Dois loucos e uma missão

Meu colega vive exclamando: Gentileza gera gentileza, mas não sabe que quem a inventou ou  tornou-a tão popular em nosso meio. Idéias, pensamentos, frases, correm o mundo, o tempo, sem se apagarem!..


José Daltrino, mais conhecido como  José Agradecido ou Profeta Gentileza que peregrinava pelas ruas do Rio de Janeiro e Niterói levando palavras de paz, amor, sabedoria e gentileza entre as pessoas, possuía coisas em comum com Arthur Bispo do Rosário. As duas histórias me parecem um tanto lineares sob meu ponto de vista em alguns detalhes de suas historias. Os dois eram taxados de loucos e acreditavam possuir uma missão divina aqui na terra após terem ouvido vozes pela qual afirmavam terem sido os escolhidos para uma missão dada por Deus.


Os dois coincidentemente acordaram numa das noites que antecedia as comemorações de Natal alegando que essas vozes lhes dariam a missão de  mudar a trajetória do mundo e das pessoas. Bispo do Rosário as ouviu no dia 22 de Dezembro de 1938, enquanto que o Profeta Gentileza, no dia 23 de Dezembro de 1963.
Bispo foi condenado a viver trancafiado durante anos em sanatório de doentes mentais, enquanto produzia um acervo de objetos que ao meu ver, serviriam de registros quando chegasse o juízo final. Gentileza perambulava pelas ruas, aparentemente sem um rumo certo, mas alertando as pessoas para uma mudança de idéias e comportamento capaz de gerar amor e uma aproximação direta com Deus através de atos gentis.


Eu fico me perguntando, por que razão, os loucos, os gênios, os profetas, os artistas, só são descobertos, ouvidos e aclamados por suas idéias diferentes do convencional depois de mortos. A morte deve funcionar como uma especie de catalizador emocional nas pessoas. Os catalisadores agem provocando um novo caminho reacional, no qual tem uma menor ou maior energia de ativação promovendo um caminho diferente, uma opinião, uma ideia, uma visão modificada.

VISITA TÉCNICA DE HISTORIA DA ARTE- CURSO TÉC. GUIA DE TURISMO

Foto dos colegas de curso sobre
o viaduto Otávio Rocha-PoA

Aconteceu neste Sábado pela manhã, a segunda atividade técnica (V.T.) com os alunos do curso de Guia de Turismo do Colégio Rui Barbosa, do qual faço parte, para uma aula prática da cadeira de Historia da Arte, num reconhecimento visual e comentado da rica arquitetura que compõe os prédios da cidade de Porto Alegre.


Igreja N.Sra. da Conceição
em estilo Barroco-PoA

Desta vez a visita tinha como objetivo principal, além da identificação dos prédios históricos, fazer comparativos entre os vários estilos arquitetônicos e suas influencias marcadas por detalhes em estilos gregos, romanos, góticos, renascentistas, barrocos e neoclássicos discutidos em aula. Foram vários traços utilizados nas faxadas e reconhecidos por nós alunos, como modelos de portas e janelas, frontões, pilares e outros detalhes que serviram de analise na identificação dos estilos arquitetônicos e outras influencias.

Altar da igreja visto sobre
as galerias superiores

Resolvi fazer um breve comentário dos lugares que conhecemos e que eu particularmente achei mais interessante, aproveitando também para registrar este momento de aprendizado dos diferentes modelos arquitetônicos que emolduram os padrões culturais da nossa cidade.
O ponto de encontro foi às 09:00 horas, na Igreja Nossa Senhora da Conceição, localizada na Avenida Independência ao lado do Museu de Historia da Medicina do RGS e do Hospital Beneficência Portuguesa.
Igreja Nossa Senhora da Conceição:
A igreja em estilo Barroco, foi restaurada e tombada como Patrimônio Histórico em 2007 e considerada uma das igrejas mais antigas da cidade é datada de 1880 quando as obras foram finalmente concluídas.


No subsolo onde atualmente localiza-se seu salão de festas, as paredes rusticas de pedra ainda preservadas, mostram o tipo de construção e os componentes utilizados neste período, dando a sensação de um retorno prazeroso ao século passado.

Subsolo do Igreja N.Sra da Conceição em PoA.

Complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia:
Seguindo pela Avenida Independência na direção do centro da cidade, nossa próxima parada foi na frente do Complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia, onde sua arquitetura neoclássica apresenta variados detalhes de influencia barroca e gótica na sua composição eclética. Isto ocorreu por causa das inúmeras restaurações que passou a Santa Casa, em diversos períodos de tempo, influenciada por alguns padrões culturais que oscilavam.

Faxada de um dos prédios do
complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia em PoA.

Confeitaria Rocco:
Não poderia faltar nesta empreitada de descobertas da famosa Confeitaria Rocco, localizado na esquina das ruas Riachuelo e Dr. Flores, junto à praça Conde de Porto Alegre, antiga Praça do Portão. Este esplendido prédio que além de confeitaria, fabrica de doces e salão de festas,  serviu para abrigar grandes eventos da alta sociedade Porto-alegrense.

Confeitaria Rocco- PoA

O prédio com construção datada de  1912 com faxada de porte imponente, salientam-se enormes atlantes, com duas feições: três deles são jovens, representando a América e a Fartura, e três outros são velhos, simbolizando a Europa e a Abundância. Todos com uma das mãos segurando uma sacada acima, e com a outra, um cesto com frutos da terra.


Faxada da Confeitaria Rocco em PoA


Chama também a atenção de quem passa, o requintado trabalho em ferro das sacadas, as belas e diferentes colunas estruturais, pilastras e capitéis conferindo grande suntuosidade ao prédio.
Catedral Metropolitana:
Em seguida nos dirigimos para a Catedral Metropolitana com seu estilo Renascentista, caracterizado por um interior menos rebuscado que a maioria das igrejas, mais com grande elegância e destacando-se  principalmente pela utilização materiais nobres em sua concepção, como pilares internos de mármore rosa polidos, granito e mosaicos de cristais de murano na fachada externa, trazidos do Vaticano.

Mosaico de Murano na faxada da
Catedral Metropolitana de PoA

O que mais me impressionou foi a cúpula simetricamente destacada sobre a nave principal da igreja dando a impressão de se tratar de algo futurístico como uma nave espacial. Tudo é detalhadamente muito elegante e com a simetria de uma obra de arte favorecendo o equilíbrio de tons, luzes e sombra.

Cupula  central no interior
da Catedral Metropolitana de PoA.

Destaco também O altar-mor com uma bela estátua barroca da Virgem com o Menino Jesus aos braços e uma pintura mural de Aldo Locatelli.


Palácio Piratini e Teatro São Pedro: 
Depois uma breve descrição do Palácio Piratini em estilo neoclássico francês e do Teatro São Pedro, finalizamos nossa atividade técnica com uma visita ao Santander Cultural, uma das obras primas da arquitetura neoclássica francesa em Porto Alegre.

Santander Cultural

Santander Cultural:
O ganho desta vez, foi visitar o átrio do Santander cultural, localizado no ultimo andar do prédio que é todo construido com um tipo de lajota de vidro cuja a resistência é capaz de suportar até 400 quilos e a mesmo tempo, completamente transparente de baixo dos pés. Sobre este piso de vidro encontra-se os vitros franceses coloridos que enfeitam a ala principal.

Átrio do Santander Cultural

O átrio ainda conta com uma longa claraboia transparente no teto, que permite a entrada de luz natural tanto para o próprio espaço que serve de palco para eventos culturais, como para iluminar os vitros exibidos no teto do salão principal do Santander.


Ainda cruzamos por outros prédios antigos no centro histórico da cidade, não tão ilustres, mas que por sua beleza e antiguidade mereceram a nossa atenção.



A cidade de Porto Alegre é um sitio de riquezas históricas demonstrados na arquitetura de seus antigos prédios espalhados pelo centro da cidade e atual centro histórico, ainda pouco reconhecido e divulgado pelas autoridades competentes.


Muitos destes prédios estão abandonados e em péssima condições estruturais e com risco de desabarem, sem que se tenha a minima informação do que foram e sua importância no passado da cidade. 



Grandes descobertas podem ser feitas, numa atividade como a que fizemos neste final de semana à pé, onde fomos surpreendidos com tamanha riqueza para ser visualizada e histórias para ser contada de um passado que faz parte da  nosso história.


Andando a esmo.

Eu pensei.., não agora tenho certeza.., eu lembrei  de estar caminhando numa rua da cidade ao final da tarde, quase noite. Não lembro do dia, nem do ano em que isto aconteceu e por que me lembro tão insistentemente disto a todo o momento, nesta ultima semana. Eu lembro insistentemente de coisas que não entendo e fazem pouco sentido. Neste momento tudo me parece com pouco sentido de tudo!

Poesia do fio no Santander Cultural.


Disponibilizei a tarde deste Domingo ensolarado, para visitar a exposição das obras de Arthur Bispo do Rosário, na galeria superior leste do Santander Cultural e devo confessar que foi surpreendentemente uma emoção ver todos aqueles objetos construídos de uma forma tão peculiar e criativo.


Talvez tenha sido das exposições que visitei, a que mais me tenha passado verdade de sentimentos, pureza e simplicidade imprimida num trabalho cuja veracidade baseava-se na crença da construção de um registro para a humanidade do qual ele acreditava que um dia iria ter seu fim.
Bispo acreditava ser um enviado de Deus e como tal, por que não resguardar, proteger, deixar de alguma forma esses registros para a posteridade?


São 239 obras que mostram o universo deste artista singular que, na complexidade de seu delírio, foi capaz de romper paradigmas e transgredir conceitos para elaborar uma grande obra que ora nos causa singeleza, noutro momento algum tipo de provocação.


Em seu trabalho de bordar, costurar, sobrepor, desenhar, encapsular, Bispo construiu um universo único capaz de questionar os limites da sanidade humana, numa linguagem própria e de vanguarda para o mundo.


Apreciar um trabalho desta natureza, significa muito mais do que acrescentar um sabor diferente ao nosso conceito de arte, mas constatar e acreditar na sua profundidade, inspiração e forma de linguagem que fala muito mais a alma do que aos conceitos insólitos, lineares e estéticos.


Historia da Arte na linha do tempo

Entre o que há de pior em se aprender historia e ai incluo também historia da arte é conseguir estabelecer os fatos ocorridos numa linha de tempo sem se perder com a infinidade de detalhes. Encontrei na Internet o Blog do professor Douglas que de uma forma bem sucinta nos permite uma melhor compreensão deste fato.

ABOBADO DA ENCHENTE


Minha curiosidade, que não é de hoje, sempre me fez embrenhar por historias e fatos, nem sempre disponíveis nos veículos mais formais de informação que temos acesso e quando a encontrava  por vezes me punha desconfiado não só pela subjetividade dos textos como também pelo possível risco da inverdade da historia. O fato é que na semana passada quando em visita ao Centro Histórico da cidade, em particular ao Mercado Publico, onde explanei sua historia para meus colegas de curso em turismo, lembrei que minha mãe me contava que durante a enchente de 1941 que abalou a cidade, deixando cerca de 70.000 flagelados, sem energia elétrica e lugar para se abrigarem, transformou a cidade de Porto Alegre num verdadeiro caos urbano.


As pessoas transtornadas com a inundação causada pelas águas do Lago Guaíba, que subiu a um volume de 4,78 metros, olhavam para o horizonte impotentes, desesperançosas e estupefatas com tudo o que haviam perdido de seus pertences. Esta expressão de ausência, olhar distante e de desequilíbrio emocional que tomou conta das pessoas, fez surgir uma expressão popular utilizada somente aqui em Porto Alegre, chamada de ABOBADO DA ENCHENTE, que implicava em estar perdido, sem raciocínio, sem rumo, fora de suas faculdades mentais. Numa das portas do Mercado Publico, existe uma placa com a marca onde chegou as águas do lago, durante a enchente.

A POESIA DO FIO E OUTROS CACARECOS


Dei de cara neste Sábado, durante o City Tour no Centro Histórico de Porto Alegre, com um enorme cartaz na entrada do Santander Cultural, anunciando a exposição de Arthur Bispo do Rosário que acontecerá do dia 21 à 29 de Abril aqui em Porto Alegre. Imperdível!!! 
Bispo teve uma trajetória de vida bastante peculiar, nascido em Japaratuba no Sergipe, descendente de escravos africanos, foi marinheiro na juventude, vindo a tornar-se empregado de uma tradicional família carioca. Numa noite, acordou com alucinações, passando a peregrinar por ruas e igrejas anunciando ser um enviado de Deus e encarregado de julgar os vivos e os mortos. Taxado como louco e esquizofrênico, passou cinquenta anos de seus oitenta de vida, trancafiado em hospitais e abrigos psiquiátricos, onde começou a criar um universo lúdico de bordados, estampas, estandartes e outros trabalhos em miniatura deixando admiradores e especialistas em arte contemporânea e de vanguarda absolutamente surpresos com a sua habilidade e plasticidade, sem nunca ter tido qualquer tipo de formação artística. Bispo retirava da própria roupa e outros objetos pessoais, filetes de linha e de tecidos com o qual construía manualmente seus bordados. Curiosamente, em vida, Bispo recusava o rótulo de “artista”, dado o caráter divino que acreditava ser a sua tarefa aqui na terra.

Primeira Atividade tecnica

Neste Sábado às 8h. 30min., mesmo de baixo de chuva, aconteceu a primeira V.T (visita técnica) do Curso de Guias de Turismo do Colégio Rui Barbosa que estou cursando desde o inicio de Março, com a presença de todos os alunos. A visita técnica se tratava de um City Tour no Centro Histórico de Porto Alegre, onde cada aluno tinha como objetivo, apresentar e descrever sobre cada local que foi visitado e previamente sorteado em aula, desenvolvendo conhecimento sobre o assunto a que foi destinado, além de espontaneidade, desinibição e postura profissional. 
O grupo se reuniu em frente ao Palácio da Justiça, onde a professora Regina deu inicio ao programa curricular desenvolvido por todos os alunos. O roteiro foi realizado à pé e do lado de fora dos prédios tendo seu inicio na Catedral Metropolitana, seguindo pelo Museu Júlio de Castilhos, Praça da Matriz, Monumento Julio de Castilhos, Teatro São Pedro e Multi-palco,Solar dos Câmaras, Assembleia Legislativa, Palácio da Justiça, Memorial da Justiça, Biblioteca Publica, Avenida Borges de Medeiros, Rua Dos Andradas, Praça da Alfandega, Museu de Arte Moderna, Santander Cultural onde fizemos uma breve parada técnica; Lago Guaíba, Prefeitura Municipal, Fonte Talavera de La Reina, Chalé da Praça XV, Largo Glênio Peres, parada para almoço no Restaurante Marco Zero e Mercado Publico apresentado por mim. O Mercado Publico foi o único Centro Histórico em que a apresentação ocorreu no interior do prédio, dado a sua extensão e por já estarmos em suas depencias, por ocasião do intervalo de 1h 30min. almoço.
Depois tomamos o Trensurb, onde foi-nos apresentado a importância da BR-116 como uma das artérias de ligação à capital e seguimos em direção a o Aeroporto Internacional Salgado Filho. Na ocasião fomos também recebidos por funcionários da Receita Federal e do Serviço de Vigilância Agropecuária Internacional, nas dependências do aeroporto, que gentilmente nos repassaram informações sobre exigências legais de grande valia.
A chuva e o cansaço não serviram de percalços contra a determinação a que nos propúnhamos neste dia. Mais do que o conhecimento individual adquirido por cada um nestes momentos, ficaram as experiências compartilhadas no grupo como um todo e que tem como objetivo pessoal a busca por abrir perspectivas a o conhecimento e caminhos novos. Que venha Curitiba e Montevidéu!..

Se-fragol.

Não sei o que me irrita mais, se um adulto mascando barulhentamente chiclete e fazendo estourinhos do meu lado como se fosse um adolescente, ou uma mulher de cabelos molhados, jogando-os de um lado para o outro me respingando na cara. Eu digo mulher por que isto me parece uma atitude de falta de atenção delas. Não lembro de ter visto um homem ficar espanando os cabelos molhados dentro de um coletivo. Hoje quando eu estava retornando da aula para casa, uma unica mulher com aproximadamente quarenta anos, fazia as duas coisas ao mesmo tempo. Será que é possível tanta falta de noção, de Se-fragol? Tem pessoas que parecem esquecerem que estão dividindo espaço com outras pessoas e agem como se estivessem no banheiro de suas casas sem ninguém a sua volta.

Puerta de Lã Ciudadela.


Cada vez que eu passava pela Puerta de Lã Ciudadela, antiga porta da época colonial em Montevidéu, me perguntava como ela deveria ser originalmente, antes de ser reconstruída com aqueles tijolos de concreto cinza tão pouco atraentes, mas talvez necessários para fortifica-la e mante-la de pé com o passar do tempo. O baluarte e passagem de entrada para o centro histórico, esse grande portão começou a ser construído em 1742 como fortificação para proteger a então colônia espanhola de ataques que os portugueses pudessem efetuar a partir do Rio da Prata. 


Atualmente o que se pode ver da edificação original, são as pedras da base, das laterais e do centro da porta de quem vem da parte histórica da cidade velha para a nova. Do outro lado, apenas um paredão cinza que sustenta o antigo monumento. 
Andando pelas ruas que circunvizinham o Mercado do Porto, encontrei uma exposição de fotografias muito antigas que me deixou fascinado e ao mesmo tempo matou minha curiosidade de como originalmente era a Puerta deLã Ciudadela.

Na hora de pagar a conta.


Montevidéu continua uma capital cara aos seus visitantes, se compararmos com outras capitais, a exemplo de Buenos Aires, muita mais cheia de atrativos e opções gastronômicas mais diversificadas. Um almoço simples custa em média 200.000 à 300.000 pesos na capital uruguaia, uma cerveja litro 80.000 pesos, uma carteira de cigarros, 75.000 pesos. Se convertermos estes valores para a nossa moeda, cortando os dois primeiros zeros, o valor pago a uma refeição simples e digo simples, por que não vai além de um simples bife de gado ou frango grelhado com arroz branco ou batatas fritas ou purê de batatas é de R$ 20,00 à R$ 30,00. Em contra partida, pagamos por um almoço no nosso pais entre R$ 15,00 à R$ 20,00 acompanhado de arroz, feijão e variadas opções de saladas e outros acompanhamentos. No Uruguay o que acompanha a carne é o arroz branco, ou batatas fritas ou purê de batatas e quando digo "ou" quero dizer: "ou um ou outro". 
O Mercado do Porto, cuja a grande especialidade, são carnes, custa em média $ 450,000 pesos (R$ 45,00) com precário acompanhamento e evidentemente sem bebidas. Churrascarias aqui no Rio Grande do sul costumam cobrar um espeto corrido com bife livre variadíssimo à R$ 30,00. Dá para se perceber a diferença? Apesar da carne uruguaia ser notoriamente mais macia do que a nossa, fica mais duro na hora de pagar a conta.

Na batucada da vida

Dorian Gray existe e fez estragos no fim de semana passada, quando estive em Montevidéu. Suas vitimas foram duas mulheres e só se tornaram potencialmente vitimas, porque não conheciam o romance  de Oscar Wild, (talvez muito antigo para elas), ou suas experiencias de vida eram escassas, desta forma não perceberam que tudo era uma isca, um jogo criado por uma pessoa que tinha conhecimento de sua própria beleza e queria apenas prazer carnal sem se importar com os sentimentos alheios, igualzinho a astucia de Dorian. De cara percebi seus jogos de interesses, seu envaidecimento, sua paixão por si mesmo, sua sedução ainda com técnicas primarias e reticentes sem esconder seu verdadeiro intuito.
Muitas mulheres ainda discursam palavras profundas sobre a importância do conteúdo interior masculino, mas ainda ficam de quatro pela estética, deixando-se arrebatar pelo simples visual de beleza e palavras doces na batucada da vida.


Em Mi Pele.

Mi Niña Lola, Nostalgias, No Habrá Nadie En El Mundo, Jodida Peru Contenta, La  Falsa Moneda, Arboles De Agua, Volver, El Ultimo Trago e Somos, são as faixas do CD de Concha Buika chamado Em Mi Pele, que adquiri em Montevidéu e que selecionei pessoalmente como as melhores. Eu caminhava pelas ruas da Cidadela quando encontrei o CD numa prateleira de uma loja.
Buika é dessas cantoras raras que possui o poder de fundir em sua voz vários estilos musicais como Jazz, rumba, copla Andaluza, flamenco. A musica Por Eu Amor De Amar entrou no filme de Almodovar, A Pele Que habito.

A PIOR COMIDA DE PIRIÁPOLIS


Algum dia você já se sentou num restaurante e se deparou com a pior comida já oferecida diante de si?...Não? Pois saibam, este lugar existe, fica no Uruguay e surpreendeu à todos por simplesmente não apresentar qualquer tipo de tempero que se conhece na face da terra. A impressão que dava é que neste restaurante, eles não conheciam qualquer tipo de tempero ou até mesmo o sal que normalmente as pessoas que habitam este planeta usam para temperar os alimentos. Comer um file de peixe ou um frango grelhado na chapa, era como se estivéssemos comendo um pedaço de isopor, acompanhado de um arroz hiper cozido e também sem nenhum sabor. 
Pois bem, em primeiro lugar o paladar é algo muito particular e cada pessoa forma uma opinião diferente da pessoa que está sentada do lado apreciando do mesmo cardápio. Uns podem achar o tempero mais ou menos salgado, talvez picante ou adocicado, etc. e dai pode surgir varias opiniões diferentes à respeito, baseado na preferencia pessoal de cada um. Mas quando a opinião é unânime, absolutamente reprovável por todos num grupo de pessoas, há de se pensar que algo está errado. Estávamos entre quatro pessoas e mais um que optou pelo bufê, aparentemente diferente e sortido e ainda assim não muito diferente da nossa infeliz escolha.
Eu tomei a iniciativa de chamar a garçonete, que nos atendia e era brasileira de Salvador, e perguntar-lhe a razão para a comida estar absolutamente sem tempero, inclusive sem sal e ela meio sem graça respondeu-me que era um habito local, uma questão cultural, o que não nos convenceu. Nos trouxe de agrado um molho de cebola, alho, pimentão cru e Chumichurri, que pouco adiantou. Eu fiquei tão chocado com a total ausência de bom gosto do cozinheiro, que também fiquei tentado a levantar-me da mesa e ir até a cozinha para conhece-lo pessoalmente e dizer-lhe que fosse cozinhar daquele jeito, no raio que o parta. O Restaurante chama-se Parmenia e fica localizado na Rambla De Los Argentinos, de frente pro mar de Piriapolis. Eu não sei como o estabelecimento ainda sobrevive.

Passionalidade.

De tarde, durante o plantão de ontem, fui solicitado para atender uma mulher baleada na frente de uma lavanderia, onde trabalhava, num bairro nobre aqui da capital. Foi alvejada por um ou mais tiros no pescoço que transfixou seu cranio e já se encontrava morta no cruzamento das ruas Marques do Herval com Félix da Cunha, em frente ao Clube Leopoldina Juvenil, quando cheguei. O responsável pelos disparos, segundo os policiais que ali se encontravam isolando o local, tinha sido o seu ex marido, que estava caído, nas dependências da lavanderia. Disparou contra a própria boca depois que percebeu ter matado a ex companheira. Apesar de ainda estar vivo, possuía poucas chances de sobreviver pela  gravidade do ferimento, vindo a falecer no Pronto Socorro poucas horas depois. Fatos como este são chocantes e nos faz refletir sobre a construção das relações e seus descontroles . Infelizmente isto ainda acontece por sentimentos humanos inaceitáveis como posse, magoa, rancor, vingança e tantas outras coisas que são de difícil entendimento e que os especialistas chamam de passionalidade.

Convite público.

Foi a convite do próprio Caio Martinez, na noite do "Baile da Cidade", ocorrido na ultimo Sábado no Parque da Redenção, aqui em Porto Alegre, que resolvi abrir seu site e descobrir ainda mais seu talento. Dono de uma voz equilibrada, suave o cantor gaúcho chamou a atenção dos espectadores presentes, com musicas conhecidas e de autores feras como os imortais Lupicínio Rodrigues,  Adoniram Barbosa, Ary Barroso, entre outros. Gostei muito desse baião chamado "Fio da Meada" que encontrei em seu site, de composição dele e seu parceiro João Vicente Macedo. A musica me fez lembrar as composições de Guinga e ganhou o terceiro lugar no Musicanto em 2011.

Subjetivo e indireto

A gente vive sob pressão de idéias nestas relações diárias de convivências entre família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e até mesmo o vendedor de pipocas da esquina e quando falo de convivências, não me refiro somente as relações pessoaias que se criam por laços diversos entre os indivíduos, mas todas as outras mazelas que acompanham o pacote nestas relações geradas por expectativas do qual achamos sermos merecedores incondicionais, de amor, carinho, atenção e outros prêmios pessoalmente idealizados que nem sempre vem conforme o esperado. Em contra partida e agora me posicionando do outro lado, pensamos às vezes termos tomado a melhor atitude, dado o de melhor que temos e quando menos se espera o que se achou que seria o melhor, acaba se transformando no pior. Sei que estou sendo subjetivo, mas é assim que quero perecer neste momento: Subjetivo e indireto.

240 anos de Porto Alegre.


Ontem à noite fui convidado para o baile da cidade que fechou as atividades de comemorações dos 240 anos de aniversario de Porto Alegre e que eu nunca tinha ido antes. A minha intenção não era participar do baile, mas assistir ao show de músicos locais que se apresentaram fazendo os gaúchos reviverem  emoções passadas através de musicas que contavam a historia da cidade e com certeza a  historia de cada um ali presente.


Participaram do evento o sambista Caio Martinez e o grupo Gafieira Elétrica com clássicos da MPB, depois, a Banda Municipal de Porto Alegre que acompanhou os músicos Nei Lisboa, Gelson de Oliveira, Gisele de Santi, Vitor Hugo, Raul Ellwanger, Cigano, Lourdes Rodrigues, Ângela Jobim, Luciah Helena, Isabella Fogaça e Kleiton e Kledir. 


Os ponto altos do espetáculo foram as musica Berlim-Bom Fim (Nei Liboa), Pealo de Sangue (Raul Ellwanger), Porto Alegre é Demais (Isabella Fogaça) e Deu Pra ti (Kleiton e Kledir), momentos em que a plateia participou, cantando com bastante empolgação. Outra interpretação musical que na minha opinião marcou a noite, foi Alto da Bronze interpretada por Lourdes Rodrigues, que se desculpou por cantar sentada, em função de uma recuperação cirúrgica recente. Lourdes com sua voz potente e afinada, provou mais uma vez que é a nossa grande dama da musica. 


Trensurb


Faz quase trinta anos que inaugurou o Trensurb aqui na cidade e somente agora, que vim conhece-lo como um usuário diário, em função de um curso que estou fazendo em Niterói durante os cinco dias úteis da semana. Ao contrario de alguns metrôs que conheço como o do Rio de Janeiro, Buenos Aires e Santiago, o de Porto Alegre não possui acesso de trens pelo subterrâneo e percorre a menor distancia das três capitais que mencionei. São 34 quilômetros de trilhos, intercalados por 17 estações com distancias de 2 quilômetros uma das outras, ligando a parte sul à parte norte da região metropolitana da cidade numa velocidade média de 46 à 90km/h., desafogando o trafego e reduzindo principalmente o tempo de locomoção de carro ou ônibus pela BR- 116. 


Não sei se foi por sorte minha, mas nunca peguei o trem com superlotação como acontece em outras metrópoles brasileiras, mas também percebi algumas deficiências no serviço, que julgo necessárias e importantes para o bom funcionamento e satisfação de seus usuários e que resolvi observar aqui.
Por exemplo: os condutores inúmeras vezes não informam a próxima estação em que o trem irá fazer sua parada, isto significa que tenho de contar as estações para saber onde descer. São raros os que informam pelo sistema de comunicação e o painel eletrônico fixado na parede do transporte que serve como identificador do itinerário com suas respectivas estações nunca esta ligado dificultando a o usuário a sua localização, com visão por vezes limitada dentro do trem. 
Não são dadas informações uteis e de segurança dentro do transporte e os passageiros terminam se aglomerando e apoiando-se nas portas que deveriam estar livres ao acesso de quem entra ou sai. Duas ou mais vezes retornando da aula, percebi usuários entrando com bicicletas dentro do trem como se fosse uma atitude normal, será que no trem é permitido? por que em outros coletivos é proibido. 
No metrô do Rio de Janeiro, as informações são claras e dadas em português e inglês, aqui mal se entende o que o condutor está falando. Por que aqui não acontece como nas grandes capitais, por acaso não circulam por aqui estrangeiros? Por que as coisas em Porto Alegre tem este ar provinciano, de quem nem está ai para o que acontece no resto do mundo e tudo vai se acomodando num total desinteresse?

Vida de gado.Povo marcado, povo feliz.

Eu preciso aprender a me ouvir mais, é isto; ficar mais atento a pequenas coisas que não me atenho na hora, por acha-las pouco importante, mas que depois caio em arrependimento por não ter me dado a devida atenção e respeitado uma regra que eu já deveria ter assimilado e pelo menos posto em pratica que é: Respeitar-me. 
Eu já tinha percebido que não gosto de pizza, mas mesmo assim insisto em come-la por simples desatenção ou embaraço diante de pessoas que gostam e ficam me olhando como se eu fosse um ser de outro planeta quando digo com cara de enjoo, que não a aprecio. Na verdade para os comedores  compulsivos de pizzas, assim como para os bebedores de cerveja, é inadmissível alguém lhes dizer que não curte cerveja ou pizza e eu como sabedor disto, me ponho sob a  relevância de querer ser normal e insistir ansiosamente até passar mal. Esta cultura de massa que faz a gente ir em busca de atitudes e gostos tão iguais aos dos outros, dentro dos valores da normalidade social, nos transforma  em seres medrosos e incapazes de assumir a nossa própria vontade e limitações, numa especie de vida de gado, povo marcado, povo feliz e estufado de pizza para não ser excluído...

Os Maias.

Vi uma vez e esta semana voltei a ver uma das miniséries que foi uma das obras primas da dramaturgia brasileira exibida em 2001 pela TV Globo e agora reprisada no Canal Viva. Os Maias. Tudo me parece perfeito: Atores, figurinos, cenografia, trilha sonora, reproduzindo com máxima fidelidade a estética e o comportamento da época. Eu já havia até esquecido que a excelente atriz Ariclê Perez que interpretou Maria da Gama já é morta, num acidente pouco explicado, que a fez despencar do 10 andar do edifício onde morava em 2006. Simone Spoladore, está perfeita no papel de Maria Monforte com sua voz grave e elegante. Maria Adelaide Amaral, parece ter a maestria perfeita na direção desses espetáculos de afinada inspiração.

Pequenos jogos de dispersão.

Esses dias eu estava pensando sobre as minhas dispersões mentais para coisas que tenho contra gosto e que me fazem navegar por outras estações mentais, me deixando meio que fora da casinha ou intertido com outras coisas menos importantes, como forma de me manter menos embaraçado ao que eu não tenho domínio ou dificuldades de assimilação. Volto a falar das aulas de geografia, que pra mim sempre foi uma via crucies, desde o período em que fui estudante dos cursos de primeiro e de segundo grau e que percebo agora que esta minha falta de interesse, que resulta em desatenção e desconforto, não e culpa do professor, mas da própria matéria que fico negando em aceita-la até o fim da minha vida. Fiquei aliviado ao perceber durante as aulas anteriores que outro colega, estava anotando num cantinho do poligrafo, quantas vezes o professor repetia a frase: "E então pessoal!.." Não sei se a atitude dele tem por objetivo desperçar-se da matéria que não gosta, como é no meu caso, já que me parece bem participativo durante as aulas.  Mas uma coisa é não gostar de massa e outra é aceitar o molho. 

Momentos inesquecíveis.

Minha colega de curso me disse num dia desses, que um dos momentos mais emocionantes e que marcou muito sua trajetória de viagens pelo mundo, foi um passeio que fez de balão sobre a Capadócia. Nossa, e eu fiquei imaginando em como seria.., não o voo em si, mas os sentimentos que tomou conta dela naquele momento mágico, independente da beleza que se incide particularmente a cada lugar, mas que também faz parte e completa  o sonho, a sensação de inesquecível. Acho que esses sentimentos são tão particulares que por mais esforço que façamos, não conseguimos atingi-los, pois ficam garantidos na impressão e sensibilidade pessoal de cada um. De qualquer maneira um voo de balão deve ser algo que deslumbra em qualquer parte do mundo, seja na Capadócia, Petra, Rio de Janeiro ou Pindamonhangaba.
Se esse é um dos seus sonhos, veja o preço aqui!, perfeitamente pagável.

Memorial Livraria do Globo


Em meio às comemorações do aniversário de 240 anos de Porto Alegre, com espetáculos espalhados entre pontos culturais conhecidos da cidade, como os shows de Maria Rita, Armandinho entre outros artistas, o centro da cidade mudou de cara com uma iluminação especial sobre o prédio da Prefeitura à noite, que o tornou muito apreciado e que eu acho que deveria ser mantido. Alias eu acho que todos os principais predios do centro histórico, deveriam receber o mesmo tratamento, com esta iluminação especial. Mas a cidade alem dessas mudanças por estar em festa, foi presenteada com a inauguração das lojas Renner, no prédio que por anos abrigou a Livraria do Globo, conhecidíssima por ter influenciado na educação e cultura dos porto alegrenses. Com um investimento de R$ 10 milhões, a nova Loja Renner na Rua dos Andradas, respira história e beleza nas paredes de tijolos antigos e propositalmente descascados nesta nova tendencia arquitetônica e decorativa. Em meio aos lançamentos da nova estação que já mostra sua cara, o Café-Memorial, instalado no terceiro andar do prédio numa especie de mezanino, apresenta além de fotos que documentam a época da livraria e grafica, um breve histórico deste periodo que marcou a vida dos gaúchos e do centro de Porto Alegre, além de painéis que lembram de Erico Verissimo e as lendárias capas da Revista do Globo. A unica coisa que senti falta, foi de um elevador para facilitar o acesso aos cinco ou seis andares, que segundo um dos vendedores, ainda não ficou pronto e em breve será instalado. Vale a pena uma visita e conferir!

Os meninos dançam.

Dizer um "Não", significa muito mais do que pronunciar a palavra com energia para o que não concordamos ou para atitudes que tem por objetivo indigesto e proposital nos causar mal, mas voluntariamente, introjeta-la de modo a não nos permitirmos aquilo que não merecemos e que não aceitamos como imposições adversas e que por vezes acreditamos nos serem forçadamente debitadas. 
Este "Não" deve ser dito principalmente para nós mesmo em som audível, transformador e em nosso positivo beneficio. Não, eu não devo aceitar isto, por que isto não me pertence e também não sou merecedor disto e ponto final. Estas barreiras algumas vezes são necessárias em nossa própria defesa.
Há muito tempo um amigo meu, cantou um pedacinho da musica do Caetano para um grupo de conhecidos sentados num bar e eu fiquei pensando naquele profundo estrofe que dizia em divisíveis interpretações, o seguinte:
Pinta uma estrela na lona azul do céu. Pinta uma estrela lá.
Pinta um malandro e no malandro, outro malandro.
Flutua angelical...
...Naquele espaço azul, naquele tempo azul, naquela tudo azul
Eles dançam, eles dançam, eles dançam, todos eles dançam
Dança-moenda. Dança-desenho, dança-trapézio, dança-oração
Moenda-redenção.

O meu cabelo rastafári duro...

Marcos Rasta ficava pelas ruas de Trindade cantando esta musica que ficou pelo menos até hoje na minha cabeça. Nossa!.. Isto é que eu chamo de penetração da cultura popular. "O meu cabelo longo, rastafári duro e você fica me olhando por cima do muro. Eles não vê o que deveriam ver. Eles só vê o que se passa na TV. Vocês vão vê...".

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...