seres humanos como este. Enfim, considerei animador o seu reconhecimento e sua humildade para expor seus sentimentos e sua sensibilidade num momento dificil de sua vida.

PETRÓPOLIS A CIDADE IMPERIAL.


Um dos lugares que mais  me causou prazer em conhecer em 2005 quando estive no Rio de Janeiro, foi Petrópolis, na Serra do Mar, também chamada de Serra Verde Imperial.
Petrópolis fica à 14 Km de Xerém, onde eu estava hospedado e a 65 km do Rio de Janeiro, mais ou menos um hora de viagem, vindo do Rio pela BR-040 contemplando em certa altura, a bela paisagem serrana. A estrada mesmo bem asfaltada é sinuosa  e possui alguns túneis construídos nos paredões de pedra.


O clima é ameno e o comercio turístico é tão atuante e movimentado quanto na nossa serra gaúcha, fazendo encher de atividades os  turistas que a visitam. Petrópolis não lembra Gramado ou Canela, pois as construções são mais suntuosas pelo seu passado imperial, mas desperta aquela mesmo sentimento de paz e aconchego que as regiões serranas produzem, comprar souvenires, saborear comidas típicas, descansar na sombras das árvores e admirar as antigas construções no centro histórico da cidade. Petrópolis possui um conjunto arquitetônico rico, do qual o símbolo mais conhecido é o Palácio Imperial, atualmente Museu Imperial- (antigo residência de verão de D.Pedro II),  construído numa avenida ladeada de casarões e palacetes do século passado. Em seu interior são expostos ao público, moveis e utensílios da época imperial.


Outras construções a serem admiradas são a Catedral de São Pedro de Alcântara e a fachada da Universidade Católica próximas a Praça Ruy Barbosa.  
Ainda no mesmo circuito histórico, pode-se visitar a charmosa casa de verão de Santos Dumont chamada de Encantada. 
Encantada, que faz jus a o nome dado, fica localizada numa rua ingrime de nome -  Rua do Encanto, 22 e que apresenta em seu interior algumas peculiaridades como; um chuveiro aquecido á álcool, a escada externa de acesso ao seu interior, onde  só se pode subir com a perna  direita e um observatório no terceiro pavimento. Na construção do chalé, de três andares, não foram utilizados divisórias entre os cômodos. 
Visitação: De terça a domingo de 9 h às 17 h 30 (bilheteria até as 17 h). Visita guiada.Ingresso: R$5,00 - Crianças de 7 anos, estudantes e maiores de 60 anos a 64 anos: R$2,50. Crianças até 6 anos e maiores de 65 anos: acesso livre.



O Palácio de Cristal:  Por iniciativa da Princesa Isabel e do Conde D’Eu, foi construído na França em estrutura pré-moldada de ferro fundido e inaugurado em 1884 para abrigar exposições de produtos agrícolas e hortícolas. Hoje é usado para exposições e apresentações musicais e teatrais, localizado na Rua Alfredo Pachá s/nº. Durante a noite com as luzes internas ligadas, chama a atenção de  qualquer pessoa que passa, atraídos por sua beleza.




O Palácio Amarelo; Foi residência do Conselheiro Carlos Mayrink e do Barão de Guaraciaba. Em 1894, foi adquirido pela municipalidade. Sede da Câmara Municipal de Petrópolis.
Localizado na Praça Visconde de Mauá, 89. Sua visitação é aceita apenas na parte externa.


A Catedral de São Pedro de Alcântara ou Catedral de Petropolis: foi construída em estilo neogótica em 1884 e  terminada em 1925. Em seu interior estão sepultados D.Pedro II e D. Tereza Cristina, alem da Princesa Isabel e o Conde D'Eu.

Passeio de Charrete: O mais charmoso city tour da serra fluminense começa em frente ao Museu Imperial. As charretes, réplicas de carruagens vitorianas do século 19, percorrem as alamedas centrais, cheias de construções históricas. Há passeios de 30 minutos sem paradas (R$ 40 para até 5 pessoas) e de 45 minutos com visita rápida às atrações (R$ 50). Horário: Das 8;00h às 17:00 h


Petrópolis nasceu do desejo de Dom Pedro I construir um palácio de verão não somente para se refrescar do calor tropical do Rio de Janeiro, mas também para receber visitantes europeus, pouco acostumados às altas temperaturas.
Com sua abdicação ao trono em 1831  não chegou a realizar seu sonho, que foi, entretanto, concretizado por seu filho, D. Pedro II, que ali construiu seu Palácio Imperial (hoje museu imperial de Petrópolis).
Se a beleza da cidade não for suficiente as exigências do turista, o que eu duvido, ainda poderá usufruir da magnifica flora e  fauna serrana como um presente raro.  Até o próximo passeio!


A Armadilha

Uma vez minha avó trouxe para eu ver, um camundongo preso a uma ratoeira. Seu corpo cinza estava esmagado, pois a aste de metal o atingira bem no meio de seu corpo, dando a impressão de estar dividido em dois. Enquanto estava preso pela armadilha, emitia um som fininho que parecia ser de desespero e dor. Lembro-me de estremecer, de ficar tentado a passar meu dedo sobre sua cabeça afim de lhe aliviar a dor e também minha angustia. Minha avó percebendo minha intenção, olhou-me com ar de aprovação e incentivo, então medrosamente passei meu dedo sobre a cabeça do rato que mordeu-me ferozmente. Não conseguia entender o por que tinha me mordido. Assustado e com dor corri para o banheiro com o choro preso na garganta e por lá fiquei até passar minha dor, minha angustia e meu pavor pela morte violenta do bicho. Eu devia ter uns nove anos de idade e nunca desapareceu a sensação de que eu e rato caímos numa armadilha.

PRÓXIMO DO CÉU E DO ABISMO.


Enquanto folhava uma revista de turismo, algumas fotografias me fizeram lembrar da visita que fiz, há algum tempo atrás, com uma amiga e sua namorada a o Aparados da Serra. Nos acomodamos em Cambará do Sul na casa de outra amiga e durante o dia fazíamos passeios pelas redondezas como Jaquirana, Passo da Ilha, Cachoeira dos Venâncio, o cânion Fortaleza e do Itaimbézinho, acompanhados por ela que hoje, trabalha como guia do local . O Cânion do Itaimbézinho é o mais famoso do parque e também um dos maiores do Brasil. Sua extensão chega a 5.800 metros e sua largura máxima alcança os 2000 metros. As paredes rochosas têm uma altura máxima de 720 metros e são cobertas por uma vegetação baixa e pinheiros nativos. Para quem nunca esteve à beira de um cânion, a sensação é realmente indescritível. Algo como se você estivesse perto de Deus. São formações rochosas de pelo menos 130 milhões de anos, que parecem ter sido "aparadas" de maneira minuciosa. O nome Itaimbézinho vem do Tupi Guarani, onde Ita significa pedra e Ai'be, afiada. Estando por lá, pode-se fazer algumas caminhadas por trilhas acompanhado por guias. Minha amiga contou que algumas vezes tropas de cavalos se perderam ou fugiram das fazendas e caíram dentro dos abismos. Ao contrario do que se pensa, os Aparados da Serra não é um lugar que se poderia classificar somente como belo e solitário, pois apresenta além de muita beleza diversas atividades a se fazer como:
Trilha do Vértice
A Cascata das Andorinhas, formada por um grande volume d’água que corre pelo Rio Perdiz cai de uma altura de 700 metros, em direção ao fundo do cânion, mas acaba transformando-se em névoa antes de atingi-lo. Da trilha pode se avistar a bela Cascata das Andorinhas e da Cascata Véu de Noiva formada pelo arroio Preá . Tão impressionante quanto as cascatas, é a sensação de caminhar na borda do cânion.
A trilha começa no Centro de Visitantes, leva em torno de 1 h, percorre-se 1,4 km pelas bordas do cânion.


A trilha do Cotovelo:
Mirante com vista imperdível dos paredões do Cânion Itaimbézinho. Caminhada fácil por estrada até um mirante natural com uma visão geral do Cânion, percurso de 6,3 quilômetros que leva em torno de 3 horas.

Trilha do Rio do Boi:
Para aqueles que gostam de atividades mais radicais e brincar de Rambo, esta trilha é a mais indicada. Caminha-se por dentro dos paredões de 700 metros formados pelo Cânion Itaimbézinho, (dentro do abismo), seguindo o leito do Rio do Boi. São 8 km de ida e volta) que são percorridos em 7 horas. Trilha longa e cansativa, com muitas pedras e diversas travessias do rio do Boi (dependendo do nível do rio a água pode estar acima do joelho), com ótimas piscinas para um banho gelado. Importante lembrar: Faça a trilha de manhã e leve somente o essencial (lanche, água, capa de chuva). Chega-se de carro até o inicio da trilha que fica junto à guarita do Rio do Boi/Ibama, (7 km de Praia Grande). É necessário o acompanhamento de guia que se contrata em Praia Grande.
Outras atrações próximas ao parque Nacional dos Aparados da Serra, são:

Passo da Ilha:
É um belo lajeado de 100 metros de largura formado pelo Rio Tainhas. As diversas corredeiras se dividem e formam uma pequena ilha. O local é procurado para Camping (possui cantina, banheiros, água e luz). É possível atravessar o lajeado de carro, quando o rio está em seu nível normal. Fica a 32 km de Cambará do Sul na divisa com o município de São Francisco de Paula. Oferece Camping R$ 5,00 com banheiros e churrasqueiras. Bastante movimentado no verão, Carnaval e feriados.

Cachoeira dos Venâncio:
Saindo de Cambará do Sul, percorre-se 8 km até a entrada para Jaquirana. Dali, são mais 13 km até a Fazenda Cachoeira, (no lado direito da estrada), onde fica a Cascata dos Venâncios, (antes de chegar a Fazenda Cachoeira tem uma placa mostrando a esquerda... mas é de uma Pousada).
O local ainda é pouco frequentado, o que o torna ainda mais atraente. São 4 km de caminhada fácil até o rio Camisas, uma ótima opção para banho.
Acesso de carro razoável. Ingresso: R$ 3,00 e Camping R$ 5,00 (não tem estrutura).

Garantias

Eu vivo dizendo para você e também para as outras pessoas a necessidade de se viver intensamente o (PRESENTE), mas você, em particular, não me ouve, não parece estar (PRESENTE). Tem preocupações exacerbadas sobre o (FUTURO). Tem pressa e medo da ampulheta do tempo, de não conquistar tudo aquilo que um dia sonhou no (PASSADO), que seus ideais de (FUTURO) lhe escapem das mãos. Então eu te pergunto: Que garantia temos, de que o futuro será conforme planejamos? E que garantias a vida nos dá, a não ser a certeza de que nascemos (PASSADO), vivemos (PRESENTE) e um dia, morreremos (FUTURO). Alem disto, não temos garantias de nada.

O bosque de eucalíptos


Então paramos o carro diante do bosque de eucalíptos perfumados e ficamos admirando aquela beleza toda. A grama parecia estar ainda molhada da noite que chovera, e os raios de sol eram pequenos fachos de luz que se esgueiravam entre as folhas, os galhos, os novos ramos de árvores. Pensei em ficar ali em busca de arco-íris, caminhar pelas estreitas estradas de terra, pular pedra sobre pedra com curiosidade de menino e me perder rumo a mim mesmo e a toda aquela beleza.

Domingo de alegria

Acordei cedo já com a maquina de fotografar pendurada no punho em direção á rua. Fotografei árvores, praças, balanços, gangorras, crianças correndo, jogos de futebol de fim de semana. Este domingo pareceu ser de alegria, de trégua para as tensões, de almoço com os sobrinhos, de bagunça na piscina e assim foi. Retornei para casa cansado, porém renovado!





La Barca

_Hã? _Meu nome é Maria Palma, Maria Palma! _Tenho setenta e dois anos! _Não, eu não sei falar de outro jeito, sempre falei gritado assim, desde de pequena! _Minha mãe ja dizia que eu era louca, por que falava assim gritado! _Mas eu não sei oque aconteceu comigo!..Acho que caí ali no mercadinho e eles chamaram voces. Eles ficam com medo de mim e então chamam voces! _Hã? _Tomei alguns remédios que o doutor receitou, mas parei, me fazia mal. Agora não lembro o nome dos remédios! _Eu tenho um filho, apenas um filho! _Tem vinte e três anos, mas ainda não se casou! _Sim trabalha num super mercado aqui perto! _Não, não tenho marido, ele morreu faz anos! _Ele era um carroceiro bebado. Morreu de tanto beber e fumar _Hã? _Eu vim de Uruguaiana para ca aos desesseis anos trabalhar em casa de familia. Familia rica! _Casei com ele ja velha, com vinte e oito anos! Tive só este filho! Filho amado! _Não eu não gosto de Natal, meu filho saí com os amigos e eu fico sózinha. Não gosto de ficar sózinha. Não gosto do Natal! _Não meus parentes não me procuram, por que falam que eu sou louca! Por que eu sou a mais pobre da familia, A mais louca! _Os vizinhos? Eles fogem de mim. Não me convidam porque falam que eu atrapalho as festas, choro e começo a gritar! Mas eu sempre grito assim! _Hã? _Não não gosto de musica, não sei cantar! _É, eu gostava de tango quando era mocinha. Sabia até dançar tango! _La Barca? _Sei, o senhor também sabe? _Hã? _Tá certo, não sei se me lembro! Então vamos cantar! _Dicen que la distancia es el olvido _Pero yo no concibo esta razón _Porque yo seguiré siendo el cautivo _De los caprichos de tu corazón!.. _Acertei? Tem agua ai? Tô com sede! _Eu gosto desta musica, meu namorado também gostava! _Já estamos chegando? _Já? Que bom que estamos chegando, quero ficar com os médicos até o Ano Novo!
*Entrevista com dona Maria Palma, paciente com distúrbio emocional, atendida dia 25 de dezembro por mim e conduzida para um serviço de emergência psiquiátriaca.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...